Sunshine escrita por Downpour


Capítulo 12
Capítulo 12 - Immortal




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Capítulo 12 - Immortal

“Eu quero ser imortal

Como uma deusa no céu

Eu quero ser uma flor de seda

Como se eu nunca fosse morrer”

Marina and the Diamonds, Immortal.





Por um bom tempo na minha vida, eu cheguei a acreditar na palavra amizade. Quando eu tinha uns onze anos percebi que era difícil encontrar amigos, e mais tarde reconheci que estes estavam em extinção. Eu nunca acreditei na amizade depois disso. Tudo para mim era calculado, e eu sempre deveria sair ganhando em todas as ocasiões. Eu não tinha amizades, eu tinha alianças.

Ora ou outra me batia um vazio, não tinha ninguém para desabafar ou até mesmo jogar conversa fora. A ideia de ter um amigo, e vê-lo morrer - e minha magia não poder fazer nada ao respeito -, era assustador, porque na minha mente estar fora do controle das coisas era o fim do mundo. Por causa disso eu aprendi a viver sozinha, sem família, amigos, nada. Mas tudo mudou quando eu cheguei em Nárnia, porque de algum modo, eu finalmente consegui encontrar o meu lugar.

E certamente, encontrar uma amizade antiga que você achava que nunca mais encontraria era de fato reconfortante.

— Lúcia! — exclamei abraçando a pequena sem que ela fizesse qualquer outro movimento antes. A menina deu risada e retribuiu o abraço.

Parte de mim acreditava que aquilo era uma miragem, mas não era, ela realmente estava a minha frente de volta, um pouco diferente do que mil anos atrás, mas continuava a garota doce que eu conhecia.

Se Lúcia estava aqui, os outros também estariam?

Então aquele nome me veio a cabeça.

Edmundo Pevensie.

Não sabia dizer uma palavra que definisse corretamente o que eu sentia, e mesmo depois de anos ainda sinto por ele, diria que é um tipo de conexão. Mas céus, como eu gostaria de vê-lo!

— O quê aconteceu com você? — Lúcia perguntou preocupada assim que nos separamos do abraço. — Está com o corpo todo machucado, estou ficando preocupada.

Desviei o meu olhar para o lado e dei um sorriso triste, creio que ela não gostaria de saber o quão horrível Nárnia estava se tornando, e pior ainda, o que tinha acontecido comigo.

— Nada demais.

— Não minta Rose, — algo me dizia que aquela menina tinha um detector de mentiras ou algo do gênero — sabemos que não é de seu feitio mentir. Algo sério realmente aconteceu, não é?

Eu quis abraçar ela e chorar em seu ombro, contando como os últimos anos foram sofridos e terríveis. Como ser escravizado era desumano e dolorido, como ser vendida em um leilão era humilhante. Quis contar todas aquelas coisas horríveis pelas quais tinha passado, mas eu era e devia ser forte, não queria me demonstrar frágil para os outros.

Eu era a Feiticeira do Sol, e não me renderia a um sentimento de humilhação.

— Veja com os seus olhos, — eu murmurei desviando o olhar — se eu contar acho difícil que você acredite.

— Venha, vamos encontrar os outros. — ela murmurou me olhando como se ainda fosse me questionar, e eu sabia que não demoraria muito para que eu cedesse.





~•~




O Primeiro Pevensie que eu vi depois de Lu foi Susana, logo corri para abraça-la embora não fôssemos tão amigas e acho que nunca iríamos ser de alguma maneira. A garota ficou pasma ao me ver, e demorou para reagir ao abraço. Pedro apareceu logo atrás dela, preocupado com a exclamação de surpresa repentina da irmã, o loiro arregalou os olhos e sorriu maravilhado.

— Por Aslan, Rose, você está viva. —  disse sorrindo.

— As vantagens de ser imortal.  — dei um sorriso convencido, que embora eu tentasse esconder, deixava mesmo assim o meu cansaço evidente.

—  Com quem vocês estão falando pessoal? — ouvi uma voz distante, foi como se eu não a ouvisse faz muito tempo, mas independente do tempo, eu iria reconhecê-la. Edmundo. 

O mesmo Edmundo que eu deixei para trás milhares de anos atrás, o mesmo garoto que tinha me deixado uma carta, que também me fizera chorar como uma criança.

Ouvi os passos dele ficando mais próximos de onde estávamos, e assim que eu pude vê-lo claramente senti meu mundo cair.

Como Eddie tinha mudado. Era como se o Eddie de alguns milhares de anos atrás com um sorriso brincalhão tivesse amadurecido, mais até do que eu imaginava. Antes eu podia me gabar por ser mais alta do que ele, agora a situação era o contrário, me sentia uma anã perto dele. Alto, ombros largos, olhar decidido, ele estava muito diferente. Algo em mim me fazia sentir medo, medo de que ele não me reconhecesse mais, medo de que ele não fosse o mesmo garoto de antes. Medo do que os próximos segundos poderiam me proporcionar.

Depois disso me senti idiota, por ter ido embora. Por mais que, aquele era o meu jeito de ser, e sempre seria, me senti culpada da mesma maneira.

— Oi —  eu disse num tom de voz meigo e tímido, me dirigi até o moreno que até então estava sem reação e o abracei calorosamente como se fosse perdê-lo caso não o segurasse forte. Fechei os meus olhos enquanto me aninhei ao seu corpo, não querendo pensar em mais nada do que a presença dele ali e agora. Respirei lentamente o seu perfume, enquanto me afogava em memórias de como era difícil esquecê-lo.

Quando Edmundo conseguiu finalmente distinguir realidade de sonho, ele retribuiu o abraço. O garoto me segurou forte na cintura e começou a girar comigo em seus braços enquanto eu ria, como nos velhos tempos.

—  É bom ter você de volta. —  Edmundo sorriu ao me colocar no chão.

Quando nos separamos do abraço os outros nos olhavam com sorrisos maliciosos, senti meu rosto esquentar e desviei a atenção.

—  O quê trouxe vocês de volta? —  perguntei curiosa, enquanto Lúcia distribuía maçãs para todos comerem. Algo no olhar dela me dizia que ela não iria desistir enquanto não soubesse o que aconteceu comigo, mas doía tanto pensar nisso, que eu queria evitar a qualquer custo essas lembranças. Agora os Pevensie estavam de volta, Nárnia tinha que voltar ao normal.

— Sinceramente, não sabemos. — Pedro respondeu franzindo a testa. — Nós meio que estávamos no trem agora pouco. 

— Trem? O quê é isso? — murmurei franzindo o cenho —  E como conseguiram armas e vestes?

—  Oh, é mesmo —  Susana comentou  — descobrimos que este lugar na verdade é a antiga Cair Paravel, parece que houve uma guerra aqui e destruiu o castelo completamente.

Me lembrei da guerra que tinha ocorrido muitos anos atrás e suspirei, não tinha sido fácil abandonar Cair Paravel, nunca me perdoaria por ter fugido, como sempre.

Eu ainda não sabia qual o intuito de Aslan em trazer os quatro irmãos para Nárnia, talvez para derrubar Miraz, mas não tinha certeza. E não achava que era a hora certa para dizer o que estava acontecendo, era choque de realidade demais para eles, resolvi esperar pelo dia seguinte.

Conversamos um pouco e logo adormecemos, quando todos eles dormiam, lágrimas inundavam meus olhos. Flashes de como eu tinha vivido vinham e voltavam na minha cabeça, não, eu tinha que ser forte.

 


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