Bigorna escrita por Captain


Capítulo 2
Sorrisos e risos


Notas iniciais do capítulo

Anti-social: que leva um indivíduo a não interagir ou interagir fracamente em sociedade. (tem pessoas que não sabem o significado correto)



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Acordei por volta de meio-dia e meio, e repeti a rotina, deixei meu cabelo solto dessa vez. Fiquei na cozinha comendo uma maçã, olhei pela janela da cozinha e vi um rosto familiar, era Laura em frente ao portão da minha casa, terminei de comer a maçã e coloquei a mochila nas costas, me despedindo de minha mãe, sai de casa e abri o portão.
— Até que fim... - falou Laura dando aquele típico de sorriso dela -
— Menina, você está aí a quanto tempo?
— Meia hora.. Mas está tudo bem, eu sou paciente.
— O que tá fazendo aqui? - falei em um tom furiosa -
— Calma esbarrona, eu só quero te acompanhar até a escola.
Bufei, mas cedi, fiquei um pouco brava, Laura estava parecendo aquelas perseguidoras o que me deixou com medo, mas não tanto, ela não tinha cara de ser alguém malvada. Mas, o que alguém iria querer comigo? Fiquei com esse pensamento até o corredor da escola, onde percebi Laura me secando COMPLETAMENTE, mas ignorei-a e fui até a porta da minha sala. Ela me acompanhou até a mesma e encostou seu ombro na parede.
— Desculpa por ficar te seguindo sempre, apenas quero saber mais sobre a esbarrona.
— Tenho aula agora, e sei que você também tem. - falei a cortando -
— Até o recreio? - ela riu - vou adorar tomar suquinho de caixinha contigo.
Revirei os olhos, mas por dentro eu estava tipo: SÓÓÓÓÓ SUQUINHO DE CAAAIXINHA? DÁ UM BEIJO TAMBÉM, SUA LINDA. Ri mentalmente e encarei-a um pouco. Entrei na sala e vi Thiago andar em minha direção, e se sentar do meu lado.
— Oi.
Coloquei o dedo indicador na frente de Thiago, indicando silêncio, virei minha cabeça pro lado e vi Laura ainda na porta, a olhei com certa raiva e ela deve ter entendido o recado e se retirou do local.
— Pode prosseguir
A voz de Thiago soava em minha cabeça como blá blá blá blá, aquele garoto falava tanto, mas a companhia dele era boa.
— [...] E você conhece a Laura da onde?
Após aquelas palavras de Thiago terem saído, fiquei em uma postura ereta e com as bochechas coradas.
— A gente só conversa de vez em quando.
— Aham, cuidado com ela. Ano passado ela cumpriu uma pena por enforcar uma garota, boatos que ela seguia a garota todos os dias, e conseguiu ganhar a confiança dela..
— O que? - fiquei totalmente vermelha e fiquei espantada -
— Eu to te zoando - ele começou a dar risada - ela é minha amiga.
— Besta!
Dei um empurrão de leve no braço de Thiago, e comecei a rir com ele. Assisti a aula com atenção, hoje os pensamentos em vão pela Laura não iria me atrapalhar, mas o sorriso dela.. AMY! Se controla. Anotei pouca coisa e recebi a notícia que hoje iria se iniciar os cursos, então próxima aula seria de informatica avançada. Até fiquei um pouco feliz, não vão pensando que é por causa da Laura, nananinanão! Era porque eu gostava de tecnologia. O sinal bateu e coloquei a mochila nas costas, deixei o caderno debaixo do meus braços e andei até sala de informatica junto com os alunos que se inscreveram.
Esbarrona, esbarrona!— ouvi uma voz familiar e me virei - valeu por esperar, tá?
— Tenho que inventar um apelido pra você também, perseguidora.
Andei com ela até a sala, onde tivemos que se sentar em dupla. Olhei para Laura e ela olhou de volta para mim, então sentamos em uma mesa e olhei para frente, não queria prestar atenção na Laura porque me perderia no seu sorriso.
— Eu gosto do seus olhos - Disse Laura em voz baixa -
— Que?
— Hã?
— Então, o que tava fazendo na porta da minha sala? - falei em um tom desagradável -
Ela se virou e ignorou meu comentário, fiquei olhando para o professor, que explicava como a eletricidade funciona (qual é né, professor? É INFORMATICA AVANÇADA) aquilo não me interessa, então encarei a Laura de lado, ela me olhou com a mesma intensidade e dei um sorriso.
— Amy Wennen, meu pai era britânico e escolheu meu nome, o sobrenome é da minha mãe, tenho quinze anos. - falei -
— Laura Cheiradofaman, sou da Cracklandia e tenho 23 anos de idade, sou uma velha aposentada no corpo de uma adolescente, os diretores acharam que isso era uma doença e deixaram eu estudar aqui.
— Sério? - falei espantada -
— Não, só estou zoando. Laura Marques, quinze anos, e só isso mesmo.
— Tem ficha na policia por ficar seguindo as pessoas? - falei segurando o riso -
— Que? Não! Apenas por enforcar as pessoas.
— Foi o que seu amigo me disse.
— É, ele é meu capanga, tu é a próxima vítima.
Dei risada e ela rio junto comigo, ela tinha bom-humor, e isso era uma qualidade ótima para a ficha criminal nela. Tá bom, cismei em dizer que ela era criminosa, porque ela roubou meu coração.. TO ZOOOANDO, por favor Laura não leia meu pensamento, isso foi constrangedor. Eu não queria me envolver mais, então prestei atenção nos últimos minutos da aula de informatica, eu estava feliz, pela primeira vez, pelo fato da Laura estar ao meu lado, ela me fazia rir e sentir felicidade. O sinal bateu e junto com ele foi meu sorriso, eu queria ficar mais tempo com a Laura, porque ela é uma boa companhia, eu espero. Peguei minhas coisas e andei até a sala, sem me despedir de Laura, até porque, iria vê-la em poucos minutos. Eu tinha que parar de pensar em Laura, porque sabia que ela iria me meter em confusão, ela é uma bagunça no meu quarto que acabei de limpar, deixo ou limpo? Eis a questão.
A aula que iria ter agora era a continuação de história, copiei o que era preciso, e prestei atenção em cada palavra que o professor soltava, vinte minutos se passaram, peguei o caderno e levei até o professor, dia de corrigir caderno..
— Fiquei surpreso por ter que chamar sua atenção na aula anterior, - falou ele em um tom baixo - espero que não se repita, Amy.
— Não vai se repetir
— Ótimo, você é uma das poucas alunas que prestam atenção na minha aula. Continue assim, - ele olhou para o meu rosto - tome seu caderno!
Voltei até minha mesa e percebi Thiago com um sorriso enorme, guardei o caderno na mochila.
— Você gosta da Laura?
Pronto, era só falar aquilo para me ver completamente congelada, senti minha mão começar a tremer olhei para Thiago e ele continuava com o seu sorriso. Coloquei meu óculos e suspirei.
— D-do que você tá falando? - falei em meio a um gaguejo; estava nervosa - Eu nem conheço ela.
— Ah Amy, você sabe o que significa.. Que tu é lésbica. - ele falou a última palavra sussurrando, como se fosse proibido dizer aquela palavra -
— Para com isso, Thiago! - falei furiosa -
— Não se preocupe, seu segredo está guardado comigo, os dois. - ele deu risada - Eu sou gay, e minha boca é um túmulo, espero que a sua também seja.
Ele estava LOOOOOUCO de pedra, eu gostar da Laura? Nananinanão! Ser lésbica? Claro, só não era assumida a ninguém, e não queria ser alvo de insultos homofóbicos então guardei a sete chaves sobre minha orientação sexual.
Me levantei e sai da sala, junto comigo, Thiago, que insistia em dizer que eu gostava da Laura. MEEEU FILHO, STOP! Eu conheci aquela coisa ontem. Cheguei no pátio e Thiago se separou de mim, andei até a cantina e peguei um suco, me sentei em uma mesa que não tinha ninguém.
Esbarrona..
Laura se sentou de frente pra mim e ficou me encarando. Da onde aquela peste tirou essa ideia de que ficar encarando os outros era seduzente?
— Você não se cansa não? - falei olhando para ela -
— Do que?
— De ficar fixando os outros, isso é estranho..
— Nunca me canso da sua beleza. - ela deu risada - Posso te a companhar até em casa hoje?
Pensei, repensei, e voltei a pensar de novo. Companhia sempre era bom, mas era Laura... Eu não queria gostar dela, porque nunca gostei de alguém e nem queria gostar.
— Tenho escolha? - levantei as sobrancelhas -
— Sim.. - ela falou séria - ou me acompanha ou eu te acompanho.
Senti Laura tirar meus óculos e ficar admirando o mesmo em detalhes, ela deu um sorriso e voltou a colocar em mim. A melhor parte? Foi ter sentido a mão dela em minha bochecha, o que uma garota como aquela queria comigo? Fala sério, ela só podia estar cumprindo algum desafio ''seduzir a garota anti-social'
— Oi oi gente.
Era Thiago com um sorriso no rosto, ele se sentou do lado da Laura e ficou olhando para mim.
— Oi - eu e Laura falamos juntas -
— Ficaram sabendo? Amanhã não vai ter aula, então.. - ele olhou para mim e em seguida para Laura - que tal irmos para o parque? Eu, Laura, Amy e mais dois amigos meu?
— Eu topo! - falou Laura -
— É, acho que dá pra eu ir.
Após ter falado isso, ouvi Thiago bater palmas repetidamente e sorrir, mas era uma bicha completa mesmo viu. Ele se retirou da mesa e entrou em algum corredor, olhei para Laura enquanto acabava de tomar meu suco.
Saw your face, heard your name, gotta get with you— falou Laura -
— O que significa?
— Vi seu rosto, ouvi seu nome, tenho que ficar com você
Sério? Aquilo era um flerte? E ainda em forma de uma música? Parabéns Laura, merece um abraço.
— Ahh, entendi. - falei para ela não ficar em um tremendo vácuo - Laura..
— Oi?
Juro, eu tentei perguntar para ela sobre o que ela queria comigo, mas não saiu. Senti uma pequena dor na barriga, e fiquei fitando ela.
— Nada.
Me levantei e devolvi o copo na cantina, senti a aproximação de Laura e percebi sua respiração ofegante, andei até o corredor junto com ela, já que ela só sabia me seguir. O cheiro doce dela me encantava e para ferrar meu psicológico, ela veio com aquele sorriso, fiquei encostada na porta da minha sala e ela estava quase me imprensando na porta.
— Só quero que saiba, que vou fazer o seu jogo. - disse Laura -
— Que jogo?
Ela não respondeu, suspirei com um ar de medo, ela aproximou sua boca do meu pescoço, mas interrompi, entrando na sala e dando um belo corte nela. Laura ficou me olhando do lado de fora, com aquele típico sorriso sacana dela. Se eu queria que ela se aproximasse mais? Claro. Mas eu não queria me envolver com ela, não mesmo. Hoje não iria ter palestra, então iríamos sair mais cedo. Agradeci a Deus por ter só mais uma aula e depois, tchau tchau escola. Percebi que a sala estava vazia, e Laura entrou, ficou sentada em cima da mesa, onde eu estava sentada. Nenhuma das duas queria falar sobre o quase tinha acontecido, peguei meu celular da mochila e olhei as horas. Laura pegou meu celular, que já estava desbloqueado e discou algum número, e logo em seguida o salvou. Ela devolveu o celular e continuo com seu sorriso.
— O que você fez?
— Veja quando estiver em casa.
Deixei meu celular no bolso da mochila, ouvimos o sinal e Laura saiu da sala correndo. Era proibido aluno de outras salas entrar em outras salas sem permissão, eu e ela eramos criminosas, uau. Enquanto se passava quarenta e cinco minutos de aula de literatura, eu fingia prestar atenção no livro, mas na realidade... Vocês já sabem, eu estava pensando na Laura, mas não aquele pensamento profundo, eu estava na superfície ainda, e estava me aprofundando. Laura era maliciosa, carinhosa e perseguidora ao mesmo tempo, era um anjo e o demônio na mesma pessoa, uma tentação. Os olhos castanhos dela, a touca caidinha que escondia um pouco do cabelo negro longo dela, os acessórios.. Tudo, tudo combinava com ela. Devolvi o livro para a professora, e deixei minhas coisas arrumada, coloquei a mochila nas costas e fui até o pátio, esperando o portão se abrir. Me sentei em um dos bancos que tinha próximo, se eu estava esperando a Laura? Talvez. Tirei a blusa de frio e deixei amarrada em minha cintura, sete e meia, vi Laura se aproximar, mas nem percebeu que estava sentada. Ela conversava com algumas meninas, me levantei e sai da escola, não, eu não estava com ciúme, eu só não queria ficar esperando. Andei depressa até minha casa, era uns dez minutos a pé, queria chegar mais cedo... Escutei passos na mesma velocidade que a minha, me virei e era Laura Marques, que gritava algo que não consegui escutar por causa da velocidade. Parei e me encostei numa parede, esperando ela se aproximar. Sua respiração estava rápida, ela se apoiou na parede, próxima de mim e me olhou, respirando pela boca, claro que essa peste estava cansada.
— Por que não esperou? - disse ela um pouco devagar -
— Não sou obrigada a esperar as pessoas. - falei com os olhos revirados, admito, estava com ciúme - Agora pode ir pra sua casa porque já estou perto da minha.
— Que isso esquentadinha - ela riu - já está perto? Então vamos ficar aqui conversando.
Esquentadinha? Ah, fala sério, ela assistiu muita Malhação, eu hein. Eu queria e não queria ficar perto de Laura Marques, mas me deixei levar pelo demôninho do meu ombro implorando por um fica vai, fica..
— Tá bom, só porque estou cansada.
Estavamos perto de uma praça, então andamos até ela e nos sentamos em uma mesa de xadrez, Laura encheu sua mão de pedra e colocou em cima da mesa, ela levantou sua sobrancelha e sorriu.
— Vamos brincar, está bem? Se eu acertar a pedra mais longe que a sua, você vai ter que falar algo sobre você... E se houver ao contrário, eu falo algo sobre mim.
Eu gostei disso, então balancei a cabeça positivamente.
— Começa você - falei confiante - eu sei que vou ganhar.
Ela jogou a pedra fraca, de propósito, então atirei a pedra longe, Laura olhou para a distância e sorriu.
— Ahn, minha cor preferida é azul. - ela falou -
Atiramos a pedra novamente, e perdi.
— Prefiro a estação inverno, porque sim.
E repetimos essas brincadeiras até as pedras acabarem, foi divertido, ri ao saber de algumas coisas de Laura, como por exemplo: o segundo sobrenome dela é Hetlen, que seus pais misturaram com o do pai dela e de sua mãe. Laura Marques Hetle, dá pra acreditar? Quero só ver qual vai ser o sobrenome dela que vou usar no casório... QUE? Não, é zoeira, não disse nada. Nos levantamos da cadeiras e a hora tinha se passado tão depressa, Laura me levou até o portão da minha casa, ela ficou parada novamente, olhando para mim.
— Até amanhã? - ela falou -
— Até...
— Vou conversar com o Thiago pra saber que hora vamos nos encontrar
— E como vai me avisar? - falei curiosa -
— Por que acha que peguei seu celular?
Ela sorriu e saiu, o sorriu dela era uma forma de despedida? É isso? Obrigado anjos por guiar-me até o sorriso mais lindo, adorei aquela forma de despedida. Entrei em casa após ter trancado o portão e expliquei para minha mãe que estava com uma amiga.
— Uma amiga? - disse minha mãe sorrindo - você finalmente fez uma amizade, Amy?
— É mãe, se acalma, amanhã não tem aula, posso sair com ela?
— Pra onde?
— A praça perto da escola..
— Tá.
Após aquele diálogo fui direto para um banho quente, eu precisava daquilo, eu estava tensa e nervosa, e ansiosa para amanhã. Após o banho, coloquei um pijama e liguei a televisão do quarto, me deitei na cama e fiquei assistindo. Peguei meu celular e vi o contato da Laura salvo como Paixãozinha dá pra acreditar numa peste dessa? Conversei com ela no WhatsApp com assuntos aleatórios até ela tocar no assunto do encontro
"Meio-dia e meio, o Thiago disse" - mandou ela.
"Tem certeza? Então vou dormir, já está tarde."
"Fala sério, meia noite pra você é tarde?"
"Sim, até amanhã"
"Espera, posso te ligar? Nem que seja pra ouvir sua respiração"
"Liga..."
No mesmo minuto que mandei a mensagem, ela ligou e eu atendi. Estava sonolenta, de verdade, mas eu também estava afim de ouvi a voz dela.
— Oi - ela falou sussurrando e deu pra ouvir uma risadinha -
— Oi - sussurrei -
A linha ficou muda por algum tempo, mas logo depois a gente reforçou o que tinha acontecido na escola, e as brincadeiras da praça. Desliguei a televisão para poder escutar a voz dela com mais clareza. Ela ficou falando sobre o que tinha acontecido com ela antes de correr atrás de mim, e ri de algumas coisas, dormi no meio de uma frase dela, e acreditem ou não, dormi sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, te cuideem.



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