Sophie, após muito chorar, adormeceu no colo de sua irmã.

–A gasolina está acabando… Acorde sua irmã, por favor, Lucy… - Pediu Louis sendo atendido rapidamente por sua filha.

–Hey… Sophie… acorda. Nós estamos chegando. -Sussurrou

–Onde? -Perguntou a menor, abrindo os olhos e se espreguiçando.

–Aparentemente um posto de gasolina-respondeu o pai

Sophie assentiu, começando a massagear as suas pernas, imóveis.

–Deixe que eu te ajude… - Falou Lucy, ajudando sua irmã-Assim será mais rápido…

Sophie nascera com um distúrbio cerebral, que fazia com que toda vez que ela dormisse, ou desmaiasse -ou seja, algo que “desativasse” as pernas da garota por muito tempo- ela perdia o movimento das pernas, recuperando somente se as massageasse de uma maneira que o cérebro recebesse a informação de que os músculos estavam sendo “utilizados”. Sua doença era chamada de Síndrome da Paralisia Momentânea Localizada.

Sophie acreditava que era por isso que fora deixada na casa dos Lawrence. Mal sabia ela que estava enganada.

A garota abriu a porta do carro lentamente. Ao ficar de pé, Sophie sentiu as pernas fraquejarem, obrigando-a a segurar firmemente no carro. Lucy percebeu, indo correndo para ajudar a irmã.

–Oh, eu havia esquecido… Fortes emoções pioram o estado, né?-Perguntou, amparando a irmã, que assentiu-Onde está sua muleta de emergência?

–Esqueci… Junto com meu violão… Droga!-praguejou, sentindo-se incompleta sem seu amigo.

Ambas andaram para mais perto do posto, onde o pai pegava gasolina.

–Lucy… Você consegue ver se há suprimentos na loja de conveniência?-Perguntou, amparando o braço, aparentemente dolorido.

–Sim…Sophie, melhor você ficar aqui…-Falou Lucy. Sophie, indignada, apertou ainda mais a mão da irmã.

–Não-Sibilou ela, fazendo a irmã bufar.

–Okay, mas, por favor, não saia do meu lado!-A menor assentiu.

Lucy pegou um facão de jardinagem que estava dentro do carro, e caminhou até a porta do estabelecimento, abrindo-a devagar. Por incrível que pareça, não havia nenhum walker dentro da loja.

–Pegue tudo que achar necessário nas prateleiras do lado esquerdo, vou checar as do lado direito.

Sophie assentiu.

A menor olhava curiosamente as prateleiras, pegando salgadinhos, agua, refrigerantes, barrinhas de cereal e de chocolate, quando ouviu um grito de susto, seguido por outro de satisfação.

–Sophie, venha cá ver isso!-Exclamou Lucy, rindo.

Sophie andou pelos corredores, tentando chegar ao fundo da loja. Encostado numa das prateleiras, estava um corpo de alguém que aparentava ter morrido a pouco tempo. Sophie fez uma careta de nojo. Quando a garota deu mais um passo, o walker abriu lentamente o olho, ainda atordoado. A mais nova deu um salto com o susto, com a cabeça a mil por hora. Antes que o walker levantasse, Sophie agiu rapidamente pegando a adaga no bolso de sua calça e cravando no crânio do monstro. A menina suspirou aliviada, ao ver que o walker morrera. Sophie tentara arrancar a adaga da cabeça do walker, sem sucesso.

–Sophie? Tudo bem aí? – perguntara Lucy, assustada.

–Ah...? Tubo bem… - disse a garota- Eu acho…-murmurou, tentando arrancar a adaga do crânio do monstro, sem sucesso. A mais nova puxou a adaga novamente, forçando ainda mais do que antes. Com um estalo alto, a adaga saiu da cabeça do walker. Com a força feita, Sophie caiu no chão.

A menina suspirou, sentada no chão, acariciando seu cotovelo, que batera no chão com força ao cair. Sophie se levantou, limpou a adaga na blusa azul clara, e caminhou até a origem do som, encontrando sua irmã dentro do banheiro da loja, apontando para algo atrás de um walker, já morto.

Ao dar mais poucos passos fracos, a menina viu uma muleta cinzenta, ligeiramente suja. “Nada que um pano não limpe”, pensou a pequena, sorrindo de canto.

Ambas riram, com a coincidência.

~°~°~

5 horas depois

A pequena acordou com o carro freiando bruscamente. Levantou-se, assustada abraçando fortemente Lucy.

–Pai? Você está bem?-Perguntou Lucy

–Lucy… Você assume daqui. - O pai falou, apoiando os braços cruzados e a cabeça sobre o volante.

–Papai… O que você tem?-Perguntou a menor, encostando-se ao ombro do pai, o qual lentamente virou para a garota. Ao enxergar o rosto do pai, a menina tampou a boca, estupefata, deixando uma lágrima involuntária descer pela sua bochecha rosada. A menina acariciou o rosto do pai, pálido, muito magro, com grandes olheiras negras, e uma face de dor e cansaço.

Louis puxou a manga de sua blusa, deixando exposto uma marca infeccionada, aparentemente uma…

–Mordida…

Sophie abraçou o pai, acariciando seus cabelos loiros. Lucy, já chorando, juntou-se ao abraço.

Tudo aconteceu muito rápido. Louis sussurrou algo no ouvido de Lucy, que negou decididamente. O homem sussurrou algo como um, “por favor,”. Lucy fechou os olhos fortemente, assentindo. Ambos saíram do carro prata.

Sophie então ouviu um barulho de tiro. Ao observar da janela, Sophie viu sua irmã ajoelhada no chão, chorando. A pequena saiu do carro, andando lentamente até a irmã, a qual segurava uma arma. A menina então abraçou a irmã o mais forte que podia, querendo nunca mais soltá-la para que nada de errado acontecesse com ela.

–Eu juro… Eu vou te proteger… - Prometeu Lucy, com a voz embargada pelo choro.

–Eu também irei te proteger… Sempre.