Reaprendendo a amar escrita por keemi_w


Capítulo 9
Capítulo 8.




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A semana se passou lentamente.

Não havia mais cafés da manhã na padaria. Nem encontro a noite depois do trabalho. Não havia mais alguém para compartilhar seus segredos. Nem ninguém com quem pudesse descansar quando chegasse em casa.

Leonardo era diferente. Era especial.

E a tinha magoado. Muito.

Além disso, era semana de Amostra Cultural no colégio em que trabalhava. Por isso, estava lotada de trabalhos e planejamentos para realizar. Marcelo a ajudava sempre que podia e estava ao lado de Yasmin na maior parte do tempo. Depois do que acontecera eles ficaram bem próximos, assim como Anna Vitória também.

Estava sendo difícil, mas o que aconteceu no sábado, dia da Amostra Cultural, mudou o rumo dos últimos acontecimentos.

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— Já chega, pai. Esse pivete está passando dos limites! – Lipe exclamou bravo após visitar a irmã. – Ele acha que é quem? Eu vou tomar uma atitude. E vai ser amanhã!

Jorge suspirou cansado.

— Eu também queria protege-la, Lipe. Mas é difícil. Estamos no meio do mundo, não posso criar uma bolha de proteção na minha filha, por mais que eu quisesse...

Porém Philipe não descansaria enquanto não tirasse satisfação com o idiota que fazia sua irmãzinha sofrer. Por isso, no dia seguinte, às 20:00h fez um plantão na frente do hospital. E só sairia de lá quando visse  Leonardo e conversasse com ele.

Estava lá há um bom tempo, quando viu o garoto sair do hospital lentamente. Com o jaleco nas mãos.

Lipe foi atrás dele.

— Ei! – ele chamou e Leo se virou. – Você mesmo.

— Sim – Leo respondeu, mas reconheceu o rosto de Philipe. – Como vai?

— Nada bem, meu irmão. Vamos fazer o seguinte, você e todo seu jeito arrogante vão para o inferno. Não aguento mais minha irmã sofrer por sua culpa. Seu idiota! Se não quer compromisso, não entre em um relacionamento e não traia. E também não vá procura-la no apartamento dela... Porque ela leva lá quem ela bem entender. Seja um namorado, o ficante, o futuro marido, a amiga, o papa...

Leo suspirou e respondeu calmamente:

— Eu não traí sua irmã. Eu não traí Yasmin em momento algum. Rachel me beijou e eu sequer encostei nela. Mas mesmo assim eu fui para a casa de Yasmin disposto a implorar o perdão dela e foi quando eu vi que ela já tinha me superado, ela já estava com outro. Por isso, não vou mais importuná-la. Ela deve estar feliz.

Philipe revirou os olhos.

— Você é um babaca, mesmo. Yasmin estava com um amigo. Amigo!

— E eu a amo! – Leonardo exclamou com raiva. – Eu nunca a trairia. Foi um grande mal entendido! Se eu pudesse voltar no tempo e soubesse que Rachel estaria no mesmo vestiário que o meu eu teria dado meia volta e saído andando. Mas a Yasmin não quis acreditar em mim, e ainda por cima eu perdi minha cabeça quando a vi com outro cara. Desculpa, Philipe, sei que você é irmão dela, mas você não pode simplesmente me esperar sair do trabalho, gritar comigo, me acusar em frente ao meu trabalho sem nem querer ouvir o meu lado.

Philipe abaixou a guarda. Apesar de estar cego de ódio daquele garoto, tudo pareceu muito sincero ao sair da boca dele. Por isso apenas disse baixinho:

— A Yas é insegura porque teve um relacionamento tão péssimo que chegou a ser desumano, Leonardo. A Yas é a garota mais inocente do mundo, ela nunca vê maldade naquilo que fazem. Ela demorou muito para perceber que o idiota do ex-namorado dela a tratava de uma maneira... Nojenta! Então, mesmo que o cara estivesse dando em cima dela no apartamento dela, Yasmin, minha irmã que eu conheço bem, seria o mais gentil possível e só perceberia as segundas intenções no último segundo e nunca faria nada com ninguém se ainda estivesse pensando em você.

Leo suspirou e passou a mão pelo rosto.

— Eu sei que você quer defender sua irmã, e eu até correria atrás dela depois desse discurso. Mas o problema foi que ela deu um ponto final. Duas vezes. E eu não quero fazer mal a ela... Então, você fica tranquilo que eu não vou voltar a procura-la.

Philipe expirou e respondeu:

— Eu não te condeno mais, Leonardo. Mas você só vai se arrepender desse modo de pensar quando perceber que a está perdendo.

Leo se lembrou de todos os momentos bons que passou a lado da loira e se perguntou porque o destino estava sendo tão injusto em deixa-los separados. Ele a queria de volta. E queria que ela o quisesse de volta também.

Então, cada um seguiu seu lado.

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— Seu semanário e relatórios precisam ser mais organizados, professora Yasmin – Rogério começou seu sermão diário naquele sábado antes da entrada dos alunos ser liberada juntamente com os pais. – E a sua Amostra Cultural aborda um tema sem grandes aprofundamentos, isso tem que ser melhorado também. – Yasmin engoliu em seco. – E quanto à apostila? Tem conseguido passar o conteúdo proposto?

A loira se sentou ereta na cadeira e respondeu:

— Sim, senhor.

— Ótimo. Espero que entenda que nossa escola é de grande porte e que devemos nos preocupar cada vez mais com o aprendizado e bem-estar do aluno.

Ela assentiu.

Saiu da sala do diretor já desanimada. Todo dia Rogério fazia alguma observação ou exigência para ela e isso era desgastante.

Seu humor só melhorou quando os pequenos começaram a chegar. Eles traziam alegria e Yasmin os amava muito. Cada um com seu jeito, com sua peculiaridade, com sua personalidade. Todos também eram bem receptivos com a professora e sempre a abraçavam e ficavam eufóricos quando a viam.

Akiná, a aluna de uma série abaixo, veio correndo cumprimentar Yasmin.

Plô!

Yasmin e a mãe riram. A loira pegou Akiná no colo e a encheu de beijos.

— Você está linda! – a japonesa abriu um sorriso deixando seus olhinhos menores do que já eram.

— Tudo bem, prô? – a mãe de Akiná cumprimentou.

— Tudo ótimo! E com a senhora?

— Estou bem – ela sorriu. – A Akiná te ama, sabia? Vive falando da Prô Yasmin... E agora vejo o porquê, a senhora a trata com tanto carinho que até eu queria ser sua aluna!

Yasmin então riu com vontade sendo seguida pela mãe de Akiná.

Porém, uma movimentação estranha entrou em seus ouvidos. Uma correria e algumas palavras ditas mais alto. Akiná já estava correndo pelo pátio e sua mãe olhou para o corredor juntamente com Yasmin.

— É ELA A CHANG! – um homem todo de preto gritou e prendeu a mãe de Akiná com os braços fortes.

Yasmin tentou se afastar, mas logo muitos outros homens encapuzados apareceram. A loira entrou em desespero e seu coração rimbombava forte entre as costelas. O que era aquilo?

— CADÊ A NETINHA CHANG? – outro gritou.

Algumas professoras que estavam por perto se aglomeravam no canto do pátio, juntamente com Marcelo e outros professores. Ele olhou para Yasmin que estava sozinha e perdida no meio de toda aquela confusão e quis chegar mais perto, porém um deles apontou para varinha para Marcelo e ele permaneceu onde estava.

Uns pais pegaram seus filhos e saíram correndo, mas outros não conseguiram escapar e todos se juntaram no pátio da escola primária.

— Cho Chang, que ótimo estar aqui! – apontou para mãe de Akiná.

Yasmin nunca tinha nem desconfiado que a mãe de Akiná fosse Cho Chang. Ela tinha idade de seus pais e tem uma filha muito nova, nem passou pela cabeça da loira que Akiná herdasse o sobrenome dos Chang.

Mas por que eles a procuravam?

“- Eu te entendo, Yas – Rose concordou. – Mas não quero voltar para a casa do meu pai, não. Ele está mais ciumento do que nunca depois que comecei a namorar o Scorp. Além de ter tido a maior briga para ele nos aceitar, agora vive dizendo que os sobrenomes famosos da Batalha de Hogwarts estão sendo perseguidos. Ele disse que Luna Lovegood está até mantendo seus filhos presos em casa com medo desses rebeldes. Mas eu acredito que ele esteja mais preocupado com a possibilidade de eu fugir com o Scorp e está me botando esse medo...”

“- Porque foram nomes famosos na grande guerra, Yas – ele explicou. – E pseudo-comensais estão achando que vão conseguir uma segunda guerra. O que é bem improvável, mas enquanto isso pessoas estão morrendo...”

Alguns flashbacks invadiram sua mente e ao perceber que tinham vindo atrás da descendente dos Chang, Yasmin teve um impulso de permanecer perto de Akiná para que nada acontecesse com a menina. Ela olhava assustada para tudo aquilo e a loira só queria demonstrar segurança perto dela, por isso tentou agir naturalmente para a pequena.

— Onde está sua filha? – o homem de preto perguntou agressivamente para Cho que já chorava livremente.

Ela permaneceu calada.

Um dos homens (havia oito no pátio) apontou para a criancinha e gritou:

— Ali!

Um deles foi em direção à Akiná para pegá-la, mas Yasmin gritou o mais alto que pôde:

— Não encoste nela!

Toda a atenção do pátio inteiro se virou para Yas que engoliu em seco. Alunos, pais e professores a encaravam sem sequer respirarem. Marcelo levou as mãos à cabeça em desespero, assim como Anna Vitória tentava segurar o choro diante daquela situação.

— Ora ora, quem é você, loirinha?

Yasmin então decidiu que era hora de ser corajosa e de honrar a sua casa de Hogwarts.

— Eu sou Yasmin Weasley. Possuo o sobrenome de um dos membros do Trio de ouro. Agora deixem a menina em paz!

Cho arregalou os olhos para aquele ato. Não acreditava no que acabara de ouvir de apenas uma professora.

— Weasley? – Um silêncio aterrorizador se instalou no local e o chefe dos homens encapuzados se aproximou dela. – Interessante. Sempre se sacrificam uns pelos outros... Esses grifinórios. – Soltou uma risada irônica. – Podem esvaziar o local. Deixem apenas a criança e essa daqui aqui dentro.

E dizendo isso os aliados dele começaram a agrupar o restante dentro de uma das salas de aula.

Gritos de Cho podiam ser ouvidos ao longe. Assim como Marcelo também gritava tentando se corresponder com Yasmin, mas a loira estava em choque o suficiente para não ouvir nem conseguir se comunicar com ninguém.

— Deixem a menina – ela implorou. – É uma criança!

Akiná começara a chorar ao ver que estava tão longe da mãe. Yasmin, com raiva daqueles homens, se abaixou e pegou a criança tão inocente e indefesa no colo.

— Largue a menina – o homem ordenou.

— Não – Yasmin retrucou acariciando os cabelos de Akiná. – Libere a menina! Fique comigo!

Embora o desespero estivesse tomando conta dela, ainda não conseguia se conformar que quisessem maltratar uma criança. Por isso não descansaria até que Akiná estivesse segura.

O homem fez um gesto displicente com a mão.

— Hum, tanto faz. Levem a criança. – Tiraram Akiná do colo da loira. - Deixem-me com essa gracinha aqui – e dizendo isso se aproximou de Yasmin.

Ela não gostou da forma maliciosa que ele estava se aproximando, mas então viu uma luz na escuridão: o seu colar.

Tio Harry dera aquele colar para uma emergência. E aquilo claramente era uma.

Segurou o pequeno pingente com a mão e sussurrou:

— Auxilium.

O homem era alto e forte. Ele começou a se aproximar cada vez mais dela. Tirou uma faca de dentro do seu bolso e em um movimento brusco a pressionou contra a parede. Yasmin não ia aguentar mais sofrimento. Ela fechou os olhos para não ver as cenas que iam se suceder.

Ele acariciou o seu rosto e então desceu suas mãos, apertou seus seios com força e logo em seguida deu-lhe uma facada no estômago. Yasmin arquejou sentindo o sangue sair, colocou a mão sobre a barriga e tentou afastar o cara, mas ele gargalhou e em seguida a jogou no chão, se posicionando por cima dela para mais uma investida com a faca.

Yasmin não aguentava mais. Lembrou-se de Scott e de toda a humilhação, de como ficara mal com o término, de como tinha achado que Leo era diferente, de como ele a decepcionara também de forma inimaginável, e agora vivia aquilo. Vivia um show de horrores, em que o cara além de aproveitar de seu corpo também o maltratava.

 Mas um gritou rompeu no meio do pátio antes que o encapuzado investisse mais uma vez com a faca.

— Nem mais um fio de cabelo dela, seu desgraçado! – Harry Potter entrou ao lado de vários aurores lançando feitiços em todos os rebeldes.

Yasmin sorriu para o tio com o resto das forças que tinha, mas assim que o homem percebeu que era Harry, lançou a faca sobre o abdômen dela deixando-a sem ar.

A agonia era imensa. Yasmin via tudo duplicado. Queria estar segura e salva novamente. Não aguentava mais tanto sofrimento e tanta agonia. Ela queria um colo. Um ombro amigo ao seu lado. Ela precisava de alguém.

— Jorge, é a Yasmin! Venha já para a escola onde ela trabalha! - Harry mandou um patrono corpóreo para Jorge.

Uma batalha intensa começou a ser travada naquele pátio. Vários pseudo-comensais contra aurores. Harry estava aflito para socorrer sua sobrinha, mas sempre aparecia um rebelde na sua frente. Ele percebia como a menina estava fraca, ele precisava fazer algo. Ele precisava que ela estivesse bem. Nunca iria se perdoar se algo acontecesse bem na sua frente.

Foi quando, em menos de dois minutos, uma cabelereira ruiva passou rapidamente pelo campo de guerra. Jorge não olhou para os lados, apenas para sua filhinha deitada naquele pátio com seu sangue escorrendo pelo chão.

Suas lágrimas caíam livremente naquele instante. Sua menina. Sua jóia rara. Sua preciosidade. Como algo desse tamanho poderia acontecer com ela?

— Papai – ela murmurou fraca e Jorge se lembrou de quando era apenas uma criança e usava esse tom de voz sempre que queria algo. Seu coração se quebrou em mil pedaços ao vê-la tão frágil e desprotegida como estava. – Eu...

— Não precisa dizer nada – ele respondeu com a voz firme. – Eu vou cuidar de você. Você é meu amor, Yasmin. Você confia no papai que tudo vai ficar bem?

— Claro que confio – ela respondeu e ainda sorriu.

Jorge sorriu juntamente. Mas por dentro queria morrer. Preferia morrer do que vê-la naquele estado. Rapidamente tirou o casaco que usava e a usou para conter o sangramento de seu abdômen. O ruivo então a pegou no colo e fez sinal para Harry que precisaria leva-la ao hospital. O moreno entendeu apenas com o olhar.

Eles aparataram na frente do St. Mungus. Assim que os medibruxos que estavam na calçada viram o sangue na roupa de Yasmin, trataram de se amontoar para pegarem uma maca e chamarem a emergência. Quando ela foi colocada na maca, não aguentou e perdeu a consciência ao resistir bravamente para que aquilo não acontecesse.

Um dos médicos rapidamente fez uma análise e avisou aos companheiros:

— Taquicardia!

Jorge soluçava com tudo que estava vendo. Segurou as mãos de Yasmin e a seguiu até entrar na sala de emergências.

— É a minha filha, façam alguma coisa, por favor! – Jorge implorou aos médicos já deixando as lágrimas escorrerem.

Os medibruxos já estavam se organizando no corredor e enquanto a maca andava um moreno subiu nela e começou as manobras de ressuscitação. Jorge analisou o médico e viu que era Leonardo que também estava desesperado ao perceber que era Yasmin.

Leo não pensou duas vezes antes de se jogar na maca e ajudar os medibruxos. Era Yasmin. E ele não se importava com mais nada. Seu queixo estava trêmulo mostrando seu nervosismo. Suas mãos estavam frias. Sua boca estava pálida. Ele nunca sentira aquilo. Aquele medo.

— Leonardo Clearwater, se afaste! – Steve gritou tentando tomar o lugar dele. – Você a conhece. É norma do hospital! Você não pode atende-la.

— CALA A BOCA, STEVE! – Leo gritou desesperado. – É a Yasmin.

— DOUTOR CLEARWATER, SE AFASTE – Rachel gritou autoritária enquanto tentava achar a veia de Yasmin.

— SAI AGORA DAÍ, LEONARDO. OU EU TE TIRO A FORÇA! – Steve gritou mais alto ainda.

Vendo que Leonardo não iria sair tão fácil, ele o empurrou com força e assumiu o lugar de Leo logo em seguida, deixando o amigo caído no chão. O moreno socou o chão e se levantou com raiva.

Jorge que também fora proibido de entrar na emergência foi ao seu encontro.

— O que vai acontecer com ela? O que? – o ruivo perguntou passando a mão pelo rosto.

Leo então ficou ereto e respondeu:

— Eu não sei dizer, senhor Weasley. Mas a equipe é muito competente. Você pode confiar... – O moreno disse isso tentando convencer o pai de Yasmin e ele mesmo. – É melhor nós... Sairmos daqui.

Jorge, na sala de espera, começou a mandar patronos corpóreos para toda a família. Não parava de andar em círculos e praguejar ofensas. Aquilo era demais para Jorge aguentar... Era a sua filha. A sua menina. A luz da sua vida... Como reagir sabendo que alguém tentou mata-la? Era desumano. Era cruel.

— O que aconteceu? – Lívia perguntou parada no batente da porta da sala de espera. – Jorge? – Ela estancou ao ver o marido tão desnorteado. Continuou parada lá e deixou suas bolsas caírem no chão. – Eu vim assim que você me mandou o patrono... O que aconteceu?

O ruivo suspirou e em passos largos correu para abraçar sua mulher.

— Eu senti tanto medo – ele sussurrou em seu ouvido e se afastou dela. – Eles... Eles deram facadas no abdômen da Yas... Quando eu cheguei tinha quase que uma guerra acontecendo naquele pátio escolar. Harry chegara bem a tempo. A Yas... Ela estava fraca, tinha perdido muito sangue. Quando eu cheguei o Leo logo começou a ajuda-la, mas foi proibido porque a conhecia... – Jorge não estava dentro de si. Contava cada hora uma parte da história e até o chamara de Leo.

Lívia começou a chorar. Não suportava nem ouvir a história, imaginava seu marido ao ter que ver toda aquela cena angustiante. Era insuportável.

— Pai? – Lipe o chamou entrando às pressas na sala. – Pai! E-eu...

E então os três se abraçaram fortemente ao mesmo tempo. Aquilo era doloroso. Era quase como se alguém tivesse lançado uma maldição Cruciatus. Os três apenas se abraçaram e ficaram em silêncio por bastante tempo.

—______________________________________________________

— Leo? – Steve o chamou.

O moreno estava sentado no quarto dos residentes, em que eles usavam para tirar uma soneca no meio do plantão. Ele estava sentado no chão despojadamente e tinha as mãos na cabeça. Era nítido que não estava bem. Era nítido que precisava de alguém ao seu lado.

Leo estava preocupado. Nunca pensou em ver Yasmin tão vulnerável, tão frágil. Ele queria cuidar dela, ele queria estar presente naquela sala de emergências... Ele precisava dela.

— Hei, Steve – ele respondeu desanimado. – Você não está mais cuidando da Yas?

— Estou sim, cara – Steve disse sorrindo. – E tenho boas notícias. Você vai ser o primeiro a saber, okay?

O sorriso de Leo se abriu e se sentou de maneira ereta no chão, sendo acompanhado por seu amigo.

— Os cortes eram muitos, mas não tão profundos. Acabou atingindo o estômago, mas foi algo bem superficial. Uma cirurgia foi feita para reparar o corte. O único problema foi que ela perdeu muito sangue, mas estamos tentando fazer com que o fluxo sanguíneo se estabilize. E como os cortes tinham uma extensão lateral grande, decidimos suturar, mas vai doer por um tempo. Por isso os analgésicos serão os melhores amigos dela por uns quinze dias.

Leo suspirou aliviado.

— Steve... Eu... Olha...

— Não precisa dizer nada. Quer ser o primeiro a vê-la?

Leo assentiu sorrindo e foi acompanhado por Steve ao quarto da menina. Ao chegarem lá, Leo encontrou a dona do seu sorriso dormindo tranquilamente. Ela estava mais pálida, mas continuava linda. Seu cabelo loiro levemente ondulado caia sobre seus ombros. Yasmin respirava tranquilamente.

O moreno se aproximou do prontuário dela e começou a checar se fizeram tudo direitinho. Lia cada frase com o máximo de cuidado. Apesar de estar estável sua pressão ainda não tinha se regularizado após a perda do sangue. Isso não era grave, mas mesmo assim deixou Leo com o cenho franzido.

Aproximou-se lentamente de Yasmin e tocou sua mão. Só no mais simples toque ele se lembrou de tudo que passaram juntos, mesmo com tão pouco tempo. E ao vê-la bem, estável, sentiu uma vontade enorme de pedir desculpas por ter agido igual um idiota. Ele deveria ter confiado nela na mesma maneira que ela deveria ter confiado nele. Porém, faria de tudo para consertar aquilo. Ele queria mais uma chance com ela. Mais uma, mais duas, quantas vezes fosse necessário para ela entender que era única. Especial. Essencial. Não havia outra substituta para o lugar de Yasmin no coração de Leo.

Era ela.

E Leo sabia disso.

— Meu amor, como ela está? – Clara perguntou preocupada para Lipe.

Assim que Lipe viu a mulher da sua vida correu para abraça-la.

— Meu pai disse que foi horrível, Clarinha – ele disse ainda abraçado com ela e sua voz estava embargada. – E-eu tô preocupado...

Clara segurou o rosto de Lipe com as duas mãos.

— Lipe... A Yas é a menina mais incrível que nós conhecemos. Nada irá acontecer com ela, ela é jovem, saudável, vai se recuperar de maneira super rápida.

Philipe não conseguiu mais segurar suas lágrimas e soluçou.

— Eu não sei ser forte, Clarinha. Meu pai e minha mãe estão lá, preocupados mas com tanta fé, tanta esperança... E aquele ruivo lá viu a própria filha sofrendo, se agonizando... Eu não sei ser um Jorge Weasley.

Clara sorriu com toda a doçura presente em seu ser.

— Ei! Você é o filho de Jorge Weasley. Você é corajoso, você é forte, você é uma pessoa extraordinária – ela limpou as lágrimas que caíam em seu rosto. – Você verá sua irmã passando pelas portas deste hospital e indo pra casa ainda essa semana.

Lipe riu pelo nariz.

— Ainda bem que eu tenho você.

Clara avisou Philipe que o médico estava já conversando com seus pais e fez sinal para eles se juntarem à conversa.

— Senhor e senhora Weasley, querem visita-la? – Steve perguntou após dar o diagnóstico da filha deles.

Leo estava ao lado do amigo, bem mais tranquilo do que da última vez.

— Claro! – Jorge exclamou alto.

— Um de cada vez, por favor – Leo organizou. – Vamos, senhor Weasley.

O ruivo então seguiu Leonardo até o quarto onde Yasmin estava. O moreno o deixou bem a vontade, mas o pai estancou ao chegar na porta.

— Eu realmente posso entrar?

Leo sorriu.

— Claro.

Jorge então entrou e fechou a porta atrás de si.

Sua filha estava dormindo, cheia de aparelhos e outras coisas. Jorge se assustou com tudo aquilo, mas foi em direção à sua menina. Ele precisava tocá-la. Precisava sentir que realmente estava tudo bem.

Chegou mais perto e fez carinho na lateral de seu rosto. Sua menina era tão delicada, tão meiga, tão pura e sensível. Ela era sua tão amada filhinha. Prometeu a si mesmo que nunca mais deixaria nenhum mal acontecer. Já era o bastante.

Tirou um pouco do lençol de cima dela para ver o ferimento. Constatou que tudo deveria estar bem já que o curativo não tinha sinais de sangramento. Suspirou aliviado e deu um beijo na testa de Yasmin.

— Nada de ruim vai te acontecer, querida. Nada.

—______________________________________________________

— Como ela está? – Daniel apareceu desesperado na sala de espera e perguntou para Jorge. – Eu fiquei em cirurgia durante dez horas, fiquei sabendo agora! Doutor Clearwater! – O doutor chamou sem dar a chance de Jorge responder. Leo apareceu ao seu lado. – Onde está a senhorita Weasley? Quero o número do quarto, uma cópia do prontuário, uma lista de todos que fizeram a cirurgia dela e ainda um relatório do chefe residente de plantão no momento. – Leo abriu a boca para responder, mas Daniel o cortou: - Agora!

Jorge se assustou pela forma com a qual Daniel tratou Leo, mas não deu muita importância.

— Ela está bem agora, Dan – Liv respondeu passando a mão pelos seus ombros para o amigo relaxar. – Vai descansar.

Daniel riu pelo nariz.

— Até parece.

Os três se sentaram na sala de espera e ficaram em silêncio por um longo período tempo que só foi quebrado quando Leonardo chegou e disse:

— Aqui estão as informações, doutor Katsópolis. – E entregou um relatório e várias pilhas de papel para ele. – O pior já passou...

Daniel suspirou e começou a ler as informações que seu residente trouxera.

— Realmente, o pior já passou.


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