Começar de novo escrita por UchihaHime Chan


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Yoo, minna!
Gostaria mesmo de me desculpar pela demora do capítulo, aqui teremos a volta da Sakura ao colégio.
Espero que gostem, boa leitura!



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Voltar tão cedo para a escola tinha parecido uma ótima ideia alguns dias antes, mas, andando pelo meu quarto na manhã da segunda-feira, eu estava apavorada. Os anuários continuavam fechados em cima da minha escrivaninha e, apesar de recomendações para que eu voltasse a me familiarizar com

os nomes e as caras dos meus colegas, perdi um bocado de tempo tentando acessar minhas contas de e-mail e Facebook.

Não tive muita sorte. Os dois sites alegavam ter havido muitas tentativas fracassadas de registro e eu não soube responder nenhuma das perguntas pessoais para recuperar meus dados. Seria possível que outra pessoa tivesse tentado acessar as contas? Provavelmente enquanto estive desaparecida. Fazia sentido. Naruto apareceu no meu quarto e me entregou uma folha impressa com os horários das minhas aulas. Agradecida, eu disse obrigada.

– Vai usar isso aí?

Confusa, olhei para baixo. Eu vestia calças jeans e um cardigã cinza por cima da blusa.

– O que tem de errado?

– Nada. Ele arqueou as sobrancelhas - É que você geralmente se veste como se fosse a um desfile de moda, e não à escola. Bem, nem sempre. Quer dizer, antes da Karin, você se vestia como agora, mas,depois dela, não mais.

– Ah.

Nada à vontade, olhei para o closet. De acordo com Sasori, Karin fazia tudo que eu fazia, mas às vezes parecia ser o contrário.

– É melhor eu mudar de roupa?

– Que nada. Vamos. A gente vai chegar tarde se não correr.

Peguei minha bolsa-carteiro e segui meu irmão pela casa toda até a garagem. O Bentley não estava lá, mas havia um Porsche vermelho e um Audi mais ou menos novo estacionado ao lado da vaga livre.

– Mamãe me pediu para falar que você vai ver a orientadora educacional na aula introdutória –Naruto falou, parando em frente ao Audi. Ele abriu a porta de trás, jogando a mochila lá dentro. – Acho que ela mencionou algo sobre você ver a fulana três vezes por semana.

– O quê? — Perguntei boquiaberta.

Ele fez uma careta.

– É. Ao chegar lá, vá para a diretoria.

Eu me sentei no banco do carona, apertando minha bolsa junto ao peito.

–Sério? Todo mundo já vai ficar me olhando como se eu fosse uma aberração. E agora tenho que falar com uma terapeuta?

– Não acho que ela seja uma terapeuta de verdade, Saky. Ele apertou um botão no quebra-sol. Um segundo depois, a porta da garagem gemeu, matraqueou e se abriu. A luz intensa do sol entrou pelas janelas do carro.

– E antes você sempre gostava quando as pessoas não paravam de olhar para você. Por bons ou maus motivos.

– Bom. Não sou a mesma pessoa — retruquei.

– É, percebe-se — ele disse, olhando de relance para mim.

Suspirei e fiquei olhando para a frente enquanto ele saia de ré.

– Eu não tenho um carro?

Naruto riu ao esterçar o volante.

– Tinha. E era um belo carro, mas você acabou com ele.

– Acabei?

Ele fez que sim, descendo devagar nossa extensa entrada de automóveis.

Você e a Karin ficaram bêbadas uma noite dessas. Meteram o carro numa árvore e nosso pai teve de mexer todos os pauzinhos para que a polícia registrasse a coisa como um acidente causado pelas condições da via. Ele ficou fulo por um tempo.

Meu queixo caiu. Foram vários segundos até eu consegui pensar em alguma coisa para dizer.

– Acho que não quero saber mais nada a meu respeito.

Mais um olhar estranho para mim, aí ele balançou a cabeça.

– É tão esquisito.

Eu não disse nada até perceber que ele diminuiu a velocidade pouco antes de chegar à entrada e parou no acostamento.

– Por que estamos parando?

– Sempre dou uma carona pro Sas. Ele tem moto, mas não querem que ele a use para ir à escola.

Sasuke de motocicleta? Sério, o que poderia ser mais sensual? Estiquei o pescoço e vi um sobrado de tijolinho à vista, a terceira casa. Uma moto coberta estava estacionada na pequena entrada de automóveis.

– Ele mora em nossa propriedade?

– Ele e o pai moram numa de nossas casas de hóspedes – Naruto explicou cravando os olhos azuis em mim. - O pai dele trabalha em troca de moradia e de qualquer merreca que nosso pai lhe ofereça. Coisa que você adorava não deixar o Sasuke esquecer.

Fiz careta.

– E a mãe dele?

– Morta. Câncer. Sem convênio médico. A merdíssima trindade da saúde americana.

Antes que eu conseguisse responder ao comentário, vi Sasuke cruzar rapidamente a entrada de automóveis, com uma mochila pendurada num dos ombros e uma bolsa esportiva no outro. Molhei os lábios, nervosa, ao vê-lo se aproximar do carro. Ele vestia calças jeans desbotadas e uma camisa de mangas curtas por cima de uma térmica branca. Os cabelos ainda estavam úmidos e alguns fios bagunçados da franja pendiam em sua testa.

Estava lindo... realmente lindo.

Ele parou diante da porta do carona e percebeu que eu já estava sentada ali, olhando para ele de boca aberta feito uma idiota Franzindo o cenho, ele contornou rapidamente a frente do carro e se sentou atrás de Naruto. Não olhou para mim.

– O que ela está fazendo aqui?

Nauro olhou de relance para o retrovisor.

– Cara, ela sempre ia com a Karin.

– Ah, sei - Seu olhar ultra límpido roçou meu rosto por um segundo e senti minha pele arder de uma maneira agradável e inebriante. Ele se acomodou e passou o braço por cima do encosto do banco traseiro, se espalhando com indolência e arrogância.

O carro já estava em movimento, e eu ainda fitava Sasuke. Seus olhos negros e insondáveis finalmente reencontraram os meus. Olhou para baixo e percebi que ele fitava meu colar. Um sorrisinho afetado repuxou-lhe os lábios.

– Que foi, Saky?

– Nada — falei atabalhoadamente.

Por que não conseguia tirar os olhos de cima dele? Era como se uma parte antiga de mim fosse atrevida, soubesse que estava diante de algo que lhe agradava e se recusasse a me deixar olhar para outra coisa.

Naruto limpou a garganta, mas não disse nada.

Um músculo começou a latejar na mandíbula de Sasuke.

– É cedo e não estou nada a fim de bater boca com você, portanto vamos logo ao que interessa? É,eu não tenho. Que chato. Eu não tive que deixar de pagar a prestação da casa para comprar minhas roupas e meu pai trabalha pro seu. Pronto, magoei.

Arregalei os olhos e corei ao mesmo tempo.

– Eu falava esse tipo de coisa?

Ele me lançou um olhar mordaz.

Sentindo-me a maior idiota de todos os tempos, eu me virei e fiquei olhando pelo vidro. Voltei a ficar de estômago revirado enquanto brincava com a alça da bolsa. Sentia uma queimação no fundo da garganta. Não conseguia me imaginar dizendo aquelas coisas para alguém, mas eu tinha feito isso.

Depois de vários minutos constrangedores. Naruto convenceu Sasuke a falar dos treinos de beisebol e eu fiquei na minha. Os dois pareceram me agradecer por isso. Paramos para tomar café, pois, pelo jeito, não estávamos tão atrasados assim e. a qualquer

momento, Naruto ia apagar atrás do volante e dar uma de Sakura. Sasuke pediu café preto, meu irmão se debruçou sobre o balcão para encher seu copo plástico com mais leite que café. E eu fiquei ali, com as mãos trêmulas junto ao corpo, fitando o cardápio. A mulher de meia-idade atrás do balcão suspirou alto.

Mordendo o lábio, li o cardápio inteiro três vezes. O café — ou meu pedido, pelo menos — devia ser algo simples, mas não era. Eu me senti... perdida.

– Ei — Sasuke falou atrás de mim. Aquecendo meu rosto com seu hálito, o que me fez dar um pulo.

— Tudo bem aí?

Sentindo o rosto queimar, fiz que sim.

Um homem atrás de mim suspirou e resmungou. Ouvi as palavras “idiota" e “rica” jogadas ao

vento. Fiquei ainda mais mortificada do que já estava.

Sasuke me tirou da fila, lançando um olhar de advertência tenebroso para o cara.

– O que vai querer? — Ele perguntou.

Olhei para a mão dele em volta da minha. Como é que um simples contato podia ser tão arrebatador? Provavelmente não era a melhor coisa para eu pensar naquele momento, dado que não conseguia pedir um café.

– Sakura - ele disse impaciente.

Erguendo o olhar, fiquei horrorizada ao perceber as lágrimas aflorando.

– Não sei o que pedir. - Minha voz falhou. - Não sei.... Do que gosto.

Ele entendeu, relaxou a mandíbula e acenou afirmativamente com a cabeça.

– Você geralmente pede com leite, sabor baunilha. - Ele fez uma pausa e deixou a mão cair. - Já vi você beber isso. Fique aqui. Eu vou lá pedir.

Esperei de lado enquanto ele fazia o pedido. As pessoas estavam olhando para mim. Senti-me uma criança, incapaz de dar conta de uma tarefa simples. Queria me enfiar num buraco. Na minha cabeça,não restava a menor dúvida de que ele me achava uma idiota.

Ele voltou com a bebida e destampou o copo.

– Cuidado. Está quente.

– Obrigada.

Envolvi o copo com as mãos, acolhendo com prazer o calor que atravessava sorrateiramente o anel de isolamento térmico.

Não disse mais nada o resto do caminho até a escola, mas assimilei a paisagem desconhecida. Uma série de colinas suaves, propriedades antigas e raras subdivisões bem no meio das placas que indicavam o caminho para o parque militar. A cidadezinha era antiga e, pelo jeito, viviam ali muitos herdeiros de velhas fortunas. Não reconheci nada ao botar os olhos na escola de ensino médio Gettysburg High. Era um prédio grande e de tijolos à vista que me lembrava vários dormitórios enfileirados, cercado por árvores e um extenso pavilhão.

Com o coração na garganta, segui os garotos e atravessamos o estacionamento. Uma flâmula branca e grená pairava sobre a entrada principal. SEDE DOS BATTLERS, dizia. Trazia também o

desenho de um coelhinho da Páscoa com cara de louco.

Os corredores ainda não estavam lotados, mas todo mundo parou ao me ver. Simplesmente paravam para olhar. Em questão de segundos, os cochichos começaram. Baixando a cabeça, deixei os cabelos tombarem e esconderam. Baixando a cabeça, deixei os cabelos tombarem e esconderem meu rosto, mas eu ainda os sentia: olhos cheios de curiosidade e fascinação mórbida.

Meu coração batia forte e apertei o copo de café. Não ia conseguir. Não com todo mundo olhando.Só ia piorar as coisas. Será que sabiam que eu não me lembrava de nada? Talvez minha mãe tivesse razão. Eu devia ter esperado. Naruto se colocou ao meu lado, todo empertigado, acompanhando meus passos. Arrisquei olhar para ele e vi que meu irmão lançava olhares fulminantes para todos. A garotada se virava na mesma hora, mas isso não impedia aquele pessoal de falar. Do meu outro lado, Sasuke vigiava calado. Eu não fazia ideia do que passava por sua cabeça. Estaria constrangido por ser visto comigo? Não poderia culpá-lo.

Eles me deixaram num saguão cercado por janelas de vidro. O sorriso da secretária rechonchuda se encheu de pena quando ela me mandou sentar numa das cadeiras desconfortáveis. Toda vez que eu olhava de relance por cima do ombro, parecia que o grupo de adolescentes que se juntava lá fora estava maior. Eu era um medonho acidente automobilístico, e todo mundo tinha de parar para ver.

Uma mulher bem vestida apareceu no corredor estreito e finalmente acabou com o meu tormento.

Ela ajeitou os óculos,

– Senhorita Haruno, está pronta?

Levantando-me, peguei a bolsa e segui a mulher até um escritório apertado. A primeira coisa que fiz ao me sentar foi procurar o nome dela. Tsunade Senjuu, uma orientadora especial.

Ela tirou os óculos, fechando-os e colocando-os de lado. A luz da luminária sobre a escrivaninha refletia em sua aliança de casamento, incrustada com diamantes.

– Como se sente, Sakura?

Pareceu-me uma pergunta absurdamente idiota.

– Bem.

– Admito que ficamos um tanto surpresos ao saber que você voltaria para cá tão cedo — a senhora

Senjuu disse, sorrindo. — Pensamos que você levaria algum tempo para... se recuperar de tudo o que aconteceu.

Apertei ainda mais o copo e, por mim, a coisa teria terminado ali.

–Sinto-me perfeitamente bem.

– Tenho certeza de que, fisicamente, sim. Mas, emocional e mentalmente, você passou por uma experiência terrível e traumática e, juntando isso à perda da memória, deve estar sendo bem difícil.

– Bom. Não tem sido fácil. - Ergui os e a peguei me examinando com toda a atenção. Suspirei. - Ok, está um saco. Não consegui nem pedir o café hoje de manhã, mas preciso voltar a fazer as coisas. Não posso me esconder em casa para sempre.

Ela inclinou a cabeça de lado.

– Quando o diretor me informou que você voltaria hoje, falei com um colega que trabalha com pessoas que sofrem de amnésia. Ele me disse que, realmente, o melhor a fazer é você se cercar de coisas familiares. Voltar para a escola não é má ideia. Mas, emocionalmente, pode ser que o preço a pagar seja muito alto.

– E se for, o que vai acontecer?

Ela sorriu sem mostrar os dentes e não desenvolveu o raciocínio, o que me deixou irritada.

– Não acredito que seu desempenho escolar será prejudicado. A amnésia dissociativa raramente afeta esse tipo de coisa, mas vamos monitorar seu progresso para ter certeza de que nosso programa curricular ainda é a melhor alternativa para você.

Rangi os dentes diante da ameaça que ficou por dizer. Se minhas notas fossem ruins, eu sairia da escola, ótimo. Nada de me pressionar ou algo do gênero, dado o meu frágil estado emocional.

– Conseguiu lembrar alguma coisa?

Ela se recostou e cruzou as pernas. Cogitei mentir, mas isso não ajudaria em nada.

– Às vezes penso ou sinto coisas que me parecem familiares, mas não fazem sentido.

Ela concordou com a cabeça e eu inspirei fundo.

–Á vezes vejo coisas, vislumbres, mas... também não fazem sentido.

Ela fez que sim.

– Suas lembranças podem voltar como imagens desconexas ou todas de uma vez. Basta alguma

coisa servir de gatilho para a memória.

A internet já tinha me dado essa informação. Pensei no bilhete, mas fiquei com medo de que ela contasse aos meus pais.

– Não me lembro de mais nada. É como se eu fosse uma, folha em branco. Quando encontrei minhas amigas, meu namorado. Eu não... senti nada por eles, como se não estivesse nem ai. - Eu me

senti mal ao dizer aquilo, mas a pressão no meu peito aliviou um pouco. - Horrível, né?

– Não. Não é horrível. Neste exato momento, você não tem laços com eles. Ela sorriu para me tranquilizar. — Não se espante se começar a fazer novos amigos ou experimentar coisas que venham a surpreender as pessoas a seu redor. É quase como nascer de novo, só que com as habilidades necessárias para a sobrevivência já firmadas.

Bela maneira de ver as coisas. A senhora Senjuu fez mais algumas perguntas e então tocou brevemente no assunto da Karin.

– Como está lidando com isso? Saber que uma amiga sua está desaparecida?

Hesitei.

– Não sei. É esquisito. Não me lembro dela e pelo que todos me dizem, não éramos grandes amigas,mas, se ela estava comigo, então me sinto responsável. Preciso me lembrar do que aconteceu para que possam encontra-la, mas ninguém quer falar dela.

A senhora Senjuu voltou a fazer que sim.

–Você entende que, mesmo se nunca recuperasse a memória, encontrá-la não seria responsabilidade sua?

A culpa que me remoía o estômago discordava. Se eu conseguisse botar meu cérebro para funcionar, aposto que levaria todo mundo direitinho até a Karin. A senhora Senjuu me passou um pedaço de papel. Nossa pequena sessão de orientação terminara.

Levei uma eternidade absurda para encontrar meu armário. Eu tinha de consultar minha grade de horários para descobrir quais livros enfiar na bolsa e, ao mesmo tempo, ignorar os olhares e cochichos das pessoas ao meu redor. Fechei a porta do armário, inspirei fundo e encarei um corredor tomado por adolescentes a caminho da primeira aula.

Fui recebida por uma onda de rostos desconhecidos. Nenhum deles parecia familiar. Apertando a alça da minha bolsa, atravessei a multidão. Podia ser pior, aquela coisa toda da memória. Eu podia ainda estar desaparecida.

Ou morta, sussurrou uma voz no fundo da minha mente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Novas teorias sobre o sumiço das garotas? Onde estará a Karin, afinal?



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