Bigorna escrita por Captain


Capítulo 14
Quarteto homossexual


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito por ter demorado a postar um novo capítulo. Tive alguns trabalhos de escola para fazer, e a preguiça de escrever também me dominou. O capítulo de hoje tá um pouquinho grande, mas tudo bem. Boa leitura, humanos insolentes.



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Laura ainda roncava ao meu lado, talvez nem tenha ouvido aquele apito irritante. Peguei meu celular em cima do criado-mudo e vi as horas, oito e dez da manhã. Coloquei no aplicativo da câmera e deixei na câmera frontal, apontando para mim e Laura de boca aberta do meu lado. Era difícil segurar a risada, tirei várias fotos seguidas, apenas de Laura.

— Ai, que flash é esse? – falou Laura, colocando as mãos no rosto.

— Sei não hein, deve ser o sol.

— O que o sol tá fazendo de noite?

— Não sei, acho que deve ser manhã.

Laura se levantou rapidamente, passando por cima de mim e tropeçando em sei lá o que. Sua reação de manhã me surpreendia, será que eu ia me acostumar com aquilo? Marques apareceu do meu lado com seu cabelo “armado”, cheio de fios rebeldes e baba no canto da boca.

— Foi bom a sonequinha, amorzão? – falei entre risos.

— Foi ótima.

Ela limpou a baba e caminhou em direção ao banheiro. Fui me levantando aos poucos, dobrei o cobertor e o deixei dentro do armário, arrumei o lençol da cama antes que alguém pudesse reclamar daquela bagunça. Fiz um coque em meu cabelo e andei até a sala de estar, encontrei minha mãe preparando café, encostei-me na bancada e fiquei olhando-a.

— Bom dia, senhorita, como vai? – falou Marcia.

— Eu estou bem. Mãe, um colega da escola está por aqui, posso sair mais cedo para ir me encontrar com ele na praia?

— Não sei não hein, a praia é muito grande e você pode acabar se perdendo. Só deixo se a Maju for junto.

— Tá bom, vou ir acordar ela.

Peguei uma torrada que estava sobre o balcão e corri para o quarto de Maju, mastiguei pequenos pedaços da torrada e entrei. O quarto dela era um azul claro com uma linha branca, as cortinas grossas deixava o quarto super escuro. Andei lentamente até sua cama, e a vi dormindo ainda, a respiração dela era como uma música para mim.

— Psiu, psiu. – sussurrei no pé de seu ouvido.

Os olhos de Maju foram se abrindo lentamente, o espanto dela ao ver meu rosto foi realmente engraçado.

— Que susto, guria! – ela levantou o corpo, ficando sentada na cama e prendendo seu cabelo em um coque – Que horas são?

— Acho que são oito horas. Pode ir se arrumando, você vai sair comigo e com a Laura.

— O que? Pra onde?

— Por aí, se veste rapidinho.

Sai do quarto de Maju, a deixando confusa. Dei a última mordida na torrada e observei Laura saindo do banheiro, com uma camisa larga e um short, ela me olhou e deu um sorriso de lado. Entrei no banheiro após ela ter saído e comecei a me despir, tranquei a porta e me olhei no espelho. Segurando em meu cabelo, percebi as pontas duplas e bufei como se fosse uma menina mimada; princesinha. Entrei no enorme box daquele banho e relaxei ao sentir a água morna cair sobre meu corpo. Não demorei muito no banho, até porque eu iria sair a poucos minutos. Após ter passado o MEU PRÓPRIO sabonete (questão de higiene) eu desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha que havia num pequeno armário. Escovei os dentes rapidamente, só pra atirar aquele gosto de torrada da boca. Sai do banheiro sorrindo, encontrei com Maju no corredor, a calça jeans que ela havia escolhido ficava meio que sexy nela, desculpa dizer isso, mas é verdade. Entrei no quarto de hospedes e Laura saiu, respeitando meu “momento de ficar sozinha”.

Me vesti aos poucos, passava um litro de perfume no perfume em que eu usava, deixei o meu cabelo preso em um coque, novamente. E sai de porta afora, pegando meu celular e as sapatilhas nos pés.

— Que pressa é essa, Amy? – falou Laura após perceber meu desespero de encaixar as sapatilhas nos pés. – A gente só vai depois de temos comido alguma coisa, não é Ma? – olhou para Maju.

Ma? Sério? Nem eu que sou prima de sangue dela tenho essa intimidade de apelidos. Se bem que, entrar no quarto de alguém sem bater é ter intimidade? Ah, tanto faz, eu sou uma atrevida mesmo. Joguei-me no sofá enquanto observava Laura, Maju e Marcia tomando café.

— Cadê a Anna? – questionei após um tempo.

— Trabalhando... – retrucou Maju, deixando o copo na mesa.

— Mas hoje é domingo, cara. – intrometeu Laura.

— Diga isso ao chefe dela.

O silêncio tomou conta da sala de estar, levantei após perceber que Laura tinha acabado seu café, fui andando em direção à porta e sai, ficando no corredor do andar. Olhei para o elevador e me deparei com o grande segurança, entrei rapidamente em casa antes que ele pudesse me ver... Um nervoso tomou conta de mim, e eu não sabia o que fazer. Andei em direção a Laura e a abracei, deixando um sorriso forçado estampado no rosto.

— Sabe aquele segurança de ontem? – sussurrei em seu ouvido e ela assentiu – então, ele tá bem ali no elevador.

— Fazendo o que aqui?!

— E eu vou lá saber?

— Ok, vamos vazar sem medo. O Thiago tá nos esperando.

Laura tateou suas mãos no short que usava, deixando migalhas de torrada espalhadas pela mesma. Eu ri daquilo, mas sem ter nenhuma graça. Maju empurrou a cadeira para trás e se levantou com o copo vazio nas mãos, andando em direção à cozinha e deu para ouvir o barulho do copo batendo no mármore. Suspirei alto e fui para a porta novamente, abrindo a mesma lentamente. Laura e Maju estavam atrás de mim, um pouco impaciente com a minha forma de abrir a porta. Sai do apartamento e para a nossa sorte, o segurança havia sumido, deixando o corredor deserto. Os passos das três juntas faziam ecos, me deixando um pouco irritada com o barulho. Apertei o botão do elevador algumas vezes, iludindo-me com que ele subisse rápido.

— Desculpa me intrometer, mas vocês ficaram com medo do segurança porque saíram à noite, não foi? – Maju interrompeu o silêncio que havia naquele corredor.

Laura me olhou na mesma intensidade que o meu olhar, e um sorriso foi esboçado nos lábios de Laura, deixando aquele momento mais tenso.

— Bom, podemos dizer que sim... Como sabe? Você nos viu? Tem câmera por aqui? – interroguei, mas o tom da minha voz parecia estar dizendo ironias.

Antes que Maju pudesse abrir a boca para responder o barulho do elevador se abrindo a interrompeu, fazendo todas entrarem naquele pequeno espaço, apertei o botão térreo e automaticamente me virei para o espelho, fitando a mim mesma, reparando os detalhes que havia em meu rosto. Comecei a observar a pinta que existia em minha bochecha, e a mesma rosada com um pequeno toque de vermelho. As minhas sobrancelhas mal penteadas, com uns fios “fora da linha”. O meu peito enchendo-se com o ar que eu sugava rapidamente. E meus cílios enormes, deixando meus olhos com mais vida naquele momento.

Era engraçado ficar me observando, é raro eu ficar olhando para os meus traços, detalhando todos. Ri mentalmente e me virei quando vi a porta do elevador se abrindo, fiquei ao lado de Laura até o portão de entrada, o portão se abriu automaticamente após o porteiro ter reconhecido Maju.

— Bom dia, meninas. – uma voz surgiu atrás de nós. Viramos rapidamente e reconheci o segurança, que nos olhava com um sorriso cínico nos lábios.

— Bom dia. Estamos atrasadas. Adeus. – falei rapidamente e puxei Laura pela mão e Maju pelo braço.

O cara nem se importou de nos seguir, de nos parar ou de gritar, apenas nos deixou ir, nos observando de longe. O sol apareceu com tudo, deixando as ruas pelando, o céu estava em um tom incrível de azul e mesmo estando um pouco distante da praia, pude ver grandes ondas, se quebrando rapidamente.

— Então, para onde estamos indo? – novamente a voz de Maju nos salvou daquele tédio.

— Encontrar um amigo, acho que você vai gostar dele. – respondeu Laura, olhando para a tela de seu celular.

Um carro com o porta-malas abertos, amostrando os sons passou lentamente na rua. A música que tocava estava na última altura, deixando aquela rua barulhenta. Comecei a mexer meu corpo apenas para divertir Marques e a minha priminha. A música apenas tinha batida de panelas, e logo surgiu uma voz grossa masculina interrompendo a batida. Não entendi muito bem a letra, apenas parei no meio da calçada e balancei meus ombros.

— Que bosta é essa, Wennen?! – berrou Laura, segurando sua risada ao ver minha dança incrivelmente retardada.

— Sou eu dançando.

Parei de dançar e puxei Laura pelo braço, entrelacei meus dedos nos delas, e caminhei rapidamente. Maju ficou ao meu lado, apenas olhando para o chão, respirando fundo diversas vezes. Em questão de poucos minutos chegamos ao calçadão da praia, olhei para os lados para ver se eu encontrava o Thiago.

— Laura! – berrou uma voz conhecida, se aproximando de nós.

E lá veio ele, Thiago com uma camiseta floral e uma bermuda cinza, o chapéu que ele usava deixava aquele visual cada vez mais brega. E ao seu lado, Vitor, que estava sem camisa, mostrando seus músculos e seu abdômen bem definido e a bermuda da mesma cor que a do Thiago. Os dois estavam andando na minha direção, mas estavam afastados, como se não se conhecessem.

— Thiago!! – gritei e corri até o mesmo, abraçando-o com certa força.

— Ai, loirinha. – Thiago me abraçou também, passou as mãos pelo meu cabelo e deu um sorriso. – Como está indo com a Laura? – sussurrou no pé do meu ouvido.

— Ah, bem...

Soltei Thiago aos poucos e cumprimentei Vitor com dois beijos na bochecha.

— Tá fortinho hein. – comentei após analisar seus músculos.

— Valeu, você está precisando malhar. – Vitor apertou meu ombro – Tá magrinha demais.

Dei uma risada e me virei para Maju, que estava olhando para o mar, me aproximei dela e a abracei com força.

— Meninos, essa daqui é a Maria Julia, porém é mais conhecida como Maju. E ela é a minha prima.

O rosto de Maju passou de branco para completamente rosada, demonstrando sua timidez.

— Oi Ma, como vai? – perguntou Thiago, vindo em nossa direção.

Larguei Maju e me afastei, Laura veio até mim e voltou a entrelaçar nossos dedos. Enquanto Thiago e Maju conversavam sobre “as novidades”, Vitor e Laura decidiram entrar na água. Thiago foi seguindo eles, deixando eu a coitada da Maju para trás.

— Vamos? Não precisa se molhar se não quiser. – falei.

Maju apenas assentiu com a cabeça e acompanhou meus passos até a galerinha que não sabe esperar. Andamos lentamente até o comecinho daquela água, qual é o nome daquilo? Olha, sinto muito, mas me esqueci de qual é aquela palavra lá. Retirei as sapatilhas e as segurei, observando Maju fazendo a mesma coisa, com um sorriso forçado, meio desconfiada com aquilo tudo. Dava para ver os retardados correndo até o fundão, com suas vestes e tudo mais. Percebi o chapéu afundando no mar, fazendo-o nadar desesperadamente. Comecei a rir de tudo aquilo, e andar em direção aos retardados.

— Meu Deus, que idiotas. – exclamei entre risos.

Maju foi me seguindo, levantando um pouco a barra de sua calça. Laura chegou perto de nós, completamente encharcada e com uma quantidade de água nas mãos, jogando em Maju, que ficou imóvel. Os meninos chegaram e Vitor me pegou no colo, andando rapidamente até o fundo e logo me soltou, fazendo-me afundar, tudo o que eu conseguia fazer era gritar. Nunca senti um desespero igual aquele, comecei a bater os braços rapidamente e senti alguém me puxando, era o Vitor dando uma gargalhada do acontecimento.

— Foi mal, loura.

— Jesus Meu Deus, Vitor! Tá maluco? Quase morri.

— Deixa disso, Amy.

Vitor me soltou e, eu completamente encharcada fui andando até a Maju, que estava a um tempo conversando com Laura.

— Olha ai quem voltou! – falou Laura.

— Estou bem puta com o Vitor, aquele filho de uma mãe muito boa.

Puxei Thiago que retirava sua camiseta floral, revelando seus músculos, abdômen bem definido hein, “Thiaguinho” (aquela carinha) para distante do mar. Sentei-me na areia e logo Thiago foi fazendo o mesmo, me encarando.

— Então, tudo bem? – disse, porém fitava Laura e Maju juntas.

— Não muito bem, Amy. – ele forçou um sorriso e sem que eu perguntasse o por que, ele foi completando. – Você percebeu que eu o Vitor estamos um pouco distantes, né?

— Sim, calma... Vocês terminaram?

— Não. Mas o pai dele, sabe? Ele veio até o Vitor, disse muitas merdas, falou que ele era uma aberração e... Que ele preferisse que ele morresse. E ele tá um pouco distante de mim, com vergonha de sua sexualidade.

— Por que aquele idiota foi atrás dele pra falar isso, meu?!

— O Fernando é ridículo, sempre gostou de ver as pessoas em volta sofrendo. É bem mais que um psicopata. – ele riu forçadamente, tirando aquela tensão do ar – Mas e você, minha loirinha preferida. Como que está?

— Fico feliz por ter me contado isso, Thiago. Eu estou bem, muito bem. Parece que eu e a Laura estamos em um relacionamento sério, mas ela ainda não me pediu em namoro, ela disse que ia pedir, só não sei quando. Nem parece que a gente se conheceu há poucos dias.

Thiago foi torcendo sua camiseta, e a deixou em sua perna, deixando toda sua atenção em mim e, no meu sorriso enquanto me afundava em mares de amor por Laura Marques Hetlen.

— Quero ser padrinho desse casamento, Amy. Eu conheço Laura faz quatro anos e nunca a vi assim... Tão apegada a uma pessoa só.  

“Tão apegada a uma pessoa só” O que ele quis dizer com isso? Quer dizer que Laura era uma infiel? Uma manipuladora infiel... Talvez eu só tivesse entendido isso errado, ou ele deixou escapar e estava torcendo para que eu não tivesse percebido. Vitor veio perambulando até nós, ele nos olhou e deu um sorriso, não sei qual foi o motivo, mas ele sorriu. Sentou-se ao lado de Thiago e vi suas mãos juntas. Ele sussurrou algo no ouviu de Thiago, o fazendo sorrir.

— Que tal uma cerveja, Amy? Eu pago. – disse Vitor.

— Que mané cerveja, desce logo uma tequila. – brincou Thiago, transformando-se num alcoólatra de primeira.

— Nada de bebedeira hoje, vocês não irão embebedar a Amy, nem pensar. –comentou Laura chegando ao lado de Maju.

— Espera calma aí... Vocês são um casal? – questionou Maju com um sorriso entre os lábios e percebendo as mãos de Thiago e Vitor juntas.

— Olha... – falou Vitor, dando uma olhada para Thiago. – Sim, somos.

— Que máximo cara!

E depois do comentário de Maju, os dois soltaram um suspiro de alivio, e eu também. Nós esperávamos um comentário meio que... Sabe? Até porque ali era o quarteto homossexual.

— Vai pra escola amanhã? – falei, olhando para Thiago.

— Tenho que ir, né. Vou voltar pra casa em poucas horas.

Nos levantamos da areia e fomos em direção ao calçadão. Pessoas bonitas andavam por lá. Fiz um coque em meu cabelo e andei ao lado de Laura já que eu a tinha flagrado olhando para alguns rabo de saia. Eu queria marcar território nela de algum jeito.

— Fica olhando mesmo, dona Marques. – sussurrei em seu ouvido.

— O que eu estou fazendo, meu?

— NADA! – gritei e percebi os olhares de algumas pessoas para mim.

— Tá gritando por que? Eu hein.

— Desculpa.

Laura foi levando sua mão até a minha e logo a segurou. Tem vezes que quero urinar na Laura, igual aqueles cachorros lá, sabe? Eles urinam em um lugar pra marcar território. Mas isso seria bem nojento, quando eu voltar pra casa pesquisarei sobre como marcar territórios nas pessoas que nós ama.

Vitor e Thiago foram andando em direção a um dos bares daquela rua, e como Laura não queria que eu bebesse, nós voltamos para o apartamento de Maju, que ficou calada o trajeto todo.

Quando chegamos, havia algumas crianças na sala de estar, com bonecas e aqueles forninhos rosa de plástico no tapete. Também, observei um homem de terno e com o cabelo igual daqueles homi do exército. Ele estava de costas, então não consegui ver seu rosto.

— Mãe? Chegamos! – gritou Maju e logo o homem se virou para nós. Percebi a reação de surpresa da Maju, que logo esboçou um grande sorriso.


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Notas finais do capítulo

Essa nota final vai para uma pessoa muito importante, sabe? Vou até colocar tudo em maiúsculo para essa pessoa saber o quanto ela é importante.
NATALIA FUNES, SUA JABAQUARA, EU TE AMO!



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