Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
— Brenda, eu não acredito em nada do que for me falar. Está com inveja. Vivia arrastando asa pro Cris e agora quer inventar história porque sabe que ele está comigo.
— O Cris é que vivia arrastando asa pra mim. Você é burra Isabelle! Ele fez um jogo com você. Ele queria ter certeza de que foi você que estragou o nosso encontro e me falou que iria provar isso, que tinha um plano. Agora, você tá caidinha por ele e provou a teoria dele.
— Quem tá pagando de palhaça aqui é você Brenda. Tá que não se aguenta de ciúme, querendo que o Cris volte a correr atrás de você. Querida, ele só fez isso pra tentar me esquecer. A usada num plano aqui foi você!
— Arrasou Belinha! - elogiou Alison.
Brenda ficou vermelha de raiva e saiu da barraca.
O acampamento terminou na manhã seguinte. Brenda voltou tarde à barraca na noite anterior, evitando encontrar Isabelle e Alison acordadas.
Os adolescentes estavam com as malas prontas, enfileirados a espera do ônibus. Cris aproximou-se de Isabelle, abraçou a menina pela cintura e disse próximo ao seu ouvido:
— Esse foi o melhor final de semana da minha vida.
— Da minha também – disse Isabelle com um sorriso bobo nos lábios.
Os dois trocaram um bejinho nos lábios e se demoraram nos olhos um do outro em seguida.
Richard observou a cena, largou as malas na fila e se afastou. Alison percebeu e foi atrás dele. O garoto estava sentado próximo ao lago e lágrimas rolavam por sua face. Alison sentou-se ao lado dele e passou o braço sobre seus ombros, mas Richard se desvencilhou, a menina falou:
— Desculpa Rick, eu me esqueci que você não gosta de contatos físicos.
— Eu não gosto porque eu sou esquisito!
— Não, porque você tem autismo leve.
— Por que eu nasci estragado?
— Não é verdade. Todos nós somos diferentes. O fato de eu ser negra incomoda muita gente.
— E daí que você é negra? Você é bonita, tem amigos e o Greg tá louco para ser seu namorado. Mas, quem vai querer namorar com um garoto estranho como eu?
— Tenho certeza que muitas meninas adorariam ser a sua namorada, você é gato Rick, mas o seu problema é que a única menina que você quer já tem um namorado...
— Não sei do que está falando.
— Rick, não quero me meter na sua vida, mas a Belinha correu tanto atrás de você e você nunca quis saber dela.
— Eu tive medo, porque eu sou estranho.
— Todos nós sentimos medo Rick, autistas ou não, é da natureza humana.
— Agora eu tô com medo de ter perdido a Belinha pra sempre.
— Rick, você tem certeza do que sente por ela? É normal a gente confudir as coisas às vezes. Sentimentos não são coisas simples, ainda mais na nossa idade, quando estamos descobrindo essa coisa de amor. Apenas tenha certeza de uma coisa: nem eu, nem você vamos perder a Belinha porque ela começou a namorar, ela será sempre a nossa melhor amiga.
— Mas eu não sei se a quero desse jeito...
O ônibus chegou e começou a buzinar, fazendo Alison e Richard voltar à fila correndo.
Alison dividiu o assento com Richard e Isabelle com Cris. Greg olhou desconfiado para Alison e ela enviou uma mensagem ao celular do garoto:
— Rick tá precisando de mim.
— Eu também ;) - respondeu Greg, sorrindo para Alison ao encontrar o olhar dela.
Isabelle e Cristopher eram só sorrisos, beijinhos, mãos dadas durante o trajeto de volta ao centro de Seattle. A menina deitou a cabeça sobre o ombro do garoto, que depositou um beijo e passou a fazer cafuné.
— Minha mãe vai ficar muito empolgada quando souber que estamos juntos! Ela é Celle! E nossos fãs então? Cara, eles vão pirar! - comentou Cris.
Isabelle tirou a cabeça do ombro de Cris repentinamente. Ainda não havia pensado nas consequências desse novo status de relacionamento com Cris. Sem dúvida, teria impacto na família, no círculo de amigos e nos fãs de ICarly. Já imaginava o surto de seu pai, ainda não tinha muita certeza quanto à reação da mãe. Pensou se teria o mesmo tempo para estar com os amigos. E como seria o assédio dos fãs Celle? Tudo isso lhe fez sentir um frio na barriga. A experiência do namoro já era muito nova para ela e ainda tinha essas agravantes.
— Cris, será que a gente pode não oficializar o namoro por enquanto? - indagou Isabelle a Cris.
— Por que tá me pedindo isso? Eu tenho vontade de gritar ao mundo que estamos juntos. Eu sonho com isso desde o dia que nos conhecemos, quando tínhamos 6 anos.
— Eu sei, mas, só te peço um tempo. Quero curtir com você sem interferências de família, amigos, fãs Celle... Sem pressão.
— Eu entendi aonde quer chegar. Por mim tudo bem. A gente não precisa contar pra todo mundo agora.
— Você é demais Cris – disse Isabelle, mostrando o seu melhor sorriso, que deixava o garoto abobalhado e o beijando nos lábios em seguida.
O ônibus chegou ao Ridgeway. Os pais esperavam ansiosos seus filhos. Cris foi pegar as malas junto com Isabelle, mas a menina foi mais rápida, pegou a sua mala e saiu sem esperar Cris. Ela correu para os abraços de Sam e Freddie, que logo começaram a lhe fazer perguntas sobre como foi o acampamento. Carly esperava pelo filho ao lado dos amigos. Cris aproximou-se, dando um beijo e um abraço carinhoso na mãe, que o recebeu com empolgação, externando sua saudade.
— Foi só um final de semana mãe – alertou Cris.
— Pra mim pareceu uma eternidade – obervou Carly.
Isabelle disse aos pais:
— Acho melhor irmos logo, estou com fome.
— Novidade – zombou Cris.
— Vai continuar me zoando? - perguntou Isabelle.
— Desculpe, é o hábito. Vou te dizer coisas mais doces agora que nossa relação mudou.
— Mudou como? - perguntou Carly, desconfiada.
— Besteira dele dinda. Uma promessa que me fez de me incomodar menos, mas não vai durar, tenho certeza... - disparou a falar Isabelle, nervosa – Vamos comer?
— Claro querida, vamos para o restaurante da mamãe – decidiu Sam.
— O papai adora a comida da mamãe – elogiou Freddie, dando um beijo na bochecha da esposa.
— Vai com a gente Carlynha? - convidou Sam.
— Vou sim. Gibby e Sophie já foram pra lá.
Cris cochichou para Isabelle:
— Assim vamos passar mais tempo juntos.
— Estamos sempre juntos. Somos vizinhos, colegas do colégio, filhos de melhores amigos, apresentadores do ICarly...
— E namorados.
— Fala baixo – pediu Isabelle, dando um soco no braço de Cris. O gemido do garoto chamou a atenção dos adultos.
— Vocês não param, não têm jeito! Isso vai dar em casamento, igual a vocês dois – falou Carly apontando para Sam e Freddie.
— Minha filha nunca vai se casar – disse Freddie, enciumado.
— Ela vai um dia, mas esse dia vai demorar – falou Sam.
— Mas enquanto esse dia não chega ela pode namorar não é senhores Benson? - perguntou Cris.
— Boa piada garoto! - disse Freddie, rindo e dando um tapa nas costas de Cris, que fez o garoto se projetar pra frente.
— Que papo é esse de senhores Benson? - quis saber Sam.
— Como vocês falam! Meu estômago tá doendo! Menos papo e mais comida! - falou Isabelle para desviar a atenção.
Partiram todos para o Gibby's.
Durante o almoço, Gibby contava a fofoca do condomínio:
— Sabiam que a filha dos vizinhos do apartamento 15-A vai se casar?
— Como assim? Ela só tem 16 anos – indagou Carly.
— Tá grávida – repondeu Gibby.
— Isso que dá o pai deixar a filha começar a namorar cedo demais – observou Freddie – Ainda bem que a minha Belinha é ajuizada e só me dá orgulho. Nem pensa nisso ainda. É uma boa aluna e vai continuar focada nos estudos. Vai entrar em uma excelente universidade com as notas que tem e me dar ainda mais orgulho.
— Mas não acho que o fato de eu estar focada no estudo me impeça um namoro. Eu posso fazer as duas coisas, não acha mamãe? - perguntou Isabelle à Sam, que terminava de servir os gêmeos Eddie e Nick.
— Nisso tenho que concordar com seu pai. Você é jovem demais querida. Pense nisso depois da faculdade. Nossa família já tem mães jovens demais! - respondeu Sam.
— Do jeito que vocês falam parecem que se arrependeram de casar cedo, que não são felizes – falou Isabelle aos pais.
— Nossa felicidade de hoje teve um preço – explicou Freddie.
— E você não precisa pagá-lo. Sua vida será bem mais fácil se fizer as coisas no tempo certo, quando tiver mais maturidade – completou Sam.
Quando voltaram ao Bushwell Plaza, Isabelle foi para o seu quarto, onde sentou-se na sua poltrona azul. Estava com um olhar distante, sorrindo levemente ao se lembrar dos bons momentos com Cris no acampamento.
— Belinha, você voltou estranha desse acampamento. Tem algo que queira me contar?
— Não mãe, só estou cansada.
— De onde veio aquele papo de namoro? Filha, você está namorando?
— Não mãe, isso seria precipitado, não é mesmo? Sou jovem demais como você e o papai falaram.
— Que bom que você entende isso. Belinha, você deve se preocupar primeiro com seu estudo, em entrar numa boa universidade, em conseguir uma boa colocação profissional. Não se apegue a garotos enquanto é muito jovem. A paixão faz com que a gente não calcule muito bem as consequências.
— Eu já entendi mamãe.
— Essa é a minha garota! - elogiou Sam, dando um beijo na testa da filha pouco antes de se levantar e sair do quarto.
O celular de Isabelle apitou acusando o recebimento de uma nova mensagem. Era de Cris:
— Oi namorada! Que tal sairmos para um encontro essa noite?
Isabelle estava aflita, resolveu não responder de imediato. Abriu o notebook e entrou no site de ICarly para se distrair. Viu os comentários dos fãs do programa. Muitos torcendo por Celle e outros por Rickelle, alguns ameaçando não assistir mais o web show caso o shipper contrário viesse a se concretizar.
A menina já imaginava os pais a olhando com reprovação e metade dos fãs do ICarly com raiva dela, a perda da audiência e a frustração de seus amigos que tanto se empenhavam para fazer o web show. Por um momento veio à sua mente o olhar sentido de Rick. De outro lado, via o sorriso lindo daquele moreno que sempre tirara seu sossego: Cris.
Ela concluiu que precisava de mais tempo para pensar e respondeu à mensagem:
— Estou cansada do acampamento hoje, marcamos outro dia. Beijos.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!