A Feiticeira e o Contrabandista escrita por Espíndola


Capítulo 6
Davos II




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Marya não protagonizava mais os seus sonhos, não me lembro mais de seu rosto. Matthos era todo ele quando jovem, nas feições da face e no corpo. E seus rapazes apareciam em seus sonhos como grandes senhores e até Reis. Será este o futuro da Casa Seaworth de Mata de Chuva? Uma batida brusca na porta o acordou de imediato. Entre, por favor. — Era o manco Sor Haegar Massey e seu aspecto era dos piores.


— Notícias do Rei? — Perguntou de imediato. Até onde sabia, Stannis – com auxílio dos Tyrell e dos Martell – marchava contra Stark, Tully e Frey na margem oeste do Tridente, expulsando os lobos cada vez mais para o Norte. Ainda há um Leão a vencer. Estremeceu.


— Não, senhor. Lorde Lucerys Velaryon foi assassinado. — Informou para seu espanto.


Após um segundo de reflexão para dissecar o que estava sendo afirmado, Davos pensou no quê fazer. Irão acusar Melisandre. Ele sabia que poderia ser uma armação para tirar a Feiticeira da corte de Stannis. Pycelle a odeia com todas as forças, assim como o Alto-Septão.

— Garanta que seu corpo seja velado, antes que ela possa queimá-lo. — Ele concordou, a Mão continuou: — Informe aos conselheiros do Rei que convoco uma reunião emergencial.


(…)


O Conselho Real do Veado Coroado estava resumido a três integrantes. Além dele, apenas os mais fracos foram deixados para trás por Stannis: Lorde Petyr e Gran Meistre Pycelle. Porém, garantiu que seu filho Sor Matthos participasse daquela reunião importante. Pela cara do Meistre, ele pretende condená-la. O velho ancião estava sempre sonolento, exceto quando alguém puxa seu rabo. Como agora.


— O Senhor do Mar foi envenenado. Ninguém encontra a Bruxa. — Revelou furiosamente.


— Há testemunhas? — Seu filho tomou voz diante da sugestão fervorosa do Meistre.


— Numa corte de ouro como esta, se usarmos testemunhos, certamente haverão bons álibis contrapostos. — Mindinho, como era chamado o Mestre-da-Moeda, antecipou.


— Precisamos encontrá-la. — A Mão decidiu, fez uma pausa para tramar e seu filho interrompeu: — E vamos, Lorde Davos. — Muito bem. O Contrabandista pensou quando o cavaleiro que gerara levantou-se. — Cuidarei desta missão pessoalmente. — Davos assentiu orgulhoso. Ele gostava da nova roupagem que seu filho assumira, não só no manto quanto na personalidade. Um legítimo Guarda-Real que serve ao lado do Ousado. Observou-lhe sair.


— Esta Bruxa é um perigo para todos nós, incluindo o Rei. — Acusou o erudito.


— Não há como negar. — Petyr concordou e concluiu: — Uma morte dentro da Fortaleza Vermelha só enfraquece a imagem de nosso Rei perante seus inimigos. — Nisso ele está certo. Davos considerou a palavra de seus conselheiros. Quem sou eu perante esses homens?


“Azor Ahai Renascido, meu Senhor.” Melisandre insistira nas últimas viradas de lua. Mas tudo que ela quer, é prazer carnal. Ele apostava e começava a duvidar dos planos da mulher.


— Esquecem-se que por outro lado, a Sacerdotisa Vermelha fortalece a imagem de nosso Rei, assustando os inimigos. — Petyr parecia querer falar algo, mas o Contrabandista completou: — Inclusive mantendo Tywin no Rochedo.


— Agora você a defende, Lorde Davos? — Pycelle questionava com fôlego de raiva.


— Sei que Lorde Lucerys Velaryon fora um grande amigo seu, Meistre. — Endireitou-se no assento. — Lamento muito sua morte. — Não estava mentindo, também não queria àquilo.


— A Justiça do Rei deve ser feita. — Pycelle rogou e Davos impressionou-se com a determinação do Meistre.


— E será... — Mindinho deixou soar, ganhando a atenção dos dois. — Quem foi que encontrou o corpo?


— Vytor Velaryon, seu sobrinho e escudeiro. — O erudito confirmou após checar os papéis. O Mestre-da-Moeda focou no centro da mesa, titubeando em pensamentos.


— Pretende interrogá-lo? — Davos indagou ao Meistre, mas fora Mindinho que respondera:


— Devemos prendê-lo. Acontece que Vytor Velaryon na verdade é um bastardo do falecido. É dito em Derivamarca que o Senhor do Mar possuía uma corte repleta de primas, cujos corpos possuía a seu bel prazer. Em troca, tratava os bastardos como sobrinhos, dando-lhes seu sobrenome honroso da Antiga Valyria: Velaryon. — Finalizou sua conspiração. O Contrabandista não conseguia acreditar naquela história, mas ainda assim, parecia mais provável do acusar uma grávida. Grávida de meu oitavo filho – ainda sem nome.


— E como você sabe de tudo isso, Lorde Baelish? — O velho estava tão pasmo que a teoria de Mindinho parecia confirmar-se em sua expressão de choque.


— Poderia atrapalhar os meus negócios. Para um homem sem escudo, o melhor é não lutar.
Davos duvidava que Petyr não possuísse seus escudos. Vários deles. Calculou.


(…)


Antes do anoitecer cair completamente naquele dia fúnebre e turbulento. A Sacerdotisa foi encontrada e levada até ele no Salão do Trono, após a cerimônia de passagem do falecido. Seu filho guarda-real fazia a escolta pessoal dela, que não chegou algemada, mas com um bebê no colo e andando como se jovem fosse novamente. Muito bem, Matthos, salvou seu irmão. Davos sorria internamente. No encalço deles, uma septã aflita permanecia mirando o chão.


— Senhor Mão. Soube tardiamente que todos nesta Fortaleza estão a minha procura. Passei a noite em um septo dos seus sete Deuses na esperança de dar vida ao meu filho que apressou-se a vir antes da hora. Esta septã realizou o ritual e pode comprovar o que digo.


Fez uma pausa e ergueu o natimorto, que foi pego por um servo de Pycelle e levado até o Gran Meistre para que ele examinasse. O murmúrio de nobres e cortesãs dominou o Salão, mas ninguém ousou gritar nada. Ele se levantou.


— Um dia terrível para todos nós. — Era o primeiro filho que perdia. E como ele chutava...


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Notas finais do capítulo

Espero que curtam! Responderei todos os comentários!



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