Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 16
Capítulo 16 - For when the darkness come




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Capítulo 16 - For when the darkness come

“Agora a porta está aberta

E o mundo que eu conhecia está quebrado

Não há como voltar para atrás”

When the Darkness Come, Colbie Cailat



O sol batia no meu rosto fazendo cócegas nas minhas bochechas enquanto caminhávamos pela floresta, tinha de admitir, eu detestava fazer caminhadas que tomavam muito tempo. 

Ergui meu olhar rapidamente para analisar os Pevensie e para o anão que caminhavam a minha frente, mordi meus lábios por um breve momento. A culpa de estar omitindo coisas deles estava me matando aos poucos. Será que algum dia eles me perdoariam por ter sido egoísta?

Meus pensamentos começavam a tomar um caminho que eu geralmente tentava evitar a todo custo, porque sabia que nada bom vinha dali.

Mas...se eu tivesse morrido ali, talvez tudo estivesse melhor. Talvez da mesma forma que Jadis morreu eu deveria morrer, e então Nárnia poderia ficar em paz, já que a minha missão aqui já tinha acabado de alguma forma.

— Você vai ficar parada aí feito uma estátua? — Pedro indagou me tirando bruscamente dos meus pensamentos.

Arregalei os olhos, assustada por terem percebido que eu estava mais distraída que o normal.

— Ah, perdão. — murmurei em resposta, me controlando ao máximo para não falar o que tinha acontecido. Ali não era o momento, não queria perder a confiança deles dessa maneira. 

Recomecei a andar tentando acompanhar os outros, embora Pedro ainda me olhasse desconfiado. Desviei meu olhar para Edmundo e corei instintivamente, me sentia sem jeito perto dele desde o beijo no dia anterior.

O moreno me olhou preocupado e um sorriso bobo apareceu em seu rosto.

Apesar da culpa de não estar sendo totalmente sincera, eu sorri para ele, sentindo meu coração bater com força.

Caminhamos por mais alguns momentos, até que Lúcia viesse para meu lado sem que seus irmãos mais velhos percebessem. Me virei com um sorriso para a garota, mas quando vi sua expressão séria, meu sorriso se desmanchou de imediato.

Lúcia sabia que algo estava errado, desde o começo.

Aquilo me fazia querer chorar, porque eu não podia falar sobre aquilo. Porque eu tinha sido estúpida e impulsiva. Porque além de me machucar, meus poderes poderiam machucar eles.

Desviei o meu olhar para a frente, tentando segurar o enorme bolo na minha garganta. Eu costumava ser melhor em mentir antigamente, quando eu não pensava muito em como a minha mentira iria afetar os outros. Agora, por outro lado, a ideia de machucar alguém me machucava. E eu já tinha machucados demais para poder dar conta.

Só que eu não podia carregar o peso do mundo nas minhas costas, embora eu estivesse dando o meu melhor tentando.

— Por quê não está andando com seus irmãos? —  a pergunta saiu mais seca do que eu pretendia, contudo, não voltei atrás com as minhas palavras. 

Lúcia demorou um tempo para responder, como se estivesse escolhendo as palavras que iria usar comigo.

Cada segundo em silêncio ao lado dela aumentava ainda mais a minha ansiedade.

— Eu vim aqui por queria falar com você sem que os outros ouvissem, eu sei que alguma coisa está errada, e que você não está contando alguma coisa. — disse me olhando, provavelmente caçando algo na minha expressão que fosse entregar tudo. Mas, eu era boa em esconder as minhas emoções nem que fosse só por alguns momentos, tinha sido algo que eu aprendi quando governava em Charn.

— Bem, tudo está errado desde que invadiram Cair Paravel. — dei de ombros, era outra meia verdade.

Mesmo assim a mais nova não desistiu.

— Oh por favor, você sabe que pode confiar em mim Rose. — ela quase que implorou para que eu falasse alguma coisa, e por um momento meus olhos realmente lacrimejaram.

— E eu confio em você Lu. — admiti com um sorriso triste, fazendo contato visual, ela parecia confusa quanto a minha atitude. — Não se preocupe comigo.

— Mas alguma coisa está visivelmente errada! O quê aconteceu esse tempo em que estivemos fora? Você se machucou?

Engoli em seco, tornando a olhar para frente.

— Isso não é importante agora, no momento devemos nos focar em achar Caspian. Mais tarde, vocês irão saber o que está acontecendo — minha voz saiu baixa, a dor era visível em minha fala — e quando vocês descobrirem, espero que não me odeiem da mesma forma que eu me odeio agora.





(...)




Estávamos em um barco tentando atravessar o rio há algum tempo, os meninos tinham decidido que iriam remar, e eu resolvi não reclamar. Me apoiei em um ponta do barco e fechei meus olhos sentindo a brisa soprar no meu rosto.

Soltei um suspiro contido quando me vi sozinha pela primeira vez, tinha desejado tanto que os Pevensie voltassem a Nárnia, só que agora eu sentia que as coisas estavam mais complicadas. Eu tinha errado e estava ciente disso, ciente de que eu tinha sido egoísta e que se talvez eu tivesse morrido lá atrás, Nárnia possivelmente não estaria nesse caos.

E agora eu não podia usar meus poderes, nem que houvesse uma guerra.

Meu egoísmo tinha deixado Jadis vencer, de novo. 

Talvez isso tenha sido o meu problema desde sempre, sempre tive a responsabilidade de governar um reino desde pequena, porque a profecia de Charn dizia que uma criança com os poderes do sol poderia impedir Jadis de destruir o país.

Eu era um fracasso.

Apesar dos milhares de anos que eu carregava nas costas, a imortalidade não tinha me ajudado a ser uma adulta, apenas a ter mais e mais cicatrizes que dificilmente iriam curar. A imortalidade era como um fardo que eu não sabia se estava disposta a continuar carregando.

— Rose? — a voz de Edmundo me tirou de meus devaneios, assim que ergui o meu olhar para ele senti meu rosto ficar extremamente vermelho, era completamente injusto que em todos os meus anos de vida ele fosse o único que conseguisse me deixar dessa forma, tão leve, tão feliz.

— Chegamos? — perguntei e ele acenou com a cabeça, olhei em volta e percebi que o barco já tinha sido ancorado em terra firme e que tantos os outros três Pevensie quanto Nikabrik já estavam andando a nossa frente.

— Sim, ande, pegue a minha mão.

Assenti com a cabeça e me levantei, pegando a minha mão.

Uma onda de arrepios correram pelo meu corpo como a mais pura eletricidade.

Fiquei tão perdida com a intensidade em que ele me fitava que acabei me desequilibrando, prontamente, as mãos dele me seguravam pela cintura.

— Você precisa ser mais cuidadosa. — ele riu soprado, sem deixar de me encarar.

— Não teve graça. — murmurei sentindo minhas bochechas queimarem enquanto descia do barco com a ajuda dele.

Edmundo sorriu e apertou a ponta do meu nariz.

Era um gesto tão simples, que me deixou tão boba. Aquele era o efeito que ele tinha sobre mim e não havia nada que eu pudesse fazer sobre.

— Você estava distraída a viagem toda, no quê estava pensando? — ele perguntou curioso.

Mordi meus lábios nervosa, e pendi a cabeça para o lado.

— Eu estava pensando em como a imortalidade não me fez crescer, — murmurei com o olhar perdido no mar — eu continuo me sentindo uma criança egoísta.

— É, você realmente não cresceu muito em sei lá quantos mil anos. — Edmundo, fingindo estar fazendo um cálculo.

Me virei para olhá-lo e deixei uma risada escapar.

— Eu espero que você não esteja falando da minha altura Pevensie, porque alguns mil anos atrás eu era mais alta do que você!

— Alguns poucos centímetros. — ele retrucou com um sorriso convencido.

Coloquei as mãos na cintura, fingindo estar brava com ele.

— Aliás, agora você tem a altura de uma criança de dez anos.

— Ah, por favor, eu tenho mais de mil anos! — exclamei indignada e ele ignorou a minha fala, rindo. — Nunca te ensinaram a respeitar os mais velhos?

— Eu não vejo nenhum velho aqui. — ele piscou.

— Inacreditável. — murmurei negando com a cabeça, tentando conter um pequeno sorriso em meu rosto.

— LÚCIA! CUIDADO! — a voz de Pedro me chamou a atenção, me virei assustada, a mais nova estava diante de um urso.

Oh, ela não sabia que a maioria dos animais hoje em dia eram selvagens.

— Susana atire nele! — Edmundo pediu com uma expressão de assombro.

Congelei onde estava, eu poderia usar meus poderes para salvá-la? Senti ânsia, não sabia o que fazer, não queria ser egoísta de novo. Contudo meu maior medo eram as consequências, meus poderes iriam me machucar e machucar aqueles ao meu redor, e se eu a ferisse mais ainda?

Estava prestes a criar uma barreira entre a garota e o urso, quando o animal caiu no chão morto. Para meu espanto, Nikabrik tinha lançado uma adaga contra o urso.

O anão me olhou por cima do ombro, e eu desviei o meu olhar, com receio que ele pudesse ler o que estava se passando em minha mente.

Um suspiro de alívio escapou pelos meus lábios.


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