Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 17
Capítulo 17 - Nervous




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669186/chapter/17

Capítulo 17 - Nervous 

“Talvez eu não devesse tentar ser perfeito
Confesso, estou obcecado com a superfície
No final, se eu cair ou se conseguir tudo
Eu só espero que isso valha a pena”

The Neighbourhood, Nervous.




— Eu tenho certeza do que vi! — Lúcia cruzou os braços com um ar de indignação e tristeza ao mesmo tempo.

Estávamos parados no meio da floresta, na frente de um penhasco onde Lúcia jurava ter visto Aslan, ela falava com um ar de inocência que me fazia querer acreditar em sua sinceridade. Contudo, eu tinha vivido em Nárnia todos estes anos, e Aslan nunca tinha aparecido para me ajudar.

Tinha sido escravizada, maltratada, agredida e humilhada. Mesmo assim eu não tinha visto um vislumbre sequer do Leão.

Era justo que ele aparecesse somente para ela?

Balancei a cabeça tentando afastar meus pensamentos.

— Lu, existem vários animais nesta floresta, acredite. — falei em tom amigável — Talvez você de fato tenha visto um leão, mas ele pode ser um selvagem..

— Era Aslan, eu juro! — ela disse desesperada, enquanto os meninos discutiam junto de Nikabrik o melhor caminho para chegar até Caspian. — Por quê eles não acreditam em mim?

— Eu acredito em você Lu. — Edmundo ofereceu um pequeno sorriso para a irmã.

Não pude deixar de admirar o quanto ele tinha crescido, Edmundo estava acreditando na irmã porque tinha duvidado dela milhares de anos atrás, quando ela estava certa. Ele realmente tinha crescido, aparentava estar mais maduro.

Suspirei, não querendo acreditar que Lúcia tivesse de fato visto Aslan. Como aquilo poderia ser justo? 




“As minhas entranhas estavam doloridas, tudo no meu corpo se definia em uma única palavra: dor. Contudo, eu não chorava. Haviam marcas de lágrimas no meu rosto, elas já estavam secas, mas eu ainda podia sentir o meu rosto molhado.

Meus lábios estavam rachados e haviam enormes olheiras debaixo dos meus olhos. Fazia tempo em que eu não dormia bem, na verdade, desde que Cair Paravel tinha sido destruída e os narnianos passaram a ser caçados, eu não conseguia mais dormir em paz.

Passei algum tempo fugindo com alguns narnianos, dessa vez eu me recusava a abandoná-los daquele jeito. Era completamente desumano. Por isso, eu passei dias que logo se tornaram meses, me escondendo e ajudando diversos narnianos a se esconderem dos telmarinos. Contudo, conforme o avanço do povo de Telmar ea crescente expansão de território, se tornou cada vez mais difícil escondê-los.

Mesmo assim eu tentava me manter otimista, procurava acreditar que Aslan, ou até mesmo os Reis de Paravel iriam voltar para nos auxiliar.

A única coisa que me fazia manter todos aqueles narnianos juntos, a única coisa que me ajudava a se manter sã, era o pensamento de que eles iriam voltar para nos ajudar. Mesmo que alguns narnianos deixassem de acreditar em Aslan, eu teimava, algo em mim sabia que o Leão não nos deixaria a sós daquela forma miserável. Aslan não deixaria nossa espécie ser aniquilada.

Acontece que Aslan nunca veio.

O que eram dias e meses, se tornaram longos anos tortuosos.

Infelizmente chegaria o momento em que nós não conseguiríamos mais no esconder, e esse momento chegou mais rápido do que eu esperava. 

Na época, eu fiz o possível para afastar os narnianos da nova capital dos telmarinos, então nós acampávamos próximo ao mar. Infelizmente um grupo de homens nos encontraram, e surpresos com nossa capacidade mágica, bolaram um sequestro, que acabou dando certo.

Prenderam-me em algemas de ferro completamente apertadas, de forma que eu não conseguiria escapar nem se quisesse. Tive meus olhos vendados e minha boca coberta.

Eu não podia me mover, ver e muito menos gritar. Estava à mercê daqueles estranhos homens que me levaram de barco para uma ilha distante que eu desconhecia.

Quando tiraram a venda de meus olhos, a primeira coisa que eu noite fora que estávamos em um grupo menor de narnianos. Tinham nos separado.

Os homens fizeram todo tipo de teste possível com os meus poderes, querendo saber o quanto de magia eu conseguia fazer até que me esgotasse a ponto de desmaiar. Ea cada teste, mais eles sorriam, murmurando “essa garota irá nos deixar ricos.”

Foi exatamente isso que aconteceu.

Fui enjaulada elevada para uma feira bem movimentada, eu servia como atração principal do evento. As pessoas me olhavam com interesse e espanto, como se eu fosse uma espécie de animal selvagem.

Quando as vendas não iam bem, eu levava chicotadas. Aqueles homens só não me batiam até a morte, porque se deram conta que apesar da minha imortalidade, eu ainda podia morrer.

Foi nesse cenário de tortura, onde um grupo de homens enriqueciam às minhas custas, que a minha ficha caiu. Aslan não iria voltar por mim. 

Eu estava sozinha.”




(...)





  — Abaixem. — Pedro ordenou e todos nós obedecemos, se escondendo debaixo de uma enorme tora de madeira.

Não precisava de muito esforço para ouvir homens trabalhando às margens do Rio Beruna, facilmente reconheci os telmarinos. Não tinha a mínima ideia do porquê aqueles homens estavam ali.

Os irmão Pevensie estavam bem desgostosos com a situação, a expressão de irritação era bem visível nos rostos de Pedro e Edmundo.

— Eles estão construindo uma ponte. — murmurei surpresa enquanto Pedro dava de costas para o rio, com um ar furioso.

Suspirei, vendo o olhar de “bem que eu avisei”, no rosto de Lúcia.

Me juntei aos outros na caminhada, novamente sendo atormentada com a mesma pergunta. Lúcia realmente tinha visto Aslan? Ese de fato ela tivesse visto o leão, por que ele nunca apareceu antes?

— Rose, — Edmundo se aproximou de mim com um olhar preocupado — está tudo bem?

Ponderei, se eu deveria compartilhar meus pensamentos com ele.

— Eu não sei, de verdade. — disse sincera — Sei que pode soar mesquinho, mas todos esses anos, eu nunca vi Aslan. Uma sequer vez...Nem nos meus piores momentos, quando eu achei que ia morrer…

O moreno mordeu o lábio nervoso.

— Tenho certeza que Lúcia viu Aslan, ela não iria se enganar sobre isso.  

Sorri torto, admirando a confiança que ele tinha na irmã caçula.

— Mas...deve ter um porquê. — Edmundo disse enquanto andava ao meu lado — Talvez Aslan soubesse que você fosse sobreviver e sair viva daquela situação, ele deve ter acreditado em você. Da mesma forma que eu estou acreditando na Lu.

Paralisei onde estava, com um olhar surpreso.

— Uau Eddie, eu nunca pensei por esse lado. Obrigada. — murmurei, e por fim, dei um sorriso sincero.

Será que Aslan sabia que eu aceitaria o acordo da Feiticeira? Será que ele me deu a oportunidade de escolher? Será que ele estava entristecido comigo?

Novamente mais perguntas se formaram na minha mente, resolvi não pensar muito sobre, resolvi continuar a caminhada.




(...)




— Foi aqui. — Lúcia disse com certidão — Foi mais ou menos por aqui que eu vi Aslan.

Pedro franziu o cenho, cruzando os braços enquanto trocava um olhar desconfiado com Nikabrik. Olhei para os dois tentando não demonstrar o quanto eu não estava confiante com a ideia de Lúcia, não queria machucar a pequena, mas tinha que concordar com os outros, a possibilidade de ela ter visto Aslan era praticamente mínima.

— Vocês deveriam parar de agir como se fossem adultos! — ela disse com a voz estridente, chamando a atenção para si.

Olhei para a garota me sentindo triste por estar duvidando do que ela falava. Eu sabia que Lúcia não iria mentir para chamar atenção para ela, mas ao mesmo tempo era muito...fora de cogitação.

Edmundo olhou para sua irmã apreensivo.

Lúcia bufou, dando costas para os irmãos, tornando a procurar pelo lugar onde tinha visto Aslan.

— Acho que foi…

Quando fui me dar conta, no mesmo lugar em que Lúcia tinha pisado, abriu-se um buraco e ela tinha caído.

Abri a boca em choque, sem conseguir me mover.

— Aqui. — a pequena se levantou dando um sorriso tímido, mas que ao mesmo tempo dizia “eu avisei”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sunshine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.