Star Trek USS NUUK 1x2 - Saindo pela culatra escrita por Doc Yewll


Capítulo 9
De perto ninguém é normal


Notas iniciais do capítulo

Antes
O doutor Adonis e o enfermeiro Melvim tripudiam sobre a provavel doença e possivel cura da doença de Tuvok.
Millena expressa a Mont suas preocupações.



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1 - Na enfermaria da Voyager

Na enfermaria sob o olhar ainda desconfiado do HME, BVador esta ao sentado ao lado da cama do ex-conselheiro da Wiston em coma,

Lendo as fichas dos pacientes e dando um relatório detalhado dos casos mais complicados.

Ele fazia isso religiosamente toda vez que acabava seu turno,;

O Doutor não confiava plenamente no jovem conselheiro, mas ele estava ganhando sua admiração, pois estava fazendo diferença,

Ninguém tinha mais receios de conversar com ele, ele era discreto e simpático, sabia como levar uma conversa, e com certeza estava fazendo bem a capitã, se ele só estivesse fazendo isso já era motivo para ser seu amigo,

O jovem klingon reparou no olhar do medico o estudando:

— Eu já vou sair, estou acabando.

O Doutor fez um sinal com as mãos o acalmando:

— Fique a vontade, conselheiro, conversar com um paciente em coma pode ajudar na sua recuperação... Você é amigo dele há muito tempo?

B’Vador estranhou a pergunta foi a primeira vez que o Doutor se dignou a lhe fazer uma pergunta pessoal.

— Não, na verdade só o vi de passagem no Boteco da Gwen junto com outros da Wiston, tomando uma bebida. Mas nunca fomos apresentados.

— Então por que você vem aqui quase todos os dias para conversar com ele?

— Você mesmo disse: “ajuda na recuperação”, e quem sabe ele estando ciente que é necessário acorde mais rápido?- o conselheiro, olhou para o Doutor com um olhar cansado e continuou.

— Sabe são duas naves, são cerca de 220 almas, para que eu cuide sozinho, se ele acordasse seria bem melhor! Como diz a capitã “o egoísmo é um motivador poderoso”,

O HME olhou para ele com curiosidade, B’Vador viu a confusão em seus olhos e esclareceu:

— A capitã Kelly, ela que diz isso. Ela tem um humor meio amargo sabe... - Ele sorriu um sorriso triste, de repente ele olhou para o Doutor, ele era o mais próximo de um colega de profissão que ele tinha, talvez tivesse mais experiência...

— Ele tem que acordar logo, senão vou ter um serio problema ético para resolver... Ele procurou por simpatia no olhar do medico e pela primeira vez em meses encontrou.

— Você já se apaixonou por um paciente Doutor? O doutor não respondeu, somente por um flash uma tristeza passou em seu olhar, B’Vador percebeu, mas fingindo não ter percebido continuou:

— Na área clinica já é altamente reprovável, mas na área da psiquiatria, é muito mais grave, é praticamente um crime... Mas como vou escolher por quem me apaixonar?

— O meu amigo aqui – disse ele apontando para o paciente em coma - tem que acordar para que eu possa ir de vez para a NUUK, neste caso, eu não vou precisar esconder mais o que sinto.

A conversa estava ficando interessante, o medico já tinha ouvido alguns rumores da aversão disfarçada do comandante em relação à B’Vador, que no principio parecia ser um ciúmes profissional, estava fazendo mais sentido agora, ele se virou e quase sorriu, com um gostinho doce de vingança teimando em se fazer saborear em sua garganta, ele se recompôs e disse:

— Se a capitã não achar um buraco de minhoca, ou outra tecnologia que faça a viagem mais rápida temos pelo menos mais 15 anos de viagem, não é saudável para um jovem forte como você ficar celibatário por tanto tempo, é normal encontrar uma jovem...

Bvador percebeu que o Doutor estava tentando lhe tirar alguma informação e rindo disse:

— Esta querendo uma pista Doutor? Pois lá vai! Se eu gostasse das mais jovens eu ficaria feliz em ficar aqui e namorar na NUUK a media de idade é de pelo menos 10 anos menor que a média da Voyager,

— BVador agora ria, Aliviado por poder conversar com alguém sobre isso. - bem agora você tem o que conversar com o proxino paciente.

O doutor reprimiu um sorriso, fingiu uma cara de ofendido e batendo o pé foi para seu escritório reclamando: - Ora por quem me toma! Sou um medico não um jornalista investigativo de revista de fofocas!

O paciente na biomed esboçou um sorriso mas foi só por um instante, nem pareceu nos instrumentos...

 

 

2- Alferes Montemor, oficial de segurança.

Mont senta em frente ao seu monitor ele acabou de se vestir apos um banho sônico merecido no final de seu turno e liga seu terminal.

Log pessoal do oficial de segurança da ponte Alferes Montemor:

O console táctico me dá um ótimo panorama da movimentação na ponte.

E, como essa movimentação mudou desde a primeira vez que eu estive aqui!

A capitã era muito magra e pálida, os cabelos mal tratados opacos e curtos, olhos apagados e secos, com enormes olheiras, ela parecia ter mais uns 15 anos além de sua idade, mal eu a via, pois logo que entrava na ponte se isolava no seu gabinete, como que fugindo do olhar de todos, naquela época quem reinava na ponte, se achando, era o poderoso comandante, sempre estoico e profissional, mas agia de forma desconcertante e presunçosa para com a capitã, só respondia quando ela perguntava e até na entrega regular de seus relatórios; naquela época, mais de uma vez o vi pedindo para o tenente Paris ou o tenente Kim entrega-los a capitã, mas agora, que diferença, ela que reina soberana, deixou o seu bonito cabelo crescer, seu olhar esta brilhante e encantador, e seu sorriso se tornou mais fácil elevando a moral dos oficiais da ponte, com a assistência de minha mãe está fazendo exercícios regulares, alguns acreditam que o tipo de exercícios que elas fazem é de natureza romântica, particularmente não quero e me recuso a acreditar nisso, Kelly é minha mãe caramba!; Mas enfim parece que toda essa nova situação não esta agradando a todos, sei disso pelos olhares de cumplicidade que o tenente Paris e o tenente Kim trocam, sinto que algo esta acontecendo!

Algumas semanas após o incidente em que a minha mãe quase morre, (de novo), tentando equilibrar a química do cérebro da capitã, com sua empatia mal treinada, foi colocada uma terceira cadeira na ponte, igual a do comandante, agora quando é necessário um conselheiro ou um sensitivo na ponte, ou quando o conselheiro esta livre e sua presença é solicitada pela capitã, (o que esta ficando mais frequente e cada dia), a capitã senta com o conselheiro a sua esquerda e o comandante a sua direita, teve que haver uma reformulação do ambiente, mas nenhuma alteração que comprometesse a estrutura ou a segurança, mas às vezes leva todo meu treinamento para evitar que eu desmanche de rir dos olhares trocados entre o conselheiro e o comandante, é hilário o modo como eles riem juntos, sempre profissionais, na maior amizade na frente da capitã, mas quando ela vira as costas eles quase rosnam um para o outro!

 

Claro ambos tentam manter as aparências, mas aos meus olhos isso soa patético, ou ela não percebe o clima, ou esta se divertindo com a situação, (bem, minha mãe estaria se divertindo muito!), mas falando serio, eu tinha medo que isso pudesse comprometer a moral Da nave, mas a única coisa que afeta a tripulação por esse comportamento bizarro é uma bolsa de apostas do tenente Paris aonde se aposta quando que os dois vãos as “vias de facto” na ponte!

Essa rivalidade entre eles parece estar incomodando muito mais a cientista Borg do que qualquer outra pessoa, mas falando francamente, nunca vi o comandante olhando a bunda da sra. Hansen com a luxuria que eu já peguei ele olhando para a bunda da capitã, claro que nessa matéria sou bem mais a bunda da sra Torres Paris, essa sim tem uma bunda bonita, mas voltando ao assunto, esse povo é estranho! A capitã é mais discreta, mas quando ele não esta olhando ela dá as suas conferidas, Sei que seria inapropriado um relacionamento entre a equipe de comando, mas pelo que me foi dado acesso dos diários oficiais, (e principalmente as não oficiais no refeitório!) isso seria como uma pessoa que caiu na merda não querer peidar para não cheirar mal, quebra de primeira diretriz, tentativa de homicídio, entre outras irregularidades! Que mal teria uma “relaxada”? Bem, quem sou eu para falar da capitã Janeway? Amo a minha mãe, mas às vezes me pergunto como foi confiada uma nave a ela? Ela é muito rebelde, desrespeitosa e irritante, mas enfim ela nunca tentou esconder isso, e o almirantado a engole sabe-se lá por qual motivo... Mas o pior mesmo, se o que estão falando pelas minhas costas é verdade, a minha mãe esta de romance com a capita Janeway, imagine meu inferno, não basta ser filho de uma capitã , se ficar serio, serei filho de Duas...ninguém merece. - fechando log pessoal.

— Pela medalhinha de minha mãe! Tenho que melhorar isso! Estou me entregando e entregando todo mundo!(de novo)

Mont desligou o computador e se espreguiçou no sofá, foi um dia cansativo, mas não tanto como há semanas atrás, com a volta do comandante Tuvok. As coisas tinham ficado menos tensas, sua presença tranquilizava a todos, nesta altura do campeonato ele, um Vulcano, era a pessoa mais equilibrada e confiável dentro do trio de comando.

Mont suspira em desgosto.

Ele analisa sua cota mensal de rações e, desanimado aceita o fato que terá que jantar no refeitório novamente, não que ele não goste da comida do Chell, é estranha, mas é comestível, o problema é que ultimamente o que ele mais sente falta é da comida da vó Telma, sua mania de não usar o replicador, (ela só replica as carnes, mesmo assim cruas para que ela mesma possa temperar), aquela camaradagem na enorme cozinha da chácara de Santana de Parnaíba, o cheiro do feijão recém-temperado, a couve cortada bem fininha, o arroz soltinho com o gostinho de alho, e um ovo frito! Sua avó Liah que o desculpe, mas não há nada no universo melhor que o feijão da vó Telma,

Ele suspira de novo.

Algo aparece do nada em direção a sua cabeça. Ele com seu invejável reflexo; pega a toalha molhada que lhe foi atirada com uma cara de nojo e um “Argg”! Ele a devolve acertando a cara de seu agressor. Rindo!

— Não foi dessa vez Tony!

Um jovem negro bonito, mais baixo que Mont, como quase todo mundo, rindo feliz com a expectativa de seu primeiro encontro, Com um voyager, ou melhor, dois.

— E ai? Vamos comigo? Eu estou com um problema, são duas irmãs e eu estou sozinho, quebra esse galho pra mim!

— A engenheira e a cartógrafa? Seu malandro!

— Parado ai, eu só estou fazendo minha parte para entrosar as tripulações! Defendeu-se com a maior cara de safado!

— “Me inclua fora dessa” Tony, eu já sou comprometido, não quero deixar minha baixinha nervosa...

Tony rindo, bateu no ombro de seu novo amigo, e com um olhar um pouco mais serio disse:

— Cara, você é já se ligou que é um homem muito sortudo? Apesar de ser jogado a quase 20 anos de casa, você esta perto de usa mãe e de sua namorada...

Apesar do riso fácil e de se mostrar alegre Mont notou a frustração de seu amigo Tony.

— Verdade, mas pense bem, a capitã Janeway consegui fazer em sete anos, uma distancia que levaria pelo menos uns cinquenta anos, quem sabe quando encontraremos um buraco de minhoca ou uma nova tecnologia??? Vai saber! Quando voltarmos, vamos voltar como heróis!

Ele deu um abraço no amigo, que já não estranhava a facilidade com que Mont demostrava afeto, afinal era da cultura de onde ele foi criado.

Foi quando o terminal tocou, o oficial de comunicações passou uma chamada para ele.

O rosto de Millena aparece na tela com uma expressão preocupada, ela olha em volta no seu aposento dividido com a Alferes Trivolly para se certificar a sua privacidade, ela poderia simplesmente sentir, mas esta tão acostumada a se censurar que às vezes ela se esquecia do seu sangue betazoide, Mont observou a aflição de sua namorada, e assim que seu companheiro de quarto saiu para lhe dar privacidade ele fez um sinal para Millena.

— Estou preocupada; alguém tem que conversar com sua mãe, ela não esta bem...

Mont alisa a sua careca, ele nunca tinha ficado tão perto dos problemas de sua mãe, ele tinha tido com sucesso evitado esse tipo de constrangimento antes, mas agora...

— Ela deve estar preocupada com a pirralha. Mas “Lena”! Eu também estou sentindo falta. - respondeu querendo acrescentar algum sentido ao sofrimento de sua mãe.

— Não é só isso, eu acho que... Bem eu estou muito desconfiada, que o problema esta ai. - ela parou de falar de repente -..., bem, desculpe, o fato é que ela esta bebendo em serviço.

Mont pensou esperançoso, - será que sua mãe estava com dor de cotovelo, o romance não deu certo! ? Talvez uma boa notícia afinal.

—... Mas onde esta o conselheiro? Perguntou.

— Ora, ele esta ai! Você acha que sua mãe deixou passar a oportunidade de se livrar dele? Ela segurou a cabeça com a mãe esquerda, cotovelo dobrado encima da mesa, com uma careta...

— Verdade, mas achei que ele estava fazendo as duas agendas...

— O coitado até esta, um mês ai outro aqui, ele vai acabar morrendo de tanto trabalhar... Ainda sua mãe o colocou como enfermeiro da sua capitã.

Mont franziu o cenho, e ficou pensativa por alguns segundos, verdade seja dita, mais de uma vez ele viu o conselheiro levando o almoço ou o café da manhã para a capitã,

Ele começou a calcular,

A engenharia estava tranquila, as suas rotinas de treinamento adiantadas, ele pensou que deveria tentar ajudar o conselheiro de alguma forma, de preferencia uma que não fizesse o comandante Chakotay ficar irritado com ele assim como ele estava irritado com o Conselheiro, ele era muito “protetor” com a capitã, tomando uma decisão mental ele ganhou um novo brilho no olhar e respondeu:

— Tenho duas folgas atrasadas eu vou ai e vamos conversar melhor, enquanto estou aqui vou tentar ajudar o conselheiro...

— Mas não se aproxime muito da capitã, a tripulação é muito ciumenta com ela, ela começou a rir – uns mais ciumento que outros, depois é o jovem que é imaturo que não sabem o que quer!!, Um bando de velho cego, não enxerga um palmo diante dos olhos, só espero que acabe bem essa confusão!

— “Pela medalhinha de minha mãe”! Do que você esta falando Millena!”Não entendi quase nada do que você disse”!

Millena , tampou a boca com a mão direita gemeu um Tchau e desligou!

Mont já tinha desistido de entender antes mesmo de tentar, sua preocupação agora era tentar ajudar o Conselheiro para que ele tenha tempo livre para cuidar de sua mãe , nem pelo Cuscuz de farinha de Milho com sardinha da Vovó Telma ele ira se meter diretamente nesse assunto!

Seu estomago começou a reclamar, ele tinha que jantar, talvez na sua ronda noturna ele tivesse uma iluminação, quem poderia ajuda-lo na missão?

Na sua cabeça as engrenagens trabalhavam, qual seria o fraco da capitã Janeway? O fraco de sua mãe eram as crianças, sim, o instinto maternal, parecia ser forte em ambas?

Sem que ele percebesse ele estava na frente do laboratório de ciências aplicada, ele entrou, seguindo seus instintos, ele ouviu alguém trabalhando mesmo no adiantado da hora, era o jovem geneticista borg, o menino era dedicado, mas era muito triste, ele não parecia ter muitos amigos ou uma família, pela fofocanews do refeitório, as pessoas comentam como a cientista Borg tinha sido rejeitada pela maioria da tripulação, principalmente pelo homem que agora era seu amante, inclusive, dizem que mais de uma vez ele se desentendeu com a capitã por causa da cientista, querendo deixa-la para traz, ou abandona-la nas mãos do coletivo, ou simplesmente querendo joga-la no espaço, alguns tripulantes acreditam firmemente que ela seduziu o comandante por medo, e que que assim que ela abriu as pernas para ele, ele a aceitou, e mudou radicalmente de opinião!

É; ele perdeu o respeito de sua tripulação, dizem que ele tem o cérebro na cabeça errada, que se transformou num velho tarado, e outras coisas pouco lisonjeiras, apesar disso, eles se protegem, e até defendem a honra dele, como no caso do pobre alferes Lopes, é estranho como muitos tripulantes estavam magoados com ele, dizem que ele é quem dava limite a borg que era protegida da capitã agora ela faz o que quer, se intromete e critica sem censura o trabalho de todos, e com um comportamento bipolar que dizem que ela não tinha antes.

Mas o caso é que com isso a Borg abandonou os poucos tripulantes que sempre estiveram do seu lado, começando pela capitã, que segundo parte de tripulação, a ama como filha, e segundo outra parte a ama como amante, e de acordo com outra parte a borg ingrata, roubou o homem da mãe de consideração, pois o Comandante era amante secreto da capitã!

Aquela exobióloga loira e sua filha, o piloto e o oficial sênior de operações, e o jovem geneticista que a tinha como irmã mais velha, ou até extrapolando como mãe, agora ele estava só, perdido, ele precisava de uma nova mãe...

Quando ele acordou de seus pensamentos ele estava na frente da porta do laboratório que se abriu quando o sensor detectou sua presença:

— Pela medalhinha da minha mãe! Pensou o jovem, meio oriano e meio “sabe Deus lá o que”, sem perceber ele acabou verbalizando a sua maldição particular, chamando a atenção do jovem cientista.

O borg o olhou com curiosidade,

— Posso ajudar em alguma coisa oficial?- Perguntou o geneticista ainda envolvido em seu trabalho sem olhar para Mont diretamente:

— Na verdade, se você não estiver de serviço gostaria de conversar um pouco, já jantou?

 

 

3 + Um jardim japonês,

foi nesse cenário que o conselheiro B’Vador resolveu atender seu ultimo paciente de hoje, Anika Hansen a “Sete” como todos a chamavam.

 

A luz de um dia ensolarado, refletia nas aguas tranquilas do lago artificial, aonde se encontravam lindas carpas de vários tamanhos e cores diferentes. Após caminharem por alguns minutos apreciando a paisagem eles pararam sobre uma ponte de pedra. Sete não parecia muito à-vontade em começar a conversa no consultório, num lugar bucólico talvez ela conseguisse ficar mais solta, ele apontou para as carpas, ela as acompanhou com o olhar enquanto ele falava:

— Sabe sra. Hansen (não adiantava ele se recusava a chama-la de Sete), a carpa japonesa cresce conforme o tamanho de seu habitat, assim tanto ela pode medir quatro centímetros pesando algumas gramas, num aquário; como pode medir quase um metro e ter um peso de um humano se o lago for grande. Da mesma forma as pessoas tem a tendência de se desenvolver conforme o ambiente em que estão...

Sete olhou para ele arqueando a sobrancelha.

— Calma, posso explicar, - disse ele abanando as mãos, - no caso de indivíduos não estamos falando de características físicas e sim do desenvolvimento emocional, espiritual, mental... Ele falava gesticulando, mas ai ele parou e olhou para verificar se ele tinha sua atenção, certificando-se que tinha conseguido continuou, desta vez se agachando como se para melhor apreciar os peixes.

— Mas a carpa é obrigada, por uma simples questão de sobrevivência aceitar os limites e padrões de seu mundo, mas nós como indivíduos somos livres, se crescemos demais temos que deixar o lago e ganhar o oceano, mesmo que seja uma adaptação dolorida e difícil!

Sete chegou um pouco mais perto e perguntou ainda de pé.

— Mas se a carpa não quiser ir para o oceano, se ela quiser voar? Ela estava esperando uma resposta direta, talvez aquele Klingon pudesse ter uma cura para seu desejo ilógico e irracional, mas B’Vador não ira deixar tão fácil:

— O que você acha que seria necessário? Ele lhe perguntou ainda olhando o lago, não queria constrange-la olhando-a diretamente.

—Ela teria que sair da agua, aonde sempre viveu aonde sempre lhe foi dito que ela deveria estar, teria que sair da sua zona de conforto.

— Mas isso seria uma coisa logica, uma carpa querer viver fora d’água?

—Não, no entanto é necessário para o crescimento de seus limites – respondeu ela mais para si que para o conselheiro. – ela olhou para o lago e tentou se abrir enquanto seus olhos se distraiam com o movimento dos peixes:

— Eu estava procurando o melhor desenvolvimento da minha humanidade, para isso deduzi que fosse necessário um companheiro para o próximo passo de minha aprendizagem, deveria encontrar um companheiro romântico-sexual, mais compatível. Eu tinha uma lista de critérios e eu pesquisei quem da tripulação de Voyager melhor cumpriria a esses critérios. Eu estava procurando por um macho compatível, dos quais, sem dúvida, o Comandante Chakotay era o que melhor se encaixava nas minhas estimativas. Para mim, era lógico.

Mas o que é que eu sinto por Ilarian desde que a vi, não é nada disso, ela não é um macho compatível e não se encaixa em qualquer meta pré-estabelecida, mas mesmo assim... - Sete se vira, para de olhar para os peixes, e fica de costas para o conselheiro - Ela me aceita simplesmente, sem aquela pressão sutil me cobrando para ser mais humana, simples e incondicionalmente. Me Aceita. Do jeito que eu sou.

O conselheiro se levanta de onde estava agachado e ainda sem olhar para ela pergunta?

— E você? O que sente em relação a isso? o que você sente quando esta com ela?

— Me sinto em paz, me sinto livre, não me sinto coagida a agir como... Ela para de repente como se algo estivesse se formando em sua cabeça.

— mesmo se ela não se enquadra em qualquer um de seus critérios? - Ele perguntou – Será que eles são mesmo seus critérios? – Ele se aproximou - Ou são os critérios que esperam de você? Será que esses critérios que você tomou como certos não são os que fazem você ter a aprovação dos outros? – ele terminou olhando em seus olhos – Ela visivelmente se irritou, os sentimentos que agora estavam livres, o fazia perder o controle com facilidade, ela respondeu num tom mais ameaçador e mais alto que o pretendido:

— Não me preocupo em ter a atenção ou a aprovação dos outros como se eu fosse...

— Uma adolescente? Ele completou

Ela ficou realmente irritada e bufando se dirigiu a porta. Ele falou alto de forma que ela pudesse ouvir.

—Se a carpa quiser voar ela tem que sair da zona de conforto... Ela parou na porta e olhou ameaçadora para ele que continuou com um leve sorriso – Se você não quer ser notada e nem quer ser apreciada, fale para mim sra Hansen qual é a finalidade de um salto 12 numa nave estrelar?- melhor, responda para você mesma, você deve saber melhor de anatomia humana então??? Ele estava com um sorriso mais aberto agora.

Sete cruzou os braços em defesa, mas na sua mente ela sabia a resposta ela gostava de ser desejada, e ter uma aparência sexy a fazia se sentir mais aceita. Mas será que só isso bastava? Aceitar o fato que ela precisava da aprovação alheia, que ela dava mais importância a isso do que ela pensava, estava movendo engrenagens em seu cérebro que ela não tinha deixado mover antes.

— Se pergunte! Se para quem quer se tornar mais humana, esse é um método humano para se escolher um ou uma companheira? Computador fechar programa, até a semana que vem sra. Hansen.

O holodeke ficou vazio, ele saiu rapidamente deixando-a para traz nas hologrades vazias.

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!!!



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