Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 2
Capítulo 2 - Unity




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Capítulo 2 - Unity

“Se eu lhe disser que você não está sozinho

E eu mostrar-lhe este é o lugar onde você pertence

Ponha as mãos no ar

Mais uma vez”

Shinedown, Unity.





O dia que me era tão falado tinha chegado e eu não sabia o que fazer, Jadis tinha me algemado com um tipo de “algemas de gelo”, que ela mesmo tinha feito, e no dia seguinte trouxe um ser chamado Sr. Tumnus para a cela do lado. Ele tristemente se encolhia e chorava.

Aquilo me incomodava de uma maneira que eu não sabia colocar em palavras, nunca tinha visto Jadis tão poderosa como ela estava naquele momento, e acima de tudo, aquilo me assustava muito. 

— Por que esta chorando? – Perguntei docemente para ele que me olhou assustado. Certamente ele não era o primeiro prisioneiro que eu havia encontrado na prisão do Castelo de Jadis, em meio aquela eternidade que eu tinha passado ali, não me surpreenderia com mais nada que ela fizesse.

— Eu traí a Feiticeira. – Lágrimas cintilantes desciam de seus olhos tristes.

Eu o olhei com pena e compressão, Jadis iria petrifica-lo talvez para sempre. Era assim que ela costumava tratar os traidores.

— Por que traiu Jades? – Perguntei suavemente, procurando não soar muito evasiva.

— Os filhos de Adão, eles chegaram. – disse com certo pesar em sua voz.

Eu arregalei meus olhos perdendo a cor que restava em meu rosto gelado e sem vida.

— Os Quatro?

— Sim. – Ele soluçou e eu sorri triste para o mesmo.

Então era verdade, os Quatro irmãos tinham chegado a Nárnia. Apesar disso as palavras de Aslan ainda pipocavam nos meus ouvidos mesmo séculos depois, pois eu não entendia direito o que ele tinha falado.

— Eu conversei com a caçula, Lúcia Pevensie. – Ele passou a mão sobre os olhos como se tivesse um lenço. – Ela é uma garota amável, e gentil. Seus outros irmãos são Susana, Pedro e Edmundo. Se não me engano.

Os dois nomes apareceram na minha cabeça, um deles, ou Edmundo ou Pedro. Um dos dois iriam me tirar daqui. Apesar da minha insegurança, e do fato de que eu não queria de maneira alguma depender de alguém para sair das posses de Jadis, tentei ser positiva. Eu estava fraca, meu poder estava adormecido, quase que morto. Não conseguiria agir sozinha nem se quisesse.

— Assim que eles se sentarem sobre o trono de Cair Paravel, estaremos finalmente livres da Feiticeira Branca. – Falei tentando anima-lo e ao mesmo tempo, me animar.

— Se eu fosse você, não seria tão otimista.

Eu ergui a sobrancelha confusa, sentindo meu coração se partir em vários pedacinhos. Minha vida dependia de um Filho de Adão! Não sabia o que poderia acontecer, Jadis era instável, talvez em um dia qualquer ela decidisse que fosse o melhor dia para me matar, e eu não teria como reagir.

Odiava pensar nisso.

— Por quê?

— Edmundo veio a Nárnia depois de Lúcia, temo que ele tenha se encontrado com Jadis. – Sr. Tumnus soluçou e eu senti a cor sumir de meu rosto.

Então aparentemente Edmundo seria o Filho de Adão que me resgataria, de acordo com a profecia, mas como ele faria isso estando ao lado de Jadis?Sentia meu coração murchar, tinha passado tanto tempo sobre as posses de Jadis, que temia não ter meus poderes como antes. Temia não poder conseguir usar minha magia novamente.

— Você me parece familiar. – O sátiro comentou e eu engoli em seco, algo em mim dizia que ele era uma boa pessoa, mas eu tinha medo dele falar para a Feiticeira que justamente o Pevensie que ela persuadiu iria me tirar dali.

Depois de muito hesitar, resolvi ser sincera com o sátiro. Não gostava de mentir. Estava tomando coragem para lidar com as possíveis reações de Jadis com a profecia.

— Sou Rose. – Falei com o olhar distante

O sátiro arregalou os olhos.

— Oras! Santo Aslan, você é a Feiticeira do Sol. – Ele exclamou e eu pude ver chamas de esperança em seus olhos.

Queria ter a mesma alegria, mas eu sabia que as coisas tinham mudado drasticamente. Não fazia somente um ano que eu não usava mais meus poderes, e sim milhares de anos. Tantos anos sendo torturada, se lamentando e jurando ser forte. Anos e anos acordando e vendo a mesma parede de gelo. Diversos anos comendo o pão seco da Feiticeira. Tantos anos deitada e olhando melancolicamente para o teto, se perguntando quando eu tinha perdido a minha real personalidade. Tudo aquilo era o suficiente para eu não acreditar mais na minha magia.

— Eu não teria tanta certeza se fosse você. – Disse suspirando ao tocar as grossas barras de gelo da minha cela.

— Por quê? – Ele parecia estar curioso, o que me deixou desconfortável, ainda não confiava nele completamente.

— Devo ter perdido praticamente todos os meus poderes. – Falei admitindo para eu mesma em voz alta.

Logo o Sr. Tumnus me olhou cheio de pena, o que me deixou mais desconfortável do que eu já estava. Quem gostava de receber olhares de pena por acaso?

— Acreditando em si mesma, você conseguirá reverter essa situação.

Eu sorri triste.

— Obrigada Sr. Tumnus.

— Sabe, a pequena Lúcia me disse coisas belas. – Ele comentou começando a chorar, e talvez se não tivéssemos a distância de uma cela, eu o reconfortaria com tapinhas no ombro. – Foi ela quem abriu a minha mente para ver que eu estava errado.

Não sabia as palavras certas para dirigir ao sátiro, apenas dei meu típico sorriso triste e abaixei a minha cabeça caindo no mais profundo sono, sem sonhos, sem pesadelos, completamente cinza e indiferente.







~•~







— Quem é ela? – Uma voz masculina veio abafada aos meus ouvidos enquanto eu recuperava a consciência. Sentia que tinha dormido por um bom tempo, tentei pensar em quanto tempo estive adormecida, até perceber que eu não tinha mais noção de tempo a algum tempo.

— Oh? Essa garota é a Rose! – Ouvi a voz do sátiro.

Depois de alguns minutos de silêncio o garoto tornou a falar.

— Por quê ela está aqui? – sua voz tinha um tom de impetulância que me irritou, em Charn, ninguém se dirigiria para mim com esse tom.

O sátiro me cutucou fazendo com que eu abrisse meus olhos, de início eu só via a neve. Dei um gemido de frustração, quantas vezes já tinha visto aquela mesma paisagem?

— Rose? O menino chegou.

Me levantei do chão frio assustada e meu olhar foi parar na outra cela ao meu lado, lá estava o garoto. E te garanto que ele não era nada como eu esperava.

Talvez pelo fato de eu ser cercada por uma grande quantidade de homens em Charn, eu devia ter idealizado ele como de fato um homem. Alto, esbelto, corajoso e musculoso, isso era o que eu esperava.

Ele era provavelmente um ou dois anos mais novo do que eu, de fato era muito bonito, mas não era alto nem forte. Muito menos confiante, sinceramente aquele garoto não devia fazer ideia de seu destino. Ele era apenas um adolescente.

Aslan só podia estar brincando.

— Edmundo Pevensie, ha? – Perguntei para o garoto que, assim como me olhou de cima a baixo, sentindo o desânimo transparecer.

— Isso decididamente não são vestes adequadas! – Ele anunciou ao observar meu vestido beje esfarrapado e meus pés descalços. Senti uma enorme vontade de revirar meus olhos, eu certamente não escolheria o que vestir em uma prisão...

— Céus, você realmente é um “salvador”. – Resmunguei baixinho e o garoto não me ouviu.

O Sr. Tumnus nos olhou com certa curiosidade, o que mais me surpreendeu, foi o tom de voz egoísta de Edmundo.

— Quem é você? – Ele perguntou agora com certa curiosidade. – Jadis diz que te quer morta. Você deve ter feito algo realmente horrível.

Eu dei de ombros, sentindo um pequeno sorriso se formar no canto da minha boca, não era de hoje que aquela mulher desejava a minha morte.

— Rose. – Respondi me sentindo decepcionada com as minhas expectativas sobre ele. – Feiticeira do Sol. E você é Edmundo não é? – Evitei demonstrar a minha curiosidade também, por quê Aslan escolheu justamente ele para me ajudar?

— Edmundo, o futuro príncipe do Castelo de Gelo. – Ele sorriu orgulhoso do que falava, aquilo apenas me fez se afundar mais.

Era definitivo, eu iria morrer, iria perder meus poderes para sempre.

Eu desviei meu olhar com pena dele, Jadis tinha o persuadido com várias mentiras. Imagino que a reação dele ao descobrir que tudo não se passava de uma mentira...Bem, não seria uma das melhores.

Senti compaixão daquele garoto um tanto egoísta, queria ajuda-lo. Mas não dava para fazê-lo algemada.

— Eu tenho certeza de que um dia você será um Rei, Edmundo. – Falei cuidadosamente me lembrando da profecia de Cair Paravel.

O garoto estufou o peito.

— Eu sei disso! – Disse prontamente. – Só não entendo o porquê dela ter me trancado com vocês aqui. – Ele fez uma careta e eu não sabia o que fazer para desiludir ele. – E ainda por cima, me deu pão duro como alimento!

Suspirei pesadamente, ajudar Edmundo, e o mesmo me ajudar seria um desafio e tanto.

 


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