Cinzas de uma Era escrita por Kris Loyal


Capítulo 4
Capítulo 4 - Confiança


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI
Obrigada mesmo às pessoas que estão comentando : É por vocês que eu me animo a voltar aqui :D
Vamos ao capítulo !



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669309/chapter/4

Não deu tempo de Peeta se impressionar com o fato de Katniss enfim ter falado alguma coisa, mais especificamente seu nome. Antes de pensar neste detalhe, ele, experiente como era, deitou-se no chão, ouvindo o zunido de uma flecha passar a poucos centímetros de sua cabeça, e logo depois um outro grito.

Este ultimo, era do cara que atirou a flecha, ao qual Katniss tinha acertado no estômago e agora ele se contorcia no chão imundo. Katniss olhava a cena um pouco atônita e Peeta percebeu que ela não teria coragem de mata-lo. Não ainda. Então levantou-se do chão, pegou sua faca bem entalhada e aproximando-se do homem que lamuriava algo como “por favor”, enfiou-lhe a faca na parte de trás do seu crânio falando de forma baixa:

— Eu já estou te fazendo um favor. Uma morte rápida é um favor.

Depois disso, ele virou-se para a morena ao seu lado. Queria dizer-lhe  “obrigado, você salvou minha vida” ou pelo menos um “Valeu” mas não disse. Tudo que fez foi mostrar um pequeno sorriso que nem chegava a mostrar os dentes e dizer:

— Você fala, afinal.

Katniss asseverou e continuou andando, sem dar mais uma palavra. Só porque ela mostrara que falava não queria dizer que ela queria um diálogo. E pelo jeito, nem Peeta.

Continuaram pelo caminho, agora um pouco mais atentos que antes, se é que é possível. Entraram no estabelecimento destino que era o tal restaurante e Katniss logo se ocupou de ir direto para a cozinha verificar se tinha realmente algum gás lá. Peeta começou a revistar os armários para tentar encontrar algo comestível que ainda estivesse em bom estado.

Katniss saiu arrastando o botijão cheio pela cozinha tentando a melhor forma de carrega-lo. Não importava o quão esperta ela fosse, ela ainda não tinha força suficiente. Peeta ao ver a dificuldade da morena, se aproximou e tomou o gás para si, colocando-o nas costas.

— Pega as coisas que eu separei ali. Eu levo isso.

Ela limitou-se a seguir o que ele sugeriu sem objeção ou resposta qualquer. Quando já estavam do lado de fora, ouviram barulhos. Eram carros, com certeza, e como sabiam que isso significava iminente problema, correram para trás das enormes caçambas de caminhões que estavam tombadas pelas ruas.

Não demorou para que um grupo de seis homens armados passassem em um carro aberto, com suas bebidas baratas nas mãos, rindo de qualquer coisa suja que tenham feito. Katniss sentiu raiva por imaginar do que riam: será por terem degolado algum inocente a sangue frio? Ou por ter roubado suprimentos de alguma família que estava bem escondida? Ou quem sabe por terem violentado alguma garota infeliz?

Esse pensamentos a levaram a, de impulso, levantar-se de onde estava abaixada, ainda escondida por entre as caçambas e apontar sua flecha para um deles. Era só soltar. Só soltar e ver aquela boca que sorria de escárnio se transformar em uma inundação de sangue. Só soltar...

— Está louca?! – esbravejou Peeta do modo mais baixo que pode, segurando a flecha que ela empunhava – Está querendo nos matar? Você mata um deles e todos esses desgraçados vêm atrás de nós. E aí, hein?

Ela baixou a flecha de modo bruto se sentindo inteiramente irritada. Se teria de começar a matar pessoas queria começar por aquele, queria começar por alguém que realmente merecia.

— Vou te dizer uma coisa – disse Peeta forçando-a a se abaixar novamente – nós temos regras, okay? E uma delas é não chamar atenção. Tá entendendo?

Ela apenas balançou a cabeça que sim, a contragosto.

— Você vai matar um desses, quando o pegarmos isolado. Não se preocupe, sempre acontece. Eles não são muito fiéis uns aos outros. Quando o bicho pega, eles abandonam uns aos outros. – explicou – Você não é assim, é, arqueira? Se for, vai embora logo. Para estar acompanhado de traidores é melhor estar só.

Sentaram-se no chão em silêncio, observando o carro se afastar mais e mais, sem perceber a presença deles ali. Não se levantaram de imediato. E depois de um silêncio que permeou minutos a fio, Katniss falou, pela segunda vez no dia:

— Não sou traidora.

Peeta que estava distraído limpando sua faca, virou-se para ela analisando o modo firme que ela pronunciou as palavras, ainda apreciando ter mais uma voz para se ouvir além da dele mesmo. A solidão às vezes machuca, até mesmo aos mais gélidos e petrificados corações.

— Bom, então. Vamos para casa.

Pareceu estranho a Katniss aquela frase. “Para casa”. Ele não disse “minha casa” e também não usou qualquer palavra que denunciasse sua possessão na frase. Estaria ele aceitando-a como parte do abrigo?

O caminho de volta foi tranquilo. Nenhum encontro desagradável ou situação de perigo, e isso foi bom, considerando que agora estavam carregados de sacolas, e no caso de Peeta, com um botijão de gás nas costas.

A porta do apartamento foi escancarada por Peeta, que entrou e não perdeu tempo em guardar o bem adquirido. Katniss também tratou de colocar as sacolas na cozinha, antes de deixar seu arco repousar em um canto da sala.

Cansada como estava, deixou que seu corpo desabasse no já conhecido sofá. Porém definitivamente não foi uma boa ideia. O fundo do sofá velho cedeu totalmente a fazendo cair dentro dele, como em uma armadilha.

A risada de Peeta ecoou pelo ar e Katniss se levantou irritada, enquanto batia a poeira da calça.

— Você já sabia, não era? – comentou furiosa, mas sem aumentar o tom de voz.

— Na verdade não. – respondeu ele sem tirar o sorriso debochado do rosto – bem, eu sabia que ele estava velho mais que ia quebrar desse jeito, e ainda com você... Não, disso eu juro que não. Mas foi engraçado.

— Não foi nada engraçado.

— Foi sim.

— Sabe o que é engraçado? – replicou ela agora ainda mais irritada – agora não tenho mais onde dormir!

— Você tem onde dormir. – Peeta ainda sorria, e isso a estava irritando cada vez mais.

— No chão. Já sei que vai dizer isso. Não tem problema, já dormi no chão antes. Depois pego os lençóis...

— Na verdade eu ia dizer a cama do quarto. Ela é bem espaçosa, cabe nós dois sem que eu nem ao menos precise ver sua cara feia e assustadora. Eu podia ter te dado um espaço nela antes mas, você era bem coitadinha e eu simplesmente odeio coitadinhas. Você sabe, não tinha confiança.

— E agora tem?

— Não. – agora ele não sorria mais - Mas acho que não será estúpida o suficiente para tentar algo, sabendo que eu durmo com minha faca do lado e tem uma grande chance de eu enterrar ela em você sem dó nem piedade. Ou é claro, apenas mandar você embora e deixar aqueles cara te pegarem. Você sabe, o segundo castigo é pior.

Um silêncio constrangedor se instalou e nenhum dos dois se olhavam. Tinha sido estranho para os dois aquele momento. Não demorou muito e Peeta o quebrou:

— Faz o que quiser. No chão, na cama, você que sabe. Só esteja descansada para o caso de termos que sair de novo amanhã. – deu uma pausa – e só para você saber, princesinha do papai, não tenho a intenção de tocar você, se é o que você teme.

Dito isso, saiu, em direção à cozinha, para ver algo que pudesse comer e logo depois arrastar algum pequeno balde água para que pudesse se lavar. Katniss ficou parada, pensando nas coisas que ele havia dito, e olhando fixamente para o sofá quebrado.

Enquanto um se lavava o outro comia, e assim não conversaram mais durante o resto da noite. Quando chegou a hora de dormir, Katniss pegou seus forros e começou a forrá-los no chão com o intuito de deitar-se sobre eles. Peeta passou pela sala, mas não deu a mínima atenção ao que ela fazia, indo em direção a seu quarto e deitando do seu lado costumeiro na grande cama.

Duas horas mais tarde, depois de ter se revirado em sua cama improvisada desconfortavelmente sem conseguir dormir, uma Katniss sonolenta e menos ativa se levantou, pegou um de seus forros e o travesseiro e foi em direção à porta a frente.

Deitou-se encolhida no canto, bem devagar, enquanto observava com cuidado se o loiro ao lado iria se acordar. Deitou-se e observou.

Um de seus braços estava por baixo da cabeça, enquanto o outro descansava ao seu lado. As pernas esguias estavam bem esticadas e o busto largo ressonava devagar.

Em meio a sua observação tranquila, após dois minutos, a inconsciência do sono a levou.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Como que vai a relação deles daqui para frente? Deixem suas hipóteses :D
E se alguém tiver afim de deixar uma recomendação, eu também aceitarei COM TODO O AMOR DO MUNDO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cinzas de uma Era" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.