—Temos um acordo?

Sua mão estendida brilhava em um fogo esverdeado. A outra pessoa observou o brilho do fogo com determinação e apertou a mão.

—Sim.

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—Eu to com fome-disse Dipper pela milésima vez, jogando-se no sofá.

—Eu já sei. Pacífica foi ver o que tem para comer-falou Will.

—Eu quero comida, não ser intoxicado pelas refeições que ela prepara.

—Não pode ser tão ruim.

—Você já falou com a última pessoa que comeu algo que Pacífica preparou?

—Não.

—Isso é porque a pobre pessoa não sobreviveu para contar a história.

—Hey gente!-gritou a loira na cozinha, indo até a sala-Dip Dop, lembra-se daquele restaurante que tio Bud falou?

Dipper afirmou, balançando a cabeça.

—Li aqui nesse folheto que é uma pizzaria. Que tal comermos lá?

—Lá não é aquele lugar onde tem aqueles robôs animais que tocam, cantam e são sinistros?

—Os animatrônicos?-perguntou Will.

—Isso mesmo.

—É, bem lembrado-Pacífica fez uma careta-Ainda tenho pesadelos com robôs.

—Ah, eu quero ir na pizzaria-disse Cipher com cara de cachorrinho.

—Você nem come, Will!-Dipper retrucou.

—Mas eu quero ver os animatrônicos!

—Eu mereço...

—Talvez não sejam assassinos como aqueles que você criou-a loira ponderou.

—Não foi minha culpa! Alguém programou eles errado!

—Vamos logo!-gritou Will, já na porta.

Os outros dois reclamaram, mas foram.

Quando chegaram na pizzaria, pediram a comida e ficaram assistindo ao show. Will estava adorando. Pacífica estava quase tendo um troço. Dipper estava entediado.

—Vou dar uma volta-falou o garoto.

Ele andou pelo lugar. Era maior do que imaginava. Parou por um momento, observando um robô-raposa. Havia uma placa dizendo: Out of order.

Parecia um pirata. Tinha un gancho e tapa-olho. De repente, o olho visível brilhou. Dipper recuou dois passos até bater as costas em algo. Virou-se rapidamente, dando de cara com um homem.

—Ah, desculpe, te assustei?-perguntou.

—Não. Quem é você?

—Sou o dono da pizzaria. Gostou do animatrônico? O nome dele é Foxy.

Dipper observou o cara. Viu uma lanterna em sua mão e compreendeu, aliviado, que fora isso que fizera o olho de Foxy brilhar.

—Claro...-murmurou, desconfiado.

—Estamos procurando um vigia noturno, sabe? O outro foi mo...movido...para outro país.

O garoto estranhou. Por um momento achou que o dono fosse dizer que o antigo vigia foi morto.

—Hã...er...boa sorte. Vou ver se falou com o...meu...tio...é-disse ele, orgulhoso de sua desculpa por um momento.

Dipper saiu andando, olhando para o homem acenando para ele atrás de si. Ao se virar para a frente, lá estava o dono da pizzaria, sorrindo para ele. Olhou para trás, onde não havia mais ninguém além de Foxy, depois para a frente, onde sabe-se lá como, o homem aparecera. Dipper recuou alguns passos.

—Como você...você estava ali atrás.

—Como assim? Acabei de chegar aqui. Sou o dono da pizzaria.

—E...eu sei. Você já disse.

—Não disse não.

—Espere...acabou de chegar?

—Sim, cheguei aqui agorinha. Nesse segundo. Por quê?

—Não, eu...estava falando com você.

—É claro que não, eu não estava aqui-disse, com o sorriso estampado até agora no rosto.

—Tudo bem...-Dipper falou, desconfiadamente.

O garoto se afastou, dessa vez com passos mais rápidos. Então, um homem acenou para ele, sorrindo.

—Hey, ouvi vozes. Era você, certo? Estava falando sozinho?

O Gleeful observou-o. Era...

—O dono da pizzaria?

—Como sabe?

—Eu...estava falando com...-ele bufou-Deixa para lá.

Dessa vez, o garoto saiu correndo, sem olhar para trás, nem para os lados nem para qualquer pessoa que passasse por ele. Logo avistou seus amigos.

—Tem algo muito estranho aqui-falou, caminhando até eles e olhando para trás.

Ao dirigir seu olhar para a dupla, se surpreendeu ao ver que agora era um trio. Observou o garoto que não estava ali antes e tomou um susto.

—GIDEON?!-exclamou/perguntou.

—Oi-o garotinho acenou.

—Dá para acreditar? Mabel tinha enfeitiçado ele!-explicou Pacífica.

—Pois é. Inacreditável-murmurou, enquanto saía andando.

—Aonde vai, Dip?

—Perdi a fome.

Will estranhou a atitude do garoto e foi atrás dele.

—O que você viu, Pine Tree?

—Sabia que desconfiaria-ele suspirou e contou o ocorrido.

—Que estranho...o que acha que foi isso?

—Não sei. Nunca passei por nada tão estranho.

—Não falei com Paz, mas quando entrei naquele lugar, senti algo esquisito.

—O que acha de investigarmos?

—Como?

Em um piscar de olhos, lá estava o dono da pizzaria de novo, com aquele sorriso.

—Olá garotos, sou o dono daquela pizzaria.

Dipper e Will trocaram olhares.

—Prazer em conhecê-lo-disse Cipher, educadamente.

—Sabe...precisamos de um vigia noturno...

—Podemos fazer isso-Dipper falou.

Will olhou para ele, de olhos arregalados. O sorriso do dono aumentou.

—Vejo vocês dez para meia noite-e saiu andando.

—ESTÁ MALUCO?!-o de cabelos azuis exclamou.

—É a nossa chance de investigar.

—Tem razão. Há algo realmente estranho ali.

—Do que está falando?

—É Gideon. Simplesmente apareceu. Ele não estava lá em um segundo e no outro ele e Pacífica estavam rindo de alguma piada sem graça.

—Talvez o dono tenha algo a ver com o lance das luzes na mansão no Hallowinter.

—Pode ser. Bem, vamos nos preparar para o novo emprego.

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Na hora marcada, os dois estavam na pizzaria. O dono explicou qual seria o trabalho deles e foi embora.

—Vamos ver as câmeras. Talvez possamos conseguir as imagens de hoje mais cedo-Dipper disse e começou a procurar.

Will andava nervosamente de um lado para o outro. Até que se virou e reprimiu um grito.

—Pine Tree...-murmurou.

—Agora não. Estou ocupado.

—Pine Tree...-falou mais alto.

—Já disse que estou ocupado.

—PINE TREE!

—O QUE FO...AAAHHH!-gritou ao se virar e dar de cara com os quatro animatrônicos.

—Vocês são péssimos vigias noturnos-comentou Foxy.

—Pensei que você estava com defeito-o garoto falou.

—VÃO NOS MATAR!-Will se escondeu atrás de Dipper.

—Calma, não vamos não. Viemos em paz. Sou Chica. Esses são Bonnie, Freddy e Foxy-a galinha disse, apontando, respectivamente, para o coelho, urso e raposa.

—O que querem?-perguntou o Gleeful.

—Ouvimos vocês dizerem que iriam investigar algo aqui-disse o coelho.

—Você tem uma boa audição.

—Queremos ajudar. Coisas estranhas têm acontecido. Inclusive com o dono-explicou o urso.

—Que tipo de coisas estranhas?-perguntou Will, saindo de trás de Dipper.

—Ele mexe em algo no forno e uma porta se abre. O cara entra lá e não sai mais.

—Sem falar das quedas de gravidade-falou Foxy.

—Quedas de gravidade?-Dipper se virou para ele.

—Sim. Às vezes umas luzes azuis brilham por trás do forno e em seguida a gravidade meio que cai.

—Bem lembrado. Tudo começa a flutuar. Normalmente não dura muito, mas de um tempo para cá a duração disso veio aumentando-explicou a galinha.

—É. E parece que a coisa dura segundos, mas quando você vê, duraram minutos. Observei um relógio da última vez. Os ponteiros moviam-se rápido-falou o coelho.

—Já tentaram abrir a tal porta?-questionou Will.

—Já fizemos de tudo, mas nada funciona-respondeu o urso.

—Bem, talvez a magia de alguém funcione, huh-Dipper cutucou Will.

O grupo foi até o forno e Will tentou alguns feitiços. No terceiro, conseguiu abrir.

Eles entraram e se depararam com algo que parecia um triângulo gigante.

—O que é isso?-Dipper perguntou.

—Um portal interdimensional-explicou Will-Muito perigoso. Deveríamos desligar.

—Só desligar não adiantaria. Poderiam ligá-lo de novo.

—Então precisamos desmontar. Mas como?

—Podemos cuidar disso. Entendemos de fios e coisas desse tipo-falou Freddy.

—MÃOS À OBRA!-gritou Dipper.

Will desligou o portal e o grupo começou a desmontá-lo, seguindo as instruções dos animatrônicos. Próximo às seis, algo deu errado. A sala começou a brilhar em um tom azul, assim como o portal, e luzes vermelhas começaram a piscar. Todos se voltaram para Cipher.

—O PORTAL VAI EXPLODIR! CORRAM!-ele gritou.

Os seis saíram correndo. O dono da pizzaria estava na porta e custou a entender o que estava acontecendo.

—O portal! O que fizeram?-perguntou ameaçadoramente.

O Gleeful agiu rapidamente. Empurrou o dono para dentro da pizzaria e trancou a porta com a chave que, por sorte, o homem deixara cair no chão devido à surpresa. O grupo se afastou o máximo que pode do lugar. Dipper poderia jurar que viu os olhos do dono brilharem em um tom esverdeado quando ele disse, furioso:

—ISSO AINDA NÃO ACABOU, CRIANÇA!

O garoto observou, surpreso. Então, mesmo sem saber muito bem o porquê, falou:

—Você já me disse isso.

E então veio o CABUM!

Os animatrônicos analizaram o lugar onde antes havia uma pizzaria.

—O que fazemos agora?-perguntou Bonnie.

—Vão para a floresta. Façam o que quiserem da vida. E tentem não morrer. Ou serem desligados. Ou sei lá-disse Dipper.

—Ou...-disse Will e todos se viraram para ele-Vocês podem trabalhar na Tenda da Telepatia com o tio de uma amiga nossa.

Os robôs gostaram da ideia e Bud também. Empregados não remunerados fazendo shows. Era tudo o que queria.

Acabou que Will também ganhou algo com isso. Normalmente, assim como os animatrônicos, passaria as noites em um tédio total, mas a partir de agora teria companhia.

Os dias passaram-se lentamente e as quedas de gravidade e os outros acontecimentos foram esquecidos por quase todos.

Quase.

As palavras do dono da pizzaria e até mesmo a resposta que ele mesmo dera não saíam da mente de Dipper. Não sabia o que o fizera dizer aquilo. Além disso, havia Gideon. Ainda não fazia ideia de como ele aparecera e provavelmente nunca descobriria, já que a cena do acontecimento agora já não existia.

Não conseguia tirar da cabeça que algo estava acontecendo em Reverse Falls. Algo grande. E que há alguém ou algo que quer muito concluir seja lá o que esteja planejando. Que, seja lá quem ou o que for essa criatura, é tão grande quanto seus planos.

Dipper nunca esteve tão certo em toda a sua vida.