Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
Os dias foram passando e assim as semanas. Aos poucos, a dor da decepção de Isabelle parecia diminuir. Mas, ela não conseguia mais ver Cris com os mesmos olhos. Ainda estudavam juntos, eram vizinhos, filhos de melhores amigos e apresentadores do ICarly, porém, a proximidade física não compensava o enorme afastamento emocional.
Todos podiam perceber que Isabelle e Cris tratavam-se, quando muito, como conhecidos. Cumprimentavam-se, faziam o que tinham que fazer juntos, como reuniões do ICarly para fechar roteiros, sentavam-se na mesma mesa para refeições, mas pouco se falavam.
Sam tentou assuntar com a filha o que se passara:
— Belinha, é impressão minha ou você e o Cris andam afastados?
— Ele tem as coisas dele e eu tenho as minhas. Estamos crescendo. Não precisamos mais viver grudados como quando éramos crianças.
— Vocês viviam grudados até ontem, quando já eram adolescentes! O que aconteceu?
— Tá todo mundo namorando menos eu! Satisfeita?
— Eu sei que você anda chateada por causa do namoro da Alison. Mas, o Cris também está namorando? E o Rick?
— O Rick foi para Los Angeles passar o final de semana com os pais.
— Agora entendo porque está tão pra baixo. Não podia ser só por causa do namoro da melhor amiga.
— Como você pode ver, todos me abandonaram. Hoje é sábado à noite e não tenho com quem sair. Ninguém me ama, ninguém me quer.
— Belinha, você é uma moça linda e inteligente! Qualquer garoto adoraria sair com você num sábado à noite. Por que não procura seus contatos em vez de ficar aí na fossa?
— Não sou a garota dos contatinhos.
— Claro que não é! Passou a vida bitolada em Cris e Rick. Como se só existissem esses dois garotos no mundo! Você ainda é tão jovem. Por que não tenta conhecer outros garotos?
— Conheço muitos garotos... todos idiotas!
— Você conhece superficialmente. Vive enturmada com o pessoal do ICarly e não se dá a chance de conhecer melhor seus colegas de colégio.
— Você conheceu melhor seus colegas de colégio? Parece-me que seus únicos amigos sempre foram a dinda, o tio Gibby e o meu pai.
— Meus colegas de colégio tinham medo de mim. Na verdade, até o Gibby e seu pai tinham medo de mim. Eu era um pouco intimidadora. Mas, mesmo assim, fiquei com alguns garotos antes de namorar seu pai.
— E foi bom?
— Não foi ruim. A experiência sempre vale a pena. Você melhora sua técnica de beijo e avalia melhor seus sentimentos.
— Como assim?
— Quando eu era adolescente e beijava seu pai, era diferente. Eu só podia saber que era especial, porque já tinha experimentado outros beijos.
Freddie entrava no quarto no momento e ouviu a fala de Sam, dizendo:
— Quer dizer que o meu beijo é o melhor que já experimentou?!
— Não foi isso que eu disse. Nerd metido! Você ouviu a conversa pela metade e fica tirando conclusões.
— Quando vai admitir que eu sou o amor da sua vida e que adora meus beijos?
— Eu já admiti isso faz tempo, bebê – abraçando o marido.
— Eu admito o tempo todo que você é o amor da minha vida e que não há beijo mais delicioso que o seu.
Os dois começaram a se beijar e Isabelle se manifestou:
— Vão fazer isso fora daqui!
Sam e Freddie riram e saíram, abraçados.
Isabelle ficou pensando se um dia teria a sorte de viver um amor como o de seus pais. Decidiu colocar os fones de ouvido para ouvir músicas clássicas, a fim de induzir o sono. Dormir seria o melhor remédio naquele momento.
Enquanto isso, Cris olhava fotos de Isabelle nas redes sociais. Imaginava quem seria esse rapaz especial que mereceu a entrega dela de corpo e alma. Chegou a imaginar que fosse Rick, mas numa conversa de meninos, este confessou que ainda era virgem.
Cris continuava saindo com Monica, mas não tinha a menor vontade de assumir compromisso. Ela também não parecia fazer questão. Tivera a sua primeira vez com ela, a segunda e a terceira também. Ela o estava introduzindo num mundo desconhecido. Era prazeroso, mas não o preenchia por dentro.
No sábado da semana seguinte, Isabelle ficou muito contente ao receber uma mensagem de Alison convidando-a para cinema e lanche no shopping. Desde que ela havia começado a namorar Greg, nunca mais haviam tido esses momentos de meninas.
Isabelle saiu do cinema toda contente, comentando com Alison as cenas hilárias da comédia que foram assistir. Seguiram para a Praça de Alimentação, onde comeram hambúrgueres e tomaram refrigerantes. Depois do lanche, Alison introduziu o assunto:
— Belinha, eu te fiz esse convite porque estava precisando conversar. É um assunto delicado e só consigo falar isso com você, a minha melhor amiga.
— Do que se trata?
— É sobre o Greg...
— Claro! Sobre o Greg! Ilusão a minha achar que você tinha me convidado por estar com saudade de mim. Você nem lembra mais que sou sua melhor amiga. Só me procura quando precisa de mim. Largou-me sozinha! Mesmo sabendo que eu estava mal com a história do Cris.
— Belinha, sem drama. Quando você teve aquele namoro relâmpago com o Cris esqueceu-se totalmente de mim, mal respondia as minhas mensagens. Eu tenho passado menos tempo com você, porque estou namorando. Mas, nunca te abandonei. Será que você pode deixar de ser criança e me ouvir um minuto?
— Você está me chamando de criança?! Não sou obrigada! Eu vou embora! – pegando a bolsa e se levantando.
Isabelle chegou em casa e ficou com peso na consciência. Pediu a Freddie para levá-la à casa de Alison.
Mais tarde, Alison olhava séria para Isabelle sentada na sua cama.
— O que quer, Belinha?
— Primeiro, pedir desculpa. Depois, dizer que você tem razão, eu tenho agido de forma imatura. Estou sofrendo e não sei como lidar. Finalmente, quero escutar o que tinha a me dizer e tentar ajudar, como toda boa melhor amiga deve fazer.
Alison foi direto ao ponto:
— O Greg quer transar!
— E você quer?
— Eu não sei! Esse é o problema! Não sei se estou preparada...
— E como posso ajudar? Também sou virgem!
— Não sei... eu precisava compartilhar isso com alguém.
— Por que não fala com a sua mãe?
— Ela me mata se souber que estou pensando nisso. Ela me diz que devo me casar virgem!
— É... daí complica!
— Eu acho que esse é um momento muito importante na vida de uma garota. Tem que ser especial. Para ser especial, eu tenho que estar pronta, segura do que quero e completamente apaixonada.
— Você sempre pareceu muito apaixonada pelo Greg.
— E sou! Mas, sinto-me insegura! E se ele me achar uma boba?
— Ele é experiente?
— Não sei. Não tive coragem de perguntar.
— Eu acho que, primeiramente, você tem que ter coragem de ter um diálogo aberto com seu namorado antes de abrir outras coisas pra ele.
— Palhaça! – falou Alison, empurrando Isabelle, como brincadeira.
— Falando sério. Eu acho que você tem que ter uma conversa franca com ele, quando ele voltar a te fazer a proposta de transar. Dizer para ele que você é virgem e que se sente insegura. Perguntar das experiências dele. E o mais importante, deixar claro que quer ser respeitada enquanto não se sentir pronta.
— Você tem razão.
— Amiga, não se obrigue a nada para agradar o seu namorado. Se ele gosta de você, ele vai respeitar o seu tempo. Minha mãe sempre me ensinou isso. Ela diz que quando o homem gosta, respeita.
— Minha mãe também já disse isso.
— Viu só?
— Obrigada, Belinha. É muito bom poder dividir isso com você.
As duas se abraçaram.
Na semana seguinte, a professora de literatura informou à turma que iria montar uma peça de teatro para ser apresentada aos outros alunos e aos pais.
A peça a ser encenada seria “A Bela Adormecida” e para desgosto de Isabelle, a professora a escolheu para o papel principal.
Durante o lanche, Alison parabenizou a amiga, que não demonstrou animação.
— Você sempre gostou de papéis de destaque. Qual o problema, Belinha?
— Não to numa fase boa para ser o centro das atenções. Na verdade, eu só queria sumir.
— Amiga, todos passam por fases difíceis na vida.
— Nunca imaginei que eu estaria tão ferrada aos 16 anos.
— Ainda bem que você só tem 16 anos. Tem muita vida pela frente! Essa fase não é nada!
— Obrigada pelo discurso de livro de autoajuda. Já li alguns... só pra ver como estou mal. Peguei os da minha avó.
— Se eu fosse você, estaria nas nuvens, sabendo que iria ser beijada por Willian Sulivan!
— Quem é esse?
— Seu par romântico!
— Ah tá! Nem conheço esse garoto, é de outra turma.
— Dá só uma olhadinha para o menino que acaba de entrar no refeitório.
Isabelle olhou para o garoto e soltou: “Uau!”.
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