Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 23
Capítulo 23 - I want to be the one you remember




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Capítulo 23 - I want to be the one you remember

“Eu quero te respirar como seu vapor

Eu quero ser o único que você lembrará

Eu quero sentir seu amor como o clima

Todo sobre mim, todo sobre mim”

5 Seconds of Summer, Vapor.





— Então você não é mais imortal? — Lúcia me perguntou enquanto caminhávamos pelos arredores do castelo.

Ainda era cedo de manhã, o sol tinha acabado de nascer enquanto andávamos lado a lado. Dessa vez o meu rosto tinha uma expressão plena e feliz, meus cabelos estavam soltos caindo nos meus ombros e meus pés estavam descalços.

— Não. — respondi — Aslan me disse que no meu último suspiro viva enquanto imortal, eu inconscientemente sacrifiquei tudo aquilo que eu mais estimava para poder salvar Nárnia.

A pequena sorriu.

— Então eu estava certa sobre o que falei naquele dia. A maldição realmente não tinha sido quebrada, o seu destino e o de Edmundo ainda estavam atados pela profecia. Por isso que você estava no exato lugar quando nós chegamos em Nárnia, a profecia queria que você estivesse ali.

Suspirei balançando a cabeça positivamente.

— Você tem razão Lu.

— Bem, agora você está livre. — ela anunciou, me olhando com simplicidade.

— Sabe Lu, há alguns anos atrás eu adoraria saber que estava livre para poder ir embora e me aventurar pelo mundo. Mas agora… Agora eu sinto que quero continuar a arrumar o que eu fiz de errado, quero estar ao lado de Caspian como sua conselheira quando for coroado. 

— Então você pretende ficar? — ela perguntou com os olhos brilhando em esperança.

Sorri.

— Sim. Eu pretendo crescer como uma garota normal, agora que já não sou mais imortal, finalmente poderei envelhecer e ter aniversários novamente. Vou querer estar cercada de pessoas que me amam nesse momento. — admiti com sinceridade.

— Eu adoraria estar presente em um de seus aniversários. — Lúcia sorriu parando de caminhar, ficando diante de uma pilastra — Edmundo também adoraria estar com você quando esse evento chegar, mas acredito que você já saiba disso.

“Nunca vi ele tão para baixo quando você morreu. Ele não contou para ninguém o que quer que tenha acontecido naquele dia, embora eu possa ter uma idéia do que de fato ocorreu. A verdade é que ele passou o restante daquele dia sozinho, não queria olhar ninguém, falar com ninguém e muito menos comer. Passou a noite inteira acordado olhando para as estrelas no céu.”

“Susana tentou falar com ele, mas Pedro o impediu. Ele disse que Eddie precisava de um tempo só dele para absorver o que tinha acontecido. Foi nessa hora que Caspian foi conversar com ele. Nunca tinha visto Caspian e Edmundo conversarem sem olhar um a outro com desconfiança, ou ciúmes se me arrisco a dizer, mas isso aconteceu.”

“Quando Edmundo estava triste sem querer falar com ninguém, Caspian foi até Edmundo falar sobre você com ele. Não sei do que se tratava a conversa ao certo, mas sei que ele com certeza falou que você não gostaria de vê-lo naquele estado, que você tinha nos deixado para nos proteger e não para nos prejudicar e entristecer. Caspian motivou Edmundo a se levantar e ajudar os demais a planejar a guerra que vinha, porque Eddie sempre foi muito bom e calculista quando se tratava de batalhas.”

“Foi nesse momento que eu percebi o que estava a minha frente, que Edmundo estava apaixonado por você. Eu já havia percebido faz um tempo que vocês se portavam de forma diferente um na frente do outro, e o ciúmes repentino dele com o Caspian só comprovou as minhas suspeitas. De alguma forma os dois se uniram em um momento de luto, e ajudaram um ao outro a se levantar.”

Abaixei a cabeça envergonhada e por fim, sorri com os olhos brilhando.

— Fico feliz de ter sido capaz de unir os dois.

— Você vai ser uma boa rainha no final das contas…

— Rainha? — ergui minha sobrancelha confusa.

Lúcia arregalou os olhos e levou a mão a boca, parecia pensar no que iria falar.

— E-Era para ser uma surpresa mas pelo visto eu estraguei tudo… Você e Caspian serão coroados Rei e Rainha de Nárnia, irão governar lado a lado. Caspian que pediu por isso, ele conta com a sua experiência para ajudá-lo a administrar o reino. Me desculpe por ter estragado tudo.

Algo no fundo do meu coração pareceu ser aquecido. Tinha passado tantos anos sonhando em receber uma coroação como as dos irmãos Pevensie, e finalmente estava ganhando esse presente… Eu finalmente seria declarada Rainha de Nárnia pelo próprio Aslan… Não tinha sequer palavras para sequer descrever o quão grata eu me sentia naquele momento.

— Parabéns por não conseguir manter a boca fechada Lu.

Edmundo surgiu por trás de uma pilastra.

Ainda era cedo, mas mesmo assim ele já estava lindo e desperto. Os cabelos negros estavam muito bem penteados, ele vestia uma camisa simples azul claro, calças e botas. Tão simples mas ao mesmo tempo tão encantador…

— Eddie. — seu nome saiu automaticamente da minha boca, o que fez com que o moreno sorrisse.

— Bom dia Rose, será que agora eu finalmente poderei ter um tempo para conversar com você?

Abri e fechei a minha boca por alguns momentos, compreendendo a inquietação do garoto. Desde que a batalha tinha ocorrido eu não tinha parado quieta, primeiro tínhamos prendido o Conde Aidan por seus crimes até que a coroação acontecesse e Aslan se pronunciasse, além disso eu ficara responsável por ajudar na preparação do evento com belos adornos que seriam feitos com a minha magia solar.

— Me desculpe.

— Vou deixar os pombinhos sozinhos. — Lúcia cantarolou, se retirando do salão enquanto saltitava nos deixando para trás com as bochechas fervendo de vergonha.

Dei um passo à frente na direção de Edmundo.

— Sinto muito, fiquei responsável por tanta coisa nesses últimos dias que mal tive tempo de te dar atenção.

— Você vai ser uma rainha afinal das contas. — ele disse despreocupado.

— Você diz isso como se não fosse um rei. — falei enquanto dei um sorriso de canto.

Edmundo me olhou silenciosamente de cima a baixo, o que me deixou deveras inquieta, e então ele sorriu enquanto erguia a mão na minha direção.

— O que acha de irmos caminhar nos jardins?

— Tudo bem.

Entrelaçamos as mãos e caminhamos para fora do castelo. Como ainda estava cedo, poucas eram as pessoas e narnianos que estavam acordados, logo éramos os únicos andando naquela região. Conversávamos baixinho sobre trivialidades, e eu sentia que não conseguia deixar de sorri ao estar do lado dele. Alguma coisa em Edmundo me deixava incrivelmente calma, não com o sentimento de inquietação e borboletas no estômago, mas sim uma sensação de quentinho no coração e a paz no seu sentido mais puro possível.

— Então você está me dizendo que as mulheres vão para a guerra onde você vive? Uau. — murmurei surpresa — Em Charn as mulheres eram trancafiadas em casa e tinham por obrigação cuidar de seus filhos para quando os maridos retornassem. Eu fui uma exceção a regra.

— Oh, mas não são todas as mulheres claro. Acontece que quando um país está em estado caótico de guerra, e com suas forças militares desgastadas, não se pode negar aquele que querem oferecer ajuda. Assim algumas mulheres foram para o campo de batalha.

— E como são as guerras no seu mundo? Tenho certeza de que não tem minotauros, ratos falantes e coisas do gênero.

Edmundo riu.

— Não, nossas guerras não possuem magia.

E então, embarcamos em uma longa conversa sobre como era o mundo em que Edmundo vivia. Eu me fascinava por tudo o que ele contava, sobre fábricas e operários, mulheres nas ruas protestando por seus direitos, trens que soltavam vapor… Tudo aquilo era fora da minha realidade, e apesar de ser ordinário para ele, para mim eram coisas novas e incríveis.

— Ahm, você nunca me falou sobre esse colar novo. — ele apontou para o colar em formato de ampulheta no meu peito.

— Ah! Verdade. — sorri enquanto tocava no pingente de ampulheta — Aslan me deu. Ele me disse que como eu tinha sacrificado a minha imortalidade, agora eu irei envelhecer como uma Filha de Eva comum, irei envelhecer como vocês. Então ele me deu a ampulheta para que eu soubesse quando estava completando um novo ano de vida, agora eu finalmente fiz meus dezesseis anos.

Edmundo parou um pouco analisando a ampulheta.

— Isso significa que você é mais nova do que eu.

— Ah não. Não acredito que vamos ter essa conversa novamente.

— Não adianta discordar Rose. — ele piscou, me arrastando pela mão para o jardim.

— Tudo bem, eu vou fingir que você ganhou a discussão Eddie.

Nós dois rimos enquanto caminhávamos pelo jardim, não havia sensação melhor do que sentir meu pé descalço roçando na grama úmida.

Edmundo parou de caminhar subitamente, fazendo com que meu corpo batesse no dele, e ficássemos frente a frente. Ele sorria me passando a mais singela felicidade.

— A verdade é que eu não tenho palavras para dizer o como estou feliz por você estar de volta. Eu não sei o que seria sem você aqui Rose. A nossa conexão vai muito além daquela profecia, sempre soube disso.

Meus olhos brilharam diante daquela fala.

— Eu escolhi voltar Eddie. Depois de tanto tempo viajando para encontrar o meu verdadeiro eu, depois de tanto tempo longe de vocês e de Nárnia, eu percebi que aqui é o meu lar. Que é aqui onde eu gostaria de retornar.

As mãos quentes de Edmundo moldaram o meu rosto com carinho.

— Sei que em algum momento você terá que voltar para o seu mundo e eu ficarei aqui, já me acostumei com isso, e pretendo continuar aqui. Só quero que saiba que você será aquele quem eu sempre me lembrarei, não haverá outro, será sempre você Eddie.

Edmundo sorriu e com a mão livre ele segurou minha cintura com firmeza, fazendo com que o meu coração acelerasse.

— Então saiba que para mim também não haverá outra, e sempre que eu retornar para Nárnia eu irei te procurar. Nem que precise te procurar por toda uma eternidade.

Haviam milhares de coisas quais eu gostaria de falar para ele, mas o garoto me calou com um beijo afoito e apaixonado, fazendo com que todo o meu corpo cedesse com o seu toque, com o seu amor.





Foi com o iniciar do crepúsculo que a cerimônia de coroação teve seu começo.

O salão fora organizado para que telmarinos e narnianos apreciassem a cerimônia em silêncio, os comes e bebes já estavam sendo servidos quando todos estavam sentados e uma trombeta anunciou nossa entrada.

— Caspian, rei de Telmar por sangue e por direito, e Rei de Nárnia por honra.

Caspian foi recebido com uma salva de palmas, ele caminhou plenamente em direção ao trono onde Aslan o esperava. A coroa foi colocada sob sua cabeça enquanto ele sorria de forma contida.

— Agora é a sua vez, entre. — o mesmo centauro da batalha sorriu para mim.

Sorri assentindo com a cabeça.

— Obrigada. — murmurei.

Dei meu primeiro passo em direção ao trono com um sorriso verdadeiro no meu rosto, feliz por ter o conquistado, feliz por ter passado por tudo o que eu passei para finalmente conseguir o reconhecimento pelo qual sempre sonhei.


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