Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 26
Ninguém mexe com o Rick


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo do dia!
Aviso que a fic irá até os 18 anos de Isabelle.



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O que Isabelle temia, aconteceu. Rick não se conteve e se atrapalhou todo diante de Petra. Gaguejou para cumprimentá-la, tremeu durante a transmissão do web show, fazendo a imagem ficar bizarra e, por fim, derrubou Petra durante a apresentação dela de balé na tentativa de filmá-la. Depois disso, largou a câmera no chão e saiu correndo.

Petra olhou para Isabelle, Cris e Alison, questionando com o olhar o que tinha acontecido.

Isabelle convidou Petra para ir ao seu apartamento, deixando Alison enciumada.

No quarto de Isabelle, esta abriu o jogo para Petra:

— Rick está apaixonado por você e não sabe como agir.

— Agora entendo porque estava tão atrapalhado – falou Petra, rindo.

— Não achou ruim?

— Não! Sei que ele não me derrubou por querer. Depois do que você me disse, até achei fofo o jeito atrapalhado dele.

— Mesmo?

— Mesmo!

— Quantos anos você tem?

— 15 anos.

— Igual o Rick.

— Sim, somos da mesma turma.

— Você já teve namorado ou ficante?

— Eu já beijei um menino uma vez, mas nunca tive namorado.

— Ficaria com um menino que tem problema?

— Que tipo de problema?

— Ficaria ou não?

— É um interrogatório?

— Desculpe. É que eu gosto muito do Rick e não quero que ele se machuque. Ele é frágil, mas é um ótimo garoto!

— Eu sei que é.

— Vou ser direta: Rick tem um autismo leve. Os sintomas costumam ficar sob controle, mas como ele ta apaixonado por você, teve regressões recentes. Ele tem dificuldade de socialização e esse novo sentimento o está tirando do prumo.

— Devo me afastar dele, então?

— Não estou dizendo isso. Apenas quero saber se você é mulher suficiente para ficar com um garoto incrível, mas especial.

— Eu preciso pensar a respeito.

— É claro. Pense bem.

No dia seguinte, Isabelle já se preparava para dormir, quando ouviu a campainha. Freddie se preparava para abrir a porta com um taco de baisebol. Toda a família (Sam, Isabelle, Eddie e Nick) estava apreensiva.

Quando o pai abriu a porta, Isabelle viu Rick com aspecto de quem tinha tomado chuva e com cara de ódio.

— Belinha, você é uma traidora! – gritou o rapaz.

— Eu? Por que? – surpreendeu-se a menina.

— Você prometeu me ajudar com a Petra, mas me destruiu para ela!

— Eu jamais faria isso!

— Mas, fez! Hoje, no colégio, ela me disse que é melhor nos afastarmos, porque ela não quer piorar meu estado de saúde.

— Aquela idiota disse isso?

— Disse! O que mais vai fazer para ferrar com a minha vida? Falar no ICarly que sou autista e virgem?

Freddie cochichou para Sam:

— Conheço alguém que fez algo parecido há alguns anos atrás.

— Fica quieto, nerd. O negócio parece sério!

Isabelle tentou se defender:

— Você acha que sou um monstro? Somos amigos há 15 anos! Eu jamais prejudicaria você!

— Mas, prejudicou!

— Eu contei para a Petra do seu autismo para que ela pudesse te entender e assim ser uma boa namorada.

— Ela não quer mais ser a minha namorada, porque sou autista!

Rick começou a bater o braço na parede, de forma repetitiva e Freddie teve que contê-lo. Sam fez um chá calmante para Rick, ligando para avó dele na sequência.

A avó de Rick chegou preocupada e logo levou o neto. Isabelle estava desolada no quarto.

Na manhã seguinte, Isabelle ficou a espreita de Petra. Viu a menina entrar no banheiro e aproveitou a chance.

O banheiro estava vazio e Isabelle entrou, trancando a porta atrás de si. Pegou Petra pelo pescoço, por trás, sem tempo para a reação da menina:

— Por que magoou o Rick?

— Eu não magooei!

A loira jogou Petra contra a parede, ainda a imobilizando pelo pescoço, agora de frente para ela:

— Disse que não queria nada com ele, porque ele é autista! Ele teve um surto ontem lá em casa! Pra quê ser tão cruel? Não poderia, pelo menos, ser amiga dele.

— Você vai me matar desse jeito, está me sufocando – choramingou Petra, tossindo em seguida.

Isabelle jogou Petra na parede oposta, com força. A menina soltou um gemido, enquanto batia com as costas na parede.

— Se você machuca o meu amigo, eu te machuco mais. Eu protejo o Rick desde sempre!

— Eu juro que não fiz por mal. Eu gosto do Rick, quero ser a namorada dele. Mas, você disse que a paixão dele por mim estava piorando o quadro clínico dele. Não quero que ele sofra por minha causa.

— Mas, ele está sofrendo agora!

— O que quer que eu faça?

— Vá conversar com ele direito. Não suma da vida dele como se ele fosse uma aberração!

— Eu vou fazer isso. Mas, preciso ir à enfermaria antes.

— Se contar que eu te bati, a próxima surra vai ser maior. Entendido?

— Sim, senhora – respondeu Petra, levantando-se apressada, destrancando o banheiro e saindo correndo.

Mais tarde, Rick aproximou-se de Isabelle, na cantina:

— Belinha, eu preciso te pedir desculpas.

— Ah, precisa? – indagou ela, com ironia.

— A Petra me explicou tudo. Não foi sua culpa.

— Você acredita mais naquela vaca que em mim.

— Belinha, sei que você tem motivos para estar com raiva dela. Mas, vou te pedir para não chamar mais a minha namorada de vaca.

— Namorada? – perguntou Isabelle, surpresa.

— Sim! E devo isso a você! Muito obrigado, mesmo – abraçando a amiga, o que a surpreendeu.

O tempo passou e chegou a semana do aniversário de 17 anos de Isabelle. Richard chamou a amiga para conversar na casa da avó. A menina estranhou, já que Rick nunca levava os amigos lá.

O menino foi direto ao ponto, depois de verificar que a avó não estava por perto, fechando a porta do quarto:

— Eu ainda não tive coragem de beijar a Petra. Eu acho ela linda e tenho muita vontade, mas tenho medo. Seu aniversário será uma boa oportunidade.

— Você já beijou, não será a primeira vez.

— Eu sei. Mas, fico muito inseguro com ela.

— É normal, você está apaixonado.

— Além disso, faz muito tempo que não beijo, desde Aruba.

— Nossa! Tem quase dois anos que não beija?!

— Você sabe que não é tão simples para mim estabelecer relações.

— Sei sim. Na verdade, não ta fácil para mim, também. Ando em greve de beijos – contou ela, rindo para não chorar.

— Por que?

— Tô fechada para balanço, tentando me reestruturar emocionalmente. Um amor não cura o outro. Antes, temos que estar bem conosco.

— É bonito isso que falou.

— Bonito e real. Mas, como posso te ajudar?

— Como devo abordar a Petra para beijar? Devo esperar o momento certo? Beijo só os lábios ou com a língua. Como devo usar a língua?

— É difícil dizer como você deve usar a língua. Mas, se vocês dois estão apaixonados, o beijo vai acabar fluindo naturalmente. Eu aprendi nesses tempos que o amor é o melhor tempero para o beijo.

— Belinha, você pode me dar um beijo?

— Claro – falou Isabelle, beijando a bochecha de Rick.

— Não, um beijo na boca, de língua.

— O que? – surpreendeu-se a loira.

— Não seria a primeira vez. É questão de vida ou morte. Não posso beijar a Petra depois de ter passado tanto tempo sem beijar. Se meu beijo for ruim, ela não vai mais querer saber de mim como você não quis mais saber do Willian.

— Eu não gostei do beijo do Willian, porque não gosto dele. A Petra gosta de você, então vai gostar do seu beijo de todo jeito.

— Não me sinto seguro. Por favor, Belinha. O que custa? Já nos beijamos várias vezes...

— Está bem. Vamos nos beijar. Mas, isso não muda nada entre nós. Somos amigos, certo?

— Certo. Eu entendo isso. Estou apaixonado pela Petra, lembra?

— Então... vamos lá.

Isabelle se aproximou de Rick e os dois se beijaram. A menina saboreou os lábios do amigo e na sequência as línguas se tocaram no mesmo ritmo e com delicadeza. Não durou muito, mas o suficiente para Isabelle perceber que ainda gostava de beijos e questionar se ainda gostava de Rick.

Rick sorriu, contente:

— Acho que ainda sei! Foi bom, né?

— Sim, Rick. Foi muito bom – elogiou Isabelle, com sinceridade.

— Viva! Agora to preparado para beijar a Petra! Belinha, você é a melhor amiga do mundo! – abraçando-a.

A porta se abriu, era a avó de Rick:

— Não quero pouca vergonha aqui dentro. Já falei que com menina aqui, a porta fica aberta!

— Vovó, eu e Belinha somos melhores amigos, quase irmãos! Eu namoro a Petra, lembra?

— Esse negócio de amizade entre homem e mulher já deu muito problema desde a minha época. Porta aberta! – determinou a senhora, saindo.

Chegou o dia do aniversário de Isabelle. Ela não se sentia tão feliz quanto nos anos anteriores. Cris a havia magoado e agora sentia ressurgir algo por Rick, que não sabia explicar, sabendo, apenas, que ele já estava comprometido. Além disso, dali um ano estaria indo embora de casa, entrando na faculdade e deixando família e amigos para trás. O tempo estava passando mais rápido do que ela gostaria.

Freddie chamou a filha. Estava na hora de irem para o Gibby’s, onde seria feito o jantar dançante em comemoração ao aniversário da garota.

No elevador, Isabelle pensava: O tempo estava passando, a vida estava passando, até a adolescência estava passando, mas a confusão de seus sentimentos pareciam não querer passar.


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