Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 23
Preconceito




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Chegou o dia do primeiro ensaio para a peça do Colégio. Isabelle e Willian foram oficialmente apresentados pela professora de literatura, que concluiu, dizendo:

— Agora que já se conhecem, espero que se tornem mais próximos, que façam ensaios fora do Colégio também. Assim, com mais intimidade fora de cena, vão melhorar o desempenho em cena. Já deu para perceber que têm química, agora só falta o entrosamento.

Isabelle e Willian trocaram um olhar tímido.

O ensaio correu bem com Isabelle, Willian e os demais personagens seguindo o roteiro. Na hora em que Bela Adormecida precisava ser acordada com o beijo do príncipe, a professora interrompeu:

— Não precisam fazer isso agora. Deixem para ficar sem graça no dia da peça – rindo.

Na saída do teatro, Willian chamou Isabelle:

— Espere! Eu quero anotar seu número.

A menina ficou sem reação e ele explicou:

— A professora sugeriu que a gente ensaiasse fora do Colégio. Então, seria bom ter o seu contato.

— Ah, claro! Vou te passar...

Na hora do lanche no Colégio, Isabelle não parava de falar para Alison:

— Aí ele pediu meu telefone... Será que ele vai ligar?... Eu fiquei com uma cara de idiota! Nunca me senti tão besta na frente de um garoto! Sempre achei os garotos bestas. Ele é mais velho e eu nunca tinha falado com ele antes. De repente, vamos ensaiar juntos e no dia da peça ele vai me beijar...

— Ele não vai te beijar! Quando muito, será um selinho. Não sei para que ficar assim por nada – falou Alison, de mau humor.

— Credo! Precisa ser grossa desse jeito! O que eu te fiz?

— Foi mal. Desculpa, Belinha. Fui estúpida mesmo. Tô nervosa com umas paradas aí.

— Que paradas? Com o Greg?

— Mais ou menos. Não to a fim de falar disso agora. O sinal já vai bater, temos que voltar para aula.

— Conversamos sobre isso no restaurante da minha mãe mais tarde?

— Tenho que ir pra casa, não tô legal.

— Então, vou almoçar na sua casa.

— Como você é folgada!

— Somos amigas há uma década, não preciso pedir. Eu me convido mesmo! – rindo.

— Então, o que posso dizer? – rindo – Só não repara na comida da empregada, que nem chega aos pés daquela da sua mãe.

— Eu faço um sacrifício.

O sinal bateu e as duas meninas subiram. Nas escadas, Isabelle viu Willian, subindo também. Ele olhou para a garota e sorriu, cumprimentando-a.

— Você viu isso, Ali? Ele sorriu pra mim!

— Sinal que tem educação, afinal, são colegas de cena.

Mais tarde, na casa de Alison, logo após o almoço, as duas meninas foram conversar no quarto desta.

— O que você tem, amiga? Eu te conheço – começou Isabelle.

— É o Greg...

— Ele te traiu? Te magoou? Transou com você e depois sumiu? Tem outra namorada? Quer que eu quebre a cara dele? Faz tempo que não bato em ninguém, to até com saudade!

— Não vai ser dessa vez que terás a oportunidade de descontar seus nervos em alguém, Belinha – rindo – O Greg não fez nada, mas acho que a mãe dele não gosta de mim.

— Por que alguém não gostaria de você? Você é linda, inteligente e muito gente boa! A nora perfeita!

— Belinha, eu... eu... Sou negra!

— Mulata, mas é daí?

— Você se lembra que o Greg fez bulliyng comigo quando éramos pequenos, dizendo coisas ofensivas por causa da cor da minha pele?

— Claro que me lembro. Dei uma bela lição nele! E assim, surgiu a nossa amizade.

— Ele deveria estar influenciado pela mãe.

— Por que acha isso?

— Crianças não nascem com preconceito, isso é incutido pelos pais. Além disso, eu senti o jeito como a mãe dele me tratou no jantar em família.

— Você finalmente foi conhecer a família do Greg?

— Fui e antes não tivesse ido. Fui porque insisti. Ele parecia não querer me levar e agora entendo o porquê.

— Será que não foi só impressão sua?

— A mãe dele desfez do meu cabelo! Falou que talvez um bom cabeleireiro pudesse dar um jeito, embora cabelo afro fique duro de todo jeito – tentando conter as lágrimas – Disse que namoricos de adolescentes não levam a nada, que quando ele for para a faculdade, encontrará alguém do mesmo nível dele. Belinha, não sou pobre, pelo contrário, então ela só poderia estar se referindo à minha cor. Ela quer uma moça branca para o filho.

Isabelle abraçou Alison e ela não mais conteve as lágrimas, no ombro da amiga.

— Eu sinto tanto, Ali! Isso é horrível.

— Ela me olhou dos pés à cabeça durante todo o jantar com desdém. Doeu tanto!

— Mas, e o pai dele?

— Me tratou normalmente.

— Taí! Conquiste o sogro e terás um aliado!

— Não vai adiantar nada. Os pais dele são separados. Ele e o irmão moram com a mãe e ele só vê o pai uma vez por mês, porque o pai dele é representante comercial e viaja muito.

— E o irmão dele gostou de você?

— Ele tem 7 anos!

— É complicado... Mas, se o Greg te ama, não vai ser a opinião da mãe dele que vai separar vocês.

— O Greg tem medo da mãe dele. Ela é possessiva e controladora.

— Mas, mesmo assim, ele te levou para jantar na casa dela. Isso é bom sinal! Ele arriscou deixá-la descontente, mesmo conhecendo a mãe e pressupondo suas reações só para te agradar. Ele te ama!

— É, acho que você tem razão. Mas, de qualquer forma, vou ser mais cautelosa com esse namoro. Não me sinto pronta para dar um passo adiante. Vai que eu comece a transar com o Greg e engravide... A mãe dele rejeitaria esse neto e expulsaria o Greg de casa se ele quisesse reconhecer o filho. Mesmo com camisinha e tomando pílula, não existe método 100% seguro.

— Isso é verdade.

— Muito obrigada pela força, amiga! Eu estava mesmo precisando desabafar.

— Conte comigo pro que precisar, pra isso servem as melhores amigas.

— Falando nisso... Eu quero te dar um conselho... Não me entenda mal...

— De boa. Pode falar.

— Não se empolga tanto com o Willian. Ele tem quase 18 anos, já está terminando o Colégio, irá para faculdade no ano que vem. Além disso, é Capitão do time de futebol e todas as garotas babam por ele. Já ouvi falar que é galinha e que nunca teve um namoro sério.

— Não te entendo, Ali. Primeiro você me estimula a conhecê-lo e depois diz para eu não me empolgar.

— Quando eu te falei aquilo na cantina, queria te animar, você estava deprê por causa do Cris. Além disso, eu ainda não sabia da fama dele de pegador. Quando percebi seu interesse por ele, fui me informar. Mas, se você quiser dar uns beijinhos, eu apoio. Apenas, tome cuidado, não permita muitos avanços dele. Fique com ele só para curtir mesmo, porque essa é a vibe dele e você está precisando se divertir um pouco. Só não se permita ser usada.

— Você tem razão.

Isabelle saiu da casa de Alison e tomou o ônibus rumo ao Gibby’s, pronta para o trabalho vespertino. Estava sentada, olhando pela janela, com muitos pensamentos na cabeça, quando o celular apitou. Era mensagem do Willian:

“Ensaio no final de semana, lá em casa?”

Ela se lembrou do conselho de Ali e logo imaginou que ensaio na casa dele era uma sugestão velada para fazerem sexo. Então respondeu:

“Não posso, tenho compromisso. Podemos ensaiar amanhã no Colégio, depois da aula, se você quiser”.

Ele respondeu:

“Pode ser, onde você achar melhor”.

No dia seguinte, Isabelle dirigiu-se ao teatro, conforme o combinado. O lugar estava deserto e escuro, o que lhe deu calafrios. De repente, as luzes se ascenderam e ela viu Willian, sorridente. Ele disse:

— Esse teatro às escuras também me dá medo.

— Não estou com medo – mentiu ela.

— Claro que não. Eu estou e pensei que você também estivesse. Vamos começar?

— Só nós dois? Cadê o restante do elenco?

— Somos os principais, temos mais falas e falas maiores, precisamos ensaiar mais do que o resto, por isso a sugestão da professora e por isso estamos aqui.

— Só por isso mesmo?

— É claro! Por que mais seria?

— Por nada. Vamos começar?

— Vamos lá!

Os dois subiram no palco e começaram a bater o texto, marcando seus lugares para o dia da apresentação.

O ensaio ocorreu sem incidentes e sem qualquer investida por parte de Willian. O garoto despediu-se da menina com um simples aceno e foi embora, dizendo que mandaria mensagem para combinarem o próximo ensaio antes da apresentação.

Isabelle ficou confusa. Pegou sua bolsa, guardou o texto e saiu em seguida, esbarrando com Cris na porta.

— Só podia ser você! Nunca olha pra onde anda! Perdeu a sua namorada por aí? – indagou Isabelle, com ironia.

— Primeiramente, apesar da sua grosseria, peço desculpas. Em segundo lugar, não tenho namorada. Mas, sim, estava procurando alguém...

— Quem?

— Não te interessa. Até mais.

Cris saiu com um sorriso irônico, deixando Isabelle furiosa para trás.

O dia da apresentação chegou e Isabelle estava nervosa. Sam, Carly e Alison ajudavam-na com a fantasia e maquiagem.

— Apesar de ser uma princesa boboca de contos de fadas, você é a princesa boboca mais linda que já vi! – elogiou Sam, quando viu a filha pronta.

— Valeu, mãe.

— Tá ainda mais bonita que a princesa dos contos de fadas – elogiou a madrinha.

— É rosa demais pro meu gosto, mas tá gata, amiga – elogiou Alison.

Isabelle e Willian trocaram um olhar rápido enquanto se posicionavam no palco, com as cortinas ainda fechadas.

Na platéia, Sam, Freddie, Eddie, Nick, Alison, Cris, Rick, Carly e Gibby aguardavam ansiosos.

As cortinas começaram a se abrir, Isabelle suava frio. O espetáculo estava começando.


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