Natural Selection escrita por Paper Wings


Capítulo 3
Cap. 2: Human Race


Notas iniciais do capítulo

Vocês são lindos! Agradeço pelos comentários super fofos que enviaram. Sério, fiquei super feliz!!! ~igual quando como Nutella direto do pote~ *w* Imaginem... Hahahaha
Obrigada por favoritarem, e um obrigada muito especial à Noturna, que recomendou a fic! Você fez o meu dia, de verdade, viu? Então, considere-se abraçada agora mesmo por uma escritora de fics maluquinha como eu!
Gente, só mais uma vez, obrigada por me motivarem a continuar a escrever. Vocês são os melhores.
Boa leitura, lindos!



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"If it's an eye for an eye
Then we all go blind
Is it hard to see?
Is it hard to see? Yeah"
Human Race - Three Days Grace

 

Eu não sabia o que estava fazendo, só sabia que era minha única opção. Estava prestes a conviver — tolerar talvez fosse a palavra correta — um bando de pessoas desconhecidas. Era literalmente sofrer com um livro, o qual você já sabe o final. Um final terrível, para ser sincera. Tinha plena noção do meu desfecho... Seria como um déjà vu.

— Me perdoe, querida.

Andar sem armas nas ruas era uma tentativa explícita de suicídio atualmente ou apenas um transtorno psicológico agudo, mesmo sem saber ao certo o que era isso. Aí, estava um fato. Outro fato? Estaria em constante perigo em meio àqueles estranhos...

Rick falou que seria o responsável pela minha escolta no momento, porém, depois, provavelmente ainda naquele dia, tentaria fazer seu filho tomar o papel dele. O xerife aparentemente queria esperar "a poeira abaixar". Eram palavras dele, não minhas, e só havia uma maneira de interpretá-las: ninguém me queria ali. Mais um fato? Certamente... Afinal, nem eu mesma me queria ali!

Eu estava entupida de fatos horríveis. Quem diria que em pleno fim do mundo eu estava mais preocupada com os vivos podendo me matar à noite do que os mortos? Era algo inexplicável... A vida parecia um programa de entretenimento, onde o público estava votando em quem deveria morrer a seguir. Ok, talvez isso não fosse um fato...

Eu estava com certeza entrando em um colapso nervoso. Todos os anos isolada, tomando as necessárias medidas, para terminar como prisioneira de um amontoado de desconhecidos que não mereciam um pingo de meu respeito ou de minha confiança? Ironia do destino colocar-me em tal situação. Não bastava ter uma família corrompida pelo mundo pós-apocalíptico, precisava me fazer bater na mesma tecla novamente...

— Vamos?

Fitei Rick com um ódio contido, o qual ele sabiamente decidiu ignorar. Ele não parecia ser alguém ruim, mas eu não poderia me deixar ser enganada. Não de novo... Desta vez, eu não seria tola a ponto de desmentir as verdades que eram jogadas a minha frente e decidir colocá-las de lado, sem importância. Os detalhes importavam: isso era outra espécie de mantra que eu fazia questão de relembrar toda noite antes de tentar descansar. Detalhes importavam, repeti para mim mesma.

O xerife já havia devolvido minha mochila. Na hora, abri os bolsos, checando se não faltava nada a não ser minhas armas. Roupas, alguns medicamentos, a garrafa de água quase no fim e a única barrinha de cereal... Tudo estava ali, intacto, porém, nenhum vestígio do armamento. Como anotação mental, deixei o seguinte escrito: achar o lugar onde o guardaram, e o mais depressa possível.

Eu tinha um plano em mente. Nos primeiros dias, mostrar que não queria amizade alguma; falar o mínimo possível; descobrir sobre o paradeiro de minhas armas por meio somente da observação, algo em que virei perita pelo tempo de isolamento; ver se pequenos atos cotariam pontos positivos... Se começassem a amolecer o ar militar sobre mim, caso eu não tivesse achado ainda o resto das coisas, passaria a ser mais aberta, um pouco mais acessível, e ganharia um mínimo de confiança, necessária para conseguir o que eu queria. Nesse meio tempo, analisaria a postura de cada integrante do grupo minuciosamente, para decidir quem era mais propenso a acabar por ser lerdo demais e possibilitar minha fuga... E, por fim, o período de um mês nem se completaria.

Rick segurou a lona da barraca para eu sair e postou-se ao meu lado, com um semblante beirando à despreocupação, mesmo ele estando bem ciente de que poderia derrubá-lo com um golpe rápido. Ele apenas ajeitou o chapéu e respirou fundo, tentando agarrar qualquer resquício de tranquilidade que estava no ar, alheio à possibilidade de eu dar o fora dali naquele instante. Será que ele passara a me achar... Fraca? Eu não poderia permitir isso.

Fiquei imaginando como transmitir um pouco mais de valentia, enquanto analisava o ambiente ao meu redor. De fato, estávamos em uma fazenda, um grande lote de terra com gramíneas bem cuidadas, cercas de madeira em um estado impressionante, uma casa mais ao longe e um celeiro na região um pouco afastada. Era a personificação de um dia calmo no campo.

Dei um giro lento no mesmo lugar, juntando as peças do quebra-cabeça. Fitei as barracas em um semicírculo, bolsas espalhadas pelos cantos e os restos de uma fogueira, provavelmente que fora acesa à noite, e depois voltei o olhar à grande casa a uns cem metros. É claro! A fazenda não pertencia a Rick, ou ele estaria no conforto de quatro paredes, não a mercê dos errantes. Então, ou as pessoas, donas do lote, eram uma maioria que impossibilitava o grupo de tomar completamente o campo, mas não más o suficiente para expulsá-los, ou algo estava acontecendo e eu ainda não possuía pistas para compreender.

— Eu estava pensando... — Ele iniciou, percebendo que eu claramente não começaria uma conversa. — Como você ficará um bom tempo conosco, poderia ajudar nas tarefas...

Suspirei, permanecendo em silêncio, o qual foi considerado como um sinal de consentimento para ele, não que existisse outra escolha disponível...

— Eu preciso apresentá-la a algumas pessoas... — Apontou com a cabeça para alguns de seus companheiros, os quais se espalhavam pelo espaço verde. — E será uma oportunidade para conhecer Carl também. Vamos, Katrina.

Engoli em seco ao ouvir meu nome saindo de seus lábios. Fazia tanto tempo desde que escutara aquela simples palavra... Chegava a ser bizarro. Outra coisa bizarra? O xerife ficar com planos de me apresentar a um bando de estranhos que pertenciam ao seu grupo. Não era seguro para eles, então, por que se dar ao trabalho?

— Aquela ali... — Pausou, direcionando-se a uma mulher a uns metros, a qual pendurava roupas em um varal improvisado. — Aquela é...

— Ahn, me desculpe... — Interrompi sua apresentação, em choque. — ... você aparentemente é o líder, certo? Como você pode ser o líder, fazendo-me de prisioneira e contando o nome de todos por aqui como se eu planejasse ficar aqui pacificamente? Até onde eu sei, para vocês, ainda posso ser uma assassina com um grupo suspeitando que algo ruim aconteceu comigo e procurando-me por essas matas. Eu só estou tentando entender...

Rick respirou fundo, assentindo mais para si mesmo e apoiando sua mão direita sobre o coldre, como se fosse um ato tão costumeiro que nem percebia mais. Depois, fitou o chão, a fazenda, até deu uma olhadinha para a imensidão azul do céu e, enfim, encarou-me com uma explicação pronta.

— Se o que disse sobre ter ficado sozinha por três anos for verdade, sabe mais do que ninguém como o mundo se transformou... — Deu um riso anasalado, achando tudo menos graça da situação. — Eu tento protegê-los, realmente tento... — Pausou, divagando. — Trazê-la aqui foi um risco que precisei correr e também colocar sobre eles para impedir que piores coisas viessem a acontecer... — Revelou com seu sotaque arrastado. — Katrina, você disse que não confia em mim. Acho justo, porque até agora, garota, não deu razões para em confiar em você muito menos... Só penso o seguinte: vou protegê-los, mas tentarei manter minha humanidade durante o processo.

Absorvi suas palavras cuidadosamente, tentando encontrar alguma mentira escondida em seu papinho. Ele era sábio, porém, achava-o precipitado demais, o que o taxava como tolo também... Estava certo e errado ao mesmo tempo, ao levar uma garota de um grupo com possibilidades de retaliação como refém livre, até que se provasse o contrário. Os detalhes importavam. Ah, como importavam...

— Então, quer me manter aqui com sua maior humanidade possível? Sem algemas, quarto escuro e tortura? — Indaguei, cética. — Sem ficar apontando armas para as minhas costas, enquanto sou obrigada a colher cenouras na horta? Conte outra, Rick! — Estreitei os olhos. — Vivi, sim, muita coisa lá fora e sei mais do que ninguém sobre como o mundo se transformou... Como também as pessoas nele existentes. — Adicionei com certa mágoa que tentei transparecer sem sucesso. — Nem pense em apelar para o seu lado humano... Quer saber? — Fingi contemplar uma bela ideia. — Melhor fazer isso mesmo, pois cedo ou tarde, sua humanidade e sua sanidade descerão pelo ralo e você vai se deparar com uma carcaça de quem era antes. Aproveite... Em breve, quando estiver com as mãos sujas de sangue de um inocente, não se reconhecerá mais. Ninguém escapa da nova política: olho por olho e dente por dente...

O homem travou o maxilar, fitando-me da cabeça aos pés, na tentativa falha de decifrar-me: se eu era a inimiga ou somente uma garota que não queria confusão, só permanecer isolada de todos.

— Parece saber bastante sobre se perder... Sua identidade sendo colocada à prova... — Franziu a testa, desconfiado. — Acho que você já matou, sim, pessoas... Pessoas inocentes. Talvez, machucado-as muito feio.

Bufei, ultrajada. Se ele ao menos soubesse da verdade sobre minha família, sobre minha vida, provavelmente nunca teria feito tais suposições, mas diante das atrocidades que corriam, soltas, pelo país, até compreendia seu lado.

— Não me acuse sem as devidas provas, xerife. — Adquiri uma expressão bem séria pelo impacto do que dissera sobre mim. — Você não me conhece... E não conhecerá nunca! Quando menos esperar, o mês terá passado e eu poderei seguir viagem bem longe de vocês... — Contei, ácida. — E melhor medir sua língua antes de me deixar irritada, a ponto de mais tarde dar uma visitinha a seu pessoal...

Uma veia saltou em sua testa, sob a menção de seu grupo sendo colocado em perigo.

— O que estou fazendo por você é uma cortesia, menina... — Rick olhou para os dois lados, suspirando e medindo seu tom de voz, quase sussurrando. — Poderia simplesmente deixá-la algemada por um mês, pois, acredite, há gente aqui que queria exatamente isso ou até pior...

Coloquei um sorriso irônico no rosto, mostrando não ligar muito para isso. Na verdade, eu apenas queria deixar claro que não era fraca, que não importassem suas ameaças, suas estratégias para me deixar com medo e revelar o que eu sentia realmente... Nada faria eu cometer o mesmo erro de novo. Nada. Com tantos anos para refletir e enfiar na cabeça como o podre do nosso entorno poderia penetrar em alguém e mudá-lo, não deixaria uma faceta minha, a de uma garota que queria ser protegida apesar de tudo, estragar meus esforços de permanecer viva.

— Me conte algo que não sei ainda... — Rebati, seca, mesmo sentido-me agradecida internamente por não estar amarrada em algum canto qualquer. — Sua gente me quer com uma bala na cabeça e, mesmo assim, decidiu me deixar relativamente livre, com direito à comida do acampamento? Por quê?

— Eu os trouxe até aqui, um lugar seguro... — Pareceu viajar em seus próprios pensamentos, em suas lembranças. — Perdemos muitos até chegarmos nessa fazenda. Agora, estamos em paz, por hora... Não vou matá-la para dar a eles essa momentânea satisfação. Eles não estão pensando direito. — Engoliu em seco pelo meu semblante ainda descrente. — Olha, só quero dizer que essas pessoas enfrentaram o inferno para chegar aqui e gente nova é sempre taxada como ameaça. Não posso permitir que eles errem em seu julgamento para depois ficarem arrasados... Eles já sofreram demais.

Um silêncio desconfortável surgiu e ambos encarávamos um ao outro profundamente. Eu não poderia simplesmente acreditar em palavras bonitas, não após tudo pelo que passara. Eu tinha a leve impressão de que nunca conseguiria perdoar minha família, afinal, mesmo depois de nosso último encontro... Nada se ajustou, nunca se ajustaria. Eu tentava. Tentava não acordar todo dia com um rancor enorme nublando minhas ponderações, porém, parecia uma missão quase impossível. Seus erros incessantemente estariam lá, à espreita, só aguardando para tomar o controle de minhas próprias ações, para que eu jamais cometesse o mesmo erro. Paranoia? Sim, talvez estivesse em meu destino sobreviver e morrer sozinha.

— Belo discurso, xerife. — Debochei. — Só que ainda não acredito em porcaria alguma que sai da sua boca.

Rick respirou fundo, já esperando essa minha reação, e indicou que eu fosse na frente com um breve aceno. Era evidente seu cansaço. É claro que encontrar um refúgio isolado como aquele era como uma benção para alguns — exceto para mim, pois sentia que essa tentadora ideia somente sinalizava com uma grande placa de neon: "Estamos aqui, seguros, e vocês não." para sobreviventes que fariam de tudo para tê-la para si mesmos, ou seja, uma sangrenta guerra em iminência — só que esse lugar paradisíaco nunca seria tão perfeito assim. Rondas, busca de suprimentos... Tudo era uma constante ameaça. Por isso, provavelmente o xerife estava tão abalado. Ou não... Ele parecia ter sido retalhado, costurado por meio de grampos e colocado para liderar, para ser responsável por sei lá quantas outras vidas.

Molhei os lábios e comecei a andar. Meus coturnos manchados de sangue sobre a terra batida logo entrando em contato com uma grama rala, mas bem cuidada... Era de fato um lugar que afastava a mente da pessoa da grotesca realidade por fora das cercas. Eu entendia muito bem o instinto protetor do homem sobre aquele lote. Afinal, era tudo que minha família procurava antes de...

Fechei meus olhos bem forte e ao abri-los novamente, suprimi as lembranças. Eu precisava ficar atenta aos detalhes, caso eu quisesse concretizar meu plano.

Caminhamos até uma área mais afastada e, tarde demais, percebi que eu nos levava direto até três caras, que se limitavam a conversar por meio de respostas monossilábicas, coisas de sexo masculino, sempre mostrando ser machos dominantes em meio ao apocalipse. De imediato, reconheci o homem que ficara revoltado dentro da barraca, e senti o coração palpitar mais rápido, temendo o que viria a seguir.

— Este é Shane... — Acenou para o cara musculoso e de pavio curto. — T-Dog... — Direcionou-se ao negro e, logo depois, ao asiático. — ... e Glenn.

Eu estava tão atenta e presa aos detalhes, como um estampido de uma arma sendo destravada ou uma faca sendo sacada do bolso do casaco, que mal peguei os nomes mencionados. Fiquei séria, com a postura congelada igual a uma estátua, como se o mínimo movimento pudesse decidir se eu viveria ou não.

Dos três, tirando Rick, somente Glenn parecia não ter planos atuais de me matar na surdina, o que não era uma porcentagem muito boa, certo? Eu precisava arrumar alguma arma. Algo me dizia que enfrentar Shane não seria tão fácil como com Daryl, e ele não hesitaria em revidar o golpe da mesma maneira violenta que eu o atacaria.

— Então... — Shane desmontava e remontava sua pistola para me intimidar com cada clique. — Derrubou o Daryl, hein? — Deu um riso anasalado, porém, continuava com sua expressão de poucos amigos. — Aonde aprendeu a lutar, garota? Acho que foi sorte de principiante...

Rick analisava todos os movimentos do companheiro como se a qualquer minuto o último pudesse explodir e fazer algo perigoso e inesperado. Talvez ele fosse instável demais, fato comprovado quando o xerife colocou a mão sobre o coldre novamente, com um semblante de liderança, ao ver o amigo dando um passo em minha direção.

Shane fingiu rendição e retornou ao seu lugar, sorrindo. Não foi um sorriso verdadeiro, foi daqueles que deixam o outro com um arrepio involuntário na coluna e uma onda de ódio circulando pelas veias.

— Acho que isso não lhe diz respeito. — Respondi, ríspida. — E se está tão incerto sobre minha capacidade de defesa, fique à vontade para dar fim às suas dúvidas... Quer experimentar?

Travei o maxilar, abrindo os braços em desafio. A única coisa que tamborilava na minha cabeça era "Você ficou completamente maluca?", porém, eu precisava impor de uma vez por todas que era corajosa, assim, ganharia mais tempo se decidissem, sei lá, me matar. Homens como Shane tiravam proveito dos fracos, abandonariam-nos sem ao menos duvidar, sacrificaria a vida de pessoas como a Katrina Wayland de três anos atrás em um piscar de olhos...

— Olha só... — Seu sorriso sacana aumentou, fazendo Rick ao meu lado ficar mais austero, se é que era possível. — ... a gatinha tem garras.

— Já chega, Shane. — O xerife rangiu os dentes. — Deixe a garota em paz.

Engoli em seco, tensa, mas tentei manter a postura determinada justamente para o homem forte enfiar na cabeça dele que era para ficar bem longe de mim, pois eu não pensaria duas vezes antes de chutá-lo bem no meio do rabo. Não me deixei abalar, portanto.

— E presas também, para sua informação. — Completei seu raciocínio, praticamente cuspindo. — Tenha isso em mente...

Shane pareceu achar graça de mim, mesmo o resto deles encarando a situação como adultos. Ele percorreu com o olhar todos os rostos, procurando alguém que compartilhasse de sua piada interna e, com mais um riso anasalado e uma bufada descrente de como poderíamos ser tão caretas, deu às costas a nós.

Finalmente, apenas quando o homem estava a uns bons passos de distância, relaxei o corpo e arquejei suavemente, aliviada. Fitei meus coturnos por um segundo e depois encarei os três homens a minha frente.

Rick ainda prestava atenção em mim, mas sua mente flutuava, pensando em outra coisa, talvez em sua relação conturbada com o integrante de seu grupo. T-Dog e Glenn deram uma encarada cúmplice e perceberam que era a deixa de ambos, os quais ajeitaram as espingardas no ombro e saíram atrás do acampamento. Antes, no entanto, o negro enviou-me uma mirada intrigada, como se eu fosse suspeita de participar de inúmeros crimes.

Sozinhos, notei que já começara a entardecer: o céu adquirira uma tonalidade alaranjada e a brisa antes relaxante passou a fazer investidas gélidas contra meu corpo. Estava esfriando, mesmo o tempo ainda carregando um traço abafado.

O xerife, enfim, pareceu acordar, mesmo com uma postura exausta e ainda meio aéreo, e fitou-me com uma expressão "Por quanto tempo será que eu..." e sacudiu a cabeça, suspirando.

— Vamos procurar Carl...

Sua voz mostrava impaciência e raiva. Se minhas contas estivessem corretas, o porquê vinha do incidente anterior com Shane. Todo o semblante de líder sumira para dar lugar a uma névoa meio primitiva, a qual decidi ignorar em nome da minha própria saúde. Sabe-se lá do que o homem era capaz, em nome da segurança do grupo como um todo...

Em cerca de minutos, pisamos na varanda de madeira da grande casa. Rick colocou todo o peso em uma perna só e indicou para que eu ficasse mais atrás, afinal, eu ainda era a "perigosa refém" ali e, como não era o dono daquele lote, não tinha o direito de simplesmente me levar para dentro. Abrindo a tela contra mosquitos, bateu com a palma da mão na porta repetidas vezes.

— Carl!

Em resposta, uma jovem loira surgiu. Ela parecia apenas alguns anos mais velha que eu e não costumava sair para matar errantes aparentemente. Talvez por seus olhos transmitirem uma doçura que teria sido esgotada em questão de instantes se convivesse com o lado de fora das cercas da fazenda.

— O Carl não está, Sr. Grimes. Disse que voltaria logo...

O homem respirou fundo mais uma vez, como se estivesse diante de um baita empecilho, mas de repente seus olhos azuis acenderam, lembrando-se de uma maneira de resolver o que o estava incomodando, no caso, eu, a bagagem humana ambulante.

— E Lori?

Ela deu um sorriso de desculpas e negou.

— Sinto muito, Lori disse que precisava tomar um ar e saiu há pouco...

Rick fitou a parede, pensativo, balançando a cabeça algumas vezes, como se conversasse com sua própria consciência, e a menina pareceu sem jeito de como lidar com a situação. Então, permaneceu apoiada no batente.

Aguardei, encarando o nada. Era até saudável simplesmente parar um pouco e sossegar, somente contemplando sobre tudo, porém, algo me dizia que o xerife não estava relaxado, pelo contrário, estava tomado por frustração, sobrecarregado de problemas, e demoramos tanto ali, que um senhor apareceu à porta.

— Beth, querida, qual a razão... — Sua voz suave foi pausada ao ver o homem e eu. — Rick! Posso ajudá-lo em algo?

— Hershel. — O xerife tocou na aba do chapéu e cumprimentou-o.

— Beth, pode entrar. — O velho direcionou-se à moça, novamente carinhoso. — Vá, filha, entrarei em um minuto.

Ela deu a impressão de hesitar um instante, mas logo sorriu levemente e obedeceu o pai, deixando nós três na varanda, ao pôr do Sol. O senhor de cabelo branco como a neve parecia aquelas pessoas que possuem várias histórias de vida, as quais faziam os outros aguardarem ansiosos em uma bela noite de fogueira, e também transmitia ser sábio, mesmo intimidando-me um pouco pela analisada minuciosa que me enviava, tentando decifrar-me. Um calafrio involuntário fez os pelos de minha nuca arrepiarem, imaginando se ele de fato conseguira concretizar tal feito.

— Rick. — Acenou para que o homem aproximasse. — Discutimos que sua gente deveria... — Murmurava para eu não escutar, mas eu conseguia ouvi-lo muito bem. — Eu disse que não opinaria sobre suas decisões, desde que...

— E eu entendi muito bem, Hershel. — Um tom amargurado despontou do xerife, como se tivessem, sim, discutido sobre algo muito sério, ainda mais. — A fazenda pertence a você, mas...

— Rick. — O fazendeiro, pelo que entendi, cortou-o, irredutível. — Assim que a menina for encontrada, vocês devem partir, não vou falar sobre isso outra vez com você. — Pausou, sério, pigarreando. — Só que não é sobre isso que devo conversar com você agora... Sei que combinamos não intervir em nossos assuntos, porém, sinto-me inclinado a aconselhá-lo. — Mais uma vez, olhou para mim e depois retornou ao outro, praticamente sussurrando agora. — Não acho que sua decisão sobre ela foi muito sensata...

Apurei meus ouvidos. Então, ao que parecia, Hershel era o dono da fazenda e a razão de Rick e seu grupo não terem direto acesso à grande e segura casa era que não tinham permissão de se instalarem permanentemente. Poderiam ficar por lá, aos arredores e protegidos pelas cercas, apenas até encontrarem uma menina. Agora, fazia ainda mais sentido o xerife estar tão abalado. Ele queria convencê-lo a deixar que se fixassem de uma vez, pensando estarem finalmente em um lugar seguro onde seguiriam com suas vidas, e, na realidade, havia um rígido prazo nos termos postos pelo mais velho. E ainda havia o desaparecimento... E eu, é claro, um empecilho não programado.

— Está melhor, mocinha? — Hershel indagou. — Como está seu ombro?

Engoli em seco.

— Bem, obrigada... — Franzi os lábios, respondendo. — Agradeço por ter dado um jeito nele...

— Não queremos uma grande cicatriz aí, não é mesmo?

Congelei, sentindo uma gota de suor frio arrastar-se pela minha têmpora. Aquelas meras palavras tinham um significado muito maior do que deveria, pelo menos para mim. Será que o senhor havia visto? Era provável... Fui carregada e colocada em algum canto para receber os cuidados médicos, seria normal minha blusa já rasgada ter levantado a ponto de mostrar a feia cicatriz em relevo, marcada por finas linhas brancas ao seu redor, entrelaçando-se como uma teia de aranha. Senti uma dorzinha psicológica, presa no passado.

— Ahn... — Tentei ignorar a estranha preocupação nos olhares profundos de Hershel. — É, seria muito ruim alguém da minha idade ter uma cicatriz...

O velho assentiu algumas vezes, captando que a ferida abaixo de minha costela não despertava memórias que eu compartilharia algum dia. Ele respeitou minha privacidade, portanto, e voltou a atenção a Rick, o qual tentava entender o porquê do clima entre nós ter ficado tão mais pesado de repente.

— Carl já voltará... — O fazendeiro disfarçou o ocorrido sabiamente. — Pode ir, Rick. Nem deve ter tido tempo apropriado para atualizar sua gente... Avisarei seu filho sobre essa jovem, está tudo bem... Vá.

O xerife estreitou os olhos, desconfiado, mas a obrigação de seu posto como líder falou mais alto e, logo, ele concordou, fitando-me uma última vez e afastou-se.

Eu não estava nem um pouco confortável ali, junto com Hershel, por mais que ele não parecesse intimidador como Shane ou T-Dog, e era justamente por isso que temia o que poderia vir a acontecer. Se ele tinha conhecimento do meu segredo, da cicatriz, sendo um humano, com certeza estava curioso e uma hora perguntaria para mim sobre ela. Ou não, parecia nobre também... Não queria, acima de tudo, despertar mais olhares inquietadores em cima de mim, por isso, permaneci em silêncio, esperando a indagação...

— Vamos... — Segurou a tela contra mosquitos para que eu adentrasse a casa. — Deve estar cansada...

Fiquei levemente boquiaberta. E a pergunta? Ele não a faria?

— Você tem um nome, senhorita?

Encarei seu sorriso, o qual parecia tão verdadeiro. Eu não poderia acreditar nele... Mesmo, lá no fundo, existindo uma chama pulsante querendo finalmente que eu confiasse em alguém, nunca mais cometeria o mesmo erro. Nunca. Nem por um velhinho bom.

— Katrina Wayland.

— É um belo nome. — Sorriu um pouco mais. — Agora, vamos. Beth acompanhará a senhorita até um banheiro.

Ele andou mais à frente, despreocupado. Hershel estava defendendo-me anteriormente ou era só um teatrinho? Ou talvez a decisão sensata, para ele, fosse jogar-me para errantes não incomodarem a fazenda... Por que eu tinha a enorme impressão de que ele queria me proteger? Será que não gostava de alguns dos companheiros de Rick e achava que eu corria constante perigo? Não seja tola... Não de novo. Até parece que um homem, dono de uma fortaleza inalcançável de zumbis, teria um instinto protetor sobre uma estranha como eu.

Suspirei, aliviada por ter evitado um grande erro: o de dar os primeiros passos em uma ligação de confiança com o senhor. Se nem minha família apreciava a ideia de me proteger, por que ele, de primeira, apreciaria? Detalhes, detalhes...

Nem olhei a decoração direito, estava presa em minhas próprias divagações, alheia ao que acontecia. Entendi que a jovem loira, a tal Beth, estava levando-me ao andar de cima para usar o banheiro da suíte principal, desde que o de hóspedes estava ocupado no momento. Senti os degraus rangendo conforme subíamos e, então, me deparei com uma porta bem cuidada a centímetros de mim.

— Vá em frente... — Beth sinalizou, entregando-me uma toalha. — Vou colocar umas roupas limpas para você na cama... — Ela deu um sorriso gentil. — Ahn, só peço que não gaste muita água... Não sabemos se pode ocorrer mais um acidente em nossos poços.

Assenti, desconfiada, segurando a alça da mochila com uma força desnecessária. Temia que por trás daquele semblante carinhoso e inocente surgisse de repente a mente de uma assassina a sangue frio e tudo fora apenas um plano bem arquitetado para me eliminar de surpresa.

— Eu tenho uma roupa extra guardada. — Tentei não parecer muito simpática, apenas educada e evasiva ao mesmo tempo. — Não precisa se preocupar quanto a isso, obrigada. Ahn, se me dá licença...

Minha voz saiu acelerada demais e a jovem levou um instante para processar tudo e entender o pedido silencioso para que ela me deixasse sozinha. A loira arregalou os olhos e balançou a cabeça em concordância, meio envergonhada por ter ficado plantada lá por tempo demais.

— Ah, claro!

Ela deixou-me rapidamente e, enfim, estava só. Suspirei, cansada por ter que medir cada palavra que dizia o dia inteiro, ora para não ser muito rude e dar mais razões para me odiarem — lê-se: me matarem mais cedo — ora para não acharem que eu era boazinha e fraca, encaixando-me ao perfil que procuravam de "meio de fuga VI: abandonar o inútil que não faria falta". Era extremamente exaustivo, como se eu colasse várias máscaras por sob minha face a cada gesto que fazia ante o grupo. Máscaras de sobrevivência.

Analisei o cômodo minuciosamente, à procura de qualquer objeto pontiagudo que ajudasse na minha própria defesa, caso algum daqueles estranhos decidisse passar por cima das decisões de Rick. Eu precisava estar preparada para o que desse e viesse, porém, o máximo que achei foi uma tesoura de costura e algumas agulhas de crochê... Decidi colocar os instrumentos na mochila por via das dúvidas, tomando o cuidado de retirar apenas duas das quinze agulhas para ninguém dar muita falta.

Perdera uns cinco minutos ali e ainda planejava tomar um banho. Nos tempos atuais, recusar um chuveiro não era uma opção. Quero dizer, até era, mas quem seria doido o suficiente para recusar? Eu até poderia ser considerada paranoica, mas nunca negaria uma boa ducha.

Eu estava na suíte principal da casa. Os móveis eram todos em uma madeira de tonalidade fosca, bem rural, com colchas feitas a mão e tapetes coloridos. Não havia tranca na porta do quarto, apenas no banheiro, algo que me deixou incomodada. Peguei as peças amontoadas da mochila e larguei-a em um canto.

Analisei-me no espelho pequeno do toalete. As maçãs do meu rosto estavam salpicadas com sangue de errante e minha blusa possuía uma grande macha escarlate, beirando um tom amarronzado. O tecido já estava meio rijo, mas a ferida não doía tanto, era apenas desconfortável.

Bufei e comecei a me despir, deparando-me com a feia cicatriz, a qual tateei debilmente, lembrando da viva dor de uma lâmina do passado, e a pele pálida, mesmo com as longas caminhadas debaixo do Sol, delineando minhas costelas. Eu era magra normalmente, porém, não tão esquelética como aquele reflexo que olhava para mim.

Tentei tirar isso da cabeça e somente aproveitar a oportunidade de tomar um banho. Se eu pudesse, faria isso sempre que um zumbi agarrasse meu braço... Peguei cuidadosamente o sabonete e esfreguei meu couro cabeludo até senti-lo arder e o mesmo fiz com minha pele, logo após tal processo, lavei as roupas que usara também. Tudo para tirar qualquer vestígio do mundo lá fora.

Sequei-me com a toalha entregue pela loira e passei a me vestir. Eu exalava um aroma suave de lavanda... Muito melhor que o sabão que havia na loja de conveniência. Tirei, suspirando, minhas peças íntimas do embolado de roupas amarrotadas, trajei minha calça jeans e percebi, então, que minha blusa não estava ali no meio. Esquecera-a dentro da mochila, pensando que ela estivesse dentro daquele bolo de tecidos...

Calcei os coturnos e, como uma condenada, respirei fundo, abrindo uma fresta da porta do banheiro para averiguar que não havia ninguém no cômodo. Rapidamente, alcancei minha mochila e tirei de lá a peça que faltava, prestes a me vestir.

Ok, eu vou entrar...

Antes de refletir que a voz impaciente viera abafada pela porta da suíte e direcionava-se a mim, uma figura masculina irrompeu do corredor, com o revólver em riste, entrando no quarto sem mais preâmbulos.

Seus olhos azuis fitaram-me, surpresos, antes de suas bochechas corarem e ele instintivamente encarar meu corpo, assustado pela situação em que me encontrara, deixando-me envergonhada e irritada ao mesmo tempo, e parando na cicatriz à mostra com uma expressão curiosa. Isso me fez despertar do meu transe e, logo, virei de costas, vestindo a blusa e voltando ao garoto com o rosto ardendo. Não acreditava que, em menos de meia hora, já havia duas pessoas que sabiam da ferida de três anos atrás.

Engoli em seco, tomando coragem para falar alguma coisa... Qualquer coisa, afinal, o jovem parecia mais humilhado do que eu e não iria comentar nada aparentemente, só ficaria parado como um idiota que acabara de quebrar a porcelana chinesa da mãe, ou seja, passaríamos a eternidade ali se eu não fizesse algo.

— Não sabe bater, não? — Arquejei, ainda com raiva e com vontade de sumir. — O que está fazendo aqui, hein?

— Ahn... — Ele pausou, encabulado. — V-você estava demorando. Eu... Eu dei cinco minutos para você sair, m-mas ninguém respondia... — Gaguejava. — Eu pensei que teria fugido.

— Eu estava no banheiro com o chuveiro ligado... — Disse com uma voz serena, mostrando o quanto controlava o impulso de chutá-lo pelas escadas. — ... como exatamente esperava que eu ouvisse alguma coisa e respondesse?

O menino limitou-se a suspirar. Eu lembrava dele. Quando estava algemada na barraca, ele escutava as palavras do xerife com uma atenção extrema, duplamente atento, como se fosse seu exemplo de vida. Era o filho mencionado por Rick, com certeza. Carl se não me falhava a memória...

— Ahn, você já está pronta? Meu pai falou para eu procurá-la, sabe? — Travou o maxilar, meio revoltado, mesmo a vergonha ainda estando presente. — A partir de agora sou eu quem irá vigiá-la.

Suspirei teatralmente, dando-me por vencida. Ele parecia mais propício a cometer um deslize e possibilitar minha fuga em breve. Não que minha primeira impressão dele fora que não passava de mais um entrave humano, idiota a ponto de ser meu alvo para concretizar o plano que pulsava em minha cabeça. Pelo contrário, depois que minhas bochechas passaram a esfriar, notei melhor seu brilhantes olhos azuis pela primeira vez. Ele era bem bonito, talvez uma beleza desperdiçada em um mundo caótico como o nosso, dado que poucos sobreviveram. Lembrei de uma amiga de colégio que morreria só para ter a oportunidade de cumprimentá-lo.

A postura do adolescente ficou rija e, de alguma maneira, sabia que aquele era seu semblante natural: o de alguém sobrevivendo durante o apocalipse. Talvez não fosse tão fácil enganá-lo como imaginara...

— Vamos descer. — Anunciou. — O jantar está quase pronto.

Meu estômago roncou involuntariamente, deixando-me um pouco constrangida mais uma vez e, antes que Carl retirasse o revólver de novo pela minha demora, agarrei a mochila, a qual guardava minhas novas aquisições, temendo a possibilidade dela ser revistada, e corri até o banheiro, torcendo minhas roupas molhadas, agora com cheiro de lavanda, na pia e acenei para que ele fosse na frente, guiando-me.

Ele não foi bobo. Negou e silenciosamente indicou que eu deveria ir primeiro, para que eu não fizesse alguma estupidez pelas suas costas. Droga, pensei... Ele estava levando mais a sério esse papel de "vigilante vinte e quatro horas por dia" do que eu imaginava ser possível.

Ao chegarmos ao fim da escadaria, a casa estava bem cheia. Todos os olhares voltaram-se a mim imediatamente, com o cômodo ficando silencioso demais, enquanto Carl foi para o canto oposto a mim, mesmo permanecendo bem atento.

— Ah, Katrina... — O xerife acenou com a cabeça, passando pela porta principal, vindo do lado de fora. — Esse é o Carl. Ele...

Arqueei a sobrancelha, voltando a atenção ao seu filho, o qual continuava o mais afastado de mim possível. Pelo menos, pelos atos dele, sabia que perguntas não seriam feitas, a não ser se muito necessárias. Talvez eu conseguisse me esquivar delas também, algo que não era muito fácil, averiguei com as fitadas cuidadosas de Hershel, o qual sentava-se à grande mesa, ainda curioso sobre minha história de como conseguira uma cicatriz tão feia. Ele me fazia recordar das caras que meu pai fazia quando eu estava com algum problema em segredo, antes do mundo virar de cabeça para baixo... O fazendeiro transmitia uma figura tão paternal...

— Ahn... — O menino ficou levemente rosado, encarando o "interessante" assoalho de madeira na tentativa de evitar maiores explicações. — É, pai, nós já nos conhecemos...

Estreitei os olhos para o mais novo e forcei um sorriso nada amistoso em meu rosto.

— É, foi um encontro bem... — Franzi os lábios e pigarreei, encarando somente o garoto com uma expressão assassina. — ... peculiar.

Rick revezou o olhar entre nós, confuso, e decidiu milagrosamente relevar o clima estranho.

— Bom, Katrina, conversei com Lori... — O homem colocou novamente a mão sobre o coldre sem notar. — Amanhã, cuidará da colheita de algumas hortaliças junto com ela e mais algumas pessoas. Carl estará lá...

Respirei fundo, segurando meus pertences. Percebi que o garoto também não estava muito feliz pela posição em que o pai o colocou, porém, não parecia irritado a ponto de reclamar abertamente. Talvez alívio estivesse presente em sua expressão calculista e madura, algo que não poderia negar, mas deveria estar estampado em meu rosto igualmente. Colher hortaliças não se encaixava em uma tarefa que Shane exerceria e, desde que ele permanecesse afastado, era lucro.

Assenti quase que imperceptivelmente, em silêncio. O dia a seguir seria longo e seria só mais um dentre os outros que viriam, caso eu não colocasse meu plano em prática logo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Pelo amor do bom velhinho que o Hershel é, não pensem que ele é um pedófilo!!!! Por favor. Até coloquei lá "figura tão paternal"! O.O
Agora, e o Carl e a Kat? Será que rola? ~palavras e olhadas sugestivas~
Bom, parece que Katrina se acha bem paranoica no momento... Nem a culpo, né?
Gente, aviso: sei que não são todos que conseguem tempo suficiente para ler um capítulo muito grande, então, vou tentar diminuí-los um pouquinho. Desculpem-me se foi um incômodo para alguns. Contem-me se faço isso ou não.
Espero que compartilhem da opinião de vocês sobre o capítulo. Aguardo ansiosamente os comentários de vocês. ^^
Até o próximo cap.. Preciso correr agora, porque vou viajar e estou aqui escrevendo! Socorro que minha mãe vai me matar. Partiu fazer as malas neste exato instante! Se eu não retornar, já sabem... Morri. XD Eita, nem brinca. {bate três vezes na madeira}
Xxxxx