Reaprendendo a amar escrita por keemi_w


Capítulo 10
Capítulo 9.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/668368/chapter/10

Agora tudo fazia sentido para Leo.

Desde que terminara com Yasmin, o moreno tinha sentido seu chefe ser um tanto quanto rude com ele. Leo pensara que estava imaginando coisas e que estava achando isso pelo fato de estar deprimido e qualquer coisa irritá-lo. Mas ao ver Daniel Katsópolis, o doutor Katsópolis, ao lado da família Weasley e demonstrando estar tão preocupado quanto eles, tudo fez sentido na mente do residente.

Eles eram amigos de longa data e quando ouviu a versão de Yasmin logo tratou de puni-lo de certa forma. Suspirou triste e se deitou na cama dos residentes de plantão.

Leo estava exausto. Eram quase vinte e quatro horas acordado. Porém, acordado e vivendo muitas aventuras. Embora estivesse bem cansado, demorou para pegar no sono. Lembrava-se de Yasmin e sentia seu coração pesado. Ele queria recomeçar. Apagar todos os erros. Redescobrir um ao outro.

Quando acordou no dia seguinte a primeira coisa que percebeu era que ainda estava no hospital e que seu horário de plantão começaria em exatamente quarenta minutos. Levantou-se preguiçosamente, tomou um banho rápido e se vestiu para ir tomar um café.

Sua aparência não deveria ser das melhores, pois vários médicos, internos e residentes o olhavam de cima a baixo. Estava na lanchonete do hospital tomando um café forte para despertar quando Rachel veio em sua direção.

Ele era mais do que grato a ela por ter salvado a vida de Yasmin. Ela fora a cirurgiã principal e coordenara o trabalho muito bem.

— Tudo bem, Leo? – ela o cumprimentou se servindo de um café também.

— Agora sim, Rachel, e você? – ele sorriu.

— Eu estou bem, mas você me parece meio abatido – Rachel comentou e os dois riram. – Olha, ontem eu vi que o que você sente pela Yasmin é algo diferente, Leo. E eu peço desculpas por ter agido daquela maneira, no fundo eu pensava que tínhamos mais uma chance. – Leo se surpreendeu pela sinceridade de sua ex-namorada. – Eu só quero que você seja feliz, afinal, nós podemos não ter dado certo, mas foram muitos anos ao seu lado e eu ainda nutro um carinho muito especial por você. Então siga seu caminho porque eu também seguirei o meu.

Leo nem conseguiu expressar o que estava sentindo. Aquilo sim era um ponto final e Rachel não correria mais atrás dele. O moreno se lembrou de tudo que passara com ela e se lembrou também de como eram amigos e companheiros antes de tudo terminar, por isso só tinha coisas boas a desejar para ela.

— Rachel, você merece mais do que ninguém ser feliz e ser amada do jeito que merece.

Ambos trocaram um sorriso sincero e Rachel deu as costas para Leo que tomava seu café com menos cem quilos em suas costas.

—_________________________________________________________

Jorge conseguira autorização de Daniel para passar a noite ao lado de Yasmin. Não resistiu no começo da noite e delicadamente se deitou junto com ela e ficou acariciando seus cabelos. Por isso, na manhã seguinte estava com dor nas costas já que estava bem na beirada da cama quando pegou no sono.

Ele se espreguiçou e sentiu toda sua coluna reclamar de dor. Levantou-se e olhou mais uma vez para Yasmin para se certificar que nada havia acontecido de errado enquanto ele dormia.

Suspirou triste por saber que sua filhinha estava naquele hospital, mas mesmo assim aliviado porque o pior já havia passado. Pegou seu casaco e saiu do quarto decidindo que era hora de cuidar de Liv e de Philipe que passaram a noite na sala de espera.

— Querido! – Liv exclamou assim que Jorge aparecera. – Aconteceu alguma coisa? Você parece péssimo!

Jorge abriu um sorriso cansado e abraçou sua mulher.

— Está tudo ótimo, Liv.

Ela também não parecia estar em seu melhor estado. Estava com seu cabelo loiro desgrenhado, sua roupa estava amassada e possuía olheiras por, provavelmente, ter passado a noite em claro.

Já Philipe ainda estava adormecido em uma das cadeiras da sala de espera.

— Acho que nós devemos ir para casa, Jorge – Liv comentou. – O Harry e a Gina vieram aqui ontem a noite, mas já tinha terminado o horário de visitas, então eles disseram que se precisássemos deles para ficarem hoje eles ficariam. Harry ficou bem assustado e só não veio antes porque depois de tudo ainda teve que fazer relatórios sobre o ocorrido para que o Ministério desse baixa.

— E o que aconteceu com os... Infelizes? – Jorge perguntou reprimindo sua raiva.

— Eles... Bom, eles foram presos por enquanto. Mas haverá um interrogatório daqui duas semanas para poderem fechar a sentença... – Jorge contorceu seu rosto, não acreditou que eles ainda teriam uma chance de se safar. – Mas fica tranquilo, depois que Harry, o garoto que sobreviveu, e  Jorge Weasley prestarem depoimentos acho impossível o Ministério não puni-los.

O ruivo suspirou em concordância. Era verdade.

— Então, é melhor nós chamarmos Harry e Gina porque preciso de um banho. Dói meu coração não estar aqui, mas foi uma noite muito longa.

Livia concordou e os dois foram acordar Philipe.

O menino acordou um pouco transtornado e assustado, provavelmente estava em estado de alerta para qualquer coisa. Ao ver seu pai ao seu lado com um sorriso no rosto seu coração já esquentou e pode ficar tranquilo. Abraçou a loira e o ruivo mais alto para então saírem do hospital.

—_________________________________________________________

— Yas, você consegue me dizer se está me escutando? – Daniel perguntou.

A loira havia acordado a menos de dois minutos e Daniel fora correndo verificar seus sinais vitais.

Ela se remexeu desconfortável na cama.

— Sim – ela respondeu rouca.

— Muito bom!

Na verdade, a loira se lembrava de poucas coisas do dia anterior e não conseguia relacioná-las com o fato de estar deitada em uma cama de hospital sendo atendida por Dan, que a viu crescer.

Ele pegou um ponto de luz e apontou para os olhos da garota que estranhou, mas o deixou terminar de fazer sabe-se lá o que. Daniel não parava de anotar coisas no prontuário de Yasmin o que a deixava mais ansiosa para poder perguntar tudo que estava entalado em sua garganta.

Assim que terminou, Dan se sentou na beirada da cama dela.

— Tem algo a perguntar, Yas?

— Na verdade, eu tenho – ela respondeu e tentou se ajeitar mais confortavelmente na cama, mas sentiu uma pontada em sua barriga e rapidamente parou de se mexer.

— Não se mexa muito, os pontos podem se romper, querida.

Yasmin respirou fundo e perguntou de uma vez:

— Dan, eu estou agoniada! – ela exclamou com seus olhos cheios de lágrimas. – Eu não sei porque estou aqui, porque tenho pontos na minha barriga... O que aconteceu? Cadê meu pai? Cadê minha mãe e o Philipe?

O moreno então falou delicadamente:

— Fica tranquila, Yas. E não se exalte, você ainda está fragilizada. – Ele suspirou e então começou. – Eu sei que você está confusa, que não deve entender nada. Isso é normal! Ontem você passou por muita coisa, e eu não estou cobrando nada de você. Seus pais e seu irmão passaram a noite inteira aqui, mas precisaram ir para casa para tomar um banho, entende? Mas Harry e Gina estão aqui, junto com Lily, Alvo e James...

Yasmin pareceu menos amedrontada e suspirou tranquila.

— E sobre ontem...

— Vou te explicar tudo.

—_________________________________________________________

A família Weasley ocupava em massa aquele hospital. Uma sala de espera lotada e barulhenta era o que os médicos viam quando passavam por perto. Apesar de Liv, Jorge e Philipe não estarem lá, a descendências de Molly estavam. E as descendências das descendências também.

— Mas como que essa barbaridade aconteceu? – Hermione perguntou escondendo o rosto com as mãos. – Por isso que eu falo e falo para a dona moça Rose e o senhor Hugo terem cuidado, Ronald, mas os dois não me escutam.

— Ah, Mione, comigo é a mesma coisa – Victoire concordou olhando para seus dois filhos já crescidos.

— Mas a culpa não foi da Yasmin – Harry pontuou. – Ela não tinha como adivinhar que um monte de idiota iria burlar o sistema de segurança da escola e esfaqueá-la só por possuir o sobrenome Weasley.

— É verdade – Gina concordou.

— Meus netos estarão proibidos de serem professores – Fleur declarou preocupada.

Isso fez a família inteira abrir um sorriso – nem que tivesse sido apenas meio sorriso.

Leo observava tudo isso de longe e fazia anotações no prontuário de um paciente. A família Weasley estava toda colorida, cheia de balões, ursinhos, caixas de chocolate. Isso o fez se lembrar de sua família e, com a correria das últimas duas semanas, nem pôde visita-los. Por isso, assim que conseguiu, mandou um patrono corpóreo para seus pais e para sua irmã dizendo que ia vê-los naquele dia após o plantão.

Ele precisava disso. Leo precisava da família assim como Yasmin precisava da dela naquele momento.

—_________________________________________________________

— Agora eu me recordo, Dan – Yasmin fez uma careta com suas lembranças. – Como a Akiná está? E a Cho? Como o Marcelo e os outros estão?

Daniel pegou a mão de sua sobrinha de consideração e a apertou confiante.

— Tenho certeza de que eles estão ótimos. Mas, Yas, a sua licença médica é de, no mínimo, quinze dias. Enquanto estiver em casa não poderá pegar peso, correr, fazer longas caminhadas, aparatar e nem subir escadas. A área da cirurgia fica bem perto de onde contraímos os músculos para fazermos tais coisas e não queremos que os pontos se rompam, não é? E mesmo após o período em casa, terá que tomar certos cuidados durante um tempinho. Eu sei que você é totalmente independente, mas acho que deveria considerar ter a ajudinha de seus pais, Yas.

A loira suspirou. Ela odiava dar trabalho para os outros. Principalmente porque agora seria tratada como um bebê que não pode fazer absolutamente nada.

— Poxa, Dan. Quinze dias? É muito!

O moreno riu e deu um beijo na testa da menina.

— Enquanto eu estou vestido de jaleco não há pechincha, gatinha. Sou irredutível.

Os dois riram.

— Obrigada por cuidar de mim tão bem, tio Dan! – ela disse verdadeiramente. – E desculpa o trabalho... E o susto que eu devo ter dado. Desculpa mesmo.

Daniel sorriu.

— Você não teve culpa de nada, mocinha. Nadinha mesmo. Você é sensacional. E, bem, eu tenho uma equipe incrível que tratou de você tão facilmente quanto tratariam de um resfriado.

Yasmin abriu o maior sorriso. Então se lembrou: Leonardo fazia parte dessa equipe. Será que ele sabia que ela estava lá? No fundo, apesar de tudo Yasmin queria muito vê-lo. Queria a confiança que Leo passava para ela.

— Tio Dan, só mais uma coisa... O doutor Clearwater está aqui?

O moreno suspirou e pegou seu prontuário.

— Sim, Yas.

— Eu posso vê-lo qualquer hora?

— Vou ver o que consigo para você, gatinha – ele piscou novamente. – Vou chamar sua família agora. Há uma multidão ruiva fazendo escarcéu na minha sala de espera, sabia? – Yasmin riu. – Melhor eu dar um jeito nisso. Eu voltarei logo.

Ela assentiu e mordeu o lábio.

—_________________________________________________________

— Doutor Clearwater! – Daniel exclamou alto na sala dos residentes e o moreno rapidamente começou a segui-lo.

Ambos não trocaram uma palavra até Daniel entrar em uma sala vazia e ser acompanhado de Leo. O mais velho trancou a porta e ficou de frente para seu residente.

— Aconteceu algo? – Leonardo perguntou preocupado.

— Sim. Yasmin acordou e quer te ver – Daniel problematizou. – Porém, tenho certeza que ela ainda está muito fragilizada e não pode receber uma visita sua no momento.

Leo abriu sua boca em um perfeito “o”. Pensou que nunca mais Yasmin iria querer vê-lo.

— S-sério?

— Sério, doutor. Mas é o seguinte, eu tenho consciência do que aconteceu entre vocês dois. Sou bem próximo da família desde antes de Yasmin nascer. Lívia e Jorge são meus irmãos de coração, então eu tomei as dores de Yasmin. Eu a vi sofrendo muito por uma idiotice que você fez. E eu não quero isso de novo. Sei que quando vocês se encontrarem será um baque muito forte para ela. Então, só para não deixa-la na expectativa, se você quiser – somente se você quiser – escreva algo e deixe no seu quarto quando ela estiver dormindo. Sei lá, se vira, só não apareça lá por enquanto.

Leo engoliu em seco. Ele não estava preparado para a sinceridade de Daniel.

— Claro. Mas, doutor, eu vou te dizer outra coisa também: mesmo que eu tivesse sido um idiota e babaca com Yasmin ou com qualquer outra pessoa que você ama você não tem o direito de me tratar igual tem tratado ultimamente. Eu admiro muito o senhor profissionalmente e queria aprender com suas habilidades e técnicas, mas fica difícil quando só ouço gritos do senhor para mim e broncas sem motivo. – Daniel arregalou os olhos e isso assustou Leo que dizia tudo rapidamente antes que sua coragem fosse embora. – E só para deixar bem claro, eu não traí Yasmin. Foi tudo um belo de mal entendido. E mesmo que tivesse traído, não dava ao senhor o direito de me desprezar como médico. A vida pessoal fica do hospital para fora.

— Terminou, Leonardo? – Daniel perguntou.

— Sim, senhor.

— Entendeu o que eu disse?

— Sim, senhor, só uma carta.

— Ótimo.

E os dois saíram da sala tendo resolvido os assuntos pendentes.

—_________________________________________________________

Yasmin recebera várias visitas o dia inteiro. A família Weasley entrou tentando fazer silêncio, mas dois minutos depois já havia muito barulho, sorrisos, piadinhas, abraços e balões coloridos espalhados pelo quarto. A loira ria vendo tudo isso e se sentia muito sortuda por ter uma família tão linda e unida.

Seus pais acabaram tirando uma soneca em casa antes de irem para lá, mas perderam a hora e acabaram acordando quase que a noite, por isso Harry decidira ficar mais tempo ao lado de sua sobrinha, mesmo quando todos já tinham ido embora.

Harry conversava tranquilamente com Yasmin quando a porta se abriu e uma ruiva bem conhecida entrou no quarto. A loira ficou tensa ao ver que era Rachel: a menina que Leo havia beijado.

— Com licença – ela pediu fechando a porta. – Eu fui a cirurgiã de Yasmin – ela estendeu a mão para Harry que a apertou. – Vim fazer uns exames rápidos, senhor.

Harry na mesma hora assentiu e saiu do quarto para deixar a doutora fazer seu trabalho.

Yasmin arregalou os olhos ao estar frente-a-frente com Rachel. Também estava surpresa demais em saber que ela tinha sido sua cirurgiã.

— Fique tranquila, Yasmin. Eu não sou um monstro de sete cabeças – Rachel disse com um sorriso no rosto. – Eu vou ver como estão seus pontos, okay?

A loira assentiu desconfortável e foi examinada pela ruiva. Rachel avisava sobre todos os seus movimentos para Yasmin não pensar que estava tentando machuca-la nem nada do tipo. Já a loira não abriu a boca em nenhum momento.

Rachel terminou e anotou várias coisas em sua prancheta.

— Você está ótima, Yasmin – a ruiva abriu um sorriso e se sentou na beirada da cama de sua paciente que se remexeu desconfortável. – Eu queria esclarecer umas coisas com você.

— Saiba que eu não me sinto bem nessa situação – Yasmin começou. – Eu estou bem confusa, doutora. Você e meu ex-namorado se beijaram e depois você salva a minha vida e vem ser bem simpática. Eu não sei muito bem se eu te odeio ou não.

Rachel riu com a espontaneidade da garota e colocou uma mecha de seu cabelo cor de fogo atrás da orelha.

— Yasmin, o Leonardo e eu... Nós namoramos por muito tempo. Eu me acostumei com a presença dele, com o bom dia dele, com nossas conversas infinitas após o plantão, o café da manhã junto com ele... Olha, nós estávamos prestes a noivar. Falávamos sobre isso o tempo inteiro. E foi quando as coisas começaram a piorar. Nós começamos com brigas semanais... Essas brigas duravam entre um e dois dias. E depois viraram brigas diárias. Nós discutíamos principalmente porque não concordávamos com os métodos que cada um adotava ao cuidar de um paciente. Nós éramos, namorados, amigos e colegas de trabalho. Era muito difícil.

Yasmin suspirou.

— Uau, eu não sabia disso. Nem consigo imaginar o quão difícil podia ser.

Rachel sorriu compreensiva.

— Então eu dizia para fazermos de um jeito e ele dizia exatamente o contrário. Nós ficávamos bravos um com o outro porque queríamos dar o melhor para o nosso paciente, e não achávamos o método do outro tão bom assim. E isso foi cada vez mais se agravando. Chegou um momento que, mesmo fora do plantão, discutíamos feio por causa do que aconteceu no trabalho. Até que um dia ele terminou comigo. – Rachel suspirou. – E foi porque tinha feito uma traqueostomia em um paciente que começou de repente a ficar com a passagem de ar obstruída. E eu estava passando por perto, e eu o vi agonizando de falta de ar e Leonardo ficou furioso porque eu não tinha pedido sua autorização antes já que o paciente estava sob os cuidados dele. Enfim, Yasmin, eu só quero que você entenda que não foi algo que Leonardo fez. Nem que eu fiz. Mas sim situações em que o doutor Clearwater e a doutora Stevens se meteram. Por isso era algo que não entrava na minha mente... Nós tínhamos terminado um relacionamento por causa do que acontecia no ambiente de trabalho.

Yasmin assentiu. Não sabia de nada do que Rachel dizia por isso a surpresa era tanta.

— E eu não aceitei isso. Então, quando tive uma oportunidade eu beijei o Leonardo, Yasmin. E eu fiquei muito mal após isso porque ele não correspondeu nem um pouquinho. Nem por dois segundos, Yasmin. E quando ele te viu me soltou rapidamente para correr atrás de você e só então eu entendi que ele não era mais meu. No fundo eu tinha esperança que quando ele me beijasse novamente tudo que vivemos seria relembrado, mas não. Eu estava errada e eu nunca deveria ter feito aquilo. Primeiro eu deveria ter tido mais amor próprio. Segundo que já fazia três meses desde o término e eu deveria ter previsto que outra pessoa podia ter aparecido na vida dele. Mas eu estava com saudades dele.

Yasmin arregalou os olhos com todas aquelas informações. Como reagiria com Leo ao saber daquilo? Ela tinha sido tão injusta em nem o deixar explicar! Nem imaginou como ele tinha se sentido ao ser julgado por ela. Maldita insegurança!

E Rachel então? Ela tinha odiado aquela mulher com todas as suas forças. E depois a ruiva salva sua vida, explica o que aconteceu entre ela e Leo e é humilde para reconhecer seus erros. Como poderia ter se fechado tanto para os outros? Como?

As lágrimas brotaram no rosto da loira. Ela se esforçando ao máximo para não chorar, mas não conseguiu. Eram muitas informações.

— Yasmin, não chora. Você não pode! Fez uma cirurgia delicada!

— É que eu não me conformo que nunca dei ouvidos ao Leo... Eu o julguei tanto. Eu o condenei tanto por isso... Eu não acredito. E provavelmente agora ele já deve ter se cansado de mim. Tudo isso porque passei por um namoro horrível e jurei a mim mesma que nunca me fariam de boba... Só que ele não quis me fazer de boba – ela soluçou. – Ele foi sincero.

Rachel abaixou os olhos.

— Acredite em mim, se eu soubesse... Se eu suspeitasse... Nem por um instante... Eu nunca, nunca, nunca, teria o beijado. Eu aceitaria isso. Assim como aceitei quando descobri que ele tinha a você. Mas descobri isso depois que a confusão já estava feita.

Yasmin já chorava livremente sem se importar com seus pontos. A declaração feita há pouco tempo tinha tirado o seu chão.

— Eu te odiei tanto! – a loira exclamou. Rachel riu. – Mas tanto... E você aparece quebrando com tudo que construí nos últimos meses! Me desculpa por ter te julgado, por ter te condenado junto com o Leo...

Rachel apenas passou a mão pelos seus cabelos ruivos, desconfortável com a humildade da garota.

— Yasmin, mas se você quer saber algo, eu nunca vou parar de gostar do Leonardo. Não se eu continuar a vê-lo todos os dias durante plantões exaustivos de doze horas. Eu vou me afastar. Pedi transferência para outro hospital e eu já fui aceita. Estou só esperando a papelada sair para me mudar. – A loira boquiabriu-se. – Agora serão só Leo e você. E não desperdicem essa oportunidade! Vocês se amam e têm tudo para dar certo! Eu fiz minha parte, agora é com vocês, okay?

Yasmin concordou com a cabeça e Rachel se levantou pegando o prontuário da loira. Antes de sair, ela exclamou:

— Obrigada, doutora! – Rachel se virou surpresa. – Por salvar minha vida e por abrir a minha mente.

Rachel sorriu verdadeiramente.

— Por nada.

—_________________________________________________________

— Entregue isso no quarto 319, por favor. – Leo pediu para uma interna do primeiro ano. – Deixe nas mãos dela ou na mesa se a paciente estiver dormindo... Mas em algum lugar visível.

Leo depositou a carta nas mãos da menina que assentiu rapidamente às recomendações do mais velho.

—_________________________________________________________

O moreno entrou na sala dos residentes e tirou seu jaleco. Colocou um casaco mais pesado, pois já fazia frio em Londres, e saiu do hospital St. Mungus em direção à casa de seus pais. Seu coração se esquentou ao saber que sua mãe, seu pai e sua irmã, Laís, estariam lá.

Bateu na porta da casa deles e uma senhora gentil de cabelo bem preto e olhos claros abriu a porta.

— Meu querido! – ela o abraçou. Como era baixinha, encostou sua cabeça no ombro do filho. – Como você está, meu amor?

Leo sorriu verdadeiramente para a mulher e respondeu:

— Estou bem, mamãe! Cadê o pai e a Lala?

— Garotão? – seu pai perguntou saindo do quarto e indo em direção ao filho na sala. – Como você está?

— LEO!!! – uma menina morena fofa, sorridente e pulante atravessou a casa inteira correndo e abraçou seu irmão tão forte que o derrubou no sofá.

— Meu Deus, Lala, você um dia vai me matar com seus abraços!

— Eu vou te matar de amor, querido irmãozinho! – ela o apertou mais forte.

Seus pais riram com a cena.

— Quem mandou ficar quinze dias sem aparecer, menino? – sua mãe brincou.

Todos se sentaram no sofá da sala.

— Eu preciso contar algo a vocês...

Leo então começou a desabafar sobre tudo que tinha acontecido na sua vida nos últimos tempos. Tudo que ocorrera com Yasmin – sem esconder nenhum detalhe –, tudo que tinha acontecido no hospital e sobre o acidente da loira. Leo não poupou palavras e enquanto as reproduzia sua família estava bem atenta a tudo que ele dizia.

No final da história, Laís tinha lágrimas nos olho por tudo que havia ouvido.

— Nossa, Leo... Eu nem imagino como você deve estar! – ela exclamou. – Mas pensa pelo lado da Yasmin... Ela teve um relacionamento horrível no passado! Deve ter ficado traumatizada com isso. Por isso que ela foi tão dura em nem te dar uma chance de explicar tudo.

— Eu sei – Leo concordou cabisbaixo.

— E, pelo que você disse, a família dela deve ser muito protetora – seu pai continuou a linha de raciocínio. – Eles devem ter falado para Yasmin se afastar para não sofrer mais. Imagina só se eu descobrisse que tudo isso acontecera com Laís com um ex-namorado? Eu acho que morreria só de ouvir a confissão dela!

A mãe de Leo concordou movimentando a cabeça. Leonardo olhou para Laís e pensou que se algo daquela dimensão ocorresse com sua irmãzinha ele estava disposto a matar e morrer. Uma covardia pressionar uma mulher a fazer algo. Uma covardia tratar uma mulher daquele jeito que Yasmin fora tratada.

— Eu acho que ela é uma garota muito especial, Leo – sua mãe disse olhando em seus olhos. – Acho que ela vale a pena. E daí que o destino pregou um monte de peças em vocês? Pelo que você disse ela não é qualquer uma. Mas você que tem que ver, amorzinho. A Yasmin é alguém por quem você sente vontade de estar e nunca mais sair de seu lado?

“Sim” – Leo pensou instantaneamente. Até mesmo se assustou com a velocidade de seus pensamentos.

— Mãe, pensa em uma garota com o coração bom. É ela! A Yasmin é tão boa que se prontificou em sofrer nas mãos daqueles idiotas no lugar de uma criancinha de três anos. – Sua mãe assentiu fitando-o intensamente. – Pai, você tem ideia do que é isso? Uma professora que começou a trabalhar recentemente em uma escolinha se sacrificar por uma criança! Eu não sei o que tem nessa menina, mas é algo muito especial. Tenho certeza de que ela por dentro estava morrendo de medo, mas não ia suportar nem por um instante ver a menininha sofrer o que ela sofreu.

— E como a Yasmin está, filhão? – seu pai perguntou preocupado.

— Bem. Mas o meu chefe não me deixa vê-la e acho que os pais dela querem me ver bem longe.

Laís então se levantou e disse:

— Então se imponha, Leonardo! – O moreno se assustou com a atitude repentina da garota. – Se você quer ficar com lado de Yasmin fale isso para os pais dela. Seja aberto. Diga que não importa o que aconteça você quer ficar sim com ela. Explique o mal entendido, seja firme! Não deixe que um monte de gente te diga o que fazer. Eu vou voltar para Hogwarts amanhã e espero que receba uma carta dizendo que você e Yasmin viveram felizes para sempre.

Leo riu com a atitude da irmã e a abraçou.

— Ô, meu amor, estava com tantas saudades.

A família inteira explodiu em uma gargalhada. Passaram a noite jantando e conversando sobre amenidades. Leo sentira falta de toda essa confusão. Nunca mais deixaria essa união de lado.

—_________________________________________________________

“Boa tarde, Yas!

Te desejo uma ótima recuperação de agora em diante. Espero que quando estiver bem possamos conversar.

Fiquei muito preocupado! Principalmente porque você é tão radiante que não merece ter seu brilho ofuscado por um quarto monótono de hospital. Independente do que acontecer de agora em diante, saiba que te admiro muito e que uma certa professora loirinha nunca vai sair dos meus pensamentos.

Foi você que dominou meus pensamentos nos últimos meses. Mais precisamente, desde que te conheci.

Fica bem logo, tá?

Beijos. L.C”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reaprendendo a amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.