Cupido escrita por wolfnir


Capítulo 4
Capítulo 4 — Estrelas




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C U P I D O

Nico chegara cansado do trabalho, o relógio já marcava por volta das onze da noite quando ele finalmente chegara a seu quarto de dormitório, naquele dia ele teve que fazer hora extra para cobrir outro funcionário que havia faltado por estar doente e ele nunca imaginara que a movimentação no pequeno café seria tão grande de noite. Parecia que todas as pessoas insones e ocupadas decidiram procurar por conforto em uma bela xícara de café naquela noite, nem mesmo coseguira visitar Hazel.

Estava cansado e depois de um belo banho quente com o intuito de relaxar os músculos tensos o que o italiano mais desejava era o conforto de sua cama, mas parecia que aquele não era para ser seu dia de sorte. Aparentemente alguns universitários decidiram fazer uma pequena festa particular no dormitório vizinho e Nico podia perceber pelos barulhos que estava sendo uma boa festa se os sons nem tão puros que hora ou outra transpassava as paredes finas e a música alta indicava alguma coisa.

Sentia-se frustrado, mas de tão esgotado que se encontrava não tinha forças para ir bater na porta daqueles idiotas e começar uma briga tarde da noite. Não, nem pensar, vestiu uma roupa apropriada para o frio que fazia do lado de fora pegando suas chaves, carteira e sua inseparável máquina fotográfica antes de sair porta a fora com o intuito de espairecer a cabeça e quem sabe quando decidisse voltar à festa já não teria acabado. Nico torcia seriamente por isso.

Seus pés o levaram imprevisivelmente para a árvore que recebera transcrita em um papel. Nico se lembra de que fazia alguns dias desde o primeiro desenho e que se tornara um ritual para ele vir quase no fim de tarde para aquele mesmo lugar e encontrar um novo desenho – mais bonito que o outro – e em troca deixar uma de suas muitas fotografias. Naquele dia ele havia esquecido completamente sobre os desenhos da árvore.

Mas não se sentiu surpreendido quando encontrou mais um desenho, mas infelizmente estava escuro demais para sequer enxergar o contorno do mesmo. Dobrou a folha guardando o desenho dentro do bolso de seu casaco, deixaria para admirar os traços do desenho quando estivesse em seu quarto. Suspirou, sentindo o sereno da noite com sua brisa fria rodear em torno de si trazendo arrepios à espinha, aconchegou-se melhor em seu cachecol.

Nico observou a mata ao seu redor e decidiu escalar a árvore. Ao chegar ao seu topo, sentou-se em um galho grosso recostando suas costas no tronco da árvore. Admirou a paisagem, as luzes do centro da cidade iluminando o horizonte, era como olhar para um mar de estrelas na horizontal, soltou uma risada nasalada por conta de sua comparação.

Olhou para o céu, além da copa da árvore e sorriu um sorriso grande – que era pouco visível em seu rosto naquele tempo – admirando as estrelas brilhantes no véu escuro da noite. Conseguia distinguir uma ou duas constelações. Exalou profundamente o ar da noite, antes de se voltar a observar a paisagem. Pensou no desenho guardado seguro em seu casaco e se viu pensando no que daria em troca, qual foto do seu mundo daria em troca. Mais por instinto do que por qualquer coisa, pegou sua máquina e direcionou a mesma para o céu, focou e tirou a foto da bela constelação do Dragão, que naquela noite parecia brilhar mais do que todas as outras. Examinou a foto e pensou que aquela era uma das mais lindas fotos que já havia tirado, sorriu suavemente pensando que a pessoa misteriosa iria gostar.

Nico sentiu suas pálpebras pesarem e por mais desconfortável que estar escorado naquele tronco de árvore parecia ele se sentia confortável, acolhido ao ponto de acabar deixando ser levado ao mundo dos sonhos por Morfeu.

O jovem italiano acordou algumas horas depois, pelo seu relógio ele não tinha dormido mais do que por duas horas. Suspirou ainda cansado e com sono, desceu cuidadosamente da árvore e pregou com um pequeno pino a foto no tronco da árvore. Caminhou lentamente, se distanciando aos poucos do local.

Estava na hora de voltar para casa e dormir onde deveria: em sua cama.

xx

Leo estava ansioso para a resposta que receberia de Calipso, na universidade eram poucas as vezes que via a linda garota por conta de suas aulas diferentes – com exceção de uma – e por isso era difícil saber como ela estava reagindo diante de seus desenhos, claro que as fotos já eram um bom indicio.

Dessa vez Leo decidira por algo mais complicado – não que os outros desenhos não tinham sido –, ele decidira desenhar uma xícara intricada, com o que curiosamente parecia, com constelações, formando o desde o Cruzeiro do Sul até a Caciopéia. Era realmente um bom desenho, os tons de azul e branco se misturando e o sombreado marcando ainda mais aquele desenho. Leo poderia considerar aquele desenho um de seus mais belos desenhos.

Mesmo que estivessem trocando fotos e desenhos há quase duas semanas, toda vez que ele ia para aquela mesma árvore e encontrar no lugar de seu desenho uma foto – uma foto do mundo de Calipso – Leo ainda se sentia nervoso, o coração batia forte em sua caixa torácica, como o frágil coração de um beija-flor. Andou a passos rápidos até a árvore encontrando nela a foto de um céu estrelado e em destaque a constelação do Dragão.

Aquela era sua constelação favorita.


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