Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira


Capítulo 21
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Vi uma menina no site "spiritfanfics" dizendo-se autora de "Seddie, a história continua". A informação não é verídica.



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A fofoca de Mabel destruiu o “mundo” de Cris. Naquela noite, o sono não vinha, no lugar deste, vinham pensamentos confusos, misturados com planos que fizera e lembranças dele e de Isabelle. Sempre imaginou que ele e ela teriam a primeira vez juntos e que seria lindo, ambos descobrindo os encantos do amor carnal nos braços um do outro, levando para o físico aquilo que há muito tempo já existia em seus corações e, assim, descobrir-se-iam homem e mulher no amor.

Mas, agora, tudo isso tinha ido por água abaixo! Os sonhos de Cris, na cabeça dele, não passaram de ilusão. Estava decidido a acordar e crescer!

Na manhã seguinte, Mabel despediu-se de todos e voltou para o colégio interno na Suíça, na companhia de Melanie, que veio lhe buscar.

Durante o café da manhã, Freddie disse à filha:

— Belinha, você tem se comportado muito bem ultimamente. Pensei em lhe dar uma recompensa...

— Já falei que não devemos recompensar Isabelle por fazer a sua obrigação – interveio Sam.

— Não é bem uma recompensa, é um estímulo positivo.

— Não precisa se preocupar com isso, pai. A mamãe tem razão, não devo ser recompensada por fazer a minha obrigação – falou Isabelle.

— Sua fala só demonstra o quanto está amadurecendo e o quanto merece esse estímulo! Por isso, decidi usar o dinheiro que estava guardando para pagar a franquia do seguro do meu carro para pagar uma viagem pra você!

— E como vai pagar o seguro para consertar seu carro? – perguntou a menina.

— Não vou pagar! Vou mandar meu carro para o ferro velho! Minha filha madura e responsável em primeiro lugar!

— Eu não posso aceitar isso, pai.

— Por que não?

— Não sou tão merecedora quanto o senhor pensa e o senhor não pode ficar sem carro, precisa dele para trabalhar.

— Está decidido! Só algo realmente grave a seu respeito me faria mudar de idéia.

Isabelle sentiu todo o peso da culpa recair sobre si com o discurso do pai, dizendo:

— Eu tirei B em matemática.

— Ainda é uma ótima nota – elogiou Freddie.

— Eu dei troco a mais no restaurante para um cliente, ando realmente ruim em matemática.

— O quê? – manifestou-se Sam.

— Acontece nas melhores famílias. Não fez de propósito – disse Freddie.

— Eu beijei o Cris e o Rick, na boca, algumas vezes – a menina tinha certeza que essa confissão tiraria Freddie do sério.

O moreno sentiu o sangue subir às suas faces, mas controlou-se:

— Você é adolescente, é normal. Também já tive a sua idade.

— Eu bati o seu carro! – soltou Isabelle.

Freddie e Sam não pareciam surpresos, para a surpresa de Isabelle.

— Não vão dizer nada? – perguntou a menina.

— Testamos sua boa-fé – expôs Sam.

— A polícia teve acesso às câmeras da rua seguinte àquela na qual o meu carro foi encontrado batido – contou Freddie.

— E advinhe só, você e o Cris aparecem nas imagens, no meio da madrugada, pouco depois da vizinhança chamar a polícia para informar a batida de um carro – completou Sam.

— Eu e o Cris vamos pro reformatório?

— Deveriam ir, mas, já estive lá e sei que é um lugar no qual ninguém sai melhor. Posso te dar uma lição melhor do que qualquer oficial de condicional – explicou Sam.

— Eu não prestei queixa – informou Freddie.

— Qual vai ser o meu castigo? – perguntou Isabelle para Sam.

— Eu imaginei coisas terríveis. Mas, conversando com a Carly, achei melhor aceitar a sugestão dela. É um castigo muito educativo para você e para o Cris.

— Além disso, não vai tirar a carteira de motorista tão cedo, mocinha! – completou Freddie.

— Justo – concordou a loirinha.

Poucos dias depois, Cris e Isabelle estavam no curso de soldados mirins da polícia militar a fim de aprender sobre segurança no trânsito. A primeira aula foi bastante impactante, mostrando cenas de acidentes graves de trânsito. Numa das fotos, um homem aparecia com metade do cérebro para fora e a cabeça aberta. Havia uma seleção de fotos e vídeos de acidentes causados por adolescentes bêbados ou sem habilitação, todos muitos graves e alguns com vítimas fatais.

Durante o intervalo, Isabelle puxou assunto com Cris, enquanto comiam salgados de lanche na cantina do quartel:

— Meu estômago é mesmo muito bom, consigo até comer empanado de frango desfiado sem imaginar que são as tripas daquelas vítimas de acidentes – rindo.

— Obrigado por estragar meu lanche – disse Cris, irritado, jogando o salgado na lixeira, com força.

— Foi só uma brincadeira, Cris. Não era para tanto.

— A vida para você é uma brincadeira.

— Como assim?

— Você brinca com a vida, com os sentimentos dos outros. Não leva nada a sério.

— O que quer dizer? Que brinco com os seus sentimentos? Por que? Somos bons amigos!

— Você tem toda razão, Belinha! Quando muito, amigos! Nada mais! Vamos voltar para aula.

Nos dias seguintes, Cris manteve uma relação fria e distante com Isabelle, deprimindo a garota gradativamente. Ela pensou que ele a culpava pelo castigo e chegou a se desculpar por isso, mas ele não deu importância.

Nas semanas seguintes, Isabelle conversava com Rick e Alison no corredor do colégio quando não acreditou no que seus olhos viam:

— Aquele é o Cris com aquela... aquela...

— Aquela é a maior gostosa do colégio – completou Rick.

— A mais desavergonhada, você quer dizer – expôs Alison.

O choque de Isabelle aumentou quando viu Cris abraçar Monica pelos ombros e dar-lhe um beijo nos lábios.

— Cris tá pegando a corrimão de quartel! – surpreendeu-se Alison.

— Certo tá ele. Ela é muito experiente! – falou Rick.

Alison deu um soco no braço de Rick a fim de que calasse a boca.

Isabelle já não conseguia conter as lágrimas, correu para o banheiro. Alison foi atrás, mas a menina havia se trancado no banheiro.

— Belinha, sai daí. Vamos conversar! – pediu Alison para Isabelle, batendo na porta – Você vai perder a próxima aula desse jeito.

A loira não se importava com mais nada, só queria um lugar reservado para chorar.

Quando chegou em casa depois das aulas, correu para o seu quarto e trancou a porta. Apenas Eddie e Nick estavam em casa, tendo a sorte de não ter encontrado com a avó Marissa, que saiu rapidamente por ter um compromisso com Charles.

A menina olhava-se no espelho. Sempre se sentiu uma menina bonita, mas esse era o problema: apenas uma menina! Percebia as mudanças no seu corpo, mas, por dentro, ainda não se sentia como uma mulher feita tal como Monica.

Doía-lhe pensar que Cris queria uma mulher e não uma menina como ela. Sentia-se boba! Chegou a sentir inveja de Monica, a desejar ser como ela, mais segura e mais experiente. Mas, ainda sonhava com a primeira vez perfeita. Mesmo que nunca quisesse admitir, bem no seu íntimo, pensava que seria com Cris.

Sabia que Monica não ficava com qualquer garoto sem acabar na cama. Cris havia estragado todos os planos românticos que fizera para ambos quando estivesse preparada. Mas, no auge dos seus 16 anos, não se sentia preparada e isso nunca havia sido um problema até então.

Naquele dia, algo quebrou-se dentro de Isabelle.


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