Parents for our children escrita por EuSemideus


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Gente!!! Voltei!!!! N consegui escrever absolutamente nd no acampamento, mal tive tempo pra dormir lah! Depois q eu voltei as coisas estavam agitadas, por isso só estou postando hj.
Espero q gostem!



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Capítulo 2 

 

Anna

 

A pequena Anna ainda tentava entender o que tinha acontecido naquela manhã. Quando sua mãe a acordara, esta, impressionantemente, já estava arrumada e a própria menina com seu uniforme de escola. Mal despertara e já estava acomodada no carro, com uma garrafa de leite com chocolate em uma das mãos. 

 

O caminho até a escola fora mais rápido que o normal. Talvez porque o trânsito estivesse realmente melhor naquele dia, talvez porque ela havia dormido boa parte do trajeto. Aquela era a primeira vez, em uma semana, que chegavam antes do sinal bater. 

 

— A gente chegou cedo! - exclamou a pequena impressionada. 

 

Sua mãe riu.

 

— É, hoje eu quero falar com uma pessoa - ela comentou. 

 

Anna franziu as sobrancelhas. 

 

— Quem? - indagou curiosa. 

 

A loira mais velha se virou e sorriu para a filha no banco de trás. 

 

— Você vai ver. 

 

Logo já atravessavam os portões e encontraram o pátio como nunca tinham visto, cheio de alunos e pais esperando o horário da entrada. 

 

Depois do incidente no primeiro dia, sua mãe havia ido até a escola conversar com a diretora e com sua professora. O tal garoto -que ela descobrira se chamar Mike - não tinha mais a perturbado, nem a Peter, depois disso, então foi até bom. 

 

Peter tornara-se um ótimo amigo bem rápido. Ela normalmente era bem quieta com estranhos, mas ele a fizera se soltar com tanta rapidez que parecia que se conheciam há anos! O menino era falante e engraçado. Sempre estava contando de coisas que aconteceram com ele e seu pai, que mais pareciam piadas. Três dias depois do primeiro dia de aula, o moreninho sentara em sua mesa. Anna havia entrado em desespero, com medo da reação da professora ou da menina que ele tomara o lugar. Porém ele a acalmara, contando que tinha trocado de lugar com a menina e a professora ou não percebeu o que acontecera, ou simplesmente ignorou. O fato concreto era, Peter estava fazendo aquela mudança de cidade ficar muito melhor do que a loirinha esperava. 

 

Anna viu o amigo de longe e sorriu, puxando a mãe para perto dele. Estava ansiosa para apresenta-los, já que, mesmo uma semana depois do ocorrido, nunca tinham se encontrado. Peter estava sentado em um dos bancos perto da escadaria da escola, a mochila jazia em suas costas e os pés balançavam para frente e para trás, por conta da altura que não o deixava encostar no chão. A menina não entendia como ele podia já estar, tão cedo, com os cabelos bagunçados, mas até gostava. Ele ficava estranho com estes arrumados. 

 

— Olha, mamãe! Aquele ali é o Peter! - anunciou ainda a guiando. 

 

Viu que sua mãe olhou na direção que apontava e sorriu. 

 

— Vamos, queria mesmo conhecê-lo - revelou. 

 

Quando já estavam a poucos passos do menino, ele levantou a cabeça, vendo que elas se aproximavam. O moreninho sorriu e colocou-se de pé em um pulo, andando ao encontro da amiga. 

 

— Você chegou cedo! - ele exclamou impressionado. 

 

Anna riu. 

 

— Pois é - disse entre risos - Peter, essa é a minha mãe. 

 

A loirinha apontou para a mãe e viu a mesma sorrir. O menino arregalou os olhos, levando-os de uma para a outra.

 

Sua mãe se abaixou, ficando na altura dos dois. 

 

— Olá, Peter - ela cumprimentou - Sou Annabeth, mãe da Anna. 

 

O moreninho assentiu, completamente boquiaberto. 

 

— Você é muito bonita - ele comentou inocentemente - E é igualzinha a Anna! Tem até os olhos cinza, que nem ela! 

 

Anna sentiu suas bochechas esquentarem e abaixou os olhos, levemente envergonhada pelo comentário do amigo. Porém sua mãe somente riu e ajeitou uma mecha arrepiada dos cabelos do menino. 

 

— Obrigada! Você também é muito bonito - retribuiu ela - Além de ser um herói! Obrigada por ter protegido minha filha no primeiro dia de aula. Confio em você para continuar protegendo-a! 

 

Foi a vez de Peter ficar vermelho. Ele sorriu, envergonhado, e colocou uma das mãos atrás da cabeça, mechando-a, como se estivesse coçando o couro cabeludo. 

 

— Não foi nada, eu só não podia deixar que eles a assustassem - garantiu ele. Então o menino tomou outra postura, ficando mais sério, deixando a coluna reta e os braços ao longo do copo, como um soldado esperando ordens - Mas não se preocupe, vou sempre protegê-la! 

 

Anna riu, assim como sua mãe, quando Peter bateu continência. 

 

— Oh, assim me sinto mais segura - disse a mulher - Só tome cuidado, sim? 

 

O menino assumiu sua habitual postura relaxada e brincalhona, e sorriu. 

 

— Pode deixar - ele respondeu. 

 

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Percy 

 

 

Percy sentiu-se novamente um menino de dez anos quando adentrou o pátio da escola. O burburinho das crianças conversando, as risadas de algumas, o cheiro de fritura vindo da lanchonete. Tudo aquilo remetia-lhe diretamente a sua infância. 

 

Sorriu com a sensação. Crescera em Nova York, mas seus pais não tinham permitido que a cidade grande afetasse a qualidade de sua infância. Lembrava-se, claramente, de passar sábados inteiros brincando no Central Park e em feriados, quando o dinheiro permitia, passar três ou quatro dias em um chalé na beira da praia, só saindo do mar para comer e dormir. Fora tão feliz, que tentava proporcionar a mesma experiência ao filho. Não era igual, certamente, afinal ele precisava se virar sozinho, mas acreditava que estava fazendo um bom trabalho com o tempo que dispunha. 

 

Percy vasculhou o local com os olhos, em busca de seu filho. Aquele era o primeiro dia da segunda semana de aulas, exatamente sete dias depois do incidente. Mesmo depois de ter uma conversa séria com a diretora sobre tais acontecimentos, tivera vontade de ir até lá naquele dia na hora do recreio, para garantir que estava tudo bem. 

 

Por conta do sol forte, boa parte das mesas estavam na sombra. Até as que ficavam ao ar livre, tinham grandes guarda-sois abertos sobre elas. Conferiu uma por uma, mas não encontrou nem um sinal de Peter. Franziu as sobrancelhas confuso. Onde ele estaria? 

 

— Peter gosta de ficar no jardim com a amiguinha - Piper, a professora de seu filho, comentou ao seu lado - Normalmente eles se sentam em baixo da árvore. 

 

Percy sorriu para a mulher e agradeceu. Atravessou o pátio calmamente, atraindo alguns olhares confusos, e até inquisidores, das crianças, que não entendiam o que ele estava fazendo ali. Chegando no tal jardim, facilmente encontrou Peter. Ele realmente estava sentado embaixo da única árvore grande o bastante para isso ali, e ao seu lado estava uma menina. 

 

O moreno mão pode deixar de se impressionar com a beleza da garotinha. Mesmo de longe ele podia ver seus olhos em um tom de azul tão claro que chegava a parecer cinza. Os cabelos, loiros e ondulados, estavam presos na frente por duas tranças que rodeavam a cabeça da menina como uma tiara, e caiam soltos por suas costas. Tudo isso, junto da pele branca e traços suaves, faziam com que ela parecesse um bonequinha. 

 

As duas crianças estavam focadas em algo no chão, que Percy logo reconheceu como um esquilo. Peter pegou um amendoim do saquinho em sua mão e jogou na direção do animal, que pegou-o, analisou com as patinhas e colocou na boca. Ele fez tudo isso em pouquíssimos segundos, o que causou risadas nos pequenos. 

 

Percy se aproximou mais um passo e o esquilo virou e fitou-o, correndo e subindo a árvore rapidamente, em seguida. Aquilo fez com que os pequenos procurassem o motivo do susto do bichinho. O homem notou quando a menina o viu. As bochechas dela ficaram vermelhas e ele abaixou os olhos, cutucando Peter. Fofa, pensou Percy. Peter olhou para onde ela indicava e sorriu. 

 

— Papai! - exclamou levantando-se. 

 

O moreninho puxou a menina, que o seguiu envergonhada e um pouco contrariada. Logo Percy já pode sentir o filho abraçando-o com pressa e fita-lo curioso. 

 

— O que você tá fazendo aqui? - indagou o menino. 

 

— Vim ver se está tudo bem, não posso? - brincou Percy. 

 

Peter deu ombros e sorriu. Então voltou-se para a menina, que jazia de cabeça a baixa ao seu lado, e puxou-a, colocando-a a sua frente. 

 

— Pai, esse daqui é a Anna - ele apresentou-a - Anna, esse é o meu pai. 

 

Percy se abaixou e a menina, sem mal fita-lo, disse: 

 

— Prazer, tio Percy. 

 

Ele sorriu. Ela era realmente muito fofa. 

 

— O prazer é meu, Anna - disse ele docemente, tentando deixa-la a vontade - 

Afinal, fui eu que tive o privilégio de conhecer uma menina tão bonita quanto uma princesa. 

 

A menina levantou a cabeça e fitou-o com os olhos brilhando e um grande sorriso no rosto. 

 

— Pai, você tem que ver a mãe dela, a tia Annabeth! - interrompeu Peter - Ela é muito bonita! É igualzinha a Anna! 

 

Percy riu da euforia do filho e viu a pequena a sua frente, apesar de ainda muito corada, revirar os olhos. 

 

— Você também é igualzinho ao seu pai - ela rebateu. 

 

O voz de Anna era um pouco diferente quando ela falava alto e firme. Percy se levantou e bateu nas calças, tirando a terra que grudara nesta. 

 

— Papai, estava pensando que a gente podia levar a Anna naquele parque outro dia - comentou Peter, mudando completamente de assunto.

 

A menina virou-se para o amigo, alerta, e perguntou surpresa: 

 

— Parque? 

 

— É - confirmou seu filho - Meu pai me levou nas férias num parque de diversões muuuito grande, aqui na cidade. 

 

Anna abriu um sorriso gigantesco e voltou-se para Percy. 

 

— Você acha que pode nos levar lá, tio? - ela perguntou com os olhos brilhando em expectativa. 

 

O moreno sorriu, achando graça da ansiedade repentina da menina, e assentiu. 

 

— Claro - ele garantiu - Só preciso conhecer sua mãe primeiro e conversar com ela. 

 

A pequena concordou com a cabeça e sorriu para Percy, logo depois dirigindo o sorriso para Peter, que retribuiu, parecendo tão feliz com a notícia quanto a mesma. 

 

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Peter 

 

 

Para Peter a hora da saída era um tanto tediosa. Nos primeiros minutos, ainda era bom. As vezes Anna ainda estava por ali e, com muitas crianças no pátio na frente da escola, alguma brincadeira sempre saia. Porém, conforme o tempo ia passando, aos poucos os pais iam chegando e, no fim, ele ficava sozinho ou acompanhado de mais dois ou três, cujos pais eram tão atrasados quanto o dele. 

 

Não culpava seu pai por aquela demora. Sabia que ele não podia fazer muito para mudar aquilo. Ele deixava o trabalho na mesma hora que as aulas de Peter terminavam e o transito aquela hora não era lá muito bom. O pequeno nem se importava em esperar. Sabia que, cedo ou tarde, seu pai chegaria. 

 

Contudo, aquele dia estava sendo bem diferente dos outros. 

 

Ele e Anna haviam entrado em uma brincadeira de pique assim que chegaram ao pátio. Os minutos foram passando e Peter estranhou que tia Annabeth ainda não tivesse chegado. Naquele mês que estudara junto com a loirinha, nunca tinha visto a mãe desta demorar tanto, mas não disse nada. Algum tempo depois, quando só sobraram eles dois na brincadeira, Anna parou e olhou em volta. As poucas crianças que ainda estavam ali, jaziam sentadas nos bancos. Algumas lendo, outras mexendo no telefone e assim por diante. 

 

— Peter, cadê a minha mãe? - ela perguntou. 

 

O garoto a fitou e notou que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela parecia assustada. Não. Aterrorizada. 

 

— Não se preocupa, Anna. Ela já deve estar chegando - garantiu ele, na tentativa de tranquiliza-la. Porém não funcionou muito bem, pois as lágrimas começaram a descer pelas bochechas da garota. 

 

— Ela me esqueceu - disse a menina já entre soluços. 

 

Peter segurou sua mão e a guiou até a escada, sentado-a e posicionando-se ao lado dela. Anna abaixou a cabeça e colocou as mãos no rosto, chorando e repetindo "Ela me esqueceu, ela me esqueceu". Tudo que o menino conseguiu fazer foi passar a mão na cabeça dela, como seu pai fazia quando ele chorava, dizer a ela que sua mãe não a tinha esquecido. 

 

— Daqui a pouco ela chega, tenho certeza que a tia Annabeth não te esqueceu - ele falou - E também, se aconteceu, não tem problema. Meu pai já me esqueceu em alguns lugares, mas sempre volta pra me buscar. 

 

Peter notou que aquele comentário não fora de grande ajuda quando o choro da amiga aumentou depois dele. 

 

A notícia do que estava acontecendo rapidamente chegou aos ouvidos da diretora, que logo se ofereceu para ligar para a mãe de Anna. A menina aceitou, mas não quis sair de perto do amigo e deixou que a mulher fizesse a ligação sozinha. Não fora exatamente muito bom quando souberam que não haviam conseguido qualquer contado com tia Annabeth. 

 

O tempo passava e Peter continuava lá, sem deixar seu posto. 

 

— Não precisa chorar, ela vai chegar - ele garantiu - Meu pai sempre demora e eu não choro. 

 

— Você ta acostumado - retrucou a menina sem nem mesmo levantar a cabeça. 

 

Bem, isso era verdade, ele realmente estava. 

 

O pequeno suspirou e voltou seus olhos para cima, pedindo em uma súplica a Papai do Céu, que alguém o ajudasse. 

 

Segundos passaram-se antes que ele ouvisse o barulho do portão. Fitou-o com expectativa, notando que Anna também levantara a cabeça para ver quem chegara. Peter sorriu, não era a melhor opção, se fosse tia Annabeth tudo já estaria resolvido, mas já seria muito bom tê-lo por perto. Agradeceu rapidamente por seu pedido ter sido atendido e chamou: 

 

— Pai! 

 

Seu pai encontrou-o e arregalou os olhos assim que viu a situação em que o filho se encontrava, passando a andar com certa rapidez em sua direção. 

 

Peter quase deu um pulo de susto. O choro de Anna aumentara significativamente e parecia um tanto desesperado. Ela o abraçara bem forte, deixando-o sem ação por alguns segundos, até retribuir. 

 

— Você vai embora - ela disse entre soluços - Vai me deixar aqui sozinha. 

 

— Não vai não - uma voz respondeu antes que o pequeno pudesse dizer qualquer coisa - Vamos ficar aqui até sua mãe chegar, sim? 

 

A menina soltou-se vagarosamente do amigo e olhou para o homem a sua frente. Peter viu-a assentir e esboçar um sorriso triste entre as lágrimas. 

 

— Obrigada - ela agradeceu. 

 

Seu pai abaixou-se na frente dos dois e passou a mão pelos cabelos da menina. 

 

— Você está machucada? - ele indagou e ela negou com a cabeça - Está sentindo alguma coisa? Está passando mal? 

 

Anna balançou a cabeça em negação. Peter estava prestes a explicar o que estava acontecendo, quando seu pai suspirou e falou: 

 

— Não se preocupe, tenho certeza que alguma coisa muito importante aconteceu para ela ter se atrasado. 

 

O pequeno simplesmente não conseguia entender. Como ele sabia? De que maneira ele poderia saber que o motivo do choro de Anna era a demora da mãe? 

 

— Já ligaram para ela? - seu pai perguntou, dessa vez voltado para ele. 

 

Peter assentiu, ainda um tanto confuso. 

 

— A diretora ligou - ele explicou - Mas não conseguiu falar com a tia Annabeth. 

 

O menino se encolheu quando ouviu sua amiga soluçar novamente. Era como se cada lágrima que ela derramava fosse uma agulha em seu coração. Ele imaginava que, naquele momento, este já devia estar parecendo um porco-espinho. 

 

— Não se preocupe, tenho certeza que ela vai chegar logo - garantiu seu pai - E se ela não chegar, eu te levo até em casa, que tal? 

 

Anna fitou-o surpresa e, sem aviso, jogou-se nos braços de seu pai. Este a abraçou e levantou-se. Peter viu a amiga enroscar as pernas no homem e os braços em seu pescoço, descansando a cabeça em seu ombro. 

 

Aos poucos o choro foi cessando e logo somente soluços saiam da boca da menina. Seu pai balançava levemente o corpo e acariciava os cabelos da loirinha, acalmando-a. 

 

Peter se deixou respirar fundo, aliviado. Fechou os olhos e sentiu a brisa bater em seu rosto. Finalmente estava tudo bem. E foi exatamente quando esse pensamento chegou, que ouviu novamente o barulho do portão. 

 

—-----------------

 

Annabeth 

 

 

Não tinha como aquele dia dar mais errado, definitivamente. 

 

Primeiro seu despertador resolvera simplesmente não tocar naquela manhã, sem motivo algum. Isso, além de lhe proporcionar uma correria sem precedentes, ainda a tinha obrigado a se desculpar com a diretora da escola da filha pelos 45 minutos de atraso. Então, só para piorar a situação, seu carro - que nem era seu, e sim da empresa - escangalhou no meio do caminho para o escritório.

 

Somando o atraso para acordar com o tempo que perdera esperando a companhia de seguros, que demorou bem mais do o normal por conta do transito pesado, Annabeth havia chegado ao trabalho duas horas mais tarde do que deveria. Aquilo não só lhe rendeu uma advertência, como também atrapalhou todo o resto do dia. 

 

Com duas horas a menos, a loira teve que se virar para entregar tudo o que precisava e sem ajuda de Thalia, já que esta tinha tirado o dia para checar sua saúde e, consequentemente, a do bebê. 

 

Para completar, uma reunião de emergência fora reivindicada para resolver alguns problemas em um projeto que Annabeth estava trabalhando, tal que passou do horário de expediente da loira, que, com o atraso daquela manhã, nem mesmo pode protestar. 

 

Quando finalmente deixou a reunião, já estava atrasada para buscar Anna, mas, se o tráfego estivesse ao menos fluindo bem, conseguiria chegar antes de sua filha notar tal demora. Contudo, aquele não era o dia sorte de Annabeth Chase, definitivamente. 

 

Depois de pegar o carro novo que a empresa dispusera, fora em direção a escola pelo caminho habitual, que estava anormalmente engarrafado. De acordo com a emissora de rádio que transmitia notícias sobre o trânsito, ela demoraria pelo menos meia hora para percorrer um caminho que normalmente duraria, no máximo, cinco minutos. Sem falar, é claro, da bateria de seu telefone, que tinha morrido na metade do dia, logo após ela descobrir que não só esquecera o carregador que sempre deixava em sua bolsa, como também não o carregara o celular na noite anterior. 

 

Chegara na escola da filha quase uma hora depois do horário da saída. Não sabia se tinha sido mera impressão, mas podia jurar que vira o porteiro suspirar de alívio ao vê-la. Atravessou os portões com rapidez e encontrou o pátio vazio, exceto por um homem de costas, segurando uma criança, e Peter, que estava sentado na escadaria de frente para o tal homem. Ele se virou para Annabeth, e ela teve de se controlar para não mostrar o quão impressionada estava. 

 

Não era preciso nem mesmo se aproximar um pouco mais para que ela afirmasse, com toda certeza, que ele era o pai de Peter. Afinal, aquele homem era uma cópia mais velha e sem sardas do menino. Os cabelos negros estavam parcialmente bagunçados, como se tivessem sido arrumados em algum momento naquele dia. Ele usava calça, sapatos e blusa sociais. Esta última tinha as mangas dobradas até os cotovelos, os dois primeiros botões abertos e uma gravata frouxa ao redor da gola. 

 

Porém aquela análise acabou assim que loira notou o que ele segurava. Era Anna. Seus cabelos estavam bagunçados, as bochechas e os olhos vermelhos, além do rosto inchado. 

 

— Anna! - chamou, já correndo em sua direção. 

 

Sua filha estendeu os braços em sua direção e no segundo seguinte já a tinha nos braços. Xingava a si mesmo por sua incompetência mais do que nunca. Sabia o quanto a filha temia ser esquecida e como ficava assustada quando ela demorava e, por sua culpa, seu bebê tinha entrado em desespero sem notícias do que tinha acontecido. 

 

— Desculpe-me, meu amor - sussurrou no ouvido da filha - Mamãe não queria te assustar, me desculpe. 

 

— Tudo bem - ela disse ainda entre soluços - Ta tudo bem agora. 

 

Annabeth apertou um pouco mais a menina em seus braços e, só então, lembrou que haviam mais pessoas ali. Virou-se para o homem e viu-o sorrir para si. 

 

— Você deve ser Annabeth, mãe de Anna - ele disse - Sou Percy Jackson, pai de Peter. 

 

Annabeth assentiu e estendeu uma mão, que ele logo apertou. 

 

— Muito prazer, Percy. Sou Annabeth Chase - ela se apresentou - Anna me falou muito de você, não é meu amor? 

 

A pequena assentiu, ainda com o rosto enterrado no peito da mãe. 

 

— Ah, Peter também fala muito de você - admitiu Percy. 

 

— Eu disse que ela era tão bonita quanto a Anna, não disse papai? - perguntou o menino já ao lado do pai. 

 

Aquele comentário fez Annabeth corar de imediato, enquanto Percy pareceu um tanto constrangido. 

 

— Peter! - repreendeu Anna, finalmente mostrando o rosto. 

 

Ela já não chorava ou soluçava, mais as marcas do pranto continuavam aparentes. Vendo que a filha já estava melhor, Annabeth a colocou no chão. Já não aguentava mais segura-la no colo por muito tempo. 

 

— Você ta melhor? - perguntou o pequeno, sem se importar com o tom reprovador que a menina usara. 

 

Anna sorriu levemente e balançou a cabeça em confirmação. 

 

— Aham. 

 

Peter sorriu animado. Annabeth não o conhecia muito bem, mas sabia o bastante para ter certeza que o menino estava planejando algo. 

 

— Então papai, agora que você já conhece a tia Annabeth, poderia conversar com ela - ele começou - Sobre, sabe, aquela ida ao parque. 

 

Assim que ele terminou a última frase, Anna sorriu abertamente. Annabeth franziu as sobrancelhas. 

 

— Que parque? - indagou, movendo o olhar de uma criança para a outra. 

 

— Bem, creio que isso seja culpa minha - disse Percy, chamando sua atenção. Ele coçava a parte de trás da cabeça com uma das mãos, exatamente como Peter fizera algumas semanas antes - Algum tempo atrás, eu disse que, quanto te conhecesse, conversaria com você sobre um possível passeio ao parque que levei Peter nas férias. 

 

— Você acha que a gente pode, mamãe? - perguntou Anna. 

 

Annabeth olhou para a filha, que a fitava com expectativa, e então para Peter, que lhe lançava um olhar pidão. Voltou-se, assim, para Percy, que sorria para ela, quase como se pedisse para que aceitasse o convite. Aquilo era completamente injusto, não era com se ela pudesse resistir a dois pares de olhos verdes e um de olhos cinzentos. 

 

Suspirou internamente e fitou Percy. 

 

— Acho que podemos trocar números de telefone e marcar isso durante a semana - disse por fim. 

 

Viu Peter soltar um "Yes!" e Anna rir dele, também feliz com a decisão. 

 

Não sabia exatamente porque, mas sentia que podia confiar em Percy, e seu sexto sentido normalmente estava certo. Além do mais, não faria mal algum levar Anna para se divertir com o melhor amigo. 

 

O que Annabeth não tinha como saber, era que aquela simples decisão mudaria o rumo de sua vida. 

 


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Notas finais do capítulo

Bem gente, daki pra frente a fic flui. As respostas para as suas perguntas serão dadas no decorrer da história, sim? Então, paciência!
Por favor, comentem o q acharam, eh realmente importante! Se acharem q devem, favoritem e recomendem, a autora tb fica feliz!
Bjs, até!
EuSemideus



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