Vidas que desabrocham escrita por black cat


Capítulo 2
O segundo encontro


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, espero que gostem :)



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Quando ouço o sinal bater pego todos os livros do garoto e vou até a biblioteca. A bibliotecária é minha amiga... Ou quase isso. Sempre converso com ela no ponto de ônibus. Explicando melhor, eu vou para casa á pé e ela de ônibus então a gente se encontra e eu converso com ela:

–Leandro, olá. Vai levar algum livro?

–Pra falar a verdade eu queria mesmo é sua ajuda com isso. Eu esbarei com um menino hoje nos corredores e acabei sendo grosso sem querer. Acho que ele se assustou e saiu correndo, mas deixou todos esses livros para trás. Quero devolvê-los, só que não faço ideia de qual seja seu nome e como a escola tem muitos alunos vai ficar meio complicado achá-lo.

–Compreendo. E você quer minha ajuda para fazer isso não é?

–Sim. Você poderia olhar na lista de pessoas que pegaram livros para eu saber de quem são esses?

–Claro! Quais livros são?

–Hum... Feitiços básicos, Manuais de instrumentos mortais, Aura dominada... Parecem livros de feitiçaria.

–Não temos esses livros aqui.

–Acho que ele trouxe para cá. O que faço agora?

–Vai ter que ficar com os olhos bem abertos. Guarde-os bem ou deixe na diretoria e quando achar o dono fale com ele.

–Tem razão, vou levar para casa. Mais cedo ou mais tarde vou encontrar aquele menino.

Dito isso eu sai da biblioteca um tanto frustrado. Seria difícil já que minha escola é cheia de pessoas. Entretanto o que mais me intriga é porque ele trouxe esses livros para o colégio. Não deu pra ver direito o rosto dele e á medida que os minutos passam ia me esquecendo de como ele é.

Sai do prédio e fui até a rua pra ir embora quando ouço uma voz familiar que me faz sorrir:

–Leandro, você por aqui?

–Mélody? O que faz aqui?

–Vou ao mercado comprar algumas coisas. Quer ir comigo?

–Claro!

Fomos andando pela rua e ela começou uma conversa um tanto estranha sobre suas teorias a respeito de alienígenas. Com certeza não é uma garota comum!

Quando chegamos a supermercado ela pegou um carrinho e uma lista bem grande. Pelo visto vai demorar um pouco. Começamos com os vegetais que logo vi que ela odiava!

–Credo, odeio isso! Minha mãe me faz comprar cada coisa!

–Não é tão ruim assim.

–Você é um atleta, não me admira que coma coisas assim. Mas eu não gosto. E antes que pergunte eu sei que você é um jogador. Aliais é meio estranho te ver com tantos livros.

–Pra falar a verdade eles não são meus. Eu esbarei sem querer em um garoto e acabei sendo grosso com ele. Ele deve ter se assustado e fugiu. Quero tentar encontrá-lo para devolver, mas esses não são da biblioteca.

–Entendo. Posso vê-los?

Dei os livros para ela que os examinou calmamente.

–Acho que conheço o dono desses livros. É um garoto bem tímido, mas um amor de pessoa. Eu falo com ele e entrego eu mesma, não se preocupe.

–Obrigado. Quero me desculpar, posso ir com você?

–Eu peço desculpas a ele em seu lugar, ele é muito tímido e com certeza vai se assustar com sua presença.

–Obrigado.

Ficamos conversando o tempo todo até que percebi que havia ficando mais de duas horas no mercado e meus pais, protetores como são, vão ironicamente me matar. Aliais só fui perceber que já era tarde quando ouvi meu celular tocando, era minha mãe.

–Droga!

–O que foi?

–Minha mãe esta me ligando, deve estar preocupada.

–Entendo. É melhor você ir para casa.

–Você vai levar todas essas sacolas e livros sozinha?

–Não se preocupe comigo, eu posso pegar um carrinho emprestado com meu amigo que trabalha aqui. É melhor você ir logo antes que ela chama a polícia!

Ela disse aquilo e foi embora. “Chamar a polícia”. Ri por dentro quando ela disse isso. Ela falou aquilo em tom brincalhão. Mal sabia ela que minha mãe poderia sim chamar a polícia caso não atendesse ao telefone.

–Oi mãe.

–ONDE É QUE VOCÊ ESTA?! FAZ ALGUMA IDEIA DE QUE HORAS SÃO? ACONTECEU ALGUMA COISA COM VOCÊ?

–Mão, acalme-se, por favor. Eu já estou indo para casa.

Depois de ouvir mais uns gritos ela murmurou um “sim” desconfiado e desligou. É, parece que vou ter problemas. O pior é que meu pai também deve estar preocupado! Eu gosto que meus pais se preocupem comigo e fico mal por aquelas pessoas que não tem ninguém em quem se amparar, mas poxa eles bem que podiam me dar só um pouquinho de liberdade de vez em quando. Afinal tenho dezessete anos e todos os meus amigos não precisam mais pedir permissão para sair. Quer dizer, eu não iria abusar, mas gostaria de poder sair da escola e ir á casa de alguém ou dar uma volta por ai e comer fora sozinho sem precisar gastar créditos para avisar meus pais.

Eu até pediria um pouco mais de sossego dessa superproteção, mas sempre que tento não consigo. Quando olho para eles sinto que vou magoá-los se pedir uma coisa dessas. Mas pelo menos no final do ano eu já termino a escola (espero) e vou morar fora:

–FILHO ONDE ESTEVE? FIQUEI TÃO PREOCUPADA!

–Filho?! Caramba moleque, quase nos matou de susto!

–Eu sei, desculpe.

–Por que não nos avisou que iria demorar? Aliais, onde esteve?

–Uma amiga me pediu ajuda em uma coisa. Eu... Achei que não teria problema em me atrasar só um pouco e acabou levando mais tempo do que pensei.

Eles podiam ter me matado, mas pouparam minha vida. Ao invés disso me mandaram ficar no meu quarto o resto do dia. Sei que pode parecer um exagero e de fato é, mas eles são assim e não dá pra mudar.

De qualquer forma, agora tenho um tempo sozinho para pensar. Eu gostaria mesmo de poder me desculpar com aquele garoto, mas acho que se tentasse só pioraria as coisas. É melhor ficar quieto.

Deitei na minha cama para ver se conseguia dormir um pouco, mas logo vi que não. Uns gemidos abafados estavam vindo do quarto ao lado. Acho que é meu irmão de novo. Eu não sei o que ele faz, mas sempre é algo estranho. O pior é que os gemidos são sofridos como se tivesse acabado de ser chicoteado em uma prisão medieval.

Fico mal por isso, mas ele nunca deixa ninguém entrar em seu quarto e não fala com ninguém. É praticamente invisível. É até estranho que ele seja assim e tenha pais grudentos, mas nem mesmo minha mãe e meu pai conseguem se aproximar dele. Bom, pelo menos ele não trás problemas para casa e não fica saindo muito. Na verdade ele não sai nunca!

Os gemidos continuaram por mais uns minutos e de repente pararam tão rapidamente quanto começaram. Sempre tive vontade de saber o que era aquilo, mas a porta vai sempre estar trancada.

Acabei parando de pensar nisso quando ouvi o barulho do meu celular, era a Mélody me mandando uma mensagem:

“Oi, o que esta fazendo?”

“Na verdade nada, meus pais me deram uma bronca feia e me mandaram ficar no quarto o dia todo!”

“Entendo, desculpe te colocar em confusão.”

“Relaxa, já estou acostumado.”

Conversamos o resto da tarde e acabou que um dia que deveria ser chato foi mais legal do que eu esperava.

Só fui dormir quando já era bem tarde o que não foi uma boa ideia por causa da aula que teria no dia seguinte, mas não importava. Ela disse que o garoto me perdoou e que estava tudo bem. Isso foi ótimo porque já estava me sentindo culpado.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem :)



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