Reverse Falls - When Gravity Falls escrita por Belle Cipher


Capítulo 6
Inside the mind




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Achara que seria um dia normal (ou o mais normal que se pode ser em Reverse Falls). Mas sabia que algo não sairia conforme os planos quando não achou Will.

Dipper acordou pela manhã e foi até a tenda falar com os animatrônicos e Will. Estranhou ao não ver o garoto. Perguntou aos robôs e eles disseram que não viram o de cabelos azuis a noite inteira.

Algo estava errado.

Will não é de sumir assim sem avisar. Deixaria um bilhete ou comunicaria em algum sonho. Mas, para Dipper, nenhum recado. Ele decidiu procurar Pacífica.

Chegou ao quarto no sótão e quis vomitar ao ver Gideon lá. Ainda não confiava no garoto. Sabia que estava escondendo algo. Deixando isso de lado, Dipper acordou Pacífica e explicou a situação.

—O quê? Não, ele não falou comigo-ela disse, levantando-se-GIDEON! ACORDA!

O garoto caiu da cama e arrumou o boné na cabeça.

—Nossa, para que isso, Paz?

Chame-a de Paz de novo e eu vou te esmurrar até seu sangue virar batata frita!, pensou Dipper.

—Will desapareceu!-ela falou-E não avisou nada.

—Perguntaram ao Bud?-questionou o mais novo.

Pacífica e Dipper trocaram olhares e desceram as escadas quase voando. A garota gritava o nome do tio enquanto corriam até seu quarto.

A porta estava aberta, mas Bud não mostrava sinal de estar acordado. O trio entrou e Gideon acendeu as luzes. Bud continuou a dormir.

—Tio Bud-Pacífica cutucou-o diversas vezes.

—Olhem!-Dipper exclamou.

O Gleeful apontava para a parede. Mais especificamente para uma sombra na parede. Ela parecia um triângulo com braços, pernas e um chapéu tipo cartola.

—O que que tem?-Gideon perguntou.

—É Will.

Bud abriu os olhos de repente, dando um susto em Pacífica que caiu para trás. Os olhos dele estavam completamente amarelos.

Dipper correu até a garota e a ajudou a se levantar.

—O que é isso?

—Will está invadindo a mente de seu tio, mas...por quê?

—Temos que tirá-lo de lá!-disse Gideon.

—Só entrando na mente dele-Dipper falou.

—Então vamos!

O mais velho folheou seu livro de feitiços. Era um livro antigo de capa esverdeada com detalhes tecidos em fios de ouro.

—Achei. Coloquem uma mão na cabeça dele-disse o garoto e todos o fizeram.

Dipper começou a ler mentalmente o feitiço. Seus olhos brilharam em um tom esverdeado, assim como a mão que estava na cabeça de Bud. Os olhos dos outros dois ficaram completamente verdes e, quando o feitiço terminou, estavam na mente do tio de Pacífica. O que mais chamava a atenção era uma construção idêntica a tenda.

—Procurem pelo cara triângulo.

—Isso, procurem pelo cara triângulo. Acho que precisam melhorar o plano-disse uma voz conhecida.

Os três se viraram e deram de cara com Will em sua forma de triângulo.

—Ah, Star, Shooting Star e Pine Tree. É bom ver vocês!

—Sabe, eu queria perguntar. Por que chama Dipper de Pine Tree?-questionou Gideon.

—Não interessa-interviu o Gleeful.

Pacífica franziu a testa. O garoto parecia estar escondendo um certo desespero. Viu Dipper e Will trocando olhares brevemente.

—Vocês devem estar imaginando o que faço aqui. Bem, fui forçado a fazer um acordo e agora tenho que encontrar uma certa memória de Bud. Ele sabe de muitas coisas...-explicou Will.

—Fez um acordo com quem?-perguntou Dipper.

—Sinto muito, mas parte do acordo é não dizer com quem o fiz. Bem, boa sorte para me impedirem. Sério. Precisam me impedir.

—Hã...tudo bem.

Will entrou na tenda. O trio foi logo atrás.

—Temos que achar a memória antes dele-disse Pacífica.

Dipper a encarou.

—Como podemos procurar algo que não sabemos o que é?

—Boa pergunta...-ela murmurou.

—Tenho uma ideia!-ele disse e contou seu plano.

Enquanto isso, Will procurava a porta que levasse à lembrança que buscava. Estava devagar, para dar a chance ao trio de impedí-lo.

Abriu algumas portas que, felizmente, não eram a que queria.

Mas a felicidade durou pouco. Ele abriu uma porta de madeira e viu Bud falando com alguém:

—Por que escondeu seus diários pela cidade?

Logo, fechou-a e suspirou. Uma voz feminina conhecida, mas, ao mesmo tempo irreconhecível disse:

—Muito bem. Agora, saia da mente dele e...

Ela foi interrompida por algo. Um vulto saltou em direção a Will, arrancou a porta de suas mãos e queimou-a com um fogo esverdeado.

—O quê?-Will se virou-Ah, claro. Você sabe muito bem como funcionam as coisas na mente.

Dipper bateu as mãos para afastar as cinzas.

—Argh! Se quer algo bem feito, faça você mesma!-disse a voz em um tom irritado.

Gideon e Pacífica saíram de seus esconderijos, rindo.

—Boa, Dip Dip-Pacífica falou.

—Ah, bom plano-Will elogiou-Me seguirem escondidos até eu achar a porta e então roubá-la e destruí-la. Nunca é uma boa ideia subestimá-lo, Pine Tree.

—Como sabia que era meu plano?-perguntou o garoto.

—Você é bom com planos.

—Will, o que está acontecendo?-perguntou Pacífica.

—Muitas coisas. Você deveria acreditar em si mesma. É muito mais forte do que acha que é.

Ela se moveu, desconfortável.

—Nem todos que parecem estar ao seu lado definitivamente estão. Escondem segredos. Alguns escondem segredos cruéis. Outros, grandes segredos que precisam ser preservados. Há até os segredos que não querem que descubram, mas, sinto em dizer que logo serão revelados.

Por algum motivo desconhecido pela garota, ela olhou discretamente para Dipper. Will olhou o Gleeful.

—Quando abriu aquele portal, parte dos poderes do amuleto passaram para você. Mas parece que percebeu isso recentemente, huh? Usando seu livro de feitiços, pode fazer uma variedade de coisas. Você é um grande estrategista, consegue ver criaturas do Mundo da Mente que, para os outros, seriam invisíveis e além disso, sabe reverter quedas.

—Reverter quedas?-perguntou o garoto-Tem algo disso no livro?

—Não. As pessoas também chamam isso de errar o chão. Mas deixe para lá, logo você entenderá. Sabe...não são muitas as pessoas que conseguem fazer isso. Mas tantos anos convivendo com os Gleeful fizeram com que você desenvolvesse habilidades...diferentes...O importante é que você não perca o controle de suas emoções. Sei que nunca o fez, mas coisas virão. Não vai ser nada fácil para você. Mas precisa se lembrar de que não está sozinho. Você tem esse jeito superprotetor, mas em breve quem você protege te protegerá de si mesmo.

Dipper mudou o peso de um pé para o outro. Não estava gostando muito do rumo que a conversa tomara.

—Um dia chegará em que tudo o que acreditava, tudo o que conhecia, tudo com o que se importava, mudará. A verdade será como uma tijolada em sua cabeça e não estará pronto para isso. Os sentimentos que tanto guarda o consumirão-disse Will, olhando para nenhum ponto específico.

Gideon e Pacífica olharam para Dipper involuntáriamente. O garoto se mantinha impassível, como sempre. Mas por dentro estava confuso, chocado, preocupado e até um pouco assustado. Suas mãos estavam fechadas em punhos para não verem-nas tremerem. Sabia que aquela não era a verdade sobre a qual Will se referira, mas o atingira como uma tijolada e ele definitivamente não esperava por isso. Dipper se forçou a não demonstrar o que sentia, como sempre. Ele colocou as mãos nos bolsos dos shorts e revirou os olhos.

Will o olhou, com um pouco de pena. O garoto usava uma camisa laranja e shorts que Pacífica arrumara para ele sabe-se lá onde (e todos concordaram que seria melhor nem tentar descobrir). Eram as mesmas roupas que Dipper usava quando mais novo, só faltava o boné. Cipher sabia que aquilo incomodava o Gleeful. Sabia que ele odiava ter que se lembrar de sua infância cada vez que se olhava no espelho. Sabia também que era por isso que sempre escondia seus sentimentos. Mas não comentou nada.

—Escolhas erradas serão tomadas. Há quem ficará meio perdido, sem entender muito bem o que está acontecendo e pensará que tudo está perdido. Espero que perceba que não é a única pessoa que estará se sentindo assim. Que há quem estará ainda pior e que precisará de seu apoio-continuou Will.

Pacífica e Gideon trocaram olhares confusos.

—Pine Tree, sei que você se lembra quando eu disse: "O Universo é um holograma interessante e o Destino, muito irônico. Tudo estará no padrão comum de Reverse Falls. De repente, um acontecimento desnecessário desencadeará uma catástrofe que levará até o mais são a enlouquecer. No mundo real, não há heróis nem vilões. Em uma guerra, não há lados certos nem errados, há apenas lados. Grandes coisas se aproximam. Nada nem ninguém será capaz de impedir sua chegada ao trono". Agora você está mais próximo do que nunca de entender o significado disso-falou Cipher.

O trio não entendia onde Will queria chegar com aquilo. Dipper sabia que o triângulo é especialista em dizer enigmas sem sentidos nos momentos errados, mas ele estrapolou os limites dessa vez.

—Bem, o que acham de voltarmos para a tenda?-Will sugeriu.

Os três ainda estavam sem saber o que ele quisera dizer com tudo aquilo, mas concordaram.

Will estalou os dedos e logo eles estavam na tenda. Cipher estava na forma humana novamente e saiu com Gideon para verem os animatrônicos.

—Hey, Dip Dop, percebeu como ele falou "impedir sua chegada ao trono"?-perguntou Pacífica

—É, quase como não estivesse falando das tais "grandes coisas" e sim...

—...de uma garota-concluiu a loira.

Dipper deu de ombros.

—Vamos esquecer isso. Will adora falar coisas sem nexo e sem sentido.

—Ele já te disse algo assim antes?

—Aham. Falou algo sobre pessoas que não são o que parecem e pessoas que não são pessoas.

—Estranho...

—Bem, esquece isso. Vamos atrás deles.

—Pois é, antes que Gideon vá brincar com os animatrônicos e algum tente morder a cara dele ou algo do tipo.

—Bem, colocando dessa forma...eles podem se virar sozinhos, vamos embora.

—Dipper!

—Ta bom...-ele ergueu as mãos em sinal de rendição e Pacífica se surpreendeu ao vê-lo rindo em seguida.

Ao ver o que estava fazendo, Dipper arregalou os olhos e parou de rir. Ele pigarreou.

—Vamos fingir que isso nunca aconteceu, está bem?

A garota ainda não entendia o porquê de ele nunca querer rir nem mostrar qualquer emoção, nem mesmo boa. Mas ela preferiu deixar isso de lado. Sabia que, mesmo sem ele demonstrar, se sentia desconfortável sempre que ela tocava no assunto. A loira simplesmente assentiu e, mesmo contra a sua vontade, o Gleeful seguiu-a.

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Enquanto isso, alguém os observava. Uma frase ecoou pela mente de Dipper, seguida de uma risada maligna. Mais uma vez, o garoto se viu tentando lembrar porque lhe pareciam tão familiares as palavras:

—ISSO AINDA NÃO ACABOU, CRIANÇA!


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