Bigorna escrita por Captain


Capítulo 17
Lar doce lar.


Notas iniciais do capítulo

Olá terráqueos, como vão? Espero que bem. Desculpa pelo sumiço, eu meio que fiquei com preguicinha de escrever e a criatividade deu uma sumida também. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/670064/chapter/17

Eu já estava bem satisfeita, espero que tenha quebrado alguma coisa dela e é isso mesmo. Sai do quarto com um sorriso maléfico, abracei o travesseiro e andei até a sala de estar. Sabe, eu ainda estava zangada, eu sou bem ciumenta e é meio que uma síndrome, síndrome de Otelo. Ao invés de eu ficar e me despedir das criaturas daquela casa, eu entrei na cozinha e meio que roubei uma caixinha de suco que claramente, era da Duda. Escondi dentro da jaqueta e sai do apartamento correndo. Meu Deus, eu tinha uma caixinha de suco! Corri para o elevador, já que ele tinha acabado de abrir. Apertei o botão P1. E enquanto o elevador descia, eu olhava as mensagens que Marina tinha me enviado.

Marina 7h01 PM

É, infelizmente isso é considerado egoísmo. Imagina um serumaninho com frio e você nem está com tanto frio assim... O que você faz?
Me conte mais sobre você, Amy Wennen, a paulistana loura dos olhos encantador. Quanto mais você me falar sobre você, mais eu digo sobre mim. Fechou?

A porta do elevador se abriu, comecei a procurar o carro de dona Márcia. Consegui encontrar o carro graças a um adesivo bem engraçado que colei numa das janelas: ALO ALO GRAÇAS A DEUS. Toda vez que eu lia aquilo, era difícil não rir. Abri a porta do carona e me sentei, joguei minha mochila nos bancos de trás. Fechei a porta enquanto esperava dona Márcia e aquela filha da puta. Não, desculpa o palavrão.

Amy 7h17 PM

Desculpa a demora, tava fazendo algo bem louco...
Uhn, saber sobre mim? Meu nome é Amy Wennen, tenho dezcinco anos, moro numa casa bem bonitinha e que gosto bastante. Minha cor preferida é azul. E você?

Marina 7h18 PM

Não entendi esse negócio de "dezcinco", pode me explicar, por favor?

Amy 7h18 PM

Dez mais cinco? Quinze. E tipo, falar quinze é tão comum, eu só quis inventar uma nova palavra.

Marina 7h19 PM

Gostei, vou aderir. Eu tenho dezsete. Eu não tenho cor preferida, eu gosto de todas, sabe? Então, vou responder: arco-íris. Meu nome é Marina Damasceno e moro numa casa feita de chocolate, com cheiro de terra molhada.

Tomei um susto quando a porta do motorista se abriu. Era a minha mãe e colocava suas coisas junto com as minhas. Laura Marques, ainda não falou comigo. Ela entrou no carro e ficou jogada por lá. Olhando para o celular dela e rindo. Espero não ter perdido ela para a minha prima. Coloquei o cinto e ajeitei a jaqueta em mim. Minha mãe entrou e deu partida no carro, despedindo-se da Anna que estava ao lado do carro. Fiquei um bom tempo sem olhar para a estrada. O papo sobre livros preferidos com Marina estava bem bom, aliás, ela tem um ótimo gosto musical, e passei a viagem inteira ouvindo as músicas que ela passava para mim. Percebi que Laura estava caindo no sono, e então, eu como uma santa em pessoa, liguei o rádio no último volume. Minha mãe era bem fã dos Beatles, e não era surpresa ter um CD lá.
— Aumenta. – Márcia gritou, despertando Laura do soninho.
Era minha música preferida, e com certeza era a da minha mãe também: Love Me Do.
Love, love me do. – iniciei, meio desafinada. – You know I love you.
O engraçado foi minha mãe batendo no volante, acompanhando o ritmo da música.
So please, love me do. – Márcia cantou, e todos os carros que passavam do nosso lado buzinavam por bastante tempo.
Era oito e pouca da noite, uma pessoa tentava dormir no banco de trás, mas é aquele ditado, né? Infelizmente, Laura conseguiu dormir e meu plano maléfico foi por água baixo. O velho som dos Beatles foi encerrado e senhora Márcia continuava agitada. Estávamos chegando na nossa cidade, eu sei por causa daquelas neblinas e tal. O decorrer da viagem foi apenas de silêncio, aproveitei aquilo e tomei a caixinha de suco que tinha pegado mais cedo. E então, depois de um tempinho, eu meio que cochilei.
Acordei já reconhecendo o lugar que a gente estava: apartamento da Hetlen. Ela abriu a porta e saiu, despedindo-se da minha mãe com acenos. Suspirei. Queria entender o motivo dela não falar comigo.

Amy 8h45 PM

ALO ALO GRAÇAS A DEUS, tá acordada?

Marina 8h47 PM

Alô, tô acordada sim, estudando até. Onde você está?

Amy 8h47 PM

Amém irmã. Tô quase na minha casa, e você?

Marina 8h50 PM

Tô na minha casa, bebendo um suco de laranja feito por mim, Marina Damasceno. Eu estou bem feliz com o resultado desse suco, não ficou amargo como sempre.

Minha mãe estacionou o carro e logo percebi sua cara de cansada. Peguei minhas coisas e sai do carro. Eu também estava cansada, mesmo ter dormido o dia todo. Entrei em casa correndo e fui direto para o meu quarto. Lar, doce lar. Me atirei na cama, me cobri com o cobertor mais peludo possível e ali fiquei.

Amy 8h58 PM

Oi. Boa noite. Eu gosto de você.

Laura 8h59 PM

Que bom para você! ;)

Fiquei lendo aquele "que bom para você" por um tempo. O que tinha acontecido? Ela não gostava mais de mim?! Que droga, cara. Respirei fundo para não chorar. Aliás, não, eu não ia chorar por causa daquilo. Laura Marques Hetlen que se dane! Ao invés de ficar lamentando pela morte da bezerra... Não sei, eu estou meia confusa. 

Acordei por volta de onze e meia. Peguei meu celular com esperanças de que Laura tivesse me mandado alguma mensagem de bom dia ou algo assim. Eu sempre digo a mim mesma parar de criar expectativas, mas eu não escuto eu mesma.

Amy 11h44 AM

Bom dia. Desculpa por não te responder ontem, fiquei um pouco mal e fui dormir. Tudo bem com você?

Marina 11h45 AM

BOOOM DIA, cadê a animação? Hoje é segunda-feira, dia de trabalhar, estudar bastante e tal. Eu tô bem boa, e você? Espero que tenha melhorado.

Amy 11h46 AM

BOOOOM DIA ENTÃO. Falando em estudar, preciso tomar uma banho para acordar. E olha, eu tô melhor sim. Já volto, ruivinha.

Contei até três em minha mente e levantei no final da contagem, a preguiça estava quase tomando conta de mim. Não esperei Marina responder. Descalça, andei pelos pisos de madeira do corredor, indo em direção ao banheiro. Naquela manhã, eu estava chateada. Chateada pelo simples fato de Laura não estar falando comigo, me ignorando sem motivo algum. Livrei-me daquele pensamento e fui tirando minhas vestes, não sei porquê, mas o ar de culpa começou a possuir.
Bobagem! Entrei no box e fiquei debaixo do chuveiro, fechei os olhos e deixei aquela água morna lavar a minha alma.
— Mas, por que ela está assim comigo? – sussurrei comigo mesma. – Já chega, Amy! Você vai conversar com ela como uma pessoa madura.
Abri os olhos, aquela era a decisão tomada! Com um sorriso entre os lábios, fui tirando o excesso do sabonete e com certa rapidez, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Estava ansiosa para ir a escola. O plano era esse: chegar, falar com a Laura, se resolver.
Andei, ou corri, ou deslizei, não sei o que fiz, mas fui rapidamente para o meu quarto. Vesti uma lingerie preta, porque foi a única peça íntima que havia encontrado no meio de tanta bagunça. Eu me lembrei que, a Laura tinha começado a vir na minha casa, para me levar à escola. Animada, vesti em desespero o uniforme da escola.

Com o cabelo solto, fui arrumando minha mochila e a colocando nas costas. Sentei-me na beirada da cama, pegando o tênis mais sujo daquela casa. Sem ligar muito para aquilo, eu o calcei e arrumei a manga da minha camiseta. Pela janela, o dia estava nublado, então coloquei uma blusa que fazia parte do uniforme. Sai do quarto com a mochila nas costas e fui diretamente para a sala de estar. Olhei pela janela e, infelizmente, argh, ela não estava lá. Peguei uma maçã na cozinha e voltei para a sala de estar. Verifiquei meu celular no bolso da blusa, e logo conectei os fones de ouvidos. Ah, eu precisava de alguma coisa - qualquer coisa - para afastar os meus pensamentos de ciúme. Enquanto caminhava em direção a escola, eu olhava várias vezes o meu celular. E de vez em quando, eu dava um "olá" para Marina. Que só respondia quando eu mandava várias mensagens.

Respirei fundo quando cheguei à escola. Vi a Laura no portão, ela conversava com algumas pessoas. Eu a vi me olhando, ela ficou uns três segundos parada e depois se voltou a aquelas garotas. Eu passei por elas, e abaixei a cabeça após ouvir alguns risinhos. OK, elas podem não estar falando de mim, mas eu me sinto péssima quando eu passo por alguém e ela começa a dar aqueles risinhos. Dei a última olhada no celular e o guardei na minha bolsa junto com os fones de ouvido.

Fiquei parada em frente a uma mesa do refeitório, tentando criar coragem para falar com Laura Marques Hetlen. Suspirei, uma ou duas vezes, quem está contando? Arrumei a alça na mochila e andei em direção à Laura. Em frente a ela, puxei a manga da sua blusa e esperei ela virar para mim. Com um sorriso torto, perguntei:
— Eu e... Eu e você, podemos conversar?
— Tá. – ela olhou para mim e depois para as meninas com quem conversava – Já volto.
Enquanto andávamos para um lugar quieto, eu insistia em deixar minha mão perto da dela. Ela por sua vez, afastava-se um pouco. Ela parou em frente a uma parede e se encostou a ela.
— O que quer? – falou Laura, num tom grosso.
— O que foi? Por que está assim? – murmurei.
— Ah... – ela soltou uma gargalhada de ironia. – Cara! Você é muito coisada, faz as coisas pra chamar atenção. Que ódio que eu tenho disso.
— Chamar atenção? Do que está falando.
Laura Marques puxou seu celular do bolso e abriu na conversa do Thiago, e me mostrou. Eu li pouca coisa, pois o tom de voz de Laura estava me deixando triste. Tive que me controlar, para não desabar ali, na frente dela.
— Eu não entendi...
— PARA, POR FAVOR, SÓ PARA! PARA DE SER SONSA. – Laura gritou e eu, tive que ser mais forte naquele momento para não chorar. – Olha, Amy. Eu sei que você é livre, mas não faz mais essas coisas quando você está com raiva.
O tom de Marques foi abaixando quando algumas lágrimas começaram a escorrer.
— Me desculpa... – abaixei a cabeça.
— Desculpa por ter gritado e te chamado de sonsa. Thiago me contou que você comeu maconha, deu em cima de uma guria lá. E não sei mais o que. Tudo isso por causa que fiquei jogando com a sua prima? Não precisava disso, não mesmo. Era só conversar comigo.
Não falei nada por um tempo e fiquei torcendo para que tudo voltasse a normal. Para mim, aquilo que fiz não foi nada grave, não tão grave pra ela me dar gelo. Limpei minhas lágrimas e fitei Laura, que deu um sorriso... Aquele sorriso, meu Deus, como eu amo aquele sorriso.
— Calma, esquentadinha, não precisa chorar. – ela sussurrou.
A abracei, e eu como gosto de clichês, me ouso a dizer: eu estava segurando o meu mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entãããão, o que acharam? Espero que tenham gostado e mais uma vez, perdão pelo sumiço. Quero comentários de vocês nesse capítulo, hein! KSAOKAPSKP



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bigorna" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.