Bigorna escrita por Captain


Capítulo 20
Um dia sem Laura Marques


Notas iniciais do capítulo

Olá terráqueos, eu não falei no capítulo anterior mas... Feliz 2017, seus babuínos. Espero que gostem do capítulo de hoje, boa leitura. ♥



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Acordei meio tarde, por isso tomei um banho rápido e vesti o uniforme da escola. Meu cabelo estava mais rebelde do que é normalmente, então o prendi num coque. Fui para a cozinha, e pá... Não tinha maçã! O que será de mim, Amy Wennen sem a minha fruta preferida de manhã? Fiquei bem tristinha, então peguei uma garrafa d'água na geladeira e enfiei na minha mochila.  

Sai de casa, tranquei o portão e coloquei a chave no meu pescoço, junto com o colar gayzão que Laura Marques tinha me dado. Falando nela, cadê aquela peste? Bom, achei que iria me acompanhar até a escola, como ela fazia... Mas tudo bem, eu sei andar sozinha, já que Jesus-Meu-Deus havia me dado duas pernas. Caminhei em direção a escola, vendo milhares de adolescente gritando, conversando alto em meu caminho. Hoje eu estava perdida, igual os outros dias em que não tinha conhecido Laura Marques. Sem saber o que fazer, me sentei no banco perto dos corredores, um lugar vazio, né? Peguei o livro de Inglês e li as tirinhas que tinham espalhadas pelas páginas, retirei meu celular e meu fone de ouvido, o conectei no celular e ajeitei em meus ouvidos. Relaxei ouvindo Maggie Rogers, encostei as costas na parede, voltei a folear o livro de Inglês. Por mais que eu tivesse distraída, eu estava pensando em Laura Marques, eu não a vi nos corredores. Eu estava preocupada. Entrei no WhatsApp e mandei uma mensagem para a Marques.  

 

Amy 1h24 PM 

Princesinha tá na hora de acordar, perdeu a hora foi? Tem que estudar, sabia? Senão não vai poder trabalhar quando crescer. 

 

Fiquei uns cinco minutos olhando para o celular, esperando a mensagem ser respondida, ou pelo menos, visualizada. Respirei fundo, pois o portão já tinha se fechado, e minhas esperanças tinham acabado. Laura Marques não ia para a escola hoje. Guardei o livro e o celular, me levantei do banco e fui para a sala de aula. Somente Íris e Caroline estava na sala, engoli em seco e me sentei no meu lugar, com a mochila na mesa, encostei meu queixo na mesma, olhando diretamente para o quadro negro. O restante dos alunos foi entrando, levantei a cabeça quando vi Thiago entrar. O chamei com vários psiu, então ele se direcionou até mim. 

Quié, menina? – Thiago disse, sentando do meu lado. 

— A Laura... Você viu hoje? Onde ela está? Ela tá bem?– interroguei,  não escondendo minha preocupação.  

— Olha, eu não vi ela não.  Deve estar dormindo, aquela preguiçosa.  

Thiago se virou para o professor, não dizendo mais nada. Fiquei mais tranquila, mas por outro lado, ia ficar sozinha. Respirou fundo e dediquei cinquenta minutos do meu tempo para prestar atenção no professor de História. Que sinceramente, mesmo sendo um grosso, ele ensinava bem. Quase sempre o quadro negro ficava vazio, porque ele, explicava tudo usando gestos, o que prendia minha atenção completamente.  

A aula se encerrou, me deixando com aspiração de aprender. Já era a segunda aula, a maioria das pessoas trocaram de lugar por ser Arte, e a professora Karina era bem legal, liberava tudo.  Thiago foi para os fundos, junto com o seu grupo social. Caroline se sentou do meu lado e a Íris atrás de mim. As duas ficaram conversando, assuntos bem aleatórios mesmo. Eu olhava para o lado de cinco em cinco minutos, e sempre meu olhar acabava se cruzando com o da Caroline, porém ela mantinha a conversa com Íris. 

— [...] E você, Amy? – disse Caroline.  

— O que? – perguntei, virando meu corpo para o lado, deixando meu braço em cima da mesa. 

— Pegaria quem daqui da sala?  

Você. – pensei. – Hum... Acho que ninguém.  

— Tudo bem então.  

Ficar perto de Caroline me deixava confusa, ela trocava muitos olhares comigo, e eu ficava bastante tensa.  

A lição de hoje era: desenhar qualquer coisa. Tipo assim, o que você quiser. Então peguei o estojo e meu caderno de arte, deixando sobre a mesa. Fiquei pensativa por três ou cinco minutos, até que decidi desenhar um animal, uma coruja né, porque corujas são lindas. Movimentei minha mão direita rapidamente, pra fazer o contorno da coruja, mas fiquei bem concentrada para fazer os detalhes, afirmando bem o lápis na folha. Consegui entregar o desenho a tempo e ganhar meus pontos, fiquei bem felizínea.  A aula seguinte era literatura, tipo, era só se sentar numa cadeira e ler, bem interessante essa aula. Guardei o caderno e sai em direção a biblioteca, ela ficava no andar de baixo da escola, um lugarzinho bem silencioso e assustador. A maioria dos alunos ficaram na sala, já que era opcional. Decidi ir para a biblioteca porque era o único lugar que eu me sentia confortável, depois do corredor dos bebedouros, é claro. Íris e Caroline decidiram me seguir, eu estava na frente, descendo as escadas depressa, me virei por um segundo e observei a mão de Íris junta com a da Caroline. E naquela hora consegui perceber: iria ficar de vela por quarenta e cinco minutos. Entrei na biblioteca e me sentei num sofá perto do ar-condicionado, a sala estava repleta de livros e gibis. Também tinha uma televisão, mas acho que só era para professores. Peguei um livro que tivesse ao meu alcance, o aproximei e consegui ler o título: Circo Invisível, por Jennifer Egan. Li primeiro a sinopse, e parecia ser bem interessante. Uma garota que perdeu o pai e a irmã, sai em busca de aventura. Aventura entre aspas né, porque só quer seguir os passos da irmã falecida e ter uma explicação do porque da sua morte. O silêncio daquela sala era incrível, eu contava na mente cada suspiro que as meninas davam. Acompanhava Íris escolher um livro com o olhar, e não me surpreendi quando ela escolheu um simples gibi. Deixei de prestar atenção nas meninas e voltei a ler o Circo Invisível, e ri baixo quando Phoebe fica loucona na maconha. Mas me decepcionei com ela por ter contado mentiras para o bonitão do Kyle. Parece que estava dentro do livro, a autora Jennifer Egan virou minha preferida por ter escrito com tantos detalhes. O sinal ecoou bem baixo no corredor de baixo, guardei o livro dentro de um tijolo quebrado atrás da prateleira. Ninguém ia pegar aquele livro, ele era a minha propriedade agora. Sai da sala e subi correndo as escadas, indo para o intervalo. Fui para o refeitório e peguei o suco de maracujá, me sentei numa mesa que tinha a vista para o parquinho. Mesmo me embebedando de maracujá, eu continuava pensando em Laura Marques Hetlen, e em como ela podia me fazer tão bem. Estava com saudades. Eu a amo. 

O restante da tarde se passou lentamente, quando me dei conta já tinha se passado duas aulas. Meu caderno estava cheio de exercícios de matemática, já resolvidos. Peguei o caderno e levei para a professora bem esquisita, o sotaque dela era irritante, seu cabelo era um louro, parecendo uma manga chupada, e também... Ela explicava mal. Recebi o carimbo e voltei ao meu lugar, entortando a boca, bufando, suspirando, pensando alto. Me concentrei no relógio que ficava a cima da porta, faltava poucos minutos. Peguei meu celular junto com os fones e o ajeitei no meu ouvido, me desliguei do mundo, deixei uma música bem aleatória, e bom, caiu bem numa música que me lembrava Laura Marques: Eu me lembro. Balancei a cabeça de um lado para o outro, cantando bem baixinho a parte da Clarice Falcão. No final da música, dei um sorriso e percebi o olhar de Thiago para mim, ele gargalhou e voltou a olhar para o seu caderno que estava sob seu colo. Olhei novamente para o relógio, me levantei e guardei minhas coisas na mochila, e então a coloquei nas costas. Senti meu celular vibrando e me desesperei, com certeza era uma mensagem de Laura Marques, certeza absoluta. Entrei no WhatsApp e me decepcionei, era uma mensagem da minha mãe. 

 

Mãezoca Super Coruja 6h32 PM 

Oii, não vou poder ir pra casa hoje, desculpa. Fernando me fez uma surpresa na casa dele e vou ter que ficar aqui. Tem macarrão na geladeira, me manda notícias e tranca a casa quando for pro quarto, bjs. 

 

Respirei fundo e guardei meu celular, o deixando no bolso da blusa enquanto ouvia minha playlist só com músicas da Banda Mais Bonita da Cidade. Sai da sala assim que ouvi o sinal tocar, não vi Laura no portão e tinha certeza que ela não veio a escola hoje. Caminhei em direção a minha casa com a mão no colar, o acariciando e sorrindo abobadamente. Destranquei o portão e o tranquei assim que entrei, deixei todas as luzes da casa acessa pois eu nunca tinha ficado sozinha, esquentei o macarrão e comi na sala de estar, assistindo o jogo de basquete. Naquele dia, eu me deitei cedo, talvez eu tenha chorado um pouquinho, porque eu sou um pouco carente e dramática demais. Deixei uma mensagem para Laura Marques antes de dormir. 

 

Amy 10h43 PM 

Você não foi a escola hoje, fiquei preocupada. Eu achei um livro bem legalzinho, mas escondi ele, então você não vai poder ler ele. Espero que esteja bem. Boa noite. Eu amo você. 


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Notas finais do capítulo

Falando sério aqui, com essa última parte eu chorei, mas foi só um pouquinho. É porque meu coração de canceriana não aguenta isso tudo. Quero muito comentários de vocês, me deixa mais inspirada pra escrever. Espero que tenham gostado, beijos. ♥



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