Jeremy tentava encontrar a origem do desmaio de Nemue, encontrando na barriga, onde saia uma grande quantidade de sangue.

— Que curativo horrível! – comentou Jeremy em quanto tentava estancar o sangue – Depois de estancar o sangramento terei que dar alguns pontos – comentou em voz alta.

— Esqueça! – disse uma voz por perto.

O médico olhou para os lados para encontrar a origem da voz, sem sucesso, quando uma sombra se fez na sua frente. A dona da voz estava atrás dele.

— Esse ferimento esta além do seu alcance, Doutor – disse a mulher olhando por cima de seu ombro – Nemue sabia disso, sabia que um ferimento pela espada de Dalilah seria impossível de um humano curar, embora estivesse esperanças que você pudesse fazer alguma coisa para prolongar sua vida. – Jeremy ameaçou tirar uma das mãos de cima do ferimento de Nemue para pegar sua faca – Nem pense em fazer isso Doutor! A vida de Nemue esta em suas mãos.

— Quem é você? – perguntou de dentes serrados.

— Sou Arkhan, a primeira de minha espécie – respondeu Arkhan – E você é o Doutor Jeremy Argent, também conhecido como Calion, o curandeiro. Como eu sei isso? Como vocês humanos dizem, eu fiz o meu dever de casa! – Arkhan deu a volta pelo corpo da maga, para encarar o médico. – Vamos parar de perder tempo, Nemue não tem muito tempo restando, é o seguinte, eu posso cura-lá, mas só farei isso se você entrar no tabuleiro.

— O que? – perguntou confuso.

— A primeira maga de olhos de prata morreu, levando a pequena Sheeria junto, agora tem uma vaga na ordem das magas, que pode ser preenchida por você. Eu preciso que você faça parte do jogo! – explicou Arkhan calmamente – Então, vai entrar ou vai deixar sua nova amiga morrer?

— Isso é doentio! – repugnou o médico. – Estamos falando de uma vida!

— O que é uma vida comparado o que acontecerá se você não substituir à primeira? – rebateu Arkhan – Os dragões iram cair, o multiverso poderá entrar em colapso, a vida dela é insignificante!

— Esta bem! Mas a salve-a! – implorou Jeremy, desesperado.

— Sabia que sua alma de médico não a deixaria morrer – disse Arkhan, batendo palmas.

Um circulo mágico surgiu no chão, deixando o Argent surpreso. Em um piscar de olhos o curandeiro se viu em uma sala branca, cheia de estantes de livros.

— Uma biblioteca? – pensou o médico.

Observou onde estava e descobriu que estava em cima de uma mesa, e a estranha mulher tinha sumido de sua vista.

***

Arkhan encarava a mesa com raiva, tinha deixado um dragão em forma humana dormindo na cadeira, mas ele não se encontrava mais lá. Com passos rígidos deixou os humanos na mesa e foi procurar o dragão.

— MAZUR! – seu grito ecoou por toda biblioteca – APARECE DESGRAÇA! Nemue ta morrendo! – gritou

— Aquele lobo solitário – braguejou Mazur, saindo detrás de uma estante – Já falei pra ela não atrapalhar meu sono.

Mazur em forma humana tinha o corpo de um menino de doze anos, com cabelos negros, arrepiados.

— Deixa de ser preguiçoso e vai salva-lá! – mandou Arkhan.

— Já vou – disse em um bocejo.

O dragão foi até sua protegida, seguindo o cheiro de sangue da mesma. Não demorou muito para encontrar a maga, que estava acompanhada por um humano.

— Sem sapatos sujos em cima da mesa – avisou Mazur para o Argent.

— Desculpe – pediu o médico.

— Saia da mesa, eu cuido dela agora – ordenou Mazur.

— Não posso tirar minha mão – disse o Argent.

Por trás da franja o dragão lançou um olhar furioso.

— Eu disse. Pra. Sair. Da mesa! – disse Mazur pausadamente. – Se não me deixar cuida-la, ela irá morrer.

— Faz o que o baixinho ta mandando! – gritou Arkhan se aproximando.

Um pouco receoso o medico deixou a mesa, confiando que o menino pudesse ajudar, e no ultimo instante tirou as mãos de cima do ferimento da maga e se afastou.

Mazur puxou fôlego e assoprou fogo em cima da maga, deixando o médico alarmado, quando terminou a maga estava sem nenhum ferimento no corpo e sem roupas.

— Aquela lamina de novo, em? – resmungou Mazur – Eu falei que deveria tomar cuidado com ela, mas nãaaaaao, ninguém me escuta! – reclamou.

— Conforme os séculos se passam você fica ainda mais chato Mazur. – comentou Arkhan – Deve ser a idade.

— Humf!  Vou voltar a dormir – disse puxando uma cadeira, caindo imediatamente no sono.

Arkhan cobriu a maga com uma manta que tinha trago.

— O que acabou de acontecer aqui? – perguntou o Argent confuso.

— Mazur é um dragão, ele esta em sua forma humana, suas chamas queimam qualquer impureza e acelera a regeneração de tecidos. Por isso é previsível que ele seja maníaco por limpeza. – explicou Arkhan – Antes de irmos ao que interessa – com um estalar de dedos o sangue que estava nas mãos do medico desapareceu, junto com toda sujeira que sua entrada na biblioteca causou. – Pronto! Agora irei lhe explicar no que eu te meti – disse puxando uma cadeira e se sentando.

O Argent puxou uma cadeira e se preparou para a explicação.

— Sou Arkhan, um dragão que se fundiu com uma maga – revelou – Você sabe sobre nos, Valak mandou você nos vigiar – o médico arregalou os olhos, surpreso por ela saber – Você deve saber que uma das magas caiu em trevas. A maga Orianna tem um plano.

— Essa maga, é a Daliah? – perguntou o Argent

— Seus olhos, você se encontrou com ela, não foi?

— Ela não parece ser tão ruim, ela me ajudou – comentou o médico.

— Não confunda bondade com estratégia – disse Arkhan, seria. – O plano de Orianna requisita doze magas, mas a primeira maga foi morta por Dalilah, o meu plano para substituí-la é usar você!

— Pensei que a organização fosse só para mulheres – comentou

— Raramente homens entram vocês possuem muita ganância – disse Arkhan – Mas você é especial, não possui maldade. Serviu Valak, mas não se juntou a ele. E você tem sangue Argent! Sua família tem um sangue poderoso. Também tem o fato de que sou eu escolhendo, nunca tive muita preferência entre homens ou mulheres.

— O que eu terei que fazer? – perguntou o medico.

Arkhan sorriu.

— Terá que lançar um feitiço, mas não se preocupe, te emprestarei minha magia e lhe ensinarei o feitiço.