Alison olhava para a mesa espantada não só o seu anfitrião estava lá com a sua irmã como várias outras mulheres, algo que percebeu era que todas tinham olhos iguais aos seus. As mulheres conversavam animadas, só uma estava afastada das outras, usava uma roupa pratica como a sua, uma que a deixaria pronta para lutar ou para andar a cavalo.

Sua roupa era básica, nada extravagante, porém tinha seu charme, uma blusa decotada cinza, tinha ombreiras protetoras pretas com uma tira escarlate, o que a fazia ter certo magnetismo que atraía para olhar todo seu corpo, sua cintura estava envolvida por um corselete preto em detalhes em escarlate, usava um par de luvas, vestia calças coladas de um tom cinza da mesma cor da camisa, para complementar usava botas pretas, porém o que mais destacava na mulher não era o rosto ou o corpo, mas seus cabelos curtos arruivados.

– Não devíamos estar aqui conversando animadamente – disse a mulher de cabelos vermelhos, olhando para a minha irmã, sua expressão era aborrecida.

Minha irmã suspirou e virou o rosto para a mulher, pela cara dela minha irmã tinha lançado aquele olhar intimidador e que faz a fera mais terrível ter medo dela.

– Eu entendo que queira ir atrás da Fiora e da Daisy mas sua nova parceira não esta pronta, não podem ir até elas! – disse Tatiana começando a discussão que calou a mesa inteira, a fúria em suas palavras foi notada por Elrond.

– Exatamente! Se eu for sozinha chegarei mais rápido e não terei um estorvo para me atrapalhar. – gritou furiosa a mulher de cabelos vermelhos

– Você vai morrer se for sozinha – insistiu Tatiana tentando controlar a voz

– Isso é uma ameaça, Orianna? – disse em um tom baixo e ameaçador.

– Não podemos cometer nenhum erro Mekare, você se esqueceu de quem é o inimigo? – Tatiana se levantou da mesa irritada – O que faremos necessitará das doze, não vou deixar você ir sozinha em uma atitude precipitada, para acabar morrendo!

– CHEGA! – gritou Alison tentando colocar ordem, não se admirou que todos a olhassem com um olhar surpreso, também ninguém tinha percebido sua presença, o que ajudou muito. – Discutir não vai nos levar a lugar algum.

– A menina esta certa – concordou Elrond – Orianna sabe a importância da Fiora para você Mekare, mas tem muita coisa em risco se você for sozinha – tentou explicar Elrond, deixando a Alison confusa.

– Que seja – suspirou derrotada – E você garota, quem é? – perguntou se dirigindo a Alison.

– Eu? – apontou para si, recebendo a confirmação de Mekare – Sou conhecida como Chorona, a cristal, mas podem me chamar de Alison.

– Cristal? – pronunciou como se conhecesse – Interessante – sorriu, seu sorriso era carregado com um olhar misterioso.

– Alison! – disse Tatiana olhando-a surpresa – Que bom que chegou. Te apresento para as meninas depois, coma alguma coisa – disse apontando para um lugar vazio na sua frente.

Alison se sentou, um silêncio constrangedor pairou na mesa, vários olhares foram lançados para ela, que a deixou meio desconfortável.

***

Depois do café da manhã Alison e Tatiana foram para área de treinamento onde tinha vários elfos treinando com arcos e espadas, Alison ficou empolgada com os elfos treinando arco e flecha.

– Gosta de arquearia? – perguntou Tatiana surpresa em ver a irmã animada

– Bastante – respondeu Alison com os olhos brilhando

– Depois eu te ensino se quiser – sugeriu a irmã

– Seria ótimo – falou Alison

As irmãs andaram um pouco mais, para não atrapalharem o treinamento dos elfos, se afastaram e andaram em direção a um elfo que estava de braços cruzados, observando os outros elfos. Ele tinha cabelos negros, penteado para trás como os outros elfos, possuía um olhar intenso, Alison o conhecia, antes mesmo de sua irmã o chamar.

– Sael? – chamou Tatiana com um sorriso

– Orianna? Veio com... Alison? – o elfo estava surpreso, sabia que iria vê-la mais uma vez, depois que foi para Rivendell e encontrou mais mulheres com os olhos iguais aos delas, mas ainda era uma surpresa vê-la.

Alison estava espantada, sabia que Etherion tinha sido atacada e que tinha sobreviventes mas não imaginava que o elfo arrogante estava entre eles, ficou muito feliz em saber que ele estava vivo. Correu em direção ao elfo e lhe deu um abraço apertado, sem saber estava chorando.

– Que bom que você esta vivo – disse Alison contente, se afastando em seguida meio envergonhada.

– Sael, eu vim aqui para ver se você poderia dar armas a minha irmã – disse Tatiana como se a cena que tinha presenciado não tivesse acontecido.

– É claro, sigam-me – disse sem jeito.

Entraram em uma parte reservada no castelo, uma grande porta de madeira guardava o arsenal. Uma chave foi tirada do cinto de Sael, que rapidamente abriu as portas duplas, dando uma bela visão de várias armas.

– Ela vai precisar de um arco e uma aljava, duas espadas, duas adagas.. – começou a listar

– Já sei – interrompeu o elfo – O de sempre.

– Isso!

Quando saíram do arsenal, Alison estava tão equipada quanto um caçador de sombras*, depois voltaram para a área de treinamento dos elfos, no caminho Tatiana disse a irmã que ela deveria começar seu treinamento com o arco, mais tarde treinaria com Sael, ele era muito melhor usando uma espada do que ela. Quando chegaram à área, Sael mostrou um espaço vago para as duas, o elfo ficou por perto para observar o treinamento de Alison.

– Lembro que a gente tinha mais conversa para por em dia – lembrou Alison em quanto preparava o arco e a flecha, sendo instruída pela irmã.

– Sim, na verdade é mais para explicar sobre o que esta acontecendo – disse em quanto ajeitava o braço da irmã – Mas é melhor conversarmos em outra hora, você precisa treinar.

***

Estava sendo uma bela manhã, o sol não incomodava fazendo muito calor, sua temperatura era morna e confortável, o que agradava muito a jovem desenhista que desenhava em seu quarto escutando o som da cachoeira. Em suas mãos tinha um grosso pergaminho, nele desenhava a imagem que tinha de Draven, o dragão que guardava. Suas mãos estavam sujas de carvão, por causa do que usava para desenhar, tinha pedido a um servo de Elrond para lhe ajudar a procurar um cilindro em meio às pedras de carvão, quando achou agradeceu ao servo e por ter ajudado na busca lhe prometeu um desenho, no dia seguinte o presenteou com um desenho do servo, tinha gravado a imagem dele em sua mente, sua memória era muito boa quando se focava em algo, ainda mais se envolvia futuros desenhos.

– Draven, você acha que conseguiremos ter sucesso no plano da Orianna? – perguntou a maga em quanto sombreava algumas partes do desenho com o dedo

– O que faram é arriscado mas se conseguirem acertar Daliah, duvido que ela consiga sair inteira – respondeu o dragão, sua voz era um pouco grossa, mas tinha um tom gentil.

– Entendi, espero não ter problemas na hora de usar minha magia – comentou a maga mostrando um pouco de sua preocupação.

– Você se preocupa demais, Newen – disse Draven em sua mente – Faça como sempre fez e tenha certeza de acertar seu alvo!

Newen riu, era impossível para ela errar seu alvo – Você sabe que eu nunca erro, nunca. – disse frisando a palavra.