Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
Notas iniciais do capítulo
Terceiro capítulo do dia!
Aviso que a fic irá até os 18 anos de Isabelle.
O que Isabelle temia, aconteceu. Rick não se conteve e se atrapalhou todo diante de Petra. Gaguejou para cumprimentá-la, tremeu durante a transmissão do web show, fazendo a imagem ficar bizarra e, por fim, derrubou Petra durante a apresentação dela de balé na tentativa de filmá-la. Depois disso, largou a câmera no chão e saiu correndo.
Petra olhou para Isabelle, Cris e Alison, questionando com o olhar o que tinha acontecido.
Isabelle convidou Petra para ir ao seu apartamento, deixando Alison enciumada.
No quarto de Isabelle, esta abriu o jogo para Petra:
— Rick está apaixonado por você e não sabe como agir.
— Agora entendo porque estava tão atrapalhado – falou Petra, rindo.
— Não achou ruim?
— Não! Sei que ele não me derrubou por querer. Depois do que você me disse, até achei fofo o jeito atrapalhado dele.
— Mesmo?
— Mesmo!
— Quantos anos você tem?
— 15 anos.
— Igual o Rick.
— Sim, somos da mesma turma.
— Você já teve namorado ou ficante?
— Eu já beijei um menino uma vez, mas nunca tive namorado.
— Ficaria com um menino que tem problema?
— Que tipo de problema?
— Ficaria ou não?
— É um interrogatório?
— Desculpe. É que eu gosto muito do Rick e não quero que ele se machuque. Ele é frágil, mas é um ótimo garoto!
— Eu sei que é.
— Vou ser direta: Rick tem um autismo leve. Os sintomas costumam ficar sob controle, mas como ele ta apaixonado por você, teve regressões recentes. Ele tem dificuldade de socialização e esse novo sentimento o está tirando do prumo.
— Devo me afastar dele, então?
— Não estou dizendo isso. Apenas quero saber se você é mulher suficiente para ficar com um garoto incrível, mas especial.
— Eu preciso pensar a respeito.
— É claro. Pense bem.
No dia seguinte, Isabelle já se preparava para dormir, quando ouviu a campainha. Freddie se preparava para abrir a porta com um taco de baisebol. Toda a família (Sam, Isabelle, Eddie e Nick) estava apreensiva.
Quando o pai abriu a porta, Isabelle viu Rick com aspecto de quem tinha tomado chuva e com cara de ódio.
— Belinha, você é uma traidora! – gritou o rapaz.
— Eu? Por que? – surpreendeu-se a menina.
— Você prometeu me ajudar com a Petra, mas me destruiu para ela!
— Eu jamais faria isso!
— Mas, fez! Hoje, no colégio, ela me disse que é melhor nos afastarmos, porque ela não quer piorar meu estado de saúde.
— Aquela idiota disse isso?
— Disse! O que mais vai fazer para ferrar com a minha vida? Falar no ICarly que sou autista e virgem?
Freddie cochichou para Sam:
— Conheço alguém que fez algo parecido há alguns anos atrás.
— Fica quieto, nerd. O negócio parece sério!
Isabelle tentou se defender:
— Você acha que sou um monstro? Somos amigos há 15 anos! Eu jamais prejudicaria você!
— Mas, prejudicou!
— Eu contei para a Petra do seu autismo para que ela pudesse te entender e assim ser uma boa namorada.
— Ela não quer mais ser a minha namorada, porque sou autista!
Rick começou a bater o braço na parede, de forma repetitiva e Freddie teve que contê-lo. Sam fez um chá calmante para Rick, ligando para avó dele na sequência.
A avó de Rick chegou preocupada e logo levou o neto. Isabelle estava desolada no quarto.
Na manhã seguinte, Isabelle ficou a espreita de Petra. Viu a menina entrar no banheiro e aproveitou a chance.
O banheiro estava vazio e Isabelle entrou, trancando a porta atrás de si. Pegou Petra pelo pescoço, por trás, sem tempo para a reação da menina:
— Por que magoou o Rick?
— Eu não magooei!
A loira jogou Petra contra a parede, ainda a imobilizando pelo pescoço, agora de frente para ela:
— Disse que não queria nada com ele, porque ele é autista! Ele teve um surto ontem lá em casa! Pra quê ser tão cruel? Não poderia, pelo menos, ser amiga dele.
— Você vai me matar desse jeito, está me sufocando – choramingou Petra, tossindo em seguida.
Isabelle jogou Petra na parede oposta, com força. A menina soltou um gemido, enquanto batia com as costas na parede.
— Se você machuca o meu amigo, eu te machuco mais. Eu protejo o Rick desde sempre!
— Eu juro que não fiz por mal. Eu gosto do Rick, quero ser a namorada dele. Mas, você disse que a paixão dele por mim estava piorando o quadro clínico dele. Não quero que ele sofra por minha causa.
— Mas, ele está sofrendo agora!
— O que quer que eu faça?
— Vá conversar com ele direito. Não suma da vida dele como se ele fosse uma aberração!
— Eu vou fazer isso. Mas, preciso ir à enfermaria antes.
— Se contar que eu te bati, a próxima surra vai ser maior. Entendido?
— Sim, senhora – respondeu Petra, levantando-se apressada, destrancando o banheiro e saindo correndo.
Mais tarde, Rick aproximou-se de Isabelle, na cantina:
— Belinha, eu preciso te pedir desculpas.
— Ah, precisa? – indagou ela, com ironia.
— A Petra me explicou tudo. Não foi sua culpa.
— Você acredita mais naquela vaca que em mim.
— Belinha, sei que você tem motivos para estar com raiva dela. Mas, vou te pedir para não chamar mais a minha namorada de vaca.
— Namorada? – perguntou Isabelle, surpresa.
— Sim! E devo isso a você! Muito obrigado, mesmo – abraçando a amiga, o que a surpreendeu.
O tempo passou e chegou a semana do aniversário de 17 anos de Isabelle. Richard chamou a amiga para conversar na casa da avó. A menina estranhou, já que Rick nunca levava os amigos lá.
O menino foi direto ao ponto, depois de verificar que a avó não estava por perto, fechando a porta do quarto:
— Eu ainda não tive coragem de beijar a Petra. Eu acho ela linda e tenho muita vontade, mas tenho medo. Seu aniversário será uma boa oportunidade.
— Você já beijou, não será a primeira vez.
— Eu sei. Mas, fico muito inseguro com ela.
— É normal, você está apaixonado.
— Além disso, faz muito tempo que não beijo, desde Aruba.
— Nossa! Tem quase dois anos que não beija?!
— Você sabe que não é tão simples para mim estabelecer relações.
— Sei sim. Na verdade, não ta fácil para mim, também. Ando em greve de beijos – contou ela, rindo para não chorar.
— Por que?
— Tô fechada para balanço, tentando me reestruturar emocionalmente. Um amor não cura o outro. Antes, temos que estar bem conosco.
— É bonito isso que falou.
— Bonito e real. Mas, como posso te ajudar?
— Como devo abordar a Petra para beijar? Devo esperar o momento certo? Beijo só os lábios ou com a língua. Como devo usar a língua?
— É difícil dizer como você deve usar a língua. Mas, se vocês dois estão apaixonados, o beijo vai acabar fluindo naturalmente. Eu aprendi nesses tempos que o amor é o melhor tempero para o beijo.
— Belinha, você pode me dar um beijo?
— Claro – falou Isabelle, beijando a bochecha de Rick.
— Não, um beijo na boca, de língua.
— O que? – surpreendeu-se a loira.
— Não seria a primeira vez. É questão de vida ou morte. Não posso beijar a Petra depois de ter passado tanto tempo sem beijar. Se meu beijo for ruim, ela não vai mais querer saber de mim como você não quis mais saber do Willian.
— Eu não gostei do beijo do Willian, porque não gosto dele. A Petra gosta de você, então vai gostar do seu beijo de todo jeito.
— Não me sinto seguro. Por favor, Belinha. O que custa? Já nos beijamos várias vezes...
— Está bem. Vamos nos beijar. Mas, isso não muda nada entre nós. Somos amigos, certo?
— Certo. Eu entendo isso. Estou apaixonado pela Petra, lembra?
— Então... vamos lá.
Isabelle se aproximou de Rick e os dois se beijaram. A menina saboreou os lábios do amigo e na sequência as línguas se tocaram no mesmo ritmo e com delicadeza. Não durou muito, mas o suficiente para Isabelle perceber que ainda gostava de beijos e questionar se ainda gostava de Rick.
Rick sorriu, contente:
— Acho que ainda sei! Foi bom, né?
— Sim, Rick. Foi muito bom – elogiou Isabelle, com sinceridade.
— Viva! Agora to preparado para beijar a Petra! Belinha, você é a melhor amiga do mundo! – abraçando-a.
A porta se abriu, era a avó de Rick:
— Não quero pouca vergonha aqui dentro. Já falei que com menina aqui, a porta fica aberta!
— Vovó, eu e Belinha somos melhores amigos, quase irmãos! Eu namoro a Petra, lembra?
— Esse negócio de amizade entre homem e mulher já deu muito problema desde a minha época. Porta aberta! – determinou a senhora, saindo.
Chegou o dia do aniversário de Isabelle. Ela não se sentia tão feliz quanto nos anos anteriores. Cris a havia magoado e agora sentia ressurgir algo por Rick, que não sabia explicar, sabendo, apenas, que ele já estava comprometido. Além disso, dali um ano estaria indo embora de casa, entrando na faculdade e deixando família e amigos para trás. O tempo estava passando mais rápido do que ela gostaria.
Freddie chamou a filha. Estava na hora de irem para o Gibby’s, onde seria feito o jantar dançante em comemoração ao aniversário da garota.
No elevador, Isabelle pensava: O tempo estava passando, a vida estava passando, até a adolescência estava passando, mas a confusão de seus sentimentos pareciam não querer passar.
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