1971: Como Tudo Começou escrita por Lara Manuela de Souza, Marina Saint


Capítulo 5
Vincent Cook - Sirius


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Não vou gastar o tempo de vocês dando desculpas. Esse capítulo é narrado pelo Sirius (:
Boa Leitura.



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Eu fui o primeiro a acordar naquela manhã. Pelo menos, foi o que pensei, porque James estava encarando o teto, sem piscar, não dando nenhum sinal de vida. Talvez ele dormisse de olhos abertos. Se é que isso é possível.

Olhei no meu relógio. Eu acordei cedo. Talvez o costume de tanto ser acordado pelo meu irmão ás cinco da manhã, sem nenhum motivo aparente. Hmmm... Será que é divertido acordar as pessoas desse jeito? Observei os outros, ainda em sono profundo. Remus estava roncando ruidosamente. Ele nem se dera ao trabalho de trocar de roupa. James estava em estado vegetativo e Pedro estava dormindo no chão abraçando uma pelúcia. Talvez tivesse caído durante a noite.

Levantei silenciosamente da minha cama e peguei um livro de feitiços. Hmmm... Aquamenti. Perfeito. Peguei minha varinha.

Aquamenti! – Um jato de água saiu da minha varinha e caiu sobre os desacordados.

James saltou da cama em menos de um segundo e estreitou os olhos para mim. Pedro deu um grito, se levantou o chão, olhou para os lados com os punhos cerrados, a expressão, ameaçadora. Então ele juntou as sobrancelhas em dúvida olhando para a água no chão, o livro de feitiços e a minha varinha estendida.

— Sabe Black, acho que você não conseguiu acordar alguém – Disse James com uma cara pensativa.

Lupin ainda estava dormindo tranquilamente, roncando com uma expressão feliz, como se estivesse sonhando com algo encantador.

Certo. O jeito seria acordá-lo aos gritos mesmo...

— Aaaa! Alguém me ajude! – Disse fazendo uma voz feminina estridente muito alta. Remus se mexeu um pouco, e levantou-se da cama lentamente.

— Bom dia! – Eu disse abrindo os braços

Ele apenas me olhou desconfiado.

— Vamos logo tomar o café que já é tarde – Disse Pedro de repente.

Na verdade não era tarde, mas... fazer o quê. Era Pedro Pettigrew. Ignorando o fato de eu estar morto de fome. Soltei Geada que estava na gaiola ao lado da minha cama e ele saiu correndo para os corredores. Talvez a minha prima tivesse tido a esperança de que ele conseguisse me matar afinal.

Estávamos tomando o café quando as centenas de corujas entraram trazendo as correspondências. Eu particularmente estava na pior expectativa quando Wint, a coruja da minha família descreveu círculos ao redor da minha cabeça, soltando um envelope vermelho que logo pude reconhecer. Na melhor das hipóteses, uma carta vermelha.

— Abra logo, Black. Não quero que isso exploda na minha cara. – Disse James fazendo esvair como um ralo toda a esperança que eu ainda tinha.

— Isso pode explodir? – Pedro perguntou.

Antes que alguém o pudesse responder, abri o envelope de olhos fechados, preparado pelos gritos excepcionalmente altos de minha mãe, amplificados mil vezes pelo berrador.

“COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COM A SUA FAMÍLIA! GRIFINÓRIA! SAIBA QUE ESTÁ DE CASTIGO POR TRÊS MESES! NÃO O EDUCAMOS CORRETAMENTE O BASTANTE PARA ENTENDER O QUANTO É RUIM TER UM AMIGO GRIFINÓRIO? E COMO SE JÁ NÃO BASTASSE, VOCÊ É SELECIONADO PARA A GRIFINÓRIA!...”.

Todos os copos de vidro tinham se quebrado e a comida, antes atraente, estava salpicada da poeira que caía do teto.

“É, PRIMO, NÃO PRECISA VIR PRA CASA NO NATAL!”. A voz da minha prima encerrou.

Todos os olhares estavam cravados em mim. As pessoas deviam estar quase surdas. James tinha se retirado. Eu, particularmente pressionei os meus ouvidos com o máximo de força possível e não fora o necessário para não ter um zumbido baixo me incomodando. A Sonserina toda estava rindo e concordando com acenos de cabeças as palavras de minha mãe. Meu irmão me olhava com sorriso malicioso nos lábios.

— Não disse que minha prima iria interferir em tudo que eles fizessem? – Disse deixando os ombros caírem.

— Sua mãe tem uma voz potente. – Remus comentou, boquiaberto.

— Ela estragou minha comida! – Pedro gritou com os olhos transbordando de raiva a mim. Armado com uma faca de pão, começou a me perseguir inutilmente em volta da mesa.

***

— O que temos hoje? – James perguntou deitado em um sofá da sala comunal ainda massageando as têmporas.

Remus respondeu imediatamente.

— Poções com a Sonserina, Herbologia com a Lufa-lufa, e DCAT com a Corvinal. Parece que teremos bastante tempo hoje com o prof. Cook.

— O que já faz o dia perfeito! - Eu disse repentinamente – O Vince parece ser o único professor que realmente sabe das coisas.

— É. Ele parece ser o tipo exemplar de professor. – Falou Remus sarcasticamente.

— Bom... Se o tio Dumby colocou ele pra trabalhar aqui é porque ele é bom. – Pedro respondeu. Ele estava com um galo na cabeça por ter caído enquanto me perseguia. Quem mandou tentar perseguir o melhor corredor de Hogwarts?

A passagem da sala se abre e duas garotas entram conversando animadamente com meu gato nos seus calcanhares e madame nor-ra correndo logo atrás. As escolhas de amizade de Geada são horríveis.

Verifiquei o horário novamente em meu relógio.

— Temos que ir agora se não quisermos nos atrasar para a aula do Vince.

Pegamos nossos livros e disparamos à procura de sua sala.

Ela ficava no segundo andar, a porta de uma madeira bem pesada estava aberta, uma fumaça branca saía de dentro. Entramos todos de uma vez na sala vazia, a não ser pelos estudantes que já se encontravam dentro.

O chão estava coberto com um tapete amarelo com estrelas marrons que se mexiam em volta dos pés inquietos dos estudantes. Na altura do rodapé duas prateleiras, rodeando toda a sala com diferentes recipientes abertos, a fonte da fumaça branca era um líquido roxo no fundo da sala. Não podíamos ver o que estava escrito nele, mas todos os recipientes estavam etiquetados. As paredes eram de mármore claro esculpido em diferentes monstros de tamanho real. Entre cada monstro haviam gaiolas fechadas embutidas na parede. Era escuro dentro delas, então não pude ver se estavam ocupadas, mas Remus soltou um gemido ao observar uma em particular.

Havia mesas quadradas espalhadas irregularmente pela sala, feitas de pilhas de livros que podiam ser abertos. Para cada mesa, quatro bancos ficavam em cada lado, feitos do mesmo material da porta, uma madeira muito pesada.

O teto parecia o céu de dia, com nuvens claras, mas sem sol. As nuvens se mexiam rápido demais, dando a sensação de que o tempo estava passando muito rápido. Observando-as por um longo tempo percebi que elas não se mexiam especificamente rápidas, porque logo elas começaram a se mexer demasiado devagar.

Os minutos se passaram e nós quatro nos sentamos em uma mesa do fundo. Em cima da mesa havia um caldeirão vazio. Um livro na frente do meu lugar logo me interessou “As maldições que você não gostaria que fossem lançadas em você”. Mas nem deu tempo de abrir um livro, pois Vincent entrou na sala violentamente e subiu em cima da maior mesa, na frente da porta. Ele estava vestindo o mesmo estilo de roupa, blusa de banda, bermuda de quadribol, chapéu coco. Só com uma pequena diferença. Ele estava usando uma gravata. Talvez para parecer mais sério, a autoridade.

Os alunos da Sonserina riram dele, o que o fez rir junto com eles em uma risada macabra. Os sonserinos interromperam a risada, olhando aterrorizados o prof. Cook.

— Meus súditos, queridos – Disse ele abrindo os braços. Pulando no chão, começou a andar entre as mesas, fazendo ziguezagues. – Hoje nós vamos fazer uma poção diferente, só para testar seus conhecimentos, o potencial de cada... Hmmm... Quarteto. – Ele parava em cada mesa e olhava nos olhos de um infeliz, que por sua vez se encolhia na cadeira.

— Vamos tentar fazer o fogo-portátil. Primeiramente, escolhi essa por ser rápida no preparo, somente um minuto.

Ao meu lado James resmungou baixinho:

— Mas como as aparências sempre estão contra o pobre James...

— Mas ela é bem difícil... Pode explodir na sua cara ou derreter o caldeirão com a falta de cuidado. – Ahhh, então por isso os cabelos chamuscados, Vince? Ele parou na nossa mesa. – Vocês farão isso em equipe. – Ele bateu as palmas duas vezes. Quatro frascos apareceram em todas as mesas, cada um em frente a um estudante. – Nesses frascos... – Ele fez uma pausa dramática e olhou por sua vez nos meus olhos – Estão os quatro ingredientes necessários para a poção: - Ele levantou quatro dedos – Cinza de cinzal, Pelos de Téti, Folhas de figo e patas de rã. Quando terminarem, essa será a sua aparência final: - Ele foi à outra extremidade da sala e pegou um frasco com um líquido brilhante e pastoso dentro. - As outras informações vocês irão encontrar na página 72 dos seus livros. – Ele voltou para cima de sua mesa e deu um sorriso enigmático – Boa sorte. Vão precisar. – Com suas últimas palavras se se sentou na mesa, tirou uma lixa de debaixo do seu chapéu e começou a lixar suas unhas despreocupadamente.

Remus abriu na página pedida e leu em voz baixa para todos nós:

Fogo portátil

Inventada originalmente pelo alquimista Heltetius, é o modo mais prático de carregar o fogo. Ela pode ser colocada em um frasco enfeitiçado, que não derrete. É uma poção básica, feita em somente um minuto, mas perigosa no modo de preparo.

Ingredientes:

*½ colher de cinza de cinzal

*4 pelos de Téti

*200 g de folhas de figo

*1 Pata de rã

Para preparar é só misturar todos os ingredientes em um caldeirão sem fogo e realizar o feitiço: “Incendio”. A poção virará lava. O próximo passo é só coloca-la em recipiente enfeitiçado, cuidadosamente, realizando o feitiço “Impervius”. Um caldeirão renderá 2 potes.

Para o seu uso, abra o frasco e diga: “Freere”. (Não é necessário o uso de varinha). A lava fará chamas em tudo o que tocar. Para aprisiona-la de volta ao frasco diga: “Erefer”.

Em minha frente estava um cinzal e uma colher dividida ao meio. A cara de Vincent. Pensei balançando a cabeça. James tinha uma pequena gaiola com uma rã, e uma faca afiada. Pedro tinha os pelos de Téti prontinhos em um recipiente (Injusto), e Remus tinha uma balança e uma cesta com muitas folhas de figo.

Começamos nosso trabalho. Eu cuidadosamente tirei a meia colher de cinzas e coloquei no caldeirão. Pedro só despejou os pelos de Téti enquanto eu observava com nojo James pegar a rã e cortar uma pata. Depois de todos os ingredientes colocados no caldeirão, nos entreolhamos.

— Alguém se prontifica a lançar o feitiço? – Perguntou Remus.

— Pedro adoraria, não é Pedro? – Perguntei dando tapinhas em suas costas. Afinal, tínhamos que equilibrar as coisas, Pedro só tinha despejado os seus ingredientes. E já tinha um galo na cabeça, então se queimar não seria muita perda.

Ele apontou o caldeirão com a varinha e gaguejou o feitiço:

I-In-Incendio!

Com a má pronúncia do feitiço, o conteúdo explodiu na cara de Pedro, chamuscando seus cabelos e deixando ele com a cara cheia de cinzas.

Maravilhado, Vincent veio a nossa mesa e anotou em uma prancheta rapidamente com os olhos brilhando em direção a Pedro. Sem graça, Pedro se desculpou.

— Errr, desculpe professor Cook, eu não fiz o feitiço direito não é?

— Ahhh, que nada, meu jovem, você particularmente parece que acabou de sair de um salão de beleza! – Exclamou jogando ao ar sua prancheta e sua pena. Ele colocou o braço em volta dos ombros de Pedro – Você tem um futuro, meu jovem, um grande futuro – Disse isso olhando o horizonte gesticulando com a mão livre.

Mas um caldeirão derreteu e ele saiu correndo apagar as chamas. Chocado, percebi que os livros que compunham a mesa não se queimaram nem um pouco.

Quando o tempo da aula de poções terminou só duas mesas terminaram a poção a mesa de Snape, Evans, Goyle e Mckinnon; e a mesa da tal de SN, que ninguém prestou atenção, mas era a única mesa que não era um quarteto.

— Para a próxima aula quero um frasco de poção do esquecimento. Individual.

Assim nós fomos á aula de Herbologia com a professora Sprout, e foi um tédio. Ela ficou falando a história de uma planta doida que esqueci o nome, enquanto eu conversava com James:

— Você viu o nome da poção roxa no fundo da sala do Vince? - Perguntei

— Estava etiquetada com o nome Felix Felicis, eu procurei no livro de poções, é muito difícil de fazer, e quando pronta, na quantidade correta, nos dá sorte, tudo que fizermos sob o efeito dela dará certo.

— Ela era uma das únicas protegidas com vidro na sala, percebeu?

— Sim, outras que estavam sob proteção eram a Veritaserum e a Polissuco. No almoço a gente pesquisa mais sobre elas.

***

— Vejamos... – Disse Remus com o livro de poções na mão. – Bom, pelo que podemos ver são duas poções bem perigosas. Com apenas poucas gotas de Veritaserum, você pode revelar todos os seus segredos. E a Polissuco pode te transformar na pessoa desejada com uma parte dela, claro. Um fio de cabelo, uma unha.

— Rita ficou a aula toda olhando a Veritaserum... – Disse Pedro com seu chocolate.

— Quem? – Perguntou Remus.

— Rita Sketter, a fofoqueira. – Respondeu James. – Provavelmente por mais fofocas. Mas a tal de SN, isso não deve ser um nome, certo? Deve ser como uma classificação do que ela é. Lembram na noite da seleção, até Mcgonagall ficou confusa.

— Podemos perguntar a um professor. Claro, não na presença dela, o que vai ser difícil. Ou... Podemos procurar na biblioteca... Só amanhã, porque já estou cheio de livros. – Respondi.

Pegamos nosso material e fomos de novo a sala do Vincent.

— Hoje estudaremos uma criatura das trevas... – Ele caminhou até uma jaula e pegou uma criaturinha de dentro dela com as mãos – Barretes vermelhos. Aonde quer que tenha sangue humano derramado, lá estarão os barretes vermelhos. Eles costumam viver em masmorras, crateras e campos de batalha destruídos. – Ele colocou a criaturinha na sua mesa. – Como podem ver... São criaturas anãs, cabelos vermelhos e dentes pontudos. Elas atacam de noite, tentando matar a vítima à pancadas ou perfurando-as com lanças e martelos. O único modo de vencê-las é as desarmando e depois disso, você joga algum feitiço. Por favor, não as matem, talvez no máximo, um feitiço estuporante. Desde que as aprisionem de volta na jaula. – Assim, ele abriu a jaula e os pequenos barretes vermelhos furiosos começaram a brandir suas armas e a atacar.

Eu consegui desarmar dois, estupora-los e joga-los de volta na jaula. O mais eficiente da sala foi Remus que desarmava eles muito facilmente, apenas com um feitiço. A garota ao nosso lado, SN não sofria nenhum ataque, os barretes nem tentaram tocar nela. Do mesmo modo ela só ficou com as mãos pra trás, imóvel, enquanto prendíamos eles de volta na jaula.

Dessa vez Vincent elogiou todos nós pela aparência. Estávamos todos descabelados, com as roupas furadas e rasgadas, com aquela única exceção. Um tal de Xenofílio, ganhou uma “Medalha do Vincent” por ser o mais descabelado, por sinal, que ao a aula terminar Rita teve que tirar uma foto e pedir o depoimento, que saiu muito estranho, porque Xenofílio era louco. Se Vincent tivesse um filho, esse seria Xenofílio Lovegood.

Depois tivemos duas aulas de história da magia tediantes. Todo mundo dormiu. Sem exceções. Jantamos em silencio e fomos dormir cedo. Menos Remus que ficou para fazer a poção que o Vincent pediu.


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Notas finais do capítulo

Vocês conseguiram imaginar a sala do Vincent? Comentem por favor. Spoiler do próximo capítulo:
Remus não vai fazer o dever do Vincent essa noite.