Quando ela não apareceu na aula, isso o preocupou um pouco. Afinal, não era hábito dela faltar assim sem avisar.

No entanto, foi uma surpresa até para o próprio Adrien quando ele se viu perguntando para Alya se Marinette estava se sentindo mal. Seu amor era Ladybug, mas a colega de sala ocupava o fundo de sua mente durante o sono há algum tempo. Ela era um sonho tímido, quase tão tímido quanto ela própria. Aparecia subitamente em meio aos seus pensamentos, misturando e bagunçando suas emoções antes de sumir novamente e o deixar ali, confuso. Isso tornava os deveres de casa especialmente difíceis de fazer, e ultimamente se encontrava pensando inconscientemente nela e em seus designs durante as sessões de fotos.

Chegou em casa.

Foi para a sessão de fotos.

Estudou.

Jantou.

Marinette ainda estava lá, na margem da sua consciência, desviando o foco do quê ele estava fazendo, e isso era especialmente frustrante. Mas ele não estava com raiva dela.

Estava preocupado, para ser sincero.

Esperou as luzes da casa se apagarem e a certeza de que estariam todos ocupados demais para notar sua saída, e então se transformou.

Os céus de Paris eram estranhamente libertadores a essa hora da noite, principalmente na parte quieta da cidade. As luzes se apagam, o silêncio se acomoda e a tranquilidade reina pelas ruas, criando uma atmosfera surpreendentemente acolhedora para alguém como ele.

Mas essa não era uma das suas noites de escapada. Não era tempo de fugir, e sim de procurar.

E Chat Noir sabia exatamente para onde ir.

A padaria perto da praça, o prédio branco, a janela que ele sabia que dava para o quarto de Marinette. A luz apagada fez seu coração afundar um pouco no peito, perguntando –se se estava tudo bem, se havia acontecido algo com ela. E o mais importante, de onde havia surgido tal preocupação.

Ouviu sua voz hesitante o chamando, e por último sua silhueta dentro daquele quarto escuro. Chat entrou pela janela sem pressa, apoiando os pés no batente e então no piso de madeira, pisando suavemente e sem produzir som algum. Ele esperava uma reclamação, um sermão ou até mesmo uma provocação. Esperava que ela o chamasse de "Gatinho bobo” e o mandasse ir embora.

Mas não esperava por isso.

Não esperava pelos braços de Marinette o envolvendo em um abraço apertado, escondendo o rosto em seu peito e cortando totalmente a distância entre os dois. Não esperava por aquele choro sorrateiro, silencioso, que ela parecia fazer esforço para esconder. Não esperava por aquela voz quebrada que, depois de certo tempo em silêncio, pediu para ficar assim um pouco.

"Só mais um pouco. "