A Feiticeira e o Contrabandista escrita por Espíndola
Marya não protagonizava mais os seus sonhos, não me lembro mais de seu rosto. Matthos era todo ele quando jovem, nas feições da face e no corpo. E seus rapazes apareciam em seus sonhos como grandes senhores e até Reis. Será este o futuro da Casa Seaworth de Mata de Chuva? Uma batida brusca na porta o acordou de imediato. — Entre, por favor. — Era o manco Sor Haegar Massey e seu aspecto era dos piores.
— Notícias do Rei? — Perguntou de imediato. Até onde sabia, Stannis – com auxílio dos Tyrell e dos Martell – marchava contra Stark, Tully e Frey na margem oeste do Tridente, expulsando os lobos cada vez mais para o Norte. Ainda há um Leão a vencer. Estremeceu.
— Não, senhor. Lorde Lucerys Velaryon foi assassinado. — Informou para seu espanto.
Após um segundo de reflexão para dissecar o que estava sendo afirmado, Davos pensou no quê fazer. Irão acusar Melisandre. Ele sabia que poderia ser uma armação para tirar a Feiticeira da corte de Stannis. Pycelle a odeia com todas as forças, assim como o Alto-Septão.
— Garanta que seu corpo seja velado, antes que ela possa queimá-lo. — Ele concordou, a Mão continuou: — Informe aos conselheiros do Rei que convoco uma reunião emergencial.
(…)
O Conselho Real do Veado Coroado estava resumido a três integrantes. Além dele, apenas os mais fracos foram deixados para trás por Stannis: Lorde Petyr e Gran Meistre Pycelle. Porém, garantiu que seu filho Sor Matthos participasse daquela reunião importante. Pela cara do Meistre, ele pretende condená-la. O velho ancião estava sempre sonolento, exceto quando alguém puxa seu rabo. Como agora.
— O Senhor do Mar foi envenenado. Ninguém encontra a Bruxa. — Revelou furiosamente.
— Há testemunhas? — Seu filho tomou voz diante da sugestão fervorosa do Meistre.
— Numa corte de ouro como esta, se usarmos testemunhos, certamente haverão bons álibis contrapostos. — Mindinho, como era chamado o Mestre-da-Moeda, antecipou.
— Precisamos encontrá-la. — A Mão decidiu, fez uma pausa para tramar e seu filho interrompeu: — E vamos, Lorde Davos. — Muito bem. O Contrabandista pensou quando o cavaleiro que gerara levantou-se. — Cuidarei desta missão pessoalmente. — Davos assentiu orgulhoso. Ele gostava da nova roupagem que seu filho assumira, não só no manto quanto na personalidade. Um legítimo Guarda-Real que serve ao lado do Ousado. Observou-lhe sair.
— Esta Bruxa é um perigo para todos nós, incluindo o Rei. — Acusou o erudito.
— Não há como negar. — Petyr concordou e concluiu: — Uma morte dentro da Fortaleza Vermelha só enfraquece a imagem de nosso Rei perante seus inimigos. — Nisso ele está certo. Davos considerou a palavra de seus conselheiros. Quem sou eu perante esses homens?
“Azor Ahai Renascido, meu Senhor.” Melisandre insistira nas últimas viradas de lua. Mas tudo que ela quer, é prazer carnal. Ele apostava e começava a duvidar dos planos da mulher.
— Esquecem-se que por outro lado, a Sacerdotisa Vermelha fortalece a imagem de nosso Rei, assustando os inimigos. — Petyr parecia querer falar algo, mas o Contrabandista completou: — Inclusive mantendo Tywin no Rochedo.
— Agora você a defende, Lorde Davos? — Pycelle questionava com fôlego de raiva.
— Sei que Lorde Lucerys Velaryon fora um grande amigo seu, Meistre. — Endireitou-se no assento. — Lamento muito sua morte. — Não estava mentindo, também não queria àquilo.
— A Justiça do Rei deve ser feita. — Pycelle rogou e Davos impressionou-se com a determinação do Meistre.
— E será... — Mindinho deixou soar, ganhando a atenção dos dois. — Quem foi que encontrou o corpo?
— Vytor Velaryon, seu sobrinho e escudeiro. — O erudito confirmou após checar os papéis. O Mestre-da-Moeda focou no centro da mesa, titubeando em pensamentos.
— Pretende interrogá-lo? — Davos indagou ao Meistre, mas fora Mindinho que respondera:
— Devemos prendê-lo. Acontece que Vytor Velaryon na verdade é um bastardo do falecido. É dito em Derivamarca que o Senhor do Mar possuía uma corte repleta de primas, cujos corpos possuía a seu bel prazer. Em troca, tratava os bastardos como sobrinhos, dando-lhes seu sobrenome honroso da Antiga Valyria: Velaryon. — Finalizou sua conspiração. O Contrabandista não conseguia acreditar naquela história, mas ainda assim, parecia mais provável do acusar uma grávida. Grávida de meu oitavo filho – ainda sem nome.
— E como você sabe de tudo isso, Lorde Baelish? — O velho estava tão pasmo que a teoria de Mindinho parecia confirmar-se em sua expressão de choque.
— Poderia atrapalhar os meus negócios. Para um homem sem escudo, o melhor é não lutar.
Davos duvidava que Petyr não possuísse seus escudos. Vários deles. Calculou.
(…)
Antes do anoitecer cair completamente naquele dia fúnebre e turbulento. A Sacerdotisa foi encontrada e levada até ele no Salão do Trono, após a cerimônia de passagem do falecido. Seu filho guarda-real fazia a escolta pessoal dela, que não chegou algemada, mas com um bebê no colo e andando como se jovem fosse novamente. Muito bem, Matthos, salvou seu irmão. Davos sorria internamente. No encalço deles, uma septã aflita permanecia mirando o chão.
— Senhor Mão. Soube tardiamente que todos nesta Fortaleza estão a minha procura. Passei a noite em um septo dos seus sete Deuses na esperança de dar vida ao meu filho que apressou-se a vir antes da hora. Esta septã realizou o ritual e pode comprovar o que digo.
Fez uma pausa e ergueu o natimorto, que foi pego por um servo de Pycelle e levado até o Gran Meistre para que ele examinasse. O murmúrio de nobres e cortesãs dominou o Salão, mas ninguém ousou gritar nada. Ele se levantou.
— Um dia terrível para todos nós. — Era o primeiro filho que perdia. E como ele chutava...
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Espero que curtam! Responderei todos os comentários!