Bigorna escrita por Captain


Capítulo 21
Eu cuido de você.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ TERRÁQUEOS, ontem (04/01) Bigorna fez um anoooo! Pensei em comemorar, mas minha mãe não sabe o que é Bigorna, então ela só me deu um "parabéns" e passou o dia inteiro falando pra eu tomar banho. Só pra deixar bem claro que não tomei ainda, mas quem sabe amanhã... Boa leitura, espero que gostem. ♥



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Acordei com alguns toques da campainha. Peguei o meu celular e vi as horas, eram duas da manhã, achei que era minha mãe então me levantei, colocando apenas uma pantufa no pé. Caminhei até a porta de entrada e pude ver, não, não era a minha mãe. Abri o portão e meus olhos se encheram de lágrimas. 

— O que houve? Quem fez isso com você? – indaguei.  

 

Era Laura Marques com o canto da boca sangrando e alguns machucados espalhado pelo rosto e braços. Ela vestia com uma regata branca e a parte debaixo de um pijama, seu cabelo estava bagunçado e pude ver uma lágrima deslizando sobre as feridas da sua bochecha.  

— D-desculpa, eu posso falar com a sua mãe? – A sua voz denunciava um medo, ela estava tremendo.  

— Ela não tá, mas entra, por favor.  

Abracei Laura Marques e a levei até a sala de estar, trancando o portão assim que a deixei lá. Fui para o meu quarto e voltei para a sala com uma caixa de primeiros socorros, sentei no sofá e minha mão tremia enquanto pegava um pano úmido.  

— O que aconteceu, Laura? – disse enquanto passava o pano sobre as feridas, pude ver o sangue.  

— Meus pais foram viajar, então eles me deixaram sozinha com o meu tio. – Ela chorou, e foi se deitando no meu colo. – Ele chegou, não me deixou ir a escola dizendo que íamos sair para tal lugar então fiquei, ele saiu e voltou quatro horas e começou a brigar comigo. – ela bufou. – Ele estava bêbado, ou drogado, não sei. Eu revidei, sabe? Eu disse coisas, o enfrentando, nunca fui de abaixar a cabeça. Então, ele começou a me espancar, eu tentei... – Laura pausou, limpando as lágrimas. – Eu tentei revidar, mas ele é um gordo! Ele parou de me bater e foi beber mais, eu fiquei trancada no meu quarto até agora, então percebi que ele tinha dormido e sai de casa e vim direto pra cá. Eu não pensei em nada, em ninguém, apenas em você, todo o tempo. 

Prestei atenção em cada palavra que ela falava, mas continuava limpando as feridas. Com Laura em meu colo, eu fui acariciando o seu cabelo com a minha outra mão. Eu estava em choque, ver a minha Laura Marques machucada estava sendo horrível.  

— Calma, você pode ficar aqui o tempo que precisar. – beijei a sua testa.  

Coloquei vários curativos pelo seu rosto, ela me olhava de um jeito... Um jeito ótimo. Tinha um pouco de sangue em sua regata, entortei a boca e continuei com as carícias em seu cabelo. 

— Ei, vai tomar um banho, eu vou preparar um achocolatado pra você, ok? Tem várias roupas minhas grandes, deve servir em você. – sorri, para que pudesse reconfortá-la.  

— Eu amo você, Amy.  

Laura foi se levantando e se direcionou ao banheiro. Me levantei em seguida, indo para a cozinha, esquentei leite e derramei em uma das minhas canecas preferidas, coloquei três colheres de Nescau, peguei a caneca e voltei para a sala de estar, deixando o achocolatado em cima da mesa de centro. Liguei a televisão e botei em um canal de desenhos que pudesse divertir Laura Marques um pouquinho.  

Depois de um certo tempo, ela voltou para a sala de estar, e ela estava linda. Vestindo um pijama meu esquecido, mesmo com curativos e com a boca cortada, Laura conseguia me deixar ainda mais apaixonada por ela. Ela veio cambaleando até mim e se sentou do meu lado. Eu a encarava, pensei comigo mesma em como o meu amor por Laura Marques Hetlen era grande. Eu só queria cuidar dela agora, o restante que se foda. Me deitei em seu colo enquanto a observava tomar o achocolatado que havia feito. Acho que ela estava mais calma, eu não sei, eu não estava na pele dela. Levantei meu rosto e me sentei na sua frente, ela estava distraída demais assistindo Steven Universo. Me aproximei mais do seu rosto e fui distribuindo beijos pela sua testa, bochechas, queixo e boca. Laura sorriu para mim, bem aquele sorriso a qual sou gamadona. Comecei a acariciar as suas bochechas e deslizei até sua nuca, tocando o seu colar.  

— Como foi na escola sem a sua futura-lindona—namorada? – Laura perguntou, dando uma gargalhada no final. 

— Foi péssimo, não tinha crianças no parquinho, fiquei sozinha o tempo todo, única coisa boa que lembro foi desenhar uma corujinha.  

— Onde a sua mãe foi mesmo?  

— Ela tá na casa do namorado. 

Laura olhou maliciosamente para mim. 

— Huuum. – ela riu. – dona Márcia não é mole não. 

— Idiota. – a empurrei e dei uma risada também.  

— Que dia é hoje? 

— Deixa eu ver... – peguei meu celular e dei uma olhada no calendário. – seis de junho, por quê? 

— Por nada. 

A gente ficou um tempo na sala, até que acabou os desenhos legais, então resolvemos ir para o meu quarto. Eu fui obrigada a desligar todas as luzes da casa, já que Laura não conseguia dormir com claridade, diferente de mim, mas hoje, o que importava era ela. Coloquei mais um cobertor na cama e roubei um travesseiro do quarto da minha mãe. 

 A madrugada estava congelando, eu e Laura estávamos trocando carícias as quatro da manhã, com um pé gelado tocando o pé da outra mais gelado ainda. Eu deixei minha playlist tocando, Laura estava sem sono e não ia pregar os olhos tão fácil assim, então conversamos, sobre o futuro, sobre o passado, sobre cores bonitas para um quarto e móveis. Até contei uma história para Laura, pra ver se ela conseguia dormir. Ela fechou os olhos, mas sempre me chamava. 

— Eu com medo. Eu não sei, e se ele me encontrar? Ele pode fazer muito mais do que fez comigo hoje. Eu estou com medo. – sussurrou Laura. 

Pude sentir minha mão que estava em seu rosto ir ficando úmida. Laura estava chorando, e isso era de partir o coração. Respirei fundo, tentando criar coragem.  

— Ele não vai vir atrás de você porque eu estou aqui e eu vou proteger você, Laura.  

— Eu estou horrível com esses machucados, não é? – ela riu. – Ele vai me pagar, meu pai vai quebrar a cara daquele miserável. Aliás, ele nunca gostou dele! Ele sabia que era uma péssima ideia ter um ex-drogado dentro da casa dele.  

— Você parece uma criminosa, mas um criminosa bem gata. – dei uma risada e não comentei mais nada, eu não sabia como reagir a essas coisas. 

Ficamos num silêncio absoluto. Laura se mexeu um pouco na cama e colocou meu celular no carregador, a luz do mesmo acendeu e já era quatro e cinquenta e duas da manhã. A gente não ia conseguir dormir, não mesmo. Continuei com meus braços em volta de sua cintura, mas ainda pensava em como alguém podia ser assim, como alguém pode ter coragem de espancar um ser vivo? Suspirei e encaixei minha cabeça no ombro de Laura, fechei meus olhos e pensei num futuro próximo. Em como seria a minha vida daqui a quatro, cinco anos. Que faculdade eu iria fazer? Iria ter um bicho de estimação? Me perdi em tantos pensamentos que acabei dormindo.  

 Acordei num desespero, Laura Marques não estava mais na cama. Será que foi um sonho? Não, não podia ter sido, tinha um pouco de sangue no meu travesseiro. Me levantei e fui andando descalça até a sala de estar. A caixa de primeiros socorros estava lá, a televisão continuava ligada, a caneca estava sob o mármore da pia. Olhei o relógio da sala, era meio dia e meia, estava atrasada para a escola, mas isso não me importava. Ouvi o portão se abrindo, e dei uma rápida olhada na janela, era minha mãe com a Laura. Elas entraram na sala de estar, olharam para mim e deram um sorriso. 

— Boa tarde, Amy. – disse Márcia, entrando na cozinha. 

— Boa tarde... O que aconteceu? Onde vocês foram? – comecei a interrogar. 

— Sua mãe chegou, eu estava na sala e ela começou a me interrogar, igual você. Aí eu contei o que houve, ela ligou para os meus pais e bom.. Eles vão voltar daqui a três dias. Infelizmente, vou ter que ficar aqui até eles voltarem. – Laura explicou e deu uma risada, como se tivesse intimidade com a minha mãe. 

Laura colocou uma sacola de padaria sob o balcão que separava a cozinha da sala. Márcia foi pegando a faca, a manteiga e o requeijão, deixando próximo da sacola.  

— E a escola? – perguntei, ainda estranhando todo o comportamento delas.  

— Vocês não vão, não hoje.  

Tomamos o café da manhã juntas, tive que aceitar que minha mãe era amiguinha da Laura. Bom, menos mal, não é? Na mesa de jantar, as duas não pararam de conversar, e era sobre mim, sobre como eu era quando criança. Isso é típica conversa de uma mãe com a namorada da sua filha. Fiquei envergonhada, mas ri de algumas coisas. O bolo que minha mãe tinha comprado era de chocolate, o meu preferido, claro que fui obrigada a deixar pedaços para elas. 

— Amy, você pode ir ao apartamento da Laura? Ela me disse que o tio dela está no trabalho essas horas, é uma boa vocês irem pegar roupas pra Laura. – comentou Márcia.  

— OK, vou ir me trocar. 

As deixei na mesa e fui para o meu quarto que estava um pouco bagunçado. Dei uma rápida limpada no mesmo e me arrumei, colocando um short jeans e uma regata que ficava grande em mim. Enquanto arrumava o meu cabelo, Laura foi entrando no quarto e se sentando na beirada da minha cama. 

— Quem você era em Meninas Superpoderosas?— disse Laura. – Eu particularmente era a Docinho, me identifiquei com suas grosseiras.  

— Eu era a Lindinha, porque gosto de azul. – respondi e logo dei uma risada.  

— Isso é interessante, o personagem que você escolhe ser pode dizer muito sobre sua personalidade.  

— Meu piru.  

— Nossa, sua grossa. – Laura gargalhou e foi se levantando, me abraçando por trás. 

Me virei para ela com um sorriso estampado, eu olhei para seus machucados, mas não dei muita atenção. Nossos rostos foram se aproximando, Laura deixou sua mão em minha cintura, acariciando-a lentamente. Meu olhar estava m fixos nos dela, o que deixou o ar bem romântico. Levantei minha mão e coloquei no seu cabelo, iniciando um cafuné. Laura foi me dando vários beijos pelo rosto e cada beijo eu percebendo que estar com Laura era maravilhoso, cada segundo.  

— Amy, você já está pronta? – gritou Márcia, vindo em direção ao meu quarto.  

Empurrei Laura para longe, voltei a arrumar meu cabelo desesperadamente, respirei fundo. 

— Aham, já tô indo. 

Laura começou a rir, então ataquei a escova nela, mas acho que foi uma péssima ideia, é que parece que nos filmes é tão fofinho e inofensivo. Sai do quarto junto com ela, que passava a mão na barriga, onde tinha acertado a escova. Me despedi da minha mãe, já que a poucos minutos ela ia trabalhar, ai fiquei com a chave extra de casa. Enquanto caminhávamos até o apartamento de Laura, pude sentir sua mão tremendo quando nos aproximávamos. Apertei sua mão, tentando passar confiança, fui puxando vários assuntos, bem nada a ver mesmo.  

O local estava com copos quebrados e a estante de livro da sala estava no chão. Tentei não ligar para aquilo, me sentando no sofá, mas o cheiro de álcool estava infectando o ar, tive que ficar na varanda, torcendo para que Laura Marques se apressasse. Me sentei na rede, balançando de um lado para o outro, observando grupos de adolescentes correndo em direção ao portão da escola.  

— Acho que peguei o necessário, vamos? – falou Laura e logo foi se sentando do meu lado.  

— Vamos. 

Me levantei da rede e foi para a sala, olhei para a mesa de televisão que estava com uma garrafa de vodca sobre a mesma. 

— Acho que você deve pegar isso, ou vai ficar sem. – falei, apontando para o Xbox, mas na realidade mesmo? Eu só queria jogar. 

— Já que você insiste... 

Laura abriu sua mochila e ajeitou o Xbox lá, também colocou alguns jogos, que bom que ela tinha entendido. Saímos do apartamento, Laura cumprimentou o porteiro e o contou o que tinha acontecido, o cara ficou cheio de raiva, e disse que ia dar uns murrão no tio dela. Voltamos para a minha casa e Marques conectou o Xbox na televisão da sala, o deixando na prateleira de baixo. Passei a tarde toda jogando GTA San Andreas com Laura Marques Hetlen, que me deixou ser escolher uma prostituta para jogar com ela. O dia de hoje foi ótimo, Márcia voltou tarde do trabalho e nos deixou com besteiras para comer.  


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Notas finais do capítulo

Sinceramente? Lendo a primeira parte, eu sem querer querendo chorei um pouquinho. Vocês choraram? Eu chorei, mas chorei muito. Ó, espero que tenham gostado, até o próximo capítulo.



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