Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 7
Celle?




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— Brenda, eu não acredito em nada do que for me falar. Está com inveja. Vivia arrastando asa pro Cris e agora quer inventar história porque sabe que ele está comigo.

— O Cris é que vivia arrastando asa pra mim. Você é burra Isabelle! Ele fez um jogo com você. Ele queria ter certeza de que foi você que estragou o nosso encontro e me falou que iria provar isso, que tinha um plano. Agora, você tá caidinha por ele e provou a teoria dele.

— Quem tá pagando de palhaça aqui é você Brenda. Tá que não se aguenta de ciúme, querendo que o Cris volte a correr atrás de você. Querida, ele só fez isso pra tentar me esquecer. A usada num plano aqui foi você!

— Arrasou Belinha! - elogiou Alison.

Brenda ficou vermelha de raiva e saiu da barraca.

O acampamento terminou na manhã seguinte. Brenda voltou tarde à barraca na noite anterior, evitando encontrar Isabelle e Alison acordadas.

Os adolescentes estavam com as malas prontas, enfileirados a espera do ônibus. Cris aproximou-se de Isabelle, abraçou a menina pela cintura e disse próximo ao seu ouvido:

— Esse foi o melhor final de semana da minha vida.

— Da minha também – disse Isabelle com um sorriso bobo nos lábios.

Os dois trocaram um bejinho nos lábios e se demoraram nos olhos um do outro em seguida.

Richard observou a cena, largou as malas na fila e se afastou. Alison percebeu e foi atrás dele. O garoto estava sentado próximo ao lago e lágrimas rolavam por sua face. Alison sentou-se ao lado dele e passou o braço sobre seus ombros, mas Richard se desvencilhou, a menina falou:

— Desculpa Rick, eu me esqueci que você não gosta de contatos físicos.

— Eu não gosto porque eu sou esquisito!

— Não, porque você tem autismo leve.

— Por que eu nasci estragado?

— Não é verdade. Todos nós somos diferentes. O fato de eu ser negra incomoda muita gente.

— E daí que você é negra? Você é bonita, tem amigos e o Greg tá louco para ser seu namorado. Mas, quem vai querer namorar com um garoto estranho como eu?

— Tenho certeza que muitas meninas adorariam ser a sua namorada, você é gato Rick, mas o seu problema é que a única menina que você quer já tem um namorado...

— Não sei do que está falando.

— Rick, não quero me meter na sua vida, mas a Belinha correu tanto atrás de você e você nunca quis saber dela.

— Eu tive medo, porque eu sou estranho.

— Todos nós sentimos medo Rick, autistas ou não, é da natureza humana.

— Agora eu tô com medo de ter perdido a Belinha pra sempre.

— Rick, você tem certeza do que sente por ela? É normal a gente confudir as coisas às vezes. Sentimentos não são coisas simples, ainda mais na nossa idade, quando estamos descobrindo essa coisa de amor. Apenas tenha certeza de uma coisa: nem eu, nem você vamos perder a Belinha porque ela começou a namorar, ela será sempre a nossa melhor amiga.

— Mas eu não sei se a quero desse jeito...

O ônibus chegou e começou a buzinar, fazendo Alison e Richard voltar à fila correndo.

Alison dividiu o assento com Richard e Isabelle com Cris. Greg olhou desconfiado para Alison e ela enviou uma mensagem ao celular do garoto:

— Rick tá precisando de mim.

— Eu também ;) - respondeu Greg, sorrindo para Alison ao encontrar o olhar dela.

Isabelle e Cristopher eram só sorrisos, beijinhos, mãos dadas durante o trajeto de volta ao centro de Seattle. A menina deitou a cabeça sobre o ombro do garoto, que depositou um beijo e passou a fazer cafuné.

— Minha mãe vai ficar muito empolgada quando souber que estamos juntos! Ela é Celle! E nossos fãs então? Cara, eles vão pirar! - comentou Cris.

Isabelle tirou a cabeça do ombro de Cris repentinamente. Ainda não havia pensado nas consequências desse novo status de relacionamento com Cris. Sem dúvida, teria impacto na família, no círculo de amigos e nos fãs de ICarly. Já imaginava o surto de seu pai, ainda não tinha muita certeza quanto à reação da mãe. Pensou se teria o mesmo tempo para estar com os amigos. E como seria o assédio dos fãs Celle? Tudo isso lhe fez sentir um frio na barriga. A experiência do namoro já era muito nova para ela e ainda tinha essas agravantes.

— Cris, será que a gente pode não oficializar o namoro por enquanto? - indagou Isabelle a Cris.

— Por que tá me pedindo isso? Eu tenho vontade de gritar ao mundo que estamos juntos. Eu sonho com isso desde o dia que nos conhecemos, quando tínhamos 6 anos.

— Eu sei, mas, só te peço um tempo. Quero curtir com você sem interferências de família, amigos, fãs Celle... Sem pressão.

— Eu entendi aonde quer chegar. Por mim tudo bem. A gente não precisa contar pra todo mundo agora.

— Você é demais Cris – disse Isabelle, mostrando o seu melhor sorriso, que deixava o garoto abobalhado e o beijando nos lábios em seguida.

O ônibus chegou ao Ridgeway. Os pais esperavam ansiosos seus filhos. Cris foi pegar as malas junto com Isabelle, mas a menina foi mais rápida, pegou a sua mala e saiu sem esperar Cris. Ela correu para os abraços de Sam e Freddie, que logo começaram a lhe fazer perguntas sobre como foi o acampamento. Carly esperava pelo filho ao lado dos amigos. Cris aproximou-se, dando um beijo e um abraço carinhoso na mãe, que o recebeu com empolgação, externando sua saudade.

— Foi só um final de semana mãe – alertou Cris.

— Pra mim pareceu uma eternidade – obervou Carly.

Isabelle disse aos pais:

— Acho melhor irmos logo, estou com fome.

— Novidade – zombou Cris.

— Vai continuar me zoando? - perguntou Isabelle.

— Desculpe, é o hábito. Vou te dizer coisas mais doces agora que nossa relação mudou.

— Mudou como? - perguntou Carly, desconfiada.

— Besteira dele dinda. Uma promessa que me fez de me incomodar menos, mas não vai durar, tenho certeza... - disparou a falar Isabelle, nervosa – Vamos comer?

— Claro querida, vamos para o restaurante da mamãe – decidiu Sam.

— O papai adora a comida da mamãe – elogiou Freddie, dando um beijo na bochecha da esposa.

— Vai com a gente Carlynha? - convidou Sam.

— Vou sim. Gibby e Sophie já foram pra lá.

Cris cochichou para Isabelle:

— Assim vamos passar mais tempo juntos.

— Estamos sempre juntos. Somos vizinhos, colegas do colégio, filhos de melhores amigos, apresentadores do ICarly...

— E namorados.

— Fala baixo – pediu Isabelle, dando um soco no braço de Cris. O gemido do garoto chamou a atenção dos adultos.

— Vocês não param, não têm jeito! Isso vai dar em casamento, igual a vocês dois – falou Carly apontando para Sam e Freddie.

— Minha filha nunca vai se casar – disse Freddie, enciumado.

— Ela vai um dia, mas esse dia vai demorar – falou Sam.

— Mas enquanto esse dia não chega ela pode namorar não é senhores Benson? - perguntou Cris.

— Boa piada garoto! - disse Freddie, rindo e dando um tapa nas costas de Cris, que fez o garoto se projetar pra frente.

— Que papo é esse de senhores Benson? - quis saber Sam.

— Como vocês falam! Meu estômago tá doendo! Menos papo e mais comida! - falou Isabelle para desviar a atenção.

Partiram todos para o Gibby's.

Durante o almoço, Gibby contava a fofoca do condomínio:

— Sabiam que a filha dos vizinhos do apartamento 15-A vai se casar?

— Como assim? Ela só tem 16 anos – indagou Carly.

— Tá grávida – repondeu Gibby.

— Isso que dá o pai deixar a filha começar a namorar cedo demais – observou Freddie – Ainda bem que a minha Belinha é ajuizada e só me dá orgulho. Nem pensa nisso ainda. É uma boa aluna e vai continuar focada nos estudos. Vai entrar em uma excelente universidade com as notas que tem e me dar ainda mais orgulho.

— Mas não acho que o fato de eu estar focada no estudo me impeça um namoro. Eu posso fazer as duas coisas, não acha mamãe? - perguntou Isabelle à Sam, que terminava de servir os gêmeos Eddie e Nick.

— Nisso tenho que concordar com seu pai. Você é jovem demais querida. Pense nisso depois da faculdade. Nossa família já tem mães jovens demais! - respondeu Sam.

— Do jeito que vocês falam parecem que se arrependeram de casar cedo, que não são felizes – falou Isabelle aos pais.

— Nossa felicidade de hoje teve um preço – explicou Freddie.

— E você não precisa pagá-lo. Sua vida será bem mais fácil se fizer as coisas no tempo certo, quando tiver mais maturidade – completou Sam.

Quando voltaram ao Bushwell Plaza, Isabelle foi para o seu quarto, onde sentou-se na sua poltrona azul. Estava com um olhar distante, sorrindo levemente ao se lembrar dos bons momentos com Cris no acampamento.

— Belinha, você voltou estranha desse acampamento. Tem algo que queira me contar?

— Não mãe, só estou cansada.

— De onde veio aquele papo de namoro? Filha, você está namorando?

— Não mãe, isso seria precipitado, não é mesmo? Sou jovem demais como você e o papai falaram.

— Que bom que você entende isso. Belinha, você deve se preocupar primeiro com seu estudo, em entrar numa boa universidade, em conseguir uma boa colocação profissional. Não se apegue a garotos enquanto é muito jovem. A paixão faz com que a gente não calcule muito bem as consequências.

— Eu já entendi mamãe.

— Essa é a minha garota! - elogiou Sam, dando um beijo na testa da filha pouco antes de se levantar e sair do quarto.

O celular de Isabelle apitou acusando o recebimento de uma nova mensagem. Era de Cris:

— Oi namorada! Que tal sairmos para um encontro essa noite?

Isabelle estava aflita, resolveu não responder de imediato. Abriu o notebook e entrou no site de ICarly para se distrair. Viu os comentários dos fãs do programa. Muitos torcendo por Celle e outros por Rickelle, alguns ameaçando não assistir mais o web show caso o shipper contrário viesse a se concretizar.

A menina já imaginava os pais a olhando com reprovação e metade dos fãs do ICarly com raiva dela, a perda da audiência e a frustração de seus amigos que tanto se empenhavam para fazer o web show. Por um momento veio à sua mente o olhar sentido de Rick. De outro lado, via o sorriso lindo daquele moreno que sempre tirara seu sossego: Cris.

Ela concluiu que precisava de mais tempo para pensar e respondeu à mensagem:

— Estou cansada do acampamento hoje, marcamos outro dia. Beijos.


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