Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 25
Beijo?!


Notas iniciais do capítulo

Petra: https://anaameliabitardotcom.files.wordpress.com/2011/08/ana6111.jpg?w=681&h=1024



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Willian beijou Isabelle com intensidade. Logo sua língua pedia passagem. A menina abriu a boca e permitiu. Willian movimentava a língua de forma circular, capturando a língua de Isabelle. A menina já estava ficando sem ar e incomodada com a língua dele, que parecia querer devorá-la, por vezes chegando à sua garganta. Era muito diferente dos beijos doces e suaves de Cris e Rick, que começavam nos lábios e intercalavam com a língua, sempre com intervalos para respirar e troca de olhares e sorrisos.

Ela já havia permitido avanços de Cris quando estavam bêbados, em Aruba, mas, com ele, era diferente.

A mão de Willian já subia pela coxa de Isabelle, por baixo da saia.

Ela interrompeu o beijo, ofegante, sem dizer nada.

Willian indagou:

— Qual foi? Não gostou?

— Eu preciso respirar – disse ela, vermelha.

— Eu te deixei constrangida?

— Claro que não – mentiu ela.

— Que bom! Cheguei a pensar que estivesse saindo com uma garotinha assustada – rindo.

— Eu não sou inexperiente, já beijei outros garotos.

— Então, vamos continuar? – aproximando-se novamente dela.

— Eu tenho que ir para casa – afastando-se dele – Minha mãe me enche o saco quando chego tarde.

— Está bem – disse ele, contrariado, enquanto ligava o carro.

Quando chegou em casa, Sam a esperava na sala:

— Como foi? Do jeito que seu batom está borrado, parece ter sido ótimo!

Isabelle olhou-se no espelho e se apressou para limpar.

— Nos beijamos e foi horrível – disse ela, sentando-se ao lado da mãe.

Sam a abraçou e ela continuou:

— Eu não senti nada no beijo. Me deu até um pouco de enjôo. Será que eu nunca vou conseguir gostar de mais ninguém além do Cris?

— Você pode vencer seu orgulho, bater no apartamento 8C e declarar seu amor.

— Nunca! Prefiro morrer sozinha. Cris é um traidor!

— Você só tem 16 anos. É muito cedo para chegar à conclusão de que vai morrer sozinha.

— Melhor eu ir tomar banho e me deitar. Só quero que esse dia acabe logo!

No dia seguinte, Isabelle conversava com Alison, na casa da amiga, depois da aula:

— Você acha que é normal sentir enjôo depois de beijar um rapaz bonito?

— Não curtiu o beijo do Willian, né? – perguntou Alison, rindo – Isso acontece amiga, desencana. Quando você tem sentimentos pela pessoa, o beijo é muito mais gostoso. Você pode até achar o cara um Deus grego, mas se não tem algo a mais, vai ser só um beijo ruim.

— Isso já aconteceu contigo?

— Eu nunca te contei isso, mas o meu primeiro beijo foi horrível!

— Você disse que tinha sido ótimo!

— Fiquei com vergonha. Eu não sabia como era beijar. Pensei que o problema poderia ser comigo. Todo mundo fala que adora beijar!

— Meu primeiro beijo foi bom. Eu agarrei o Rick, ele nem sabia o que fazer, coitado!

As duas riram.

— O menino que beijei, naquela minha viagem, parecia nem saber beijar direito, acho que também era o primeiro beijo dele. Ele salivava muito e chegou a machucar meus lábios, tentando sugá-los.

— Que horror!

— Pois é!

Depois da conversa com Alison, Isabelle relaxou. Entendeu que apenas não gostava de Willian como gostaria e que não manda no próprio coração.

Quando chegou ao restaurante de Sam e pegou o celular, viu mensagem de Willian:

“Quando nos vemos de novo?”

Ela pensou: Nunca mais! – jogando o celular de volta na bolsa, sem responder a mensagem.

Sam falou, ao avistar a filha:

— Seu amigo Rick ta aí, te esperando há um tempão – apontando para o rapaz sentado numa mesa.

Isabelle foi falar com ele:

— Daí, Rick! Bom te ver! Anda distante da turma ultimamente. Só te vejo no ICarly, já que você some nos intervalos de aula.

— Sim, ando sumido. Isso tem um motivo e estou aqui por isso. Preciso da sua ajuda.

— Se estiver ao meu alcance.

— Você é mulher e vai poder me ajudar.

— Desembucha.

— Eu to gostando de uma menina do colégio.

— Nossa! Que legal!

— Não é legal! Não sei o que fazer. Não sei como falar com ela.

— Do mesmo jeito que fala comigo e com a Alison.

— Eu conheço vocês há muito tempo! Aliás, eu te conheço desde que nasci, Belinha!

— Isso é verdade.

— Eu sou estranho. Tenho tido regressões no meu quadro de autismo leve. Por isso também sumi. Voltei a ter pensamentos e comportamentos repetitivos e quando vejo a menina, saio literalmente correndo. Isso está me consumindo. Não quero voltar a ser como antes – ele se balançava sem parar enquanto falava.

— Isso não vai acontecer! Você confia em mim?

— Você é a pessoa em quem mais confio no mundo, Belinha. Por isso estou aqui. Me ajuda? Só você consegue me tirar desse estado. Quando estou com você, me torno melhor.

— Então, vai ficar tudo bem. Basta confiar em mim. O amor é assustador para todos nós. Autistas ou não!

— Você e o Cris não estão bem, né?

— Não existe mais eu e o Cris. Vamos focar em você, ok?

— Valeu. Só uma amiga como você para colocar meu problema a frente do seu.

— Amigos servem para isso. Posso te dar um abraço?

— Não gosto de abraços. Mas, como sei que você está precisando – abrindo os braços.

Isabelle e Richard abraçaram-se, com carinho.

Poucos dias depois, Richard estava mostrando para Isabelle o objeto de seu amor: Petra.

A menina, de olhos claros e ar angelical era encantadora. Isabelle entendeu o motivo da repentina paixão do amigo. Contou a ele seu plano:

— Vou tentar me aproximar da Petra e fazer amizade. Se ela passar a andar mais conosco, você terá chance de conhecê-la melhor e ela a você, assim, ambos ficarão mais a vontade um com o outro. Além disso, mês que vem é meu aniversário e será a oportunidade perfeita para você se declarar e beijá-la.

— Beijar?

— É. Não é isso que todo casal apaixonado faz?

— Não sei se quero beijá-la.

— Não está apaixonado por ela? Você já beijou a mim e a Alison. Qual a novidade?

— Não tenho medo de me aproximar de você e beijei a Alison bêbado.

— Também não terá medo de se aproximar da Petra. Se precisar, tome um gole de drink, só um gole – piscando para ele.

Willian apareceu por trás de Isabelle, assustando-a. O rapaz riu:

— Sempre fica nervosa quando estou por perto?

— Você sempre chega de repente.

— Por que não respondeu a minha mensagem?

— Tô muito ocupada!

— Se não quer mais sair comigo é só falar. Tem muitas meninas esperando a sua vez.

— Então distribua a próxima senha. Com licença.

Isabelle puxou Rick para longe.

Rick perguntou:

— Você ficou com esse cara?

— Fiquei.

— Foi ruim?

— Um pouco.

— E se eu beijar a Petra e também não gostar? Acho melhor deixar tudo como está! Eu a amo a distância e não estrago tudo!

— Você vive ansioso! Melhor resolver isso de uma vez!

— Talvez você tenha razão.

— Sempre tenho! Observe a mamãe em ação.

Isabelle foi falar com Petra. Rick sentia seu coração acelerar, enquanto observava.

— Oi! Seu nome é Petra, né?

— Sim. Você me conhece?

— Ouvi falar que você é uma ótima bailarina, é verdade?

— Sou bailarina, quanto ao “ótima”, já não sei.

— Topa se apresentar no ICarly?

— Nossa! Seria demais!

— Então aparece lá na sexta, às 7h da noite.

— Vou sim, com certeza. Muito obrigada!

Isabelle voltou para onde Cris estava. O menino suava de nervoso. Ela disse:

— Se prepara, terás a chance de falar com sua amada na sexta!

Rick começou a repetir a palavra “Sexta” sem parar.

Isabelle percebeu que era uma regressão no quadro clínico e tentou mudar o foco:

— Quer ir lá em casa jogar vídeo-game depois da aula?

— Por que está me convidando? Não fazemos isso há anos!

— Nunca é tarde para resgatar bons e velhos hábitos de bons e velhos amigos.

Rick sorriu e ficou mais calmo. Isabelle também se sentiu em paz.

A sexta-feira chegou e Rick andava de um lado para o outro no estúdio ICarly. Isabelle tentou contê-lo, encorajando-o:

— Rick, você é um garoto inteligente, bonito e gente boa. Não precisa ficar inseguro. Qualquer garota gostaria de ter um namorado como você.

— Eu não sou normal – disse ele, voltando a repetir a mesma frase várias vezes.

Isabelle não via o amigo descontrolado dessa forma desde a infância. Mas, naquela época, o colo de Jade costumava resolver o problema.

— Rick, quem é normal? – indagou a loira.

— Todo mundo, menos eu.

— De perto, ninguém é normal. Eu, por exemplo, beijei um garoto porque gosto de outro.

— Como assim? Não faz sentido!

— Verdade. Não faz sentido. Eu não faço sentido, nem você, nem ninguém. Vamos nos aceitar como somos para que os outros nos aceitem também.

Isabelle sorriu para Rick e ele sorriu de volta.

Petra chegou e Isabelle começou a rezar para que o amigo se mantivesse calmo diante dela.


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