Chapter Three - First Day In Class

Três de Fevereiro de 2015

P.O.V. Valéria Ferreira - V.F.

Abri meus olhos, enquanto os esfregava totalmente irritada com o barulho do meu despertador. Me sentei na cama, praticamente dormindo. Olhei para a janela. Todo mundo já estava andando pelas ruas e dirigindo seus carros, alguns ônibus também já circulavam. Me levantei da cama e calcei minhas pantufas, está muito frio! Abri a porta do meu quarto e segui no corredor, entrando na porta do banheiro e a trancando.

Tomei um banho quente e um pouco demorado, em seguida saí da porta enrolada no meu roupão. Passei pela porta do quarto de Marga, que é ao lado do meu, e tava aberta. A preguiçosa ainda tava deitada, mexendo no celular. Meus Deuses! Ela é preguiçosa demais. Entrei no meu quarto e abri a porta do guarda – roupa.

Peguei uma calça jeans preta , uma blusa de lã com mangas compridas em um tom de creme e vesti a roupa. Fui até a sapateira dos meus All Star’s e peguei um All Star preto e branco. Sentei na minha penteadeira e comecei a pentear meu cabelo, deixando os meus fios enrolados caírem nos dois ombros. Peguei uma touca preta e coloquei na cabeça.

Fiz uma maquiagem rápida — sem passar um batom — , mas antes coloquei minhas lentes de contato, e então saí do meu quarto. Mas, antes de sair do quarto, peguei uma capinha de fundo dourado com alguns flocos de neve e escrito Let It Snow para o meu celular e coloquei. Enquanto andava até a cozinha, lia um Email que a nossa agente nova — Gabriela — havia enviado falando sobre a nossa primeira sessão de fotos, que será hoje.

— Bom dia! — Sorri animada enquanto entrava na cozinha. Minha mãe, que estava colocando dois pratos com sanduíches na mesa, se virou pra mim e me desejou um bom dia. Margarida estava ajudando minha mãe colocando os copos de suco na mesa e um prato com sanduíche pra minha mãe, ela se virou e me desejou um bom dia também. Me sentei em uma cadeira. — Marga, a Gabi disse que a gente tem que chegar no local uma hora da tarde.

— Okay. Vai ser muito divertido! Mal posso esperar! — Os olhos de Marga estavam brilhando , mostrando que ela estava totalmente - e realmente - animada para nosso emprego de modelo. — Tia Rosa, você vai poder levar a gente? — Perguntou enquanto se sentava na cadeira do meu lado.

— Mas é claro! Afinal, eu vou trabalhar na empresa. — Arregalamos os olhos. Como assim? — Gabriela veio aqui ontem quando vocês estavam no Shopping comprando as roupas pra irem a escola, ela disse que precisavam de uma secretária e então perguntou se eu gostaria de trabalhar lá como secretária.

— Que demais! — Sorri, pegando o sanduíche e dando uma mordida. Enquanto tomávamos o café da manhã, conversamos sobre como deve ser a empresa e como será os cenários, as roupas e maquiagens delas.

Quando terminamos de tomar o café da manhã, fui escovar os dentes e então passei um batom rosa - nude . Já que tínhamos mais alguns minutos, resolvi ir no meu quarto e guardar meu diário na minha mochila — não gosto de ir para qualquer lugar sem o meu diário, gosto de anotar várias coisas .

Peguei também meu caderninho de músicas — que também odeio sair sem ele — e guardei na minha mochila. Quando saí do meu quarto, Margarida já estava com a sua mochila — que é da cor vinho com detalhes em preto — e passava um batom claro , já que a roupa é escura — a roupa que ela está usando é preta com vermelho escuro , quase vinho, e outros tons escuros .

Saímos de casa e entramos no carro de minha mãe , que cinza , e então fiquei mexendo no celular enquanto conversava com Margarida e minha mãe sobre o mesmo assunto de antes: a agência de modelos. Então , quando olhei de novo pro celular, vi uma foto — na página que me ajudou a superar várias coisas, a Pulsos do Facebook — que tinha quatro fotos da Demi e ela falava:

" Se algum dia alguém tiver te humilhando, eu quero que saiba que você é mais que isso. Você é linda, forte, especial e única. Não ligue para o que os outros dizem. Você tem seu jeito de ser, tem seu jeito de agir, tem seu jeito de viver e de pensar. E no fundo alguém aprecia isso. "

Assim que chegamos na escola, eu gelei. Eu passei muita coisa ruim — mas, felizmente, muitas coisas boas também — aqui nessa escola. Respirei fundo e abri a porta do carro, me despedindo de minha mãe. Margarida, que estava no banco de trás, se despediu de minha mãe e então descemos do carro.

— Sejamos bem vindas à Escola Mundial. Conhecida como pior lugar do mundo. — A Garcia disse um pouco nervosa. Das duas, ela sofreu mais porque Margarida era meio gordinha naquela época , mas agora está com o corpo que, sinceramente, todas garotas desejariam ter.

— Que a sorte esteja à seu favor. — Repetimos uma pra outra a frase de uma das nossas trilogias favoritas, Jogos Vorazes da autora Suzanne Collins. Entramos na escola e várias pessoas conversavam , porém não tinham tantas pessoas.

Algumas pessoas nos observaram, simplesmente ignoramos e fomos andando pela escola, vendo o que havia de novo. A cantina estava no estilo Cantina Americana, as salas de aula aparentemente cabiam agora quase trinta e cinco alunos. Também tinha a quadra e uma área de música , o que me fez ficar animada na hora.

— Ih, a sorte não está ao nosso favor amiga. — Margarida balançou negativamente enquanto observava algo à direita.

Quando segui o olhar dela, entendi o porque dela ter falado essa frase. Jullie estava vindo com seus projetinhos, seus clones na verdade, junto de Abelardo com um sorriso falso. A única que estava sorrindo de verdade era Jennifer, sempre foi animada e a única que não fazia coisas más.

Não entendo porque ela anda com Jullie e Evelyn — e Abelardo — , eles são falsos — algo que ela não é, porque se fosse falsa não trairia Jullie e Evelyn, apesar delas merecerem. A Santos parou na nossa frente com um sorriso falso. Ao seu lado estava o Silva — que segurava sua cintura — e do outro lado a Wayne , que estava ao lado da Puth.

— Oi! — Não foi a Santos que disse, mas sim Jennifer. Ela acenou pra nós duas. Jullie a olhou, a fuzilando com os olhos, o que fez com que a mesma ficasse calada. Acenamos de volta pra ela. Até que ela merece, nunca foi má com a gente.

— Bom, eu sou... — A falsa começou a falar, porém a interrompi:

— Jullie. Te conhecemos. — Cruzei os braços, forçando um sorriso. Infelizmente, Margarida completou em um sussurro para mim, me fazendo segurar o riso.

— Parece que minha popularidade passa pelos portões dessa escola. — A mesma sorriu . E a Terra é quadrada , sussurrei para Margarida.

— Não. Te conhecemos por uma experiência mesmo. — A Garcia forçou um sorriso, assim como eu. — Também conhecemos Abelardo e Evelyn. E Jennifer, claro. A única que presta de vocês quatro. — Os três ficaram boquiabertos com a fala de Marga, menos Jennifer , que deu um sorriso de lado.

— Quem você pensa que é pra falar assim da gente garota?! — Dessa vez o Silva disse totalmente irritado. Antes que Marga pudesse falar alguma coisa, a barraqueira deu um tapa na cara dela, me fazendo ficar boquiaberta. A essa altura várias pessoas já estavam em nossa volta.

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA BATER NA MINHA AMIGA?! — Me alterei totalmente nervosa. Quem Jullie pensa que é pra bater na cara da Margarida?! — Você não tem esse direito e nunca vai ter! Você tá se achando a dona do mundo né Jullie? — A fuzilei com os olhos. — Eu poderia falar várias coisas pra você e dizer toda a raiva que eu tenho de você , uma raiva que eu guardei por anos! Mas ao contrário de você, eu sou educada e nunca bateria em alguém só por ela ter falado uma verdade. — Ela levantou a mão para me bater, então segurei seu pulso. — Se você tentar isso de novo, você vai se arrepender garota.

Ela puxou seu braço de volta. — Já vi que é barraqueira. Você deve se achar importante né garota? Mas você não é e nunca vai ser importante pra gente. — Deu um sorriso irônico e cruzou os braços.

— Até parece que eu quero ser importante pra você. Essa é a última coisa que eu gostaria de ser. Vamos sair daqui Marga, elas não valem a pena. — Disse me virando junto de Margarida, que estava com os olhos lacrimejando.

— Tão com medo é? — Dessa vez Evelyn gritou. — Tão com medo de acabarem se machucando. Sabem que nunca vão ganhar. — Me virei pra ela, irritada.

— Até parece que a gente tá com medo de vocês. Vocês não conseguem nem matar uma mosca. Até parece que conseguiriam nos machucar.

— Eu nunca encostaria uma mão em vocês, não quero ficar contaminada com feiura. — Jullie cruzou os braços, sendo seguida por Evelyn. Era só o que me faltava! Essas duas se achando as rainhas da beleza.

— Se a gente fosse feia a gente nunca seria contratada para sermos modelos. — Dei um sorriso vitorioso. — Vocês são modelos? — Indaguei já sabendo a resposta, e então Evelyn e Jullie ficaram caladas. — Já sabia. — Sorri e então me virei pra sair de novo.

Andei por Margarida pela escola até encontrarmos um local — secreto em que nos reuníamos com a Marce, Jaime, Daniel, Paulo e MaJo — e então sentei no chão ao lado de Marga — se bem que ela também tem o apelido de Margo — e ela começou a chorar.

Eu entendi na hora.

Esse lugar — apesar de lembrar vários momentos bons — é o local em que ficávamos depois de que o Trio da Maldade — feito por Abelardo, Jullie e Evelyn e um nome carinhoso dado por nós sete — sempre zoava nos duas.

A última vez que estivemos nesse lugar , Marcelina e Maria Joaquina nos acalmavam dizendo que somos perfeitas e que o Trio da Maldade tinha inveja da nossa felicidade — algo que , sinceramente, é verdade . Os garotos também nos ajudaram, eles são super importantes pra gente.