Ainda não havia entendido direito como eu vim parar no Reino de Fogo. Bom, eu estava me dirigindo ao castelo para me apresentar para ser um dos campeões das futuras rainhas, ou até da Regente Fernanda. No caminho me esbarrei com uma menina chamada Beatriz. Nós conversamos e logo ficamos amigas, então ela me convidou para ser “sua guardiã”, e cá estamos, eu acho.

Foi um pouco difícil conviver com tantas pessoas desconhecidas ao meu redor, mas logo me afeiçoei à algumas delas, outras eram um pouco insuportáveis. O outro guardião de Beatriz, chamado Stiles, era um amor comigo, e me fazia sentir como se eu estivesse envolta completamente por nuvens.

Nós, os guardiões, éramos oito, dois para cada uma das futuras rainhas. Éramos nós: Arthur, Hayley, Mari, Rafael, Pedro, Stiles, Kathrin e eu. Por algum motivo não pudemos entrar no castelo, por tanto, tivemos que nos refugiar na Vila Real. Era uma bela caminhada até lá, os salgueiros floridos davam cor para o caminho enquanto formavam um túnel sobre a estradinha de pedra, um córrego passava ao lado e pássaros cantavam bem acima de nossas cabeças.

Devo admitir que, éramos um grupo um tanto estranho, um cara com asas, duas gurias cuja aura inspirava "sou insuportável", e outra que estava mais para "sou tão supérflua e atirada, pelo bem da humanidade atire em mim", cof cof, Kathrin, cof cof, um camareiro, uma garota que não se lembra de nada (eu), e os outros dois. Todo transeunte nos estranhava, olhava torto e apressava o passo. Eu também faria isso se visse a gente, porém aquilo me parecia a coisa mais normal do mundo no momento, ou ao menos a que mais fazia sentido.

A vila era parecida com a cidade da Encruzilhada, só que esta era uma enorme metrópole do País das Maravilhas, já a vila era uma comunidade de menores proporções. Ao contrário das coloridas casas da Encruzilhada, ou A Grande Cruzada como também era chamada, as da Vila Real eram todas cinzentas, verde musgo, ou de um bordô desbotado. Porém era possível se ver que ali já fora um belo local que agora estava em decadência, provavelmente pelo péssimo governo que ali manda.

Entramos em uma pousada de madeira velha para procurar abrigo, o tinha que ser feito rapidamente, já que uma nevasca ameaçava aparecer, ironizando o fato de estarmos no Reino de Fogo. Até que era um lugar aconchegante, havia uma lareira do lado oposto da sala, um grande e grosso tapete sobre o chão, e grandes poltronas por toda a sala. Havia também um balcão, onde atrás se sentava um homem corpulento.

—Você teria oito quartos para nós?-Perguntei

—Infelizmente, o que terei disponível para vocês são quatro quartos.

—Então teremos que nos dividir em duplas. – resmungou alguém atrás de mim.

—Quanto dinheiro nós teremos que pagar? – Indaguei.

—Quatro moedas de estanho, uma por cada quarto.

—Hã...-Comecei a remexer dentro de uma sacola que trazia comigo.-Aqui está.

—Me sigam.

Ele nos guiou até os nossos quartos e ali tínhamos que nos dividir.

—Hayley com Mari, Kathrin com Lydia, Pedro com Arthur e Stiles com Rafael. Está bom assim?-Disse Pedro.

Todos concordaram com a cabeça e entramos nos quartos. Estava um pouco com raiva, pois eu ia ficar com Kathrin, e ela é muito irritante. Ela tinha cabelos castanho escuros e os olhos de um belíssimo verde escuro, lábios rosados e sobrancelhas bem definidas, mas isso não impedia que ela fosse uma chata. Já dentro do quarto ela começou:

—Eu fico com a cama da esquerda, com a penteadeira e com o armário maior.

—Tanto faz.-Resmunguei irritada.

Joguei as minhas coisas em cima da cama e suspirei. Aquilo ia ser insuportável. Então sai do quarto para arranjar algo melhor para fazer, e esbarrei com Stiles:

—Oi.-Eu disse com um enorme sorriso no rosto.

—Oi.-Ele devolveu com um sorriso também.