Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 22
Capítulo 22 - I’m overcome in this war of hearts




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Capítulo 22 - I’m overcome in this war of hearts

“Não posso deixar de amar você

Mesmo que eu não tente

Não posso deixar de te querer

Eu sei que eu morreria sem você

(...)

Eu não posso deixar de querer que oceanos se partam

Porque estou vencendo esta guerra de corações”

Ruelle, War of Hearts




O vento soprava violentamente contra o meu rosto, fazendo com que meus fios soltos de cabelo esvoaçassem. Um sorriso singelo se formava no meu rosto enquanto eu olhava Pedro e Edmundo

— Eu pensei que você estivesse morta. — Pedro sussurrou visivelmente abalado.

Abri minha boca para falar, contudo fui interrompida por uma voz irritante que eu conhecia muito bem.

— Então vocês trouxeram a feiticeira para o campo de batalha. — Miraz zombou enquanto olhava para mim com desdém — Sempre soube que havia algo de errado com essa aberração.

Os ombros de Edmundo ficaram tensos.

— Não ouse chamá-la assim!

Miraz ergueu as sobrancelhas surpreso com a mudança de humor repentina do Pevensie, eu por outro lado apenas sorri calmamente sem tirar meus olhos do rei.

— Então vocês organizaram um duelo? — perguntei me virando para Pedro, que mesmo pálido com a minha aparição, acenou positivamente com a cabeça. — Então melhor dar continuidade. Boa sorte Pedro. — disse fazendo uma breve reverência.

— Não iremos arriscar nosso rei de lutar perto de uma feiticeira. — um dos homens de Miraz anunciou porém eu apenas dei de ombros na mais simples expressão de despreocupação.

— Se eu quisesse matar o homem o qual vocês tanto chamam de “rei”, já teria o feito antes. Agora, meus senhores, gostariam de parar de perder tempo com discussões que não chegarão a lugar algum? — ergui minha sobrancelha ao falar.

O rei telmarino riu ruidosamente.

— Assim que acabar com esse reizinho loiro, a próxima será você aberração.

— Mal posso esperar. — respondi com um sorriso gentil no rosto.

— Certo, que se inicie o duelo então. — Miraz sorriu da mesma forma em que um assassino sanguinário iria sorrir naquele tipo de situação. Mesmo assim eu não me deixei abalar, mesmo com medo, eu não esquecia qual era o meu objetivo naquele campo de batalha. Não podia esquecer que Aslan e a Magia Profunda me permitiram estar ali, lutando por aqueles que eu amava.

Dei alguns passos para trás, ficando ao lado de Edmundo enquanto Pedro e Miraz estavam a frente se preparando para o embate.

Cuidadosamente Eddie pediu para um narniano obter uma armadura, e sem demoras ele me ajudou a colocá-la no meu corpo, afim de me proteger na batalha que iria se iniciar.

Me senti tentada a interferir na luta de Pedro e Miraz usando magia, mas sabia que isso ia contra o tratado que eles tinham feito previamente. Pedro queria ganhar justamente, embora eu duvidava muito que a ideia de justiça tinha se passado pela mente de Miraz quando ele aceitou o duelo. Contudo, me segurei. Caso Pedro se machucasse muito eu poderia usar a magia para curá-lo.

Também quis perguntar a eles sobre Lúcia, onde ela estava e o que estava fazendo, mas sabia que aquele não era o local e nem o momento. Conhecendo os Pevensie, eles deveriam ter deixado a caçula em um lugar onde estivesse segura. 

Fiquei tensa conforme a luta se desenrolava, percebendo isso Edmundo segurou minha mão como se mostrasse que ele também estava tenso, mas ao mesmo momento que estávamos juntos nessa.

Sorri com aquele ato.

— Está tudo bem, agora que você está aqui, é um sinal de que tudo vai dar certo.

Aquela fala preencheu o meu coração com alívio e afeição, me fazendo sorrir e sentir as famosas borboletas no estômago.

Novamente, senti meu corpo ficar apreensivo quando Pedro começou a rolar no chão, protegendo-se apenas com seu escudo. Contive o impulso de dar um passo a frente e usar magia, e fui surpreendida com o Pevensie derrubando o telmarino no chão.

Arfei preocupada.

Pedro se levantou pronto para atacar novamente, todos estavam completamente concentrados na luta que acontecia a frente, quando escutamos o relinchar de um cavalo.

Mais adiante vinham montados Caspian e Susana.

Ao mesmo tempo em que eu sorri, o casal me olhou de longe sem conseguir acreditar no que viam.

— Cinco minutos? — ouvi Pedro perguntar para seu oponente.

— Três. — Miraz respondeu contragosto.

Os dois concordaram em um pausa de três minutos enquanto se afastavam cuidadosamente, cada um em direção ao seu povo.

— Você. Está. Viva. — Caspian me levantou do chão em um abraço caloroso.

— Olá pra você também. — dei risada o abraçando.

— Vai me explicar o que raios aconteceu? — ele perguntou me colocando no chão ao lado de Edmundo, que tinha o rosto inexpressivo, e Susana que ainda estava um pouco surpresa.

— Depois. Agora precisamos cuidar do Pedro, ande.

Ele assentiu.

— E a Lúcia? — foi a primeira coisa que Pedro perguntou quando se aproximou de nós.

— Ela conseguiu passar, — disse Susana — com uma ajudinha. — comentou olhando para Caspian.

Me senti aliviada, Lúcia estava em segurança.

— Obrigado. — Pedro agradeceu Caspian e eu sorri para os dois, feliz de vê-los se tratando de forma civilizada e madura.

Susana se despediu de seu irmão com um abraço e logo foi em direção a antiga construção que abrigava a Mesa de Pedra, a fim de se juntar aos outros arqueiros.

— Pedro, você quer que eu realize um feitiço simples de cura? Posso ao menos fechar um de seus cortes. — perguntei preocupada, porém o loiro abanou a cabeça em um sinal de negação.

— Não. Miraz irá fazer uma cena se te ver usar magia durante o duelo. Deixe comigo, irei terminar o que comecei.

Assenti, ainda incerta.

— Sorria. — Edmundo mandou e Pedro o fez, ele sorriu erguendo sua espada em direção aos narnianos a fim de mostrar que tudo ocorria bem no duelo. Olhei para Edmundo pelo canto de olho, ele realmente tinha uma boa noção de batalhas.

— Fique com o centauro enquanto eu e Caspian cuidamos dos ferimentos do meu irmão, não quero ouvir Miraz falar mais nenhuma ofensa em relação a sua pessoa. — Edmundo disse com seriedade.

— O ódio que ele destila não me afeta. — respondi.

— Por favor. — ele pediu e eu acabei cedendo, caminhando para o lado do centauro.

Fiquei pelo menos um metro de distância dos meninos, os assistindo tomar conta de alguns ferimentos de Pedro e trocarem algumas palavras rapidamente.

— É bom tê-la de volta, Rosalie. — o centauro disse com sua voz melodiosa.

Sorri timidamente olhando em sua direção.

— Achei que os narnianos não acreditassem mais em mim. Eu os abandonei.

— Você lutou pelo nosso povo até seu último suspiro, e voltou dos mortos para lutar por nós novamente. Para nós narnianos, não lealdade maior que essa.

Os meus olhos brilharam com aquela fala.

— Muito obrigada. — sussurrei.

O duelo recomeçou, e toda a minha atenção foi tomada por Pedro lutando contra Miraz. Toda vez que ele caía ou se feria eu sentia meu corpo estremecer de medo e ansiedade.

Então, mais rápido do que meus olhos foram capazes de captar, ele conseguiu tomar a espada do telmarino e passou a atacá-lo em direção ao escudo, procurando deixá-lo sem nenhuma defesa.

Apesar de ter vivido diversas batalhas e ser considerada uma pessoa “forte”, eu nunca tinha tido ligação emocional muito duradoura com as pessoas que lutavam ao meu lado. Contudo, agora com Pedro recebendo socos de Miraz, não pude evitar fechar meus olhos sem querer assistir o desenrolar da luta.

— Não é hora de cavalheirismo, Pedro! — ouvi Edmundo gritar, porém nem mesmo assim eu me arrisquei a abrir meus olhos. Apenas fiquei com a minha prece silenciosa para que tudo saísse conforme o planejado pelos Pevensie. — Atrás de você! — Ed gritou novamente.

Quando abri meus olhos, Pedro estava com sua espada erguida, e Miraz estava de joelhos no chão, ferido.

— Qual o problema garoto, não tem coragem de tirar uma vida? — Miraz, mesmo em seu leito de morte, zombou.

— Não sou eu quem deve tomá-la. — Pedro respondeu e então se virou para nós, erguendo sua espada em direção a Caspian.

Abri minha boca surpresa demais com a cena que se desenrolava a minha frente. Então os Pevensie e Caspian realmente estavam começando a se dar bem.

— Caspian — fui em sua direção, segurando seu braço —, v-você tem certeza?

O garoto que roubava comida da despensa da cozinha do castelo de Miraz para me entregar na prisão me olhou, agora ele era o mesmo garoto que iria se tornar rei, que iria obter o trono que lhe era merecido, que lhe era destinado desde seu nascimento. Mas eu conhecia aquele garoto, e sabia que ele não era um assassino.

Ele me olhou por alguns momentos, e então eu o soltei.

Caspian não disse uma palavra enquanto se dirigia até Miraz.

Tudo aconteceu rápido demais para que eu sequer me desse conta, a princípio Caspian e Miraz trocaram algumas palavras e então o garoto ergueu sua espada e gritou.

Suspirei me sentindo culpada por não ter conseguido intervir o suficiente. Tirar uma vida era um peso que eu não queria que meu amigo carregasse.

No exato momento em que meus olhos se fecharam, o som de metal se chocando com o chão me fez abri-los quase que de imediato. 

Caspian tinha errado o golpe, de propósito.

— Continue vivo. — ouvi ele dizer — Mas eu darei a Nárnia seu reino de volta.

Sorri orgulhosa.

O garoto telmarino se virou em minha direção e começou a caminhar plenamente para longe de seu tio.

Estava tão focada em Caspian, e em como ele tinha sido corajoso no que tinha feito que quase não percebi a cena que se desenrolava logo atrás. Um dos homens de Miraz o segurava para que este não caísse no chão, os dois trocaram palavras baixinho, e então o corpo do rei telmarino caiu no chão. Morto.

— Traição! — pude ouvir alguém gritar.

Semicerrei meus olhos, sem consegui acreditar no que estava vendo. Desembainhei minha espada e fiquei lado a lado com os Pevensie.

— O quê você está fazendo aqui, é perigoso demais. — Edmundo ralhou comigo, porém eu o ignorei ficando em posição de guarda.

— O quê você está fazendo aqui, é perigoso. — eu o imitei enquanto erguia minha sobrancelha como se o desafiasse a me contrariar.

— Eu não quero que você morra, Rose. — o garoto quase suplicou.

— Não se preocupe, eu não irei. Mas acredite, ninguém aqui me impedirá de lutar ao lado de vocês.

Edmundo mal teve tempo de suspirar derrotado, pois teve que gritar para que Pedro se defendesse pois havia um telmarino atrás dele.

qui stabit claustra! — ordenei que barreiras se erguessem no meio do campo de batalha, estas eram douradas e limpas como a minha magia original. Eram finas e não iriam aguentar por muito tempo, porém iriam auxiliar os narnianos a se organizarem em suas posições.

— EM SUAS POSIÇÕES! — Pedro gritou assim que determinou de decapitar o soldado.

Girei o cabo da espada em minhas mãos enquanto me preparava para lutar.

— Tome cuidado.

— Eu digo o mesmo para você. — sorri, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas enquanto olhava para Edmundo.

Acho que isso fez com que ele perdesse um pouco a postura de bravo, pois sorriu para mim, bagunçando os meus fios de cabelo soltos.

— Vai para a sua posição. — dei um empurrão de leve em seu ombro e ele deu risada, fazendo o que eu tinha pedido, indo ficar ao lado de Pedro.

Então pedras começaram a cair do céu, ao que me parecia, os telmarinos estavam lançando pedras gigantes de algo que me pareciam catapultas.

— Rose, você acha que consegue segurar essas pedras? — Pedro perguntou e eu quase me engasguei.

— Posso tentar. — respondi incerta.

Ergui minhas minhas mãos em direção ao Sol e entoei um feitiço, me concentrei nas pedras que voavam livremente pelo céu e senti a magia sair do meu corpo e formar um tipo de barreira que as segurava.

Contudo, eu sentia o peso das pedras em minhas mão como se eu mesma estivesse às segurando em minhas mãos.

O suor escorria pela minha testa quando eu gritei, quase não conseguindo segurar todo aquele peso. Lancei as pedras na direção contrária, sentindo alívio súbito ao não ter mais peso nos meus braços. As pedras caíram no território dos telmarinos se afundando na grama enquanto os homens gritavam desesperados.

Um cavalo correu em minha direção e eu o montei, ainda com a minha espada em mãos.

Assim que o líder dos telmarinos deu a ordem de atacar, a barreira dourada se desmanchou.

Era complicado para mim estar no campo de batalha sem saber exatamente o que fazer, já que eu não estava presente nas reuniões de planejamento porque eu estava teoricamente morta. Mas isso não me impedia me de esforçar para dar o meu melhor.

“Recue”, Caspian disse com palavras mudas.

Eu apenas assenti, e galopei o seguindo, deixando Pedro e Edmundo a frente.

— Fique aqui, eu irei lá para baixo. Fique calma, faz parte do plano.

— Tudo bem. — respondi confusa, o observando descer junto de alguns narnianos para a enorme construção de pedra que costumava ser nosso esconderijo.

Me virei para os arqueiros que seguiam os comandos de Susana.

— Irei ajudá-los. Vou enfeitiçar suas flechas para queimarem como fogo solar.

— Obrigada. — Susana murmurou e eu apenas acenei com a cabeça.

Realizei o feitiço em latim e assim que terminei de falar, a flecha que os arqueiros tinham posicionado em seus arcos começaram a queimar o mais puro fogo mágico na ponta.

Voltei-me para os telmarinos que corriam na direção de Pedro e Edmundo que se encontravam parados, eu sabia que era algum plano deles, mas mesmo assim não pude evitar me sentir nervosa com aquilo.

Tive de espremer meus olhos para conseguir ver que mais a frente a terra embaixo dos exércitos dos telmarinos estavam desabando, e os homens caíndo.

Ah então era isso que eles estavam planejando.

  — AGORA! — Susana gritou e milhares de flechas pegando fogo voaram no céu em direção aos telmarinos, eu podia arriscar dizer que nunca tinha visto cena mais linda que aquela.

Repeti o feitiço que tinha utilizado para segurar as pedras, e tornei a lançá-las em direção ao solo telmarino, causando ainda mais estrago.

— AGORA! — ouvi Pedro gritar de longe, e soube que aquele era o momento de pegar minha espada e ir a luta.

Juntos de diversos narnianos eu cavalguei com a espada em mãos, galopando na direção dos telmarinos que não tinha sido afetados pela terra que caiu, os atacando furiosamente.

Parei um pouco, quando estava a uma distância segura de uma das catapultas e realizei um feitiço.

Adelobitque. 

A catapulta mais próxima começou a queimar, os pedaços de madeira desmononavam no chão caindo por cima de alguns homens indefesos.

Teria continuado com o meu plano de acabar com uma catapulta por vez, se não fosse por Pedro gritando para que recuássemos.

Confusa, eu o obedeci.

Pedras atingiam a construção enquanto eu corria junto dos narnianos para dentro do esconderijo, eu podia sentir que havia algo diferente no ar, só não conseguia saber exatamente do que se tratava.

Xinguei baixinho quando vi que os narnianos tinham parado na frente da porta, pois a mesma fora bloqueada por pedras que tinham desabado por conta do ataque telmarino.

Me reuni com os Pevensie e Caspian, e tornei a lutar. Meu corpo já doía pelo esforço de empunhar a espada e lutar com telmarino por telmarino, contudo eu não iria me cansar enquanto não me desse por vencida. Iria lutar por Nárnia até meu último suspiro.

— As árvores. — um centauro atrás de mim murmurou.

E então eu vi, dezenas de árvores se erguerem do chão e se voltarem contra os telmarinos, suas raízes e galhos diminuíam o impacto das pedras gigantes que nos eram lançadas.

— Lúcia. — Pedro sorriu.

Não parei nem por um segundo, continuei atacando telmarino por telmarino. E junto de outros narnianos, os segui em direção do rio Beruna, para onde pretendiam fugir. Foi um pouco complicado se movimentar em meio aquele caos, mas mesmo de longe, eu consegui ver do outro lado da ponte do rio Beruna, Lúcia com um sorriso no rosto e Aslan ao seu lado.

Minha expressão preocupada foi tomada pela calmaria, sorri para o Leão enquanto observava o desenrolar da cena dos telmarinos tentando se defender.

Estonteada com a magia que emanava do Leão, eu apenas assisti a cena do rio em silêncio. Por um momento meu olhar encontrou o de Edmundo em meio a multidão, e somente aquele olhar me fez perceber que agora tudo iria ficar bem.


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