A Feiticeira e o Contrabandista escrita por Espíndola


Capítulo 5
Melisandre II




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Socos e pontapés de sua sombra causavam apenas cócegas em seu ventre. A justiça de Rh'llor queria sair para protege-la a qualquer custo, mas a Sacerdotisa sabia a hora certa de parí-la. E não é agora. Seu Rei estava em campo há algumas semanas, neste meio tempo, o Cavaleiro das Cebolas tentou evitá-la sem êxito. Até para ela estava ficando difícil resistir aos rotineiros encontros. Davos ardia por ela e Melisandre ficava satisfeita em realizar todas as vontades dele. Se ele for Azor Ahai Renascido, é bom que me ame. Ela precisaria estar do lado do Ídolo, quando confirmasse sua verdadeira identidade. Stannis certamente não é. Ao menos isso, ela tinha certeza. E nos últimos tempos, parara de jurar isso ao Rei, que nem notara o detalhe. Davos nascera para liderar. Isto estava provado através das assembléias que presidira na ausência de Stannis.


Mel já havia encontrado várias evidências que legitimavam seu novo amante como o “Herói que Salvará o Mundo” de acordo com a antiga profecia. Na própria batalha do Água Negra, ele literalmente renascera do fogo e sal quando seu navio fora absorvido em fogo-vivo. Ainda nadou até a praia para continuar a batalha e garantir a segurança de seu Rei. Para certificar-se de sua suspeita, ela havia testado a resistência dele às chamas. A cada vez que se encontravam na Torre da Mão, ela acendia um novo castiçal, e ainda assim, ele nunca suava. Na última vez que estiveram juntos, ela chegou a prendê-lo na cama e torturá-lo com cera derretida, em um joguete sedutor. Davos não reclamou de dor. Ele não queima. Mas ainda não sabe disso.


Em contraste, o temperamento de sua nova paixão era frio e calculista quando conversavam. A viuvez do homem ainda o atormentava e ele ficava mais cabisbaixo toda vez que se uniam. Ele teme que seus filhos o vejam comigo. Até pelo amor que os garotos sentem por mim. De fato, Devan, o escudeiro do Rei, já tinha se declarado para ela em Pedra do Dragão. Ingênuo demais para enxergar a minha relação com Stannis na época. Uma batida na porta a acordou de suas reflexões. — Entre. — Ordenou calmamente.


Selyse adentrou em seu quarto com a cautela de sempre. Tornar-se Rainha não havia mudado uma vírgula na mulher insegura que ela era. Sua morte está atrasada. O Rei precisa de uma Rainha que lhe dê filhos. Sem transparecer tais pensamentos, a Sacerdotisa saudou:


— Sente falta de nosso Rei, Alteza? É isto que a atormenta? — A Rainha estava perplexa em seu olhar. Só então que Mel percebeu que sua barriga estava exposta. — Espero que não seja minha gravidez, Selyse...


— Você me disse que nós não poderíamos mais conceber filhos. — Ela acusou seriamente.


— Parece que a Rainha esqueceu que eu não minto. — Abraçou a mulher, acalmando seus nervos e lembrou a ela: —Apenas da verdade do Senhor da Luz é feita minha voz. Tudo que conto-lhe sobre o destino, é em nome Dele, pois é a vontade Dele. — A “chifruda” desatou em prantos. Stannis precisa dar cabo nela, seja na cama, seja na cova. Ou acabará colocando todos em risco. Suspeitava, enquanto buscava consolá-la.


— Este filho é de Lorde Davos, Majestade. — Melisandre confessou.


(…)


Naquela noite, depois de sua vigília, decidiu que contaria a Davos o que vira nas chamas sobre seu destino. — Pois a noite é escura e cheia de terrores. — Todos os guardas repetiram em unissono e ela despediu-se. Sor Matthos a alcançou. O rapaz esbanjava um semblante aflito. Puxou ela pela mão no corredor escuro e indagou:


— Sacerdotisa, para onde vai? Seu aposento fica para o outro lado.


— Minha vigília começa quando a sua termina, nobre cavaleiro. — Ela ensinou.


O rapaz não amolecera. Desde que envergara o manto branco demonstrava-se prepotente e petulante. — Está indo para a Torre da Mão? Eu a vi voltando de lá bem cedo outro dia.


— Sim, vou ter com Lorde Davos, jovem Sor. — Ela confirmou secamente. O ciúmes do garoto ficou evidente em sua face ruborizada. Mel controlou-se para não rir de deboche.


— O que tem a tratar com meu pai a esta hora? — Interrogou rudemente, cheio de suspeitas.


— Seu tolo. — Juntou seus lábios com o dele. A língua de Matthos logo invadiu sua boca, de maneira romântica e apaixonada. Ela deixou que ele demorasse. — Promete guardar segredo?


— Este filho é meu? — Ele perguntou de forma muito parecida ao Stannis, como se suplicasse. Quando eles entenderão? Achava que a morte de Renly Baratheon tinha sido mais óbvia que a vitória no Água Negra. Mas os homens apreciam atos grandes... Decepcionou-se sozinha.


— Sim, mas não se empolgue, meu amor. Creio que não haja mais vida. Ele não chuta há dias. — Ela mentiu. E desejou em seu âmago que a criatura não se movesse naquele instante, pois Matthos colocou a mão sob sua barriga, derramando lágrimas. Ficou tão comovido que nem perguntou mais sobre seu pai. Depois de prometê-lo que visitaria Pycelle na tarde seguinte, ela o deixou e seguiu seu caminho silencioso até a Torre da Mão. Preciso ser mais cuidadosa. Odiava admitir, sua essência ansiava pela servidão alheia.


O Senhor Mão parecia exausto depois de um dia inteiro de assembléias. Ela sabia o que atormentava-lhe. A mulher doentia do Vale achava que Stannis marchava para Correrio afim de casar Shireen com outro herdeiro. Além disso, Dorne não enviara todo seu exército para a capital. Ela já conhecia maneiras de dizer o que ele queria ouvir, e assim que entrou, disse:

— Fique calmo, Davos. Lembre-se que as Rosas chegaram em peso.


Ele sorriu com o canto da boca. Ela não se despiu. Há pouco descobrira a preferência dele por túnicas de cetim. Montou nele e juntos, de forma sincera e constante, cavalgaram até um nirvana sexual que Mel nunca provara antes em sua vida. Está explicado o motivo do homem ter sete filhos. Outro evidência! Percebeu de supetão. Os Sete Sinais de Luz. A segunda fase da profecia. De corpos nus, conversaram e ela contou tudo para ele, que ouviu atentamente.


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