Reverse Falls - When Gravity Falls escrita por Belle Cipher


Capítulo 2
Robots Hunters




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—Eu não entendo!-exclamou um Bud indignado-Não tem nada, absolutamente NADA, NADINHA, de interessante nesse restaurante é a principal atração da cidade!

—Não tem nada de interessante em NENHUMA atração da cidade-Dipper retrucou.

—Que seja. Mas o que tem lá que aqui não tem?

—Robôs que cantam!-disse Gideon animadamente.

—É ISSO!-Bud gritou-Vamos usar robôs para as apresentações.

—Hã...e onde pretende arrumar robôs?-perguntou Pacífica.

—Hey, garoto Gleeful. Consegue fazer aparecerem robôs? Tipo, poderia ter um em forma de estrela com um olho, já que é o símbolo da tenda. Ah, e poderia ter outros animais, como um urso e uma raposa!

O garoto bufou e pensou: igual a Stanford e Stanley, faz de tudo por dinheiro.

—É claro que posso fazer isso. Mas você teria que saber programá-los. Mexo com magia, não tecnologia.

—SOOS!

Soos apareceu na sala, andando desanimadamente.

—Tá aí o técnico-falou Bud.

—Isso não vai prestar...-murmurou Dipper.

Ele deixou isso de lado e estalou os dedos, fazendo aparecer os robôs.

—Hã...Dip Dop...não acha que esses caras são meio...sinistros?-perguntou Paz.

—AAAAAAHHHHH! ESTRELA ROBÔ! VIERAM ME PEGAR!-gritou Gideon e saiu correndo.

—É, talvez um pouco-respondeu o Gleeful-Hã...o que deu no Gideon?

—Ele tem uns parafusos a menos-falou a loira.

—O que eu faço com esses caras?-questionou Soos.

—Você tem que programar eles-Bud disse.

—Para que serve esse troço? Ah, tanto faz, vou usar isso-Soos decidiu, balançando um martelo.

—Estou com um péssimo pressentimento-informou Dipper.

Bud, Pacífica e o Gleeful saíram de lá, deixando Soos sozinho para se virar com os robôs. O mais velho decidiu enganar umas pessoas na rua e a dupla ficou conversando e andando pela cidade.

Quando chegou a hora do show, Gideon já tinha desistido de fugir da estrela e apenas se sentou para ver a primeira apresentação dos robôs junto com Pacífica e Dipper.

O urso foi o primeiro a entrar no palco e a loira engoliu um grito. Aquele carinha a assustava. Quando a estrela entrou, Gideon se escondeu atrás de sua cadeira. A raposa foi a única que não gerou nenhuma reação.

Todos os três robôs tinham algo na mão: a estrela possuía um microfone, a raposa estava com um violão e o urso, com as baquetas da bateria.

—Isso vai ser um show de horrores...-murmurou Dipper.

E ele nunca esteve tão certo em toda a sua vida.

Os robôs não tocaram nenhuma música bonitinha. Eles começaram a emitir ruídos horríveis, como se misturasse o som de alguém arranhando um quadro negro, com dobradiças enferrujadas, gritos de crianças e microfonia.

O pessoal que estava na plateia saiu correndo e gritando em desespero. Gideon berrou assustado e se escondeu embaixo da cadeira.

—Dip Dop, o que está acon...-a loira começou, mas interrompeu a si mesma.

Ao olhar para o lado, ela viu Dipper encolhido e com as mãos nos ouvidos. Apesar de permanecer com uma expressão impassível, a garota sabia que ele estava em agonia por alguma razão desconhecida por ela. Pacífica decidiu que talvez fosse melhos tirar ele e Gideon dali.

Agarrando os garotos pelo braço, ela os puxou até algum ponto na floresta onde aquele som terrível não poderia mais ser escutado.

Gideon ainda estava assustado. Ficava correndo em círculos e balançando os braços no ar. Dipper abaixou as mãos e tentou controlar sua respiração acelerada.

—Nossa, Dip Dop, o que aconteceu?-perguntou a loira.

—Parece que o incompetente funcionário do teu tio não sabe mexer com robôs.

—Me referia a você. Aquele som parecia estar te deixando meio atordoado.

O garoto deu de ombros.

—Tenho uma audição sensível.

—Isso soa fofo.

—Não sou fofo.

—É sim, cuti, cuti, cuti.

Ela riu e apertou as bochechas dele.

—Para-ele disse com um olhar sério.

Pacífica parou de apertar suas bochechas, mas continuou rindo.

De repente, um estouro atrás deles fez a garota controlar as risadas. Dipper correu na direção de onde viera o som viu os robôs disparando raios nas casas.

—Dipper, por que seus robôs têm armas?!-Gideon perguntou.

—Boa pergunta...-murmurou o garoto, mas não deu nenhuma resposta para o fato de os instrumentos musicais virarem instrumentos de destruição em massa.

—Espera. A estrela está ali. Mas onde estão o urso e a raposa?-Pacífica observou.

—Hm...acho que deveríamos ir atrás deles e destruí-los. Mas eu não faço ideia de onde eles es...-Dipper se interrompeu ao virar para trás e dar de cara com os olhos vermelhos e assassinos do urso cravados em si.

Ele deu um grito, o que chamou a atenção de Pacífica e Gideon, que fizeram o mesmo. Os três saíram correndo. Raios passavam a centímetros de seus rostos. Dipper parou de correr e começou a atacar o robô com fogo, mas não causou nenhum efeito, além de deixar o bicho mais irritado.

—O QUE O SOOS FEZ NESSES CARAS?!-perguntou o Gleeful, voltando a correr.

—Acho que seria melhor se estivessemos correndo para fora da floresta e não para dentro dela!-disse Gideon.

Dipper materializou duas facas, uma em cada mão. Virou-se para o robô e mirou em seus olhos, lançando-as nos mesmos. O urso parou, como se não esperasse que o garoto tentasse deixá-lo cego. Na verdade, ele realmente não esperava isso.

—Wow, que mira é essa, hein-Pacífica falou, sorrindo.

O robô emitiu novamente aqueles ruídos, só que dessa vez, mais altos, como se fosse um grito de socorro.

Dipper caiu de joelhos, com as mãos nos ouvidos e olhos fechados, gritando em agonia.

O urso parou com sua canção assustadora e explodiu, pegando fogo.

—Hey, Dip Dop-Pacífica segurou o garoto pelos ombros-Acabou.

Ele abriu os olhos e apoiou as mãos no chão.

—Argh! Minha cabeça está latejando.

—AAAAAHHHHH, A ESTRELA QUER ME PEGAR! QUER SE VINGAR!-gritou Gideon, passando correndo por Paz e Dipper.

—Esse garoto tem problemas-disse o Gleeful.

—Olha, a estrela está ali!-Pacífica apontou.

—Então...temos que acertá-la no olho.

A raposa chegou por trás de Dipper e o pegou pelo pé, erguendo-o de cabeça para baixo.

—DIPPER!-a loira berrou quando a estrela agarrou-a.

—ACERTE O OLHO!-gritou em resposta.

Pacífica tirou um de seus tênis e o jogou no olho do robô. Mais uma vez, aquele som horrível ecoou pela floresta e Dipper viu tudo ao seu redor girar. Em seguida, a raposa arremessou-o em uma árvore, o que não o ajudou muito com sua tontura.

O lado bom é que a estrela explodira.

O lado ruim é que o fogo criado na explosão se juntou ao fogo criado pelo urso e a floresta estava agora em chamas.

E o lado pior ainda é que a raposa começou a disparar raios que, ao colidirem com as árvores, faziam com que elas pegassem fogo.

—VEM!-Pacífica gritou, puxando Dipper.

Ele correu atrás dela, tropeçando e quase caindo a cada passo.

—Você está bem?-a garota perguntou.

—Aí depende. Era para tudo estar girando mesmo?

—Oh, droga.

Ambos pararam de correr e Dipper apoiou as costas em uma árvore, esperando a tontura passar.

—Melhor?-perguntou a loira.

—Sim. É melhor co...-ele foi interrompido por um raio que acertou a árvore, milímetros acima de sua cabeça.

Dipper e Pacífica gritaram, começando a correr em seguida. A garota imaginou onde estaria Gideon, mas não teve tempo de pensar nisso, já que estava muito ocupada tentando não ser partida ao meio.

Em certos momentos, Dipper virava para trás em meio à corrida, usando sua magia para desviar os raios que eram atirados em sua direção, em uma tentativa de acertá-los nos olhos da raposa. Mas aquele robô era ágil. Desviava facilmente como se fosse apenas uma mosca lhe perturbando.

—Precisamos de um plano, rápido! AAAHHH!-gritou Dipper quando um raio passou raspando por sua bochecha, queimando-a um pouco.

—FOGO!-Pacífica berrou.

As chamas já os cercavam pela frente e pela esquerda. Atrás, além de fogo, tinha a raposa, então a única saída era a direita, que já estava começando a ser incendiada.

Assim que seguiram o caminho direito, Dipper virou-se e colocou fogo atrás de si.

—Hã...para que isso?-perguntou a loira, sem entender.

—Cercar o robô.

—Boa ideia. Acho que podemos dizer que demos um jeito nisso.

Dipper concordou balançando a cabeça e começou a pensar como sair dali. Uma estranha sensação de estar sendo observado o invadiu. Sempre sentira isso quando estava na floresta, mas agora era mais forte.

Lentamente, virou-se para trás e gritou ao dar de cara com a raposa. Ele estava prestes a dizer para Pacífica correr mas, quando se voltou para ela, tomou um susto. Ela não estava lá.

—Pacífica?

Ele não teve tempo de esperar uma resposta. O robô tentou esmagá-lo com sua mão. O garoto gritou, dando um salto para o lado e começou a correr.

Seu coração batia rápido em seu peito. Ele olhava para os lados na tentativa de ver Pacífica, mas ela não estava em lugar nenhum. A primeira coisa que pensou foi: o que a raposa fez com ela? A segunda coisa foi: como acabo com esse robô? E a terceira foi: AAAHHH!, porque quase fora acertado por um raio.

Apesar de estar em pânico e sentindo o desespero subindo por sua garganta, Dipper manteve a expressão impassível. Não que se esforçasse para isso, mas estava tão acostumado a não esboçar nenhuma emoção que se esquecera de como o fazer.

Ele decidiu parar de fugir. Virou-se para a raposa e saltou para cima dela, agarrando-a pelo pescoço. O robô arrancou o amuleto do garoto e quebrou-o em suas mãos. Droga!, pensou Dipper. Precisava de outra solução, já que não conseguiria fazer aparecer nenhuma faca ou algo do tipo.

Escolheu o bom e velho murro na cara.

Deu um soco no rosto da raposa, bem em um de seus olhos, destruindo-o. Estava pestes a fazer o mesmo com o outro, mas a raposa segurou o Gleeful pela capa e jogou-o contra uma árvore.

Ao cair no chão, Dipper levou uma mão a cabeça, vendo tudo girar novamente. Mas não se deu tempo para recuperar da tontura. Ergueu-se com dificuldade e tentou atacar o robô novamente.

Dessa vez não deu certo.

A raposa agarrou o pescoço do garoto e prensou o Gleeful contra o tronco de uma árvore. Dipper tentou se livrar das mãos do robô que quase não o permitiam respirar.

Não foi necessário.

A raposa soltou o garoto e emitiu aquele som agoniante. Os ruídos dela foram os mais altos e assustadores.

Dipper caiu de joelhos e arfou, tentando recuperar o fôlego. Colocou as mão nos ouvidos. Mais uma vez, não adiantou de nada. Continuou a conseguir ouvir aquele barulho atordoante.

Quando o robô explodiu, o garoto, que já havia recuperado o ar perdido, ergueu o olhar e viu Pacífica sorrindo e com uma mão estendida em sua direção. Ele segurou-a e a garota o ajudou a se levantar.

—Você está bem?-perguntou a loira.

—Ugh, tudo dói-murmurou em resposta.

—Fala sério. Você sente dor e ainda fica com essa cara de "não sei o que são emoções". Isso é meio sinistro.

—Sabe o que é sinistro? Você estar do meu lado e no segundo seguinte desaparecer! Para onde você foi?

Pacífica franziu a testa. Poderia jurar que, por um segundo, ouvira um tom de preocupação na voz do maior.

—Estava escondida. Planejei um ataque surpresa. O robô sair correndo não fazia parte do plano, mas deu certo.

—Foi um plano...esperto. Eu acho.

—Bem, vamos achar o Gideon.

Pacífica ajudou Dipper a se manter de pé e eles caminharam até a tenda. Como imaginavam, lá estava o de cabelos brancos.

—ESTRELA. DO. MAL.-dizia o garoto repetidamente, abraçado aos joelhos e se balançando para frente e para trás.

—Acho que ficou traumatizado-falou Dipper.

—Ah, você ACHA?-ironizou a loira.

Ambos se sentaram, exaustos. O resto do dia passou normalmente. Ou o mais normal que se pode esperar de Reverse Falls. Quando anoiteceu, Dipper foi para a cabana e Pacífica e Gideon foram para a casa.

Naquela noite, todos os três tiveram pesadelos com robôs.


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