Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 15
Capítulo 15 - It feels like there's oceans between you and me




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669186/chapter/15

Capítulo 15 - It feels like there's oceans between you and me

“Parece que há oceanos

Entre eu e você mais uma vez

Nós escondemos nossas emoções

Sob a superfície e tentamos fingir”

Seafret, Oceans.





A história do anão foi muito entediante, desviei o meu olhar para o mar enquanto os irmãos ouviam cada palavra atentamente. Claro, até chegar a parte que se referia a Caspian.

— ...Assim que o seu amo foi preso, Caspian encontrou Rose, nas masmorras. — ele lançou um olhar divertido para mim, como se soubesse que os Pevensie não tinham conhecimento de metade da história real.

Masmorras? — Pedro repetiu me olhando acusador.

— Por quê você foi presa? — Lúcia era a única dentre os irmãos que não parecia estar tão em choque assim.

— Alguns camponeses me entregaram, — falei com dificuldade — eu estava morando escondida na vizinhança, tinham colocado um alerta em mim porque eu saqueei a cozinha real. — os irmãos se entreolharam confusos e eu suspirei — eu estava com fome, não tinha como me alimentar!

O anão balançou os ombros irritado e me interrompeu, dando continuidade a sua história.

— Então, — disse com certa arrogância — Caspian finalmente a conheceu, ficaram muito próximos…

Nunca senti o olhar de alguém arder tanto sobre mim, nem me surpreendi quando percebi que Edmundo me encarava com uma expressão que eu nunca imaginaria ver em seu rosto, ciúmes. Não consegui evitar o sorriso, Edmundo Pevensie estava com ciúmes.

— E o quê você prometeu para o príncipe? — o anão cruzou os braços com seu típico sorriso arrogante.

— Que eu iria tirá-lo dali. — disse desviando o olhar me incomodando com a reação de Edmundo, depois de toda aquela conversa eu teria que falar com ele sobre, porque não era exatamente o quê ele estava pensando. Caspian era um tipo de irmão mais velho super protetor.

Já era de imaginar o que aconteceria quando os dois se encontrassem, não que eu quisesse pensar nisso, não seria uma situação lá muito agradável. Caspian já era bastante ciumento, Edmundo nem se falava…

—  E você, por acaso, cumpriu seu objetivo? — a voz do anão estava cheia de deboche, como não estava com a cabeça muito boa para ser humilhada publicamente, apenas dei de ombros e me levantei da roda, me distanciando dos demais.

Senti um grande peso se aliviar dos meus ombros quando eu saí dali, todos os questionamentos e os olhares de “será que realmente devemos confiar nela?” estavam me incomodando profundamente. Era como se eu tivesse voltado no tempo, na época de ouro em Nárnia, e eles ainda não confiavam cem por cento em mim.

Tudo bem, eu tinha que compreender o lado deles também, eu não tinha revelado basicamente nada do que estava acontecendo. Contudo, isso tinha uma razão. Eu não me sentia capacitada para falar sobre isso. Sentia como se toda essa situação fosse minha culpa, embora eu soubesse que não era. O fato de eu ter sumido no mundo para me aventurar fazia com que eu me sentisse cada vez mais culpada, era o meu modo de viver, meu modo de pensar, mas tinha me trazido consequências inimagináveis. E isso me magoava.

Percebi que fizeram com que Lúcia permanecesse sentada na roda e não fosse atrás de mim, sorri triste ao ver isso. Ela era uma pessoa que te motivaria a acordar com um sorriso no rosto, só por sua doçura e inocência. Eu invejava isso nela, jamais seria assim.

Me sentei em um canto afastado da praia, sabia que a atitude que eu faria seria estúpida, mas sempre que podia, tentava me provar que aquela maldição não se passava de um sonho. Tudo bem, as cicatrizes ainda estavam presentes no meu corpo, mas talvez a maldição acabasse de uma vez por todas.

Uma esperança boba, eu sei. Contudo, eu ainda tinha esperanças.

Imaginei uma pequena chama dourada ao redor da minha mão esquerda, logo esta chama se materializou. Quase sorri, pensando que estava certa, enquanto admirava a beleza da minha magia, até sentir meu coração doer, como se algo dentro do meu corpo quisesse o esmagar. Parei com a magia a hora, e demorei bons minutos ofegante, tentando recuperar a minha força.

Quase ri de si mesma, claro que era uma esperança boba, mas ao menos era uma esperança.



[...]



Eu sabia que Edmundo iria me procurar a qualquer momento, e não me surpreendi quando vi o garoto se sentar ao meu lado na areia,coçando a nuca - um sinal de que ele estava certamente, envergonhado. Sorri de leve, desviando o olhar do moreno para o mar. A sensação de ter ele de volta era tão reconfortante! Não gostava de admitir, mas ninguém nunca tinha me passado tanta tranquilidade antes.

— Então? — ele murmurou procurando olhar nos meus olhos, me fazendo corar de leve pela proximidade.

— Então? — perguntei de volta me virando para ele, foi a vez dele de corar e virar o rosto pálido, que agora se encontrava em chamas.

— Quem é Caspian?

Sorri.

Ele sabia quem Caspian era, apenas queria saber o meu ponto de vista sobre o que eu pensava do príncipe.

— O príncipe, oras — um sorriso divertido brincou nos meu lábios, ver o garoto com o rosto em chamas era engraçado e de certa maneira, fofo ao mesmo tempo. Por Aslan, no quê raios eu estou pensando?!

— Certo, —  ele bufou — e o quê você acha do príncipe? — disse tudo embolado e rápido, como se ele quisesse souber a resposta, mas não queria ter perguntado.

—  Um tipo de irmão mais velho —  os ombros dele pareceram ficar menos tensos depois da minha fala, estaria ele com ciúmes de mim? Não, eu provavelmente estava sendo orgulhosa novamente, e pensando que o mundo girava inteiramente em torno de mim.

—  Hm — ele resmungou voltando a coçar sua nuca, procurando algo para falar, mas parecia estar disperso demais para isso.

— Eu vi você lutando contra o anão, — disse olhando para o garoto que levantou o olhar de imediato — não sabia que você lutava tão bem, Rei Edmundo. —  ergui uma sobrancelha em sinal de desafio, e ele sorriu convencido —  Entretanto, duvido que lute melhor que a minha pessoa. — fingi jogar meus cabelos pelos ombros, nos fazendo rir.

— Isso é um desafio? — ele se levantou me entregando uma espada.

—  Com toda certeza. — disse piscando para o garoto e me levantando também.

Nós dois ficamos parados em nossas posições, um apontando a espada para o outro, sem nem sequer piscar. Naquele momento, ambos rostos demonstravam expressões de puro convencimento. Era difícil dizer quem de nós era o mais convencido, eu diria que era Eddie, e ele prontamente iria discordar.

Contamos até três e iniciamos a luta.

Eu comecei atacando, me impulsionando para frente, fazendo com que ele desse um pulo para trás surpreso. Nossas espadas se chocaram, produzindo um som metálico. O garoto parecia meio receoso ao me atacar, sempre atacando mais recuado. O que de certa forma era chato, eu já tinha decapitado um homem, por quê não poderia lutar normalmente contra ele? Demorou um pouco, mas ele entendeu o recado, começando a me atacar.

As espadas se chocavam, enquanto um tentava adivinhar os movimentos um do outro, algo que estava mais que aparente que não funcionava muito bem. Por um breve descuido dele, tentando ler minhas expressões procurando meu ataque futuro, eu apontei a espada para seu peito, vencendo por fim.

O garoto demorou um pouco para assimilar que tinha perdido,e bufou feito uma criança emburrada, o que me fez dar risada.

— Nada mal —  disse lhe devolvendo a espada com um sorriso no rosto, ele por fim, balançou a cabeça negativamente e também riu.

—  Eu senti sua falta — disse colocando as espadas no chão, quando ele ficou de pé na minha frente foi quando eu finalmente reparei que ele tinha crescido muito, e que eu estava muito baixa.

— Me desculpe por ter fugido, eu me sinto tão culpada… — eu murmurei com um suspiro cansado de me culpar por algo que não tinha culpa —  Eu também senti sua falta Eddie, sabe, para você pode ter sido dois anos, mas para mim foi milhares.

O garoto abaixou a cabeça envergonhado e eu dei um sorriso triste.

— Obrigada por ter voltado, —  disse em um tom de voz baixinho — eu acabaria morta caso vocês não retornassem.

— Um dia, Rose, eu vou entender você — ele sorriu triste, e sem que eu notasse, se aproximou de mim. Bem, claro que eu não iria reparar, já que estava abobada com o tom de castanho dos olhos dele… — Todos esses anos devem ter te mudado tanto, e muita coisa deve ter acontecido. Mas eu ainda vejo a antiga Rose em você, só que com mais cicatrizes. Quando você estiver pronta para falar do seu passado, eu vou estar aqui.

Não soube como reagir, apenas fiquei estática olhando para ele com cara de boba. Como aquele garoto conseguia ser tão perfeito?

Na verdade, eu não tive muito tempo para pensar nessa última pergunta, pois logo fui surpreendida por algo que não esperava. Edmundo se aproximou lentamente, quebrando a pouca distância que havia entre nós e apoiou sua mão nos meus cabelos, aproximando meu rosto do seu. Meu coração falhou uma batida quando nossos lábios se encontraram, não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

Sentia a necessidade de aprofundar aquele breve tocar de lábios que estava me torturando, mas me segurei, com medo de assustá-lo. Nunca tinha sido beijada de forma tão carinhosa como ele estava fazendo agora.

Após alguns momentos, ele finalmente moveu seus lábios, bem lentamente, contra os meus. Lhe cedi a passagem, 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sunshine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.