Burning Love escrita por Beatrix Costa


Capítulo 8
I'm yours...


Notas iniciais do capítulo

Este é o capítulo pelo que todos esperávamos...
Espero que gostem ;)



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Anteriormente…

Num impulso, controlado já há demasiado tempo, Jane aproximou o seu rosto ainda mais do da amiga e beijou-a nos lábios sentindo um calor diferente… e agradável.

As suas bocas separaram-se e Maura olhou para a amiga de olhos arregalados e boca aberta.

—Eu… des…desculpa Maura – pediu Jane com o coração a mil.

—Eu... não… tu?

Jane não disse mais nada, vestiu uns jeans, uma camisola pegou nos sapatos com as mãos e na gabardina e saiu.

—Jane! Jane espera! – gritou Maura da porta do quarto em vão.

A detetive chegou ao andar de baixo, calçou as botas de salto e vestiu a gabardina. Estava de chuva. Ela saiu do hotel sem saber como se sentia. Não estava arrependida, mas também não se sentia feliz com o que fez… No meio de tanta tristeza ela achava que ainda tinha ido confundir mais os sentimentos de Maura… e os seus. Caminhou num andar lento e impassível pelas ruas de Londres. A certa altura tirou o carapuço que lhe cobria a cabeça e deixou os seus pensamentos serem inundados pela chuva fria. O seu cabelo ganhava ainda mais caracóis quando era molhado, algo que a detetive adorava em si embora não ligasse muito a esse tipo de coisas. Deixou-se ficar ali, quieta, por breves momentos e depois continuou a andar. Não se via ninguém nas ruas à exceção de um ou outro sem-abrigo pelo qual Jane passava. De repente chegou ao cruzamento de onde podia ver o Big Ben que marcava uma e meia da manhã. O seu telemóvel tocou e era Maura… a detetive não atendeu e desligou para não ter de o ouvir mais. Não planeava voltar ao hotel, pelo menos nessa noite. Entrou num beco já toda encharcada e começou a pensar em opções de onde poderia dormir. Na ruela viu muitas “acompanhantes” esbeltas e com os braços riscados pelas marcas das agulhas injectadas para se poderem drogar. Recomeçou novamente a pensar em si. “Serei eu lésbica”, pensou Jane cheia de dúvidas. Sentia-se bem quando estava com homens, muito bem aliás. Mas ultimamente estava mais confusa do que nunca. E o que iriam os outros pensar? Ela conhecia Maura já há muitos anos e nada tinha acontecido. Porquê agora, porquê logo agora? Dirigiu-se para uma pensão rasta mesmo ao lado da London Eye. Felizmente tinha algum dinheiro no bolso do casaco para pagar uma dormida num quarto. Subiu até ao segundo andar, despiu a gabardina, deitou-se na cama e adormeceu de imediato.

No Ritz, Maura estava deitada na grande cama daquele grande quarto com grandes pensamentos. Ainda sentia o sabor dos lábios da morena nos seus. Não estava nada à espera daquilo e não sabia o que pensar ou fazer, mas duma coisa ela tinha a certeza… aquele beijo soube-lhe bem! Não tinha aquela sensação de bem-estar desde a última vez que estivera com Ian. Poderia ela ter uma relação com Jane? Ia ser mãe, o pai do bebé estava naquele momento a ser operado e ela apensar nela… Sentia-se egoísta. No entanto, naquele momento havia outra coisa que a preocupava ainda mais… Onde estará Jane? Não que a detetive não soubesse cuidar de si, mas estava sozinha, completamente sozinha numa cidade completamente desconhecida. No meio de tantos pensamentos e dúvidas, a loira adormeceu enrolada na toalha de banho branca do hotel.

No dia seguinte Maura acordou cedo. Tinha a almofada completamente encharcada pelo facto de não ter secado o cabelo antes de ter apoiado lá a cabeça. Vestiu-se e foi até ao hospital de táxi. No caminho tentou ligar a Jane, que mais uma vez não atendeu. Também a detetive tinha acordado muito cedo. Deu um jeito ao cabelo, pagou na entrada a dormida e saiu. Pediu a um polícia umas indicações para o hospital St. Ester pois ainda não tinha decorado o caminho. Decidiu ir a pé (mesmo que não quisesse já não tinha dinheiro para o táxi).

Já no hospital, Maura estava à espera e sabia que ainda teria de esperar algumas horas. Queria ter Jane ali, ao pé dela, queria receber o seu apoio. Poucos segundos depois o seu desejo realizou-se. A detetive, com o seu ar altivo observava Maura, parada num dos corredores do hospital. A patologista pediu-lhe que se aproximasse e a detetive assim o fez com convicção. Elas ficaram a olhar uma para a outra durante breves segundos e quando Maura abriu a boca para dizer sabe-se lá o quê, ouviu alguém dizer o seu nome…

—Maura Isles – chamou o médico do dia anterior.

—Sim.

—Infelizmente tenho más notícias…

Maura sentiu o corpo gelar e o chão debaixo dos seus pés desaparecer quando ouviu o médico dizer que a operação tinha sido concluída mais cedo por causa de um fragmento da bala que ficou demasiado perto do coração. Na prática Ian poderia viver uma vida normal pois o fragmento iria acabar por sair com uma nova operação mais complexa. O único problema era que essa cirurgia só poderia ser feita depois de o rapaz acordar, mas não havia maneira de determinar como e quando isso iria acontecer.

—Eu… posso vê-lo?

—Sim, mas só pela vitrina.

Assim foi, Maura entrou numa sala que a permitia ver Ian. Encostou-se ao vidro e chorou até que sentiu umas mãos rodearem-na pela cintura e uma voz doce e grave a dizer:

—Eu estou aqui.

Elas as duas ficaram assim durante cerca de dez minutos até que o médico lhes pediu para saírem e elas assim fizeram. Foram para o hotel a pé, o caminho todo sem dizerem uma palavra. O céu estava negro, e parecia prestes a iniciar uma grande tempestade. Não tardou a acontecer. Uma chuva torrencial foi ganhando força até que obrigou as duas amigas a acelerarem o passo para chegarem ao hotel. Elas pararam lado a lado debaixo do toldo do grandioso Ritz, sem qualquer razão aparente. Aquele silêncio ensurdecedor continuava a bombear nos ouvidos das duas e desta vez foi a vez de Jane o quebrar com sucesso.

—Maura, eu lamento muito. E eu… enfim, queria pedir-te desculpa por ontem eu não sei o que me deu, eu…

—Não precisas de pedir desculpa… - disse Maura virando-se de frente para Jane que fez o mesmo movimento de modo a ficarem cara a cara.

Jane não disse nada, e Maura puxou-a para si pelo casaco, iniciando um beijo romântico e agradável. Ficaram ali por segundos que pareciam intermináveis. Separaram as bocas para poderem respirar.

—Eu… eu… - tentava dizer Jane.

—Anda…

As duas subiram para o quarto e quando abriram a porta do quarto Jane fez a pergunta derradeira a Maura.

—Tens a certeza disto?

—Sim – disse a loira cheia de segurança na sua palavra.

Jane sentou-se na beira da cama e Maura ficou parada à sua frente. A detetive iria ter o máximo cuidado para não magoar a loira, não por ela estar grávida, mas porque queria que aquela noite fosse uma boa recordação para o resto da vida das duas mesmo que fosse a última... Maura começou por tirar a camisola de Jane deixando-a somente com os jeans e o sutiã preto que regularmente usava. Jane tirou-lhe o vestido e Maura deitou-se sobre ela. Jane ia percorrendo o corpo da loira com as mãos. Maura deixou-se levar como nunca antes tinha acontecido. Em pouco tempo, elas tiraram a roupa que lhes restava no corpo. As duas tinham corpos, embora algo diferentes, esculturais. Debaixo dos lençóis e sob aquela noite de tempestade havia tanto amor, tanta coisa que elas tinham para dar uma à outra. Maura sorria de olhos fechados e Jane apercebeu-se que isso era um tique que ela tinha na cama (mas Maura sabia que era só com a morena). Jane tinha uma respiração muito leve ao contrário da amiga. Elas iam-se beijando muito durante o momento. A patologista sempre teve uma admiração pela juba de Jane e gostava de tocar nos seus cabelos ensarilhados. Aquela noite era só delas, sem preocupações ou problemas para resolver. Elas estavam felizes e isso era o que mais importava.

Na manhã seguinte Jane acordou mais cedo do que Maura e ficou literalmente meia hora a olhar para o nada e a pensar em tudo, mas sempre com um grande sorriso nos lábios. Também a loira acordou a sorrir. Ela olhou para Jane que só se apercebeu disso algum tempo depois.

—Bom dia… - disse Jane algo com uma expressão difícil de interpretar.

—Bom dia – respondeu Maura sorridente – Eu… amei a nossa noite.

—Eu também… mas, então e agora?

—Agora não sei… temos de saber?

Jane apercebeu-se que Maura se tinha entregado ao amor, assim como ela e, com uma voz sonhadora e feliz respondeu convictamente – Não… não temos.


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Notas finais do capítulo

Boa pergunta e boa resposta... A vida destas duas vai mudar muito a partir de agora.
Comentem! :)



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