O menino que sobreviveu e a protegida. escrita por Tonks Lupin


Capítulo 3
O menino que sobrevivel


Notas iniciais do capítulo

Voltei.
Espero que gostem.



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—O menino que sobreviveu.
— O menino que sobreviveu – Sirius disse pensativo – o que isso significa?
— Provavelmente que passou por algum tipo de provação e resistiu. – Frank disse olhando para o livro confuso.
— Só saberemos o que aconteceu lendo. – Lily disse impaciente e pediu a Remo que começasse.
O Sr. e a Sra. Dursley,
— Conheço um Dursley. – Lily disse confusa, se fosse o mesmo Dursley, o que ele estaria fazendo ali?
— Quem é? – James perguntou querendo saber o que uma pessoa que Lily conhece estava fazendo no livro que tinha o nome de um Potter. Mas Lily não respondeu apenas acenou para Remo continuar lendo.
da Rua dos Alfeneiros, nº 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.
Lily pensou que aquela descrição se parecia extremamente com o Dursley que ela conhecia, mas não fez qualquer comentário.
O Sr. Dursley era Diretor de uma firma chamada Grunnings, fazia perfurações.
— E o que são perfurações? – Alice que havia nascido em uma família de bruxos perguntou. Remus, Sirius e Frank acenaram que também não haviam entendido.
— Eles basicamente fazem furos gigantes no solo com algo chamado broca. – Lily disse o que sabia sobre o assunto, que não era muito.
— Continuo sem entender por que eles fazem isso. – Sirius disse dando de ombros e indicando que Remo podia voltar a ler.
Era um homem alto e corpulento quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes. A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos.
Aquela descrição fez Lily achar a mulher ainda mais familiar. A garota estava com medo que aquela pessoa fosse quem ela pensava ser.
Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo.
Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior receio era que alguém o descobrisse. Achavam que não iriam aguentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.
— E qual o problema com os Potter? – Sirius perguntou olhando para o livro com raiva. Os pais de James haviam praticamente adotado Sirius desde que ele fugiu de casa.
Lily ficou confusa, se aquela mulher era realmente quem ela pensava ser o que tinha a ver com os Potter?
A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley,
Lily arfou quando percebeu o que aquilo significava. Se a senhora Dursley era Petúnia, então ela seria a senhora Potter, Tuney tinha apenas uma irmã.
— O que foi Lily? – Severo perguntou preocupado com sua amiga.
— Tuney. – Lily disse sem pensar.
— Você acha que essa senhora Dursley é Petúnia? – Severo perguntou sentindo-se incomodado, se Lily estivesse certa e Tuney realmente fosse a senhora Dursley, Lily teria se casado com o irritante do Potter.
— Não estou entendendo nada. – Sirius disse observando a cara de espanto de Severo e Lily.
— Lily tem uma irmã. – Marlene disse para os garotos – A irmã dela se chama Petúnia, e pelo visto ela é a Sra. Dursley.
— Isso quer disser que Evans é a senhora Potter? – James perguntou dando a Lily um sorriso maroto.
— Por favor Remo, – Lily disse ignorando James – continue lendo.
mas não se viam há muitos anos, na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque esta e o marido imprestável eram o que havia de menos parecido possível com os Dursley. Eles estremeciam só de pensar o que os vizinhos iriam dizer se os Potter aparecessem na rua.
— Definitivamente Tuney – Severo disse levando a mão à têmpora. Lily suspirou ao deparar-se com a realidade. Ela já vinha pensando em dar uma chance a Potter, ele havia mudado muito nos últimos tempos, não estava mais enfeitiçando pessoas sem qualquer motivo, nem saindo com qualquer garota que aparecesse, mas havia pensado apenas em ir a Hogsmead com ele, e não em se casar.
— Evans, parece que você finalmente aceitou sair com James. – Sirius disse rindo da cara de Snape.
— Se vamos nos casar de qualquer forma, – James disse olhando diretamente para Lily – por que não começamos a nos tratar pelo primeiro nome, Lily?
Lily deu de ombros, queria entender melhor o que estava acontecendo antes de tomar qualquer tipo de decisão.
Os Dursley sabiam que os Potter tinham dois filhinhos também,um menino e uma menina, mas nunca os tinham visto. O garoto e a garota era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com crianças daquelas.
— Você não só se casou com James – Alice disse encarando Lily surpresa, eram amigas há muito tempo e Alice sabia que Lily andava pensando em dar uma chance a ele. – como teve filhos com ele.
Lily ainda não conseguia entender o que estava acontecendo, quanto tempo no futuro aquilo estava acontecendo? Tuney e o Dursley estavam noivos, e ela nem ao menos namorava James, e de repente as duas eram mulheres casadas e com filhos.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona e cinzenta em que a nossa história começa não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto lutava para encaixar um Duda aos berros na cadeirinha alta.
Nenhum deles reparou em uma coruja parda que passou, batendo as asas, pela janela.
Todos se entreolharam intrigados, por que uma coruja estava voando tão baixo em um subúrbio trouxa.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque na hora Duda estava tendo um acesso de raiva e atirava o cereal nas paredes.
— Pestinha — disse rindo contrafeito o Sr. Dursley ao sair de casa.
— E ele acha isso bonito? – Alice perguntou sem entender por que um pai riria ao presenciar um acesso de raiva.
Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho ocorria: um gato lia um mapa.
— McGonagall? – James disse encarando o livro ainda mais confuso.
— Você não tem como saber se é mesmo Minerva. – Lily disse olhando para James sem entender de onde ele havia tirado que aquele gato era a professora.
— É ela. – o garoto disse determinado – Tenho certeza.
Lily revirou os olhos, não podia ser McGonagall, James não podia simplesmente adivinhar que um gato em um livro era a professora.
Por um instante o Sr. Dursley não percebeu o que vira — em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarelas, sentado na esquina da Rua dos Alfeneiros, mas não havia nenhum mapa à vista. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido um efeito da luz. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Alfeneiros — não, não estava olhando a placa: gatos não podiam ler mapas nem placas.
— Se for um animago pode sim. – Sirius disse concordando com James– Definitivamente McGonagall.
O Sr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento. Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de brocas que tinha esperanças de receber naquele dia, mas ao sair da cidade, as brocas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no costumeiro engarrafamento matinal, não pode deixar de notar que havia uma quantidade de gente estranhamente vestida andando pelas ruas. Gente com capas largas.
— Não consigo entender por que as pessoas estão se expondo desse jeito, algo muito grande tem que ter acontecido para estarem ignorando o estatuto de sigilo. – Frank disse tendo certeza de que aquelas pessoas com capas eram bruxos.
O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas — os trapos que se viam nos jovens! Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota. Tamborilou os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de excêntricos parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens, ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda! Que petulância! Mas então ocorreu ao Sr. Dursley que se tratava prova de alguma promoção boba — essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... É, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Grunnings, o pensamento de volta às brocas.
O Sr. Dursley sempre sentava de costas para a parede em seu escritório no nono andar. Se não o fizesse, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em brocas aquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem, elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de corujas passava no alto.
Severo teve que concordar com Frank, aquele comportamento não era normal. Algo grande havia acontecido.
A maioria jamais vira uma mesmo à noite. O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco. Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria defronte.
— Que manhã maravilhosa, não é? – Sirius disse irônico – Gritar com as pessoas realmente me deixa de bom humor. – Sirius completou e todos concordaram.
Esquecera completamente as pessoas de capas até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas na volta, levando uma grande rosca açucarada que entreouviu algumas palavras do que diziam.
— Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
— É, o filho deles, Harry...
— Isso é realmente bizarro, – James disse olhando para o livro temeroso – por que pessoas estranhas na rua estão falando da minha família?
— Acho que só saberemos se continuarmos lendo. – Remo disse para o amigo receoso.
O Sr. Dursley parou de repente. O medo invadiu-o. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor. Atravessou a rua depressa, correu para o escritório, disse rispidamente à secretária que não o incomodasse, agarrou o telefone e quase terminara de discar o número de casa quando mudou de ideia. Colocou o telefone no gancho e alisou os bigodes pensando... Não, estava agindo como um idiota. Potter não era um nome tão fora do comum assim.
— No mundo bruxo é sim. – James comentou revirando os olhos – Somos os únicos Potter. – Ele completou com orgulho passando a mão pelos cabelos. Aquela mania realmente irritava Lily, fez com que ela revirasse os olhos.
Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com um filho chamado Harry uma filha chamada Aria. Pensando bem nem sequer tinha certeza de que os sobrinhos tivessem o nome de Aria e Harry. Jamais viu o menino ou a menina. Talvez fosse Ernesto e Agata. Ou Eduardo e Fernanda.
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à simples menção da irmã.
Lily bufou para a irmã, estava cansada de sentir-se como um inseto nojento toda vez que encontrava Tuney.
Não a culpava — se ele tivesse uma irmã como aquela...
— Eu adoraria ter uma irmã como você Lily. – Alice disse categórica ao ver como Lily estava triste.Marlene assentiu concordando.
— Eu adoraria que você fizesse parte da minha família. – James disse olhando para a garota, carinhoso – Lily.
Severo trincou os dentes, não queria assistir aquilo, não queria ver Potter e Lily se dando bem.
— Obrigada Alice. – Lily disse e deu um meio sorriso para a amiga. – Obrigada Po... James. – disse dando o braço a torcer, afinal se iriam se casar como o livro dava a entender, deviam ao menos se tratar pelo primeiro nome, como o menino havia dito.
Mas mesmo assim aquelas pessoas de capas.
Achou bem mais difícil se concentrar nas brocas aquela tarde e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um encontrão em alguém parado ali à porta.
— Desculpe — murmurou, quando o velhinho cambaleou e quase caiu. Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrário, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz esganiçada que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, caro senhor, porque nada poderia me aborrecer hoje! Alegre-se! Porque o Você-Sabe-Quem finalmente foi-se embora! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!
— Voldemort foi embora? – Remo disse entre confuso e animado – Como assim foi embora?
— O que isso significa? – Frank disse também confuso.
— Continue! – Alice disse animada – Quero saber o que aconteceu!
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho. E também achava que fora chamado de trouxa, o que quer que isso quisesse dizer. Estava abalado. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperara que fizesse, porque não aprovava a imaginação.
Quando entrou no estacionamento do numero quatro, a primeira coisa que viu — e isso não melhorou o seu estado de espírito, — foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.
— Minerva. – Sirius disse terminante
— Você não pode ter tanta certeza. – Frank disse olhando para o amigo duvidoso.
— Ah, ele pode. – Remo disse rindo – James e Sirius já passaram mais tempo com Minerva do que todos nós juntos, eles com certeza a conhecem em todas as formas possíveis.
— Animagos se transformam em animais específicos, Minerva se transforma em um gato. – Sirius disse com simplicidade.
— E tem características únicas. – James disse dando de ombros – Minerva tem marcas ao redor dos olhos, exatamente como os óculos que ela usa.
— Como vocês podem saber tudo isso? – Lily perguntou desconfiada.
— Eles são os melhores alunos de transfiguração. – Frank disse como se isso fosse obvio.
— Eu sempre me esqueço de que vocês são bons alunos. – Alice disse rindo.
Lily encarou o garoto que ria com os amigos, ela também sempre se esquecia de que James e Sirius eram os melhores alunos da escola.
Chispa! — disse o Sr. Dursley em voz alta.
O gato não se mexeu. Apenas lançou lhe um olhar severo.
— Há. Até eu acho que é McGonagall agora. – Alice disse rindo, olhares severos eram a especialidade da professora.
Será que isto era um comportamento normal para um gato, pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a então não comentar nada com a esposa.
A Sra. Dursley tivera um dia normal e agradável. Contou-lhe durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha e ainda que Duda aprendera uma palavra nova (Nunca). O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno.
“E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem a noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram vistos hoje voando em todas as direções desde o alvorecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono.”
O locutor se permitiu um sorriso.
“Muito misterioso. E agora, com Jorge Mendes, o nosso boletim meteorológico. “Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, Jorge?”
"Bom, Eduardo”, disse o meteorologista, “não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas que se comportaram de modo estranho hoje, ouvintes de todo o pais têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles tem tido chuvas de estrelas! Talvez alguém ande festejando a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa".
— Se Voldemort realmente foi embora podemos até entender por que as pessoas estão comemorando. – Frank disse pensativo – Mas estão sendo descuidados demais.
— Desse jeito os trouxas vão acabar descobrindo sobre nós. – Alice disse concordando com o namorado.
Severo, Regulo e Lucio ainda estava confuso, o Lord das Trevas era poderoso, tinham poderes inimagináveis, o que poderia fazer com que ele fosse embora?
O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país? Corujas voando durante o dia? Gente misteriosa capas por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...
— Se até esse paspalho notou alguma coisa estamos realmente em perigo de ser descobertos. – Lupim disse rindo.
A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá.
Não adiantava. Teria que lhe dizer alguma coisa. Pigarreou nervoso.
— Hum, hum, Petúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã ultimamente?
Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu chocada e aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã.
Lily suspirou infeliz, sua irmã costumava ser sua melhor amiga antes de entrar em Hogwarts, e agora nem ao menos gostava de lembrar que tinha uma irmã.
— Não. — respondeu ela, seca. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley — Corujas... Estrelas cadentes e vi uma porção de gente de aparência estranha na cidade hoje...
— E dai? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei, talvez, tivesse alguma ligação com... Sabe... O pessoal dela.
A Sra. Dursley bebericou o chá com os lábios contraídos. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de lhe contar que ouvira o nome "Potter". Decidiu que não. Em vez disso, falou com a voz mais displicente que pode:
— Os filhos deles, teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda seca.
— Como é mesmo o nome deles? Ernesto e Fernanda, não é?
— Harry e Aria. Dois nomes feios e vulgares se quer saber minha opinião.
— Muito melhor do que Dudley. – Lily comentou desgostosa e recebeu murmúrios de concordância de todos os presentes.
— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — E, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar.
Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, o Sr. Dursley foi devagarzinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da Rua dos Alfeneiros como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas. Será que tudo isto teria ligação com os Potter? Tinha-se... Se transpirasse que eram aparentados como um casal de... Bem ele achava que não aguentaria.
— Eu que não aguentaria se alguém descobrisse que sou aparentada a vocês. – Lily disse revoltada.
Os Dursley se deitaram. A Sra. Dursley, adormeceu logo, mas o Sr. Dursley continuou acordado pensando no que acontecera. Seu último consolo antes de adormecer foi pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia... Não via como ele e Petúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderia afetá-los...
— Eu também não entendo o que essa história pode ter a ver com eles. – Remo murmurou encarando o livro.
Como estava enganado.
— Meu medo era que ele estivesse enganado. – James disse nervoso. – Isso é um tanto estranho, não? Esse livro tem o nome, ao que parece, do meu filho, então por que ele começa falando desses trouxas, só por que eles são parentes da Lily, duvido muito que esse seja o motivo... – Severo não queria concordar com Potter, mas estava pensando exatamente o mesmo, se o livro era sobre um garoto chamado Harry Potter o que tinha a ver com Tuney e sua família?
— Isso sem contar que o nome do capitulo é: o menino que sobreviveu. – Frank disse pensativo – Deve acontecer alguma coisa grave antes do capitulo acabar.
O Sr. Dursley talvez estivesse mergulhando em um sono inquieto, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da Rua dos Alfeneiros. E nem sequer estremeceu quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas mergulharam do alto. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
— Nenhum gato passaria tanto tempo parado em um muro imóvel. – Frank disse reconhecendo que os marotos deveriam estar certo. – Deve ser McGonagall mesmo.
Um homem apareceu na esquina que o gato estivera vigiando.
Apareceu tão súbita e silenciosamente que se poderia pensar que tivesse saído do chão. O rabo do gato mexeu ligeiramente e seus olhos se estreitaram.
Ninguém jamais vislumbrara nada parecido com este homem na Rua dos Alfeneiros. Era alto, magro e muito velho a julgar pelo prateado dos seus cabelos e de sua barba, suficientemente longos para prender no cinto. Usava vestes longas, uma capa púrpura que arrastava pelo chão e botas com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes por trás dos óculos em meia-lua e o nariz, muito comprido e torto, como se o tivesse quebrado pelo menos duas vezes.
— Definitivamente Dumbledore. – Lily disse se animando com a perspectiva de ter algumas explicações.
O nome dele era Alvo Dumbledore.
Alvo Dumbledore não parecia ter consciência de que acabara numa rua onde tudo desde o seu nome às suas botas era malvisto.
Estava ocupado apalpando a capa, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque ergueu a cabeça de repente para o gato, que continuava a fitá-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha e murmurou:
— Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa, parecia um isqueiro de prata. Abriu-o, ergueu-o no ar e ascendeu. O lampião de rua mais próximo apagou-se com um estalido seco. Ele fez de novo — o lampião seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o "desiluminador", até que as únicas luzes acesas na rua eram dois pontinhos minúsculos ao longe, os olhos do gato que os vigiava.
— Um desses seria muito útil. – Sirius disse maroto e recebeu acenos de concordância de James e Remo.
Se alguém espiasse pela janela agora, até a Sra. Dursley, de olhos de contas, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Dumbledore tornou a guardar o "desiluminador" na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho, mas, passado algum tempo, dirigiu-se a ele.
— Imaginava encontrar a senhora aqui, Professora Minerva McGonagall.
— Eu falei que seria Minerva. – James disse convencido e passou a mão pelos cabelos bagunçando-os. Severo revirou os olhos para o garoto, como podia ser tão metido?
E virou-se para sorrir para o gato, mas este desaparecera. Ao invés dele, viu-se sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Trazia os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora, nunca vi um gato se sentar tão duro.
— O senhor estaria duro se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Professora Minerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez festas e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cautelosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Foi até noticiado no telejornal — Ela indicou com a cabeça a sala às escuras dos Dursley. — Eu ouvi... Bandos de corujas... Estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa.
— Trouxas não são idiotas. – Lily disse ofendida.
— Ela não quis dizer isso. – Sirius disse defendendo sua professora favorita. – Os trouxas são meio cegos, eles não enxergam a magia nas coisas, ela estava apenas se referindo a isso. – Lily deu de ombros sem se convencer, não gostava que falassem mal de trouxas perto dela. Toda a sua família era trouxa.
— Estrelas cadentes em Kent, aposto que foi coisa de Dédalo Diggle. Ele nunca teve muito juízo. Você não pode culpá-los — ponderou Dumbledore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
— Onze anos? – Sirius perguntou-se espantado. – Então isso está acontecendo daqui a quatro anos?
— Parece que sim. – Remo disse fazendo as contas na cabeça. – Exatamente isso, Voldemort começou a ficar poderoso e temido em 1970. Então isso está acontecendo em 1981...
— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para perdermos a cabeça. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem as ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
De esguelha, lançou um olhar atento a Dumbledore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Dumbledore?
— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
— Sorvete de limão? – Sirius disse rindo no que foi acompanhado por quase todos ali. Regulo olhava para o livro curioso, não entendia o que estava fazendo ali, mas tentaria ajudar o Lord das Trevas a não cair.
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. E uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito.
— Não, obrigada — disse a Professora Minerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia sorvetes de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem, há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome que recebeu: Voldemort — A professora franziu a cara, mas Dumbledore, que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não reparar — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer "Você-Sabe-Quem". Nunca vi nenhuma razão para ter medo de dizer o nome de Voldemort.
— Sei que não vê — disse a professora parecendo meio exasperada, meio admirada. — Mas você é diferente... Todo o mundo sabe que você é o único de quem Você-Sabe... Ah está bem, de quem Voldemort tem medo.
— Isto é um elogio — disse Dumbledore calmamente. — Voldemort tinha poderes que nunca tive.
— Só por que é digno demais para usa-los. – Marlene disse definitiva e recebeu murmúrios de concordância da maioria dos presentes.
— Só porque você é muito... Bem... Nobre para usá-los.
— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Pomfrey me disse que gostava dos meus abafadores de orelhas novos.
— Nós realmente não precisávamos saber disso. – Lupim disse rindo.
A Professora Minerva lançou um olhar severo a Dumbledore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm que todos estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve?
Aparentemente a Professora Minerva chegara ao ponto que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual estivera esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela fixara antes um olhar tão penetrante em Dumbledore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que "todos" estavam dizendo, ela não iria acreditar até que Dumbledore confirmasse ser verdade. Dumbledore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.
— O que estão dizendo — continuou ela — é que a noite passada Voldemort apareceu em Godric's Hollow. Foi procurar os Potter. O boato é que Lílian e James Potter estão...
— O que foi? – Alice perguntou a Remo que havia parado de ler e encarava James com lágrimas nos olhos. – O que aconteceu com a Lily e com o James? – Sirius que estava ao lado de Remo esticou o pescoço e leu as próximas palavras do livro. A expressão de Sirius era de pura dor.
Lily encarou os dois marotos curiosa se perguntando o que de tão ruim poderia ter acontecido para ambos estarem em tal estado de choque olhando para James. A agonia no rosto de Sirius era quase tangível.
— Remo. – James chamou o amigo com calma. – Pode continuar, por favor?
Sirius escondeu o rosto entre as mãos antes de Remo continuar.James não disse qualquer coisa, mas sentiu o amigo soluçar.
Estão mortos.
Alice gemeu e seus olhos encheram-se de lágrimas olhando para a amiga. Severo sentiu o corpo todo tremer, Lily não podia estar morta. James arfou finalmente entendendo o que havia acontecido com Sirius. Lily estava chocada, olhou para James o e algo na expressão do garoto a acalmou instantaneamente. James estava olhando para o vazio e tinha uma mão no ombro de Sirius consolando-o.
Lily levantou-se do sofá e aproximou-se de James. Os olhos dele encontraram os dela e ele sabia que apenas ela poderia entender o que ele estava sentindo. Estavam mortos, iriam morrer cedo, não teriam oportunidade de ver seu filho crescer. Lily estendeu a mão ao maroto que a encarou assustado antes de pegar a mão que ela lhe oferecia. A garota olhou para Sirius que ainda soluçava e para Remo que tinha lágrimas nos olhos. Os amigos realmente amavam James, ninguém poderia duvidar disso.
— Vai ficar tudo bem. – James sussurrou para Sirius que não parava de soluçar, Lily achou essa atitude tão bonita que puxou o maroto pela mão e lhe deu um abraço forte.
— Sim, vai ficar tudo bem. – A menina disse no ouvido do maroto. Alice que estava chorando no colo de Frank observou como Lily abraçava o maroto. Não acreditava que os dois morreriam tão jovens.
Sirius levantou a cabeça quando percebeu que James não estava mais ao seu lado, o vazio que sentiu no peito no momento em que soube da morte do amigo aumentou um pouco ao perceber que perderia também Lily, nunca foram amigos, mas James estava sempre atrás da garota e Sirius se acostumou com ela. Remo sentiu-se um pouco mais calmo ao saber que os últimos anos da vida de seu amigo seriam com a mulher que ele realmente ama.
Severo estava decidido, depois que o choque de saber da morte de Lily passou veio a ele a compreensão, ele mudaria esse destino, ele mudaria tudo, Lily não precisava morrer, e não precisava casar-se com Potter, ele faria tudo que pudesse para impedir que acontecesse.
— Podemos mudar isso. – Sirius disse levantando-se e encarando James e Lily com ansiedade. – Não vou deixar que vocês morram. – Sirius disse e foi incluído no abraço por Lily.
— Remo, – Lily disse voltando para o seu lugar com lágrimas nos olhos – pode continuar, por favor?
Dumbledore fez que sim com a cabeça. A Professora Minerva perdeu o fôlego.
— Lílian e James... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Alvo.
Dumbledore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha no ombro.
— Eu sei... Eu sei... — disse deprimido.
A voz da Professora Minerva tremeu ao prosseguir:
— E não é só isso estão dizendo que ele tentou matar o filho dos Potter, Harry. Mas... Não conseguiu. Não conseguiu matar o garotinho. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Harry Potter, por alguma razão, o poder de Voldemort desapareceu e é por isso que ele foi embora.
— O que? – Regulo manifestou-se pela primeira vez – Como ele não conseguiu matar um bebê indefeso depois de acabar com vários bruxos poderosos.
Todos olharam para Regulo, haviam esquecido que o garoto estava ali com eles. Sirius, James e Remo trincaram os dentes, o seboso devia estar feliz com a morte de James.
— Você não está pulando de alegria? – Sirius disse levantando-se com raiva com a varinha em punho. – Seu querido Lord matou seu maior inimigo, imagino se não foi você quem foi pedir isso a ele!
— Sirius! – Alice gritou quando a varinha de Sirius começou a soltar faíscas vermelhas – Prometemos a Dumbledore não atacar ninguém. Acalme-se.
Sirius sentou-se ainda com a varinha em punho, a dor que sentia de ouvir que seu irmão de coração estava morto havia se transformado em raiva.
— Sirius, o que ele disse ainda assim faz sentido. – Frank disse tentando não irritar Sirius, – Como ele não conseguiu matar um bebê, depois de matar Tiago e Lily?
— Meu filho então é o menino que sobreviveu. – Lily disse em choque, não havia se acostumado ainda a pensar que namoraria Tiago um dia, e agora já tinha que pensar em seu filho. Severo ficou com raiva, Lily parecia estar aceitando com muita facilidade que teria um futuro com Potter.
Dumbledore concordou com a cabeça, sério.
— É verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... Todas as pessoas que matou... Não conseguiu matar um garotinho? É simplesmente espantoso... De tudo que poderia detê-lo... Mas, por Deus, como foi que Harry e Aria sobreviveram?
— Só podemos imaginar — disse Dumbledore. — Talvez nunca cheguemos a saber.
A Professora Minerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos. Dumbledore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho.
Tinha doze ponteiros, mas nenhum número, em vez deles pequenos planetas giravam à volta.
Mas, devia fazer sentido para Dumbledore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Hagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não em outro lugar.
— Eu também gostaria de saber. – Lily disse nervosa, estava morta e seus filhos estavam sozinhos no mundo, o que Dumbledore estava fazendo em frente à casa de sua irmã?
— Vim trazer Harry e Aria para tio e a tia. Eles são a única família que lhes restam.
— Não! – Lily arfou – Dumbledore não pode deixa-lo ali, Tuney vai trata-los mal.
— Eu vou matar a sua irmã se ela fizer algo ao meus filhos! – James disse raivoso. Lily olhou para James e percebeu que ele estava preocupado de verdade com o futuro dos filhos deles. Filhos deles, Lily pensou em choque, todo esse livro era sobre o filhos deles.
— Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui? — exclamou a Professora Minerva, pulando de pé e apontando para o número quatro — Dumbledore você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Harry e Aria Potter não pode vir morar aqui!
— É o melhor lugar para eles — disse Dumbledore com firmeza. — os tios poderão lhe explicar tudo quando eles forem mais velhos, escrevi-lhes uma carta.
— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente Dumbledore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-los! Eles vam ser famosos, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Dumbledore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. — Isto seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino. Famoso antes mesmo de saber andar. Famoso por alguma coisa que ele nem vai se lembrar! Veja que ele estará muito melhor se crescer longe de tudo isso e tenha capacidade de compreender?
— Dumbledore está certo nisso – Lily disse ainda temerosa – mas ele podia escondê-los de tudo em algum lugar melhor, onde eles não seriam maltratados, onde eles seriam amados.
— Por que Dumbledore não deixa Harry e Aria com vocês? – Tiago perguntou olhando para Sirius e Remo, – Tenho certeza de que um de vcs é o padrinho deles.
— Não sei, mas tenho certeza de que se eu não fiquei com eles imediatamente, devo ter conseguido ficar com eles depois... – Sirius disse confuso, também não entendia por que Harry e Aria tinha que ficar com os trouxas em vez de ficar com ele.
A professora abriu a boca, mudou de ideia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo é claro. Mas como é que os garotos vam chegar aqui, Dumbledore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se lhe ocorresse que talvez escondesse os bebes ali.
— Hagrid vai trazê-los.
— Você acha que é sensato confiar a Hagrid uma tarefa importante como essa?
— Hagrid pode até ser um pouco desajeitado – james disse encarando o livro – mas eu confiaria minha vida a ele.
Lily sorriu consigo mesma. James realmente era diferente do que ela pensava.
— Eu confiaria a Hagrid minha vida — respondeu Dumbledore.
— Não estou dizendo que ele não tenha o coração no lugar — concedeu a professora de má vontade — mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que tem uma tendência a... Que foi isso?
Um ronco discreto quebrara o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de farol de carro, o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu — e uma enorme motocicleta caiu do ar e parou na rua diante deles.
Sirius olhou para o livro encantado, ele era fascinado por motocicletas.
— O que ele tem? – Marlene perguntou a Lupim.
— Ele tem fascinação por motocicletas. – Lupim disse sorrindo bondoso para o melhor amigo.
— Adoraria ter uma moto voadora! – Sirius disse sorrindo.
Snape revirou os olhos, tudo aquilo era uma idiotice.
Se a motocicleta era enorme, não era nada comparada ao homem que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão selvagem — emaranhados de barba e cabelos negros longos e grossos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes de golfinhos. Em seus braços imensos e musculosos ele segurava um embrulho de cobertores.
— Hagrid — exclamou Dumbledore, parecendo aliviado — Finalmente. E onde foi que arranjou a moto?
— Pedi emprestada, Professor Dumbledore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da moto ao falar — O jovem Sirius me emprestou. Trouxe ele, professor.
— É minha! – Sirius gritou feliz – Eu emprestei a Hagrid, é minha moto!
James sorriu para o amigo, pelo menos haviam descoberto algo de bom.
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-loa inteiroa antes que os trouxas invadissem o lugar. Ela dormiu quando estivemos sobrevoando Bristol ele por outro lado nem prego o olho.
Dumbledore e a Professora Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia uma menininha que dormia a sono solto e um menininho que lhes encaravam com enteresse e curiosidade. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.
— Foi aí que...? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Dumbledore.— Ficará com a cicatriz para sempre.
— Será que você não poderia dar um jeito, Dumbledore?
— Mesmo que pudesse, eu não o faria. As cicatrizes podem vir a ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do metrô de Londres. Bem, me dê ele aqui, Hagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Dumbledore recebeu Harry e Aria nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... Podia me despedir deles, professor? — perguntou Hagrid. Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Harry e Aria e lhes deu o que deve ter sido um beijo muito áspero e peludo. Depois, sem aviso, Hagrid soltou um uivo como o de um cachorro ferido.
— Parece que Hagrid realmente ama Harry e Aria. – Alice disse sorrindo pro meio gigante ainda com lágrimas nos olhos.
— Psiu! — sibilou a Professora Minerva — Você vai acordar os trouxas!
— Desculpe — soluçou Hagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas nã... Nã... Não consigo suportar, Lílian e Tiago mortos, e os coitadinhos do Harry e da Aria ter de viver com os trouxas...
— É, é muito triste, mas controle-se, Hagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Hagrid enquanto Dumbledore saltava a mureta de pedra e se dirigia à porta da frente,fez um pequeno gesto com a varinha em vouta do Harry,que na hora pegou no sono. Depositou os bebes com a carta e em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho, os ombros de Hagrid sacudiram, os olhos da Professora Minerva piscaram loucamente e a luz cintilante que sempre brilhava nos olhos de Dumbledore parecia ter-se extinguido.
— Todos parecem realmente tristes. – Frank disse olhando para James condolente.
— Bem — disse Dumbledore finalmente — acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Hagrid com a voz muito abafada. — Vou devolver a moto de Sirius. Boa noite, Professora Minerva, Professor Dumbledore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Hagrid montou na moto e acionou o motor com um pontapé, com um rugido ela levantou voo e desapareceu na noite.
— Nos veremos em breve, espero, Professora Minerva — falou Dumbledore, com um aceno da cabeça. A Professora Minerva assou o nariz em resposta.
Dumbledore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o desiluminador. Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos lampiões de modo que a Rua dos Alfeneiros de repente iluminou-se com uma claridade laranja e ele divisou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulhinho de cobertores no batente do número quatro.
— Boa sorte, pequenos — murmurou ele. Girou nos calcanhares e, com um movimento da capa, desapareceu.
— Como ele pode deixar eles ali sozinhos? – Lily perguntou sem conseguir conter as lágrimas. James levantou-se e sentou-se ao lado de Lily no sofá. Lily olhou para o garoto e ele pensou que ela o mandaria sair dali, mas Lily apenas segurou sua mão com força.
Uma brisa arrepiou as cercas bem cuidadas da Rua dos Alfeneiros, silenciosas e quietas sob o negror do céu, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Harry Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar e abraçou sua irman,que tambem movel sua mãozinha agarrou a carta ao lado, mas eles continuaram a dormir, sem saber que eram especial, sem saber que eram famosos, sem saber que iriam acordar dentro de poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de leite do lado de fora,
— Tuney exagerada, – Lily disse revirando os olhos – são apenas bebês, não é uma bomba.
nem que passariam as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda.
Foi a vez de James trincar os dentes.
Ele não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam com vozes abafadas. — À Harry e Aria Potter , o menino que sobreviveu e sua protegida.
— Isso... – Lily disse com a voz embargada – isso é terrível. Meu pobre filhinho... – Lily começou a chorar no ombro de Tiago.
— O bilhete dizia que quando terminássemos o primeiro capítulo pessoas do futuro se uniriam a nós. – Arthu disse olhando em volta esperando pelos viajantes do tempo.
Uma luz azul surgiu na área entre os sofás e a porta. Quatro pessoas que pareciam ter uns 19 anos apareceram quando a luz desapareceu. Um garoto alto e magro,mais musculoso com cabelos negros, óculos e olhos verdes, que se parecia muito com Tiago, deu um passo à frente.
— Olá. – ele disse encarando especificamente Lily e Tiago. – Meu nome é Harry James Evans Potter, e essa é minha irmãn Aria Lilian Evans Potter.-Completou apontando pra garota do lado dele que era só uns centimetros menor com o cabelo comprido eruivo como o de Lilian e os olhos castanho escuro.
Todos os que já estavam na sala olharam para ele espantados. Esse garoto e essa garota eram os bebezinhos que haviam acabado de ser deixados na soleira da porta dos Dursley.
— Vocês acabam de ler o primeiro capítulo da nossa história, – Harry continuou olhando para os livros que se encontravam entre eles, – não é uma história feliz, mas vocês podem mudar isso. E mais do que isso, vocês podem salvar a vida de muitos inocentes que morreram na esperança de um mundo melhor.
James levantou-se do sofá onde ainda segurava a mão de Lily e adiantou-se em direção a Harry e Aria dando um forte abraço neles. Lily não resistiu e correu em direção a eles abraçando os tres com força. Aria sorriu e Harry apesar de não gosta muinto de abraços relaxou, estavam finalmente nos braços de sua família.
Os quatro se separaram alguns minutos depois, James e Aria tinham lágrimas nos olhos, Harry só sorria pros tres enquanto Lily chorava abertamente, estava feliz em saber que apesar de tudo seus filhos estavam vivos e inteiros.
— Esses são Rony Weasley e Hermione Granger. – Harry disse apresentando os amigos que ainda estavam esperando.Arthu e Molhe entreolharam-se ao ouvir o nome Weasley. Molhy levantou-se, tinha certeza de que o garoto era seu filho, foi em direção ao garoto que Harry tinha apontado como Rony e parou sem saber o que fazer. Rony adiantou-se em abraça-la, Arthu foi até eles compartilhar esse abraço.
— Sou seu padrinho? – Sirius perguntou a Harry depois de alguns segundos. Harry olhou para Sirius e sorriu, sentiu tanta falta do padrinho.
— Sim. – Harry disse com simplicidade para Sirius, Sirius abraçou-o também. Aquele era o filho de Pontas, de seu melhor amigo, um pedaço dele, muito parecido com ele.
—_E eu não vou ganhar abraço?-Perguntou Aria para Lupim,que sorrindo abraçou a menina.
— Vamos ler o próximo capítulo? – Hermione disse chamando a atenção de todos.
— Talvez devêssemos rearranjar os lugares. – Remo disse vendo que Tiago não sairia mais do lado de Lily e que Harry e Aria provavelmente iriam preferir sentar com os pais.
Rony e Hermione se sentarem-se juntos no sofá de Regulo.
— O Sirius lê o próximo capítulo então. – Remo disse entregando o livro para Sirius.
— Capítulo II – O vidro que sumiu.


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Notas finais do capítulo

Ate o proximo.



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