Uma Semideusa Inadequada escrita por Geek Apaixonada


Capítulo 2
Retornar


Notas iniciais do capítulo

Hey, obrigada a todos que comentaram, e a different girl por favoritar a fic com apenas o primeiro capítulo. Esse é um voto de confiança e tanto, espero não decepciona-la. E feliz 2016 pra vocês. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668913/chapter/2

— Peleu! – me sento na grama com os olhos cheios d’água. – Lembra de mim, Peleu? Eu costumava vir aqui trazer maçãs pra você, e eu afagava seu queixo assim...

Ele ronrona e eu sorrio, jogando a mochila no chão ao meu lado. Fico um bom tempo ali, até ter certeza de que não vou começar chorar na frente de todo mundo quando descer a colina. Quero que minha entrada seja do tipo “sobrevivente de guerra”, mas não como aqueles semideuses que chegam quase mortos e acabados. Já vi muito disso acontecer. Quero uma entrada "sobrevivente de guerra fodastica".

Afinal de contas, sou mesmo uma sobrevivente. Uma sobrevivente da minha própria guerra.

Pego minha bolsinha de maquiagem dentro da mochila e retoco lápis, rímel e batom, mas deixo o cabelo como está, por que esse visual um pouco bagunçado combina mais com a entrada que quero fazer.

— Vou voltar para te trazer maçãs. – prometo ao dragão, que está com a cabeça deitada na minha perna. – Tenho que ir agora. Preciso ver Quíron.

É claro que eu roubo a cena por onde passo, mas finjo não notar. E não posso evitar uma pontada de desespero ao perceber que não conheço ninguém dessa turma de campistas que esta jogando vôlei. Será que todos que eu conhecia morreram? É bem possível.

— Oi. – uma garota vem falar comigo. – Quem é você? Está perdida?

Ela me olha de cima a baixo, com um certo ar arrogante. Faço o mesmo. Cabelo ruivo e olhos castanhos, usa salto e não tem armas. Provavelmente é uma daquelas filhas de Afrodite que nunca participam de missões e só trazem vergonha pro seu chalé.

— Quíron ainda trabalha aqui?

— Trabalha sim, mas...

— Onde ele está?

— Na Casa Grande, mas...

— Ótimo, obrigada.

Me viro e marcho até a Casa Grande, que fica praticamente do lado da quadra de vôlei. Quíron está jogando aquele jogo de sempre com os sátiros. Ele me nota quando ainda estou a caminho e fica me encarando com a testa franzida, até que eu me aproximo e ele me reconhece.

— Tracy?!

— Presente. – dou um sorriso irônico. – Só passei pra avisar que estou de volta. Acho que amanhã podemos ter uma conversa decente, mas agora eu gostaria de descansar.

Ele me fita incrédulo, a boca entreaberta e as sobrancelhas franzidas.

— Estou indo pro meu chalé, falou?

O pessoal até parou de jogar vôlei pra assistir. Bando de intrometidos!

Caminho até a área de chalés e reparo nos novos que foram construídos, mas vou direto para o meu, o 37. Alguns campistas que circulavam por ali pararam e ficaram olhando. Nunca viram ninguém entrar nesse chalé. E nunca me viram.

Por um momento penso em ir até os chalés dos meus antigos amigos e procurar por eles, mas desisto da ideia. Estou exausta. Suspiro assim que entro e fecho a porta atrás de mim. Entrar no chalé 37 é como entrar numa sala com ar-condicionado e droga, como eu senti falta disso.

Olho ao redor... Parece uma mistura do chalé que deixei dois anos atrás e o quarto que eu tenho na mansão do meu pai. As pareces azuis preenchidas com pôsteres de bandas e outros recortes, minhas prateleiras de livros, meu rádio, minha enorme coleção de CDs. Tem até as estrelinhas que brilham no escuro coladas no teto.

— Trouxe suas coisas pra cá.

Sentada na única cama do quarto está Despina. Ela usa calça de couro, botas de motoqueiro e uma camisa cheia de rasgos propositais. O cabelo branco está repicado e jogado para cima. Ela parece uma versão mais punk da cantora Pink, exceto pelos olhos cinzentos e a pele extremamente clara. Não aquele branco que fica vermelho fácil, apenas um branco que não pega bronzeado de jeito nenhum. A minha pele é igual. Apolo já tentou me fazer ficar bronzeada várias vezes, mas desistiu.

— Oi, mãe... - digo enquanto caminho até o banheiro.

— Comprei algumas coisas também. Desodorante, escova de dente, tinta de cabelo... esse tipo de coisa.

Despina foi abandonada pelos pais, Deméter e Poseidon, logo após seu nascimento, e os odeia por isso. Quando Perséfone voltava para Hades e Deméter ia curtir a bad, mamãe fazia as flores dormirem e congelava os lagos de Poseidon. Por isso ela é a deusa do Inverno. E ela não queria ter filhos, com medo de que eles sofressem o abandono que ela sofreu, mas não resistiu ao charme do papai (e quem poderia culpa-la?). Então ela se esforça para ser uma boa mãe e me visita constantemente, me dando presentinhos aqui e ali.

— Obrigada, mãe.

Lavo o rosto e me olho no espelho. Eu tinha pintado o cabelo de roxo da última vez, mas já está ficando desbotado. Sou uma versão adolescente de minha mãe: a pele branca, os olhos cinza escuro, até mesmo o cabelo branco dela. A única coisa que puxei do meu pai são as covinhas das bochechas e as ondas no cabelo. O cabelo de Despina é liso e escorrido, por isso ela corta tão curto.

— Eu vou tomar um banho, falta uma hora pro jantar.

— Não se esqueça de avisar seu pai que está aqui. Ele fica preocupado.

— Até parece. – reviro os olhos. – Eu aposto que ele deve estar comendo uma fã no camarim nesse exato momento.

— Tracy!

— Tá... Desculpe, sei que não devo falar assim na sua frente.

— Não é essa a questão! Você tem que respeitar o seu pai!

— Você tem razão. – minto. – Desculpe, mãe.

Ela suspira e some. Então eu suspiro também, satisfeita por ter um pouco de paz. Pego uma toalha e vou para o banheiro.

 

Wendy

A bunda de Wendy estava dormente de tanto ficar sentada, e ela já havia acabado com a garrafa de café que pedira no pavilhão do refeitório. Estava lendo fazia horas. Não podia parar.

— Wendy? – chamou uma voz ofegante.

Ela olhou para trás e viu Jonathan, um de seus irmãos. Assim como ela, ele tinha cabelo loiro e olhos cinzentos.

— O que é?

— Não sei se você tá sabendo, mas a Tracy Stone está aqui. O Danny me contou que viu ela perto da quadra de vôlei.

Os batimentos do coração de Wendy se aceleraram. Ela não sabia o que pensar.

— Tracy voltou?

— É, foi o que eu acabei de dizer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vem recheado com uma surpresinha...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Semideusa Inadequada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.