Cinzas de uma Era escrita por Kris Loyal


Capítulo 3
Capítulo 3 - Flechas em uma aljava


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI :D
E estou muito feliz com os comentários de vocês :D
Espero que curtam o capítulo!



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A luz do sol entrava pela janela no campo de visão de Katniss e ela lembrou-se de culpa-lo mais uma vez por toda essa desgraça.

O sol. O maldito sol que tinha matado a tantos, queimando-os pelas ruas sem direito de defesa. Em um pequeno instante.

Sobreviveram os que por sorte estavam em um local mais fechado. Estar ao ar livre significou sentença de morte naquele dia. E estar em um local de paredes frágeis também.

Todos concordavam, estava muito mais quente que o normal naqueles dias, mas claro que ninguém imaginava que iriam queimar. Todos iriam.

Ela lembrava muito bem onde estava quando tudo aconteceu; em casa, analisando documentos das empresas do pai. Quando o alvoroço começou, senhor Everdeen rapidamente evacuou toda a sua família para o porão, que era, com certeza o lugar mais seguro da casa: paredes de concreto grosso e sólido, portas de ferro espesso. O calor se tornou insuportável lá, mas ainda tiveram o auxilio do ar-condicionado, até que a energia acabou.

Os fios, os fornecedores de energia não eram tão resistentes ao calor, afinal.

Foram 2 horas agoniantes: a temperatura alta fazia com que os corpos desidratasse rápido de tanto suor, e em menos de uma hora e vinte minutos que se encontravam ali, o galão de água que os supria havia matado a sede da pequena Lily, de 7 anos, com seu último gole de água.

Vinte minutos depois, tiveram que assistir Derek, o irmão de Lily de dois anos e meio, morrer de falta de ar por causa da asma, sem que ninguém pudesse ajudar. Até tentaram, mas o que se poderia fazer sem um inalador, sendo ainda a criança tão pequena? Seu rosto rechonchudo de bebê aos poucos foi tomando uma cor roxa, e quando ele já não podia lutar contra a falta de ar, deu um último suspiro alto, e depois ficou mole. Aos poucos, os batimentos pararam, e o menino morreu ali mesmo, nos braços de sua mãe, uma jovem tia de Katniss.

A partir daí tudo ficou pior: as lamúrias da mulher, o choro constante de Lily, o desespero do senhor Everdeen que não parava de pensar em quem seria o próximo.

Depois, como um sopro de um anjo, tudo parou. O sol voltou ao normal e a tempestade solar que queimou pessoas em instantes, arruinou geradores de energia e matou crianças de falta de ar, foi-se tão subitamente quanto chegou. Mas deixou tudo devastado e irremediavelmente confuso.

De fato, o porão foi o melhor lugar para se esconder, porém não os poupou da horrível imagem que viram ao saírem de suas casas: Praças cheias de corpos, queimados... Queimaduras de segundo? Terceiro grau? Não se sabe bem. Mas com certeza o que os matou foram seus órgãos internos, se deteriorando lentamente pelo calor excessivo. O cheiro de coisas queimadas pairava no ar: Fios, pneus, madeira, vegetação, e carne. De humanos, de animais... Não se podia diferenciar de todo.

Katniss via, através das frestas das janelas, pessoas que sobreviveram olhando para o lado de fora. Seus olhos cheios de medo e lágrimas... Dor. Não sobreviveriam por muito tempo, é claro. Poucos dias sem energia e tudo que se tinha na geladeira tornou-se intragável. Frutas e verduras secaram-se pelos momentos picos de calor. Só o que restou foram alguns alimentos não perecíveis, então ao dizer a palavra “alguns” você já imagina o que significa.

Significava correr, para saquear casas, supermercados, armazéns, tudo o que tivesse alguma comida que se pudesse comer. Para entender como chegaram a esse ponto basta apenas lembrar que naquela tarde o presidente, seus ministros e governadores estavam em um pronunciamento ao ar livre. Estavam todos mortos. E os que não estavam nesta reunião, os que continuavam vivos, não conseguiriam por si só prolongar o governo. Estavam sem lei, sem política. Como primitivos, outra vez. Então a procura de alimentos para roubar era até bem previsível.

Com a família de Katniss, não foi diferente. Saíram à procura do que podiam, e ao ver como as pessoas estavam enlouquecidas atrás de suprimentos, prevendo que em poucas semanas ficariam sem nada, a família Everdeen começou a formar barricadas em suas portas, que eram protegidas pelas mulheres enquanto os homens saíam pelas ruas de caos atrás de suprimentos. Não eram muitos: Senhor Everdeen, dois primos de Katniss e um tio.

Em quatro semanas, três deles estavam mortos. Agora era só Plutarch Everdeen, três mulheres e uma garotinha.

As mortes só foram o começo do tormento, pois quando “a lei do mais forte” começou a valer, a violência, a desumanidade e o desamor era o que mais assustava.

Não demorou para que um grupo de homens tentasse invadir o refúgio dos Everdeens. Plutarch e sua esposa Alma, pais de Katniss, foram mortos naquele dia. Ela escapou com Lily, e Ritie, a mãe de lily, que era sua tia por parte de mãe.

Se abrigaram nas ruas, se escondendo como ratos: não poderiam enfrentar ninguém, pois seria mortas, então somente tentavam ficar fora da visão de qualquer pessoa que fosse.

Então, em um dia chuvoso, Katniss acordou e elas não estavam mais lá. Nem Lily, nem Ritie. Ela nunca mais as viu.

– Já acordou e vai ficar aí de preguiça? – ouviu-se a voz de Peeta, que ás seis da manhã fazia flexões no chão à frente dela.

Katniss se levantou, se sentindo imensamente melhor. Uma noite de sono com certeza a tinha feito recuperar muito de suas forças. Porém, não lhe deu nada de ânimo.

– Vai na cozinha, tem coisas para comer. Você vai precisar – falou o loiro, sem parar sua ação – vamos sair hoje, à procura de gás. O botijão que tem aqui está acabando e você sabe – levantou-se – não quero comer comida crua.

Katniss o obedeceu e seguiu para a cozinha, tendo consciência que ele a seguia com o olhar. Peeta poderia ser estranho, mas estava se mostrando confiável. Pelo menos, foi uma noite tranquila: cada um no seu quadrado.

Enquanto comia Katniss tentava formular em sua mente algo que pudesse fazer para se mostrar útil a Peeta. Ela só tinha uma chance de ter um abrigo e não deixaria escapar. Faria Peeta entender que precisava dela, e assim conseguiria ficar; esse era o plano. E o colocaria em prática naquele mesmo dia, em busca do gás.

Dentro do apartamento, podia ouvir-se barulho de metal tinindo, e Katniss pode ver que o rapaz que a acolhera estava preparando suas armas.

Três facas: duas maiores, uma menor. Um das maiores era a faca bonita que ela percebera ser dele no primeiro dia. Duas pistolas, que poderiam estar carregadas ou não, e um machado tão afiado que sua borda brilhava. Ao canto, ela avistou um arco, com uma aljava e uma dúzia de flechas de metal.

Ela aproximou-se timidamente e quando percebeu a presença dela, ele subiu o olhar, vendo-a apontar para o arco.

– Você sabe atirar, muda? Duvido. – sorriu travesso.

Levantou-se tencionando os músculos de suas pernas, pegando um papel e rabiscando um círculo nele. Abriu a porta do apartamento dando de cara com o enorme corredor que se estendia, indo até o final dele, e apregoando com a faca o papel na parede. Indicou a Katniss o inicio do corredor, antes de dizer:

– Quero só ver.

A moça tomou posição com o arco na mão sem pressa, relembrando de como fazia quando treinava com o pai e os primos. A família sempre gostou desse tipo de coisa, porém apenas como esporte.

Peeta, logo que ela pegou o arco, percebeu que ela sabia atirar pelo modo como o empunhou, mas deixou-a atirar para ver o tanto que ela conseguiria se aproximar do alvo. Se ela fosse boa com flechas, seria ótimo, pois ele era péssimo.

Katniss soltou a flecha, que levou poucos segundos até alcançar o papel, não no alvo, mas ainda assim no papel.

– Bom. – sibilou Peeta – Nada mal. – olhou-a de lado vendo pela primeira alguma vantagem em ter tirado a miserável garota das ruas – vamos á caça, já tem sua arma.

As ruas estavam sujas e vazias como sempre estavam desde o incidente. Peeta tomou a dianteira fazendo um caminho que levava à uma extensa avenida que contava com varias lojas; havia chances de encontrar algum lugar que vendesse gás, ou simplesmente uma lanchonete ou restaurante abandonado que pudessem invadir a cozinha e roubar um botijão.

Ouvidos atentos, armas entre as mãos. Estavam atentos a qualquer som que não fosse produzido por eles mesmos, pois poderia ser um sinal de eminente perigo.

Andaram um pouco mais até avistarem um estabelecimento que deveria ser um restaurante de luxo, mas que agora, nove meses após o lastimável acontecimento era mantido fechado, sem sua aparência glamorosa e com as tintas de suas paredes a descascar.

Estavam a dez passos do estabelecimento quando ouviu-se um ruído. Peeta parou imediatamente, olhando rapidamente de um lado para o outro tentando encontrar de onde viera tal som. Katniss por trás dele, também parou e olhava para cada lugar fazendo o mesmo que o parceiro.

Perto de uma barricada erguida por arruaceiros, um homem apontava sua seta em direção ao experiente Peeta, que desta vez não conseguira perceber a origem do perigo, e agora movia sua atenção para o lado contrário de onde o inimigo o observara.

Porém não passou despercebido aos olhos de Katniss. E no momento que o homem se preparou para enfim soltar a flecha que derrubaria o loiro, um grito de aviso ecoou pelo ar:

– PEETA!


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Notas finais do capítulo

E AÍ? Será que a flechada pegou? nunca dispensem a possibilidade, pois gosto de ser mal ahsuahush
E então, Foi Katniss que gritou? Sim ou não? Ela é muda? Sim ou não?
Por favor comentem, assim voltarei logo :)
bjs



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