Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 3
Capítulo 3 - Here Comes the Sun




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Capítulo 3 - Here Comes the Sun
Lá vem o sol
E eu digo
Que está tudo bem”

Here Comes The Sun, the Beatles.




            Não sabia o que fazer a não ser olhar para o garoto na cela da frente, era mais fácil eu recuperar meus poderes do que aquele garoto me ajudar. Não estava muito confiante de que iria dar certo, mas eu poderia tentar. Deveria confiar em Aslan, e deveria acima de tudo, confiar em mim.
            Fechei meus olhos idealizando no mínimo uma faísca, um pequeno feixe de calor. E foi o que aconteceu, as algemas pareciam começar a derreter quando meus poderes simplesmente pararam. Era como se eu não tivesse mais forças, e a única coisa que me restava agora era a imortalidade. O que não fazia muita diferença, já que a Feiticeira também era imortal.

Logo após ter emitido o feixe de luz, senti um enorme cansaço se apossar do meu corpo. Estava começando a ficar surpresa com as proporções que aquilo estava tomando, e de como aquele mundo aparentava ser extremamente diferente de Charn… Por quê eu tinha ficado cansada tão facilmente?
            De certa maneira, eu precisava pensar, e rápido.
            – Você tem irmãos Edmundo? – perguntei com cautela e o menino desviou o olhar, mesmo sabendo a resposta do garoto, queria achar alguma maneira de me aproximar dele e conseguir mudar o seu pensamento. Talvez essa simples atitude pudesse nos salvar.
            – Sou filho único. – disse me surpreendendo.
            Eu o encarei incrédula, ele iria mentir para mim? Por quê? Será que ele tinha vergonha dos irmãos? Resolvi deixar quieto.
            – Certo. – Murmurei e olhei para ele, mesmo assim, deixando a minha desconfiança transparecer.
            – Vai parar de me tratar como criança?! – ele exclamou frustrado e eu arregalei os olhos surpresa.
            Não é como se ele também fosse um adulto ou alguém a quem eu devesse um respeito elevado, ele era só um garoto passando pela puberdade, e que me aparentava se achar dono do mundo
            – O quê? – murmurei surpresa com a atitude dele.
            – Fala sério, eu tenho quase a sua idade. Você não é muito mais velha e fica me tratando como se eu fosse uma criança! – ele exclamou com as bochechas pálidas tomando um tom cor de rosa.
            Eu franzi a testa, realmente ele estava certo, eu era uma garota de aparência de quinze anos. Mas já tinha vivido milhares de anos, certamente tinha mais experiência que ele.
            Dei um breve suspiro, não valeria a pena discutir com o garoto.
            – Mudança de planos! – Jadis exclamou entrando nas masmorras, olhou debochada para mim e se dirigiu a Edmundo. – Como está indo meu príncipe? – Ela zombou do garoto.

            Cruzei os braços indignada, ela não tinha um pingo de humanidade? Tinha manipulado o garoto a este ponto...
            – Francamente. – exasperei – O quê você está fazendo com ele é ridículo, você passou dos seus limites!
            Ela me olhou mortalmente, com um brilho estranho em seus olhos.
            – Acho melhor fechar a boca, caso não queira virar uma estátua de cera novamente minha querida. – ela sorriu com maldade no olhar.
            Engoli em seco resolvendo que ficar calada seria o mais sábio a fazer. Podia notar o olhar curioso do filho de Adão em mim, mas resolvi ignorar.
            – Transformarei você em gelo. – olhou para o Sr. Tumnus, senti um nó na minha garganta ao ver suas lágrimas de aflição.
            Os anões da Feiticeira retiraram o sátiro de sua cela e o retiraram do cômodo.
            – Você não pode fazer isso! – Edmundo exclamou incrédulo com o que a mulher fazia.
            – Vai querer mais manjar príncipe? – Perguntou com deboche e eu consegui ver lágrimas de ódio nos olhos de Edmundo ameaçarem a cair. – Então feche a boca e não me questione.
            Jadis deu meia volta e saiu das masmorras nos deixando a sós.
            – Edmundo, olhe, não temos muito tempo. – sussurrei para ele forçando as minhas algemas. Meus planos pareciam estar indo por água abaixo. – Você pode me ajudar a sair daqui, e eu posso te levar aos teus irmãos.
            O garoto hesitou, parecia estar envergonhado notando que foi pego em sua mentira.
            – Como você sabe que eu tenho irmãos? – ele perguntou desconfiado.
            – Sr. Tumnus. – falei rapidamente, evitando dar maiores detalhes do que eu já sabia. – Ele já sabia que você tinha caído na lábia de Jadis.
            – Por quê eu acreditaria em você? – seu tom de voz foi de pura desconfiança.
            – Dou minha palavra, estou fraca no momento, você estará em vantagem. E acredite se quiser, eu sou a sua única opção.
            Houve um pequeno silêncio.
            – O que eu devo fazer? – Ele hesitou ao perguntar e eu suspirei cansada.
            – Estou tentando bolar um plano, mas não sei quais são os próximos passos dela. – Murmurei frustrada e ele abaixou a cabeça envergonhado.
            – Enquanto você dormia...Eu contei a ela sobre a Mesa de Pedra.– Ele anunciou.
            – Por Aslan, estamos perdidos. – tentei conter a minha frustração, eu queria explodir com aquele garoto e julgá-lo da maneira mais egoísta e mesquinha possível. Contudo, fiquei repetindo na minha mente que aquele também não era o mundo dele, e que ele não entendia a gravidade das coisas e muito menos sabia da tal profecia.
            Ele parecia estar se sentindo muito culpado, e eu o que eu queria no momento era consolá-lo. Afastei a ideia da minha cabeça.




~•~




            – Se for você, – Jadis rosnou me fuzilando. – se for os teus poderes que estão derretendo a minha neve!
            Senti meu corpo estremecer, e aos poucos me encolhi no trenó. Eu estava tão fraca, e ainda por cima acorrentada, duvidava muito que eu poderia utilizar qualquer magia do Sol naquela ocasião.
            Acontece que Jadis queria chegar na Mesa de Pedra antes de Aslan, por isso, ela abandonou o Castelo às pressas. O que ela não imaginava era que a neve fosse derreter, impedindo ela de usar o trenó. Mas o pior problema, era que os meus poderes não tinham voltado, ou seja, era impossível de que eu estivesse derretendo a neve. Mas isso não significava que Jadis não fosse me culpar pelo ocorrido.
            – Meus poderes o quê? – perguntei com o resto de coragem que eu tinha.
            O olhar de Jadis veio como uma navalha.
            – Não a machuque! – ouvi a voz de Edmundo e Jadis desviou o olhar para ele, um sorriso típico deboche brotou em seus lábios. Podia perceber que apesar do rubor em suas bochechas pálidas o garoto tentava mostrar que não estava assustado com aquela situação.

Não pude deixar de admirar a coragem dele naquele momento, ele sequer sabia com quem estava lidando.
            – Ora, então você irá defendê-la, Rei Edmundo? – ela zombou e o rubor no rosto de Edmundo não passou por batido. O garoto abaixou a cabeça, deixando seus cabelos negros tamparem a visão de seus olhos castanhos.
            Cutuquei o garoto sussurrando um “fique quieto”, ele não pareceu se preocupar muito com aquilo, e sim ficar irritado comigo. Mas no momento, minha preocupação era escaparmos vivos dali.
            Edmundo me olhou furioso, eu não fazia a mínima ideia do que se passava em sua mente. Suspirei pensando em como seria difícil lidar com ele.
            – Droga! – Jadis rosnou ao ver que a neve tinha ido embora.
            Eu estremeci pensando no que raios poderia acontecer. Jadis estava furiosa, e logo seria hora de agir. E eu certamente não tinha formulado um plano, eu me perguntava se todo aquele tempo presa me deixou burra. Porque antigamente eu não tinha dificuldade em formular estratégias de guerra.
            – Edmundo, levante-se! – ordenou parando o trenó, senti meu coração palpitar. – Já que não temos neve, nos carregue.
            Arregalei meus olhos horrorizada, alguns flashes de memória vieram a minha cabeça, e eu finalmente consegui entender. Charn poderia ter ido embora, mas a Jadis de Charn não.
            – Você não vai fazer isso Jadis. – exclamei me levantando do trenó embora estivesse algemada. Não poderia deixar que ela fizesse aquilo com aquele garoto, por mais arrogante que ele fosse, ele não merecia esse tipo de tratamento.
            – Ora, está falando muito para alguém que perdeu seus poderes. – ela debochou e eu senti meu rosto ruborizar, não gostava de pensar que tinha perdido tudo o que me restava. – Agora veja minha querida, a única coisa que te resta depois de sua própria miséria é a pessoa horrível que você era.
            Senti meu lábio tremer enquanto a minha boca se curvava para baixo. Meu corpo tremia, não só de medo como também de raiva.
            – Aslan irá nos ajudar. – sussurrei e ela deu risada. – Ele não deixaria que nada de mal acontecesse com Edmundo. – disse com a voz fraca.
            Os minutos seguintes foram pura tortura para os meus olhos, Jadis maltratava Edmundo querendo respostas, e eu não podia fazer simplesmente nada, porque estava algemada. A cada tapa, sentia meu estômago se agitar.
            Quando ela finalmente terminou, abandonou nós dois no meio da floresta.

Edmundo estava ferido, e eu não tinha feito nada para ajudar, nada para impedir.
            Eu podia jurar que não era uma garota fraca, mas naquele momento os soluços que eu tinha prendido todo aquele tempo foram soltos. Lágrimas grossas escorriam pelo meu rosto.
            Estava confusa, abatida e nervosa. E só Aslan sabia como eu odiava chorar.
            Mas uma dúvida não queria se calar na minha mente, Edmundo não tinha me salvado e nem eu salvado ele. Algo sobre a profecia estava muitíssimo errado.


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