O menino que sobreviveu e a protegida. escrita por Tonks Lupin


Capítulo 4
O vidro que sumiu.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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— O vidro que sumiu.
— O vidro que sumiu? – Remes disse olhando para Harry – Magia acidental?
— Talvez não tão acidental assim. – Aria respondeu constrangida.
Hermione, Aria, Harry e Rony riram antes de Sirius continuar lendo.
Quase dez anos haviam se passado desde o dia em que os Dursley acordaram e encontraram o sobrinho no batente da porta, mas a Rua dos Alfeneiros não mudara praticamente nada. O sol nascia para os mesmos jardins cuidados e iluminava o número quatro de bronze à porta de entrada dos Dursley, e penetrava sorrateiro a sala de estar que continuava quase igual ao que fora na noite em o Sr. Dursley ouvira a funesta notícia sobre as corujas.
Somente as fotografias sobre o console da lareira mostravam o tempo que já passara. Dez anos antes havia uma porção de fotografias de uma coisa que parecia uma grande bola de brincar na praia, usando diferentes chapéus coloridos, mas Duda Dursley não era mais bebê, e agora as fotografias mostravam um menino grande e louro na primeira bicicleta, no carrossel de uma feira, brincando com o computador do pai, recebendo um beijo e um abraço da mãe. A sala não continha nenhuma indicação de que havia, outras crianças na casa.
— Que bom. – Lily disse satisfeita – Harry e Aria não deve mais estar lá. – Ela olhou para os filhos e sorriu.
— Eu não ficaria tão esperançosa se fosse você. – Hermione disse dando de ombros fazendo Lily ficar decepcionada.
No entanto Harry e Aria Potter continuava lá, no momento adormecidos, mas não por muito tempo. A tia deles Petúnia acordara e foi sua voz aguda que produziu o primeiro ruído do dia.
— Acordem! Levante-sem! Agora!
— É um jeito terrível de acordar crianças – Molhi disse observando Lily, Marlene e Hermione ficarem com as bochechas coradas de raiva.
— Ela é um monstro! – Lily disse com lágrimas subindo aos olhos. James segurou a mão de Lily e fez ela se sentir um pouco melhor. Snape ficou com raiva de Petúnia, estava deixando sua amiga infeliz.
Os dois acordaram assustados. A tia bateu à porta outra vez.
— Acorde! – gritou.
Eles ouviram-na caminhar em direção à cozinha e em seguida uma frigideira bater no fogão. Levantaram enquanto tentavam se lembrarem do sonho em que estava. Era um sonho gostoso. Havia uma motocicleta. Tinham a estranha sensação que já viram esse sonho antes.
— Muito boa memória. – Remo disse acenando para os dois que sorriram constrangidos.
—Mais os dois tiveram o mesmo sonho?—Perguntou Pedro.
A tia voltara à porta.
— Vocês já se levantaram? — perguntou.
— Quase — respondeu Aria.
— Bem, andem depressa.Garoto, quero que você tome conta do bacon. E não se atreva a deixá-lo queimar. Quero tudo perfeito no aniversário de Duda.
— Você tinha que cozinhar? – James perguntou revoltado – Meu filho era tratado como um elfo doméstico!
Rony percebeu que Hermione estava prestes a falar dos direitos dos elfos domésticos e do F.A.L.E e impediu que a menina começasse.
— Ela começou a me fazer cozinha quando eu tinha uns 3 anos, – Harry disse ainda mais constrangido – o pior era quando eu quebrava alguma coisa ou queimava...
James fechou a mão em punho e Lily segurou-a para acalma-lo. Sirius que também estava muito nervoso apertava o livro com força.
Aria gemeu.
— Que foi que você disse? — perguntou a tia com rispidez.
— Nada, nada...
O aniversário de Duda — como podiam ter esquecido? Harry e Aria começaram a procurar as meias.Harry encontrou-as debaixo da cama e depois de retirar uma aranha de um pé, calçaram-nas.
Rony tremeu ao ouvir a palavra aranha. Sempre se esquecia que os gemeos haviam sofrido daquela maneira.
Harry e Aria estavam acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas e era ali que eles dormiam.
— O que? – Foi a vez de Lily gritar revoltada – Minha irmã obrigava vocês a viverem em um armário sob a escada?
— Não era tão ruim... – Harry disse dando de ombros.
— Não era tão ruim? – Lily gritou com a voz esganiçada – Eu vou matar a minha irmã quando eu sair daqui! O que ela fez com vocês? – Lily completou deixando algumas lágrimas caírem.
Snape sentiu ainda mais raiva de Petúnia, ela estava fazendo Lily sofrer muito.
Já vestidos sairam para o corredor que levava à cozinha. A mesa quase desaparecera tantos eram os presentes de aniversário de Duda. Pelo que via, Duda ganhara o novo computador que queria, para não falar na segunda televisão e na bicicleta de corrida. Para o quê exatamente, Duda queria uma bicicleta de corrida era um mistério para eles, porque Duda era muito gordo e detestava fazer exercícios — a não ser, é claro, que envolvessem bater em alguém.
— Por favor, me diga que ele não batia em vocês. – Remus disse irritado quase rosnando.
O saco de pancadas preferido de Duda era Harry, mas nem sempre Duda conseguia pegá-lo. Harry não parecia, mas era muito rápido.
Talvez fosse porque vivia num armário escuro, mas Harry sempre fora pequeno e muito magro para a idade. Parecia ainda menor e mais magro do que realmente era porque só lhe davam para vestir as roupas velhas de Duda e Duda era quatro vezes maior do que ele.
—Não te davam nem roupas decentes? – Remo disse raivoso. E até Snape que se recusava a simpatizar com o garoto sentiu-se mal, ele sabia como era não ter roupas decentes para usar.
Duda não tinha coragem de bater em Aria, nem ele nem ninguem,pois sempre que tentavam,Harry sentia tanta raiva que coisas estranhas acontecia com essas pessoas.
—Magia acidental.—Ditou Marlene.—Mais porque vc só protegia a sua irmãn e não a se mesmo?—Harry deu de ombros.
Aria era magra, palida, olhos castanhos e tinha cabelos ruivos que iam até o meio das costa.Harry tinha um rosto magro, joelhos ossudos, cabelos negros e olhos muito verdes. Usava óculos redondos, remendados com fita adesiva, por causa das muitas vezes que Duda socara no nariz. A única coisa que Harry gostava em sua aparência era uma cicatriz fininha na testa que tinha a forma de um raio. Existia desde que se entendia por gente e a primeira pergunta que se lembrava de ter feito à tia Petúnia era como a arranjara.
— No desastre de carro em que seus pais morreram — respondera ela. — E não faça perguntas.
— Nós não morremos em um desastre de carro qualquer. – James disse revoltado – Um bruxo competente não morreria em um desastre de carro.
Não faça perguntas — esta era a primeira regra para levar uma vida tranquila como os Dursley.
— Mas se eles não fizer perguntas como vam aprender alguma coisa? – Arthu murmurou nervoso
— Minha irmã gosta de fingir que eu não existo. – Lily disse infeliz – Ela provavelmente não queria falar sobre mim.
Tio Válter entrou na cozinha quando Harry estava virando o bacon.
— Penteie o cabelo — mandou, a guisa de bom-dia.
— Impossível. – Remo disse rindo – O cabelo dele é igual ao do Tiago, pentear é perda de tempo. – Harry ficou constrangido, mas Tiago passou a mão pelos cabelos bagunçando-os ainda mais.
Mais ou menos uma vez por semana, tio Válter espiava por cima do jornal e gritava que Harry precisava cortar os cabelos.
Harry deve ter feito mais cortes que o resto dos meninos de sua classe somados, mas não fazia diferença, seus cabelos simplesmente cresciam daquele jeito — para todo lado.
Harry estava fritando os ovos e Aria terminado de lavar as loças na altura em que Duda chegou à cozinha com a mãe. Duda se parecia muito com o tio Válter. Tinha um rosto grande e rosado, pescoço curto, olhos azuis pequenos e aguados e cabelos louros muito espessos e assentados na cabeça enorme e densa.
Tia Petúnia dizia com frequência que Duda parecia um anjinho — Harry dizia com frequência que Duda parecia um “porco de peruca” enquanto Aria o recriminava, dizendo que aquilo era uma ofensa para os porcos..
Todos riram muito ao ouvir aquilo.
Harry pôs os pratos de ovos com bacon na mesa, o que foi difícil porque não havia muito espaço. Entrementes, Duda contava os presentes. Ficou desapontado.
— Trinta e seis — disse, erguendo os olhos para o pai e a mãe a — Dois a menos do que no ano passado.
— Querido, você não contou o presente de tia Guida, e aqui está um grandão do papai e da mamãe, está vendo?
— Está bem, então são trinta e sete — respondeu Duda ficando vermelho. Harry e Aria, percebendo que Duda estava preparando um acesso de raiva começaram a engolir seus bacons o mais depressa possível caso o primo virasse a mesa.
Tia Petúnia obviamente também sentiu o perigo, porque na hora disse:
— E vamos comprar mais dois presentes para você hoje. Que tal fofinho? Mais dois presentes está bem assim?
— Esse garoto é tão mimado que nunca vai conseguir sobreviver no mundo real. – Hargrad disse sabiamente.
Duda pensou um instante. Pareceu um esforço enorme. Finalmente responde hesitante:
— Então vou ficar com trinta... Trinta...
— Trinta e nove, anjinho — disse tia Petúnia.
— Além de mimado é burro como uma porta. – Snape disse recebendo olhares surpresos de todos os presentes. Severo havia decidido não falar muito, não queria chamar muita atenção para si. Snape reparou que Harry olhava para ele de uma forma estranha, mas não fez qualquer comentário.
— Ah. — Duda largou-se na cadeira e agarrou o pacote mais próximo. — Então, está bem. Tio Válter deu uma risadinha.
— O baixinho quer tudo a que tem direito, igualzinho ao pai. É isso ai, garoto! — e arrepiou os cabelos de Duda com os dedos.
Naquele instante o telefone tocou e tia Petúnia foi atendê-lo, enquanto Aria, Harry e tio Válter assistiam Duda desembrulhar a bicicleta de corrida, a câmara de filmar, um aeromodelo com controle remoto, dezesseis jogos de computador e um gravador de vídeos. Estava rasgando a embalagem de um relógio de ouro quando tia Petúnia voltou do telefone parecendo ao mesmo tempo zangada e preocupada.
— Más noticias, Válter a Sra. Figg fraturou a perna. Não pode ficar com eles. — e indicou os gemeos com a cabeça.
— Figg? – James perguntou olhando para Sirius – Nós conhecemos uma família Figg, não é?
— Sim, – Sirius concordou pensativo – mas o que um deles estaria fazendo cuidando de Harry para os trouxas? Essa senhora Figg é trouxa? – Sirius perguntou para Harry.
— Sim. – Aria respondeu com simplicidade no lugar do irmão, não podiam falar nada do que só descobririam posteriormente. Se fizessem comentários, tinham que se ater ao que já tinha sido lido.
— Eles tem um aborto na família, não tem? – Frank que também conhecia a família perguntou.
— Deve ser ela. – Lupim falou um pouco mais contente – Dumbledore deve ter posto ela lá para cuidar de Harry e da Aria.
Duda boquiabriu-se de horror, mas o coração dos gemeos deram um salto. Todo ano, no aniversário de Duda, os pais dele o levavam para passar o dia com um amiguinho em parques de aventuras, lanchonetes ou no cinema. Todo ano deixavam Harry e Aria com a Sra. Figg, uma velha maluca que morava ali perto. Os dois detestavam o lugar. A casa inteira cheirava a repolho e a Sra. Figg lhes mostravam fotografias de todos os gatos que já tivera.
— E agora? — perguntou tia Petúnia, olhando furiosa para Harry como se ele e a irman tivesse planejado tudo. Harry sabia que devia sentir pena da Sra. Figg que quebrara a perna, mas não era fácil quando lembrava que ia passar um ano sem ter que olhar para o Tobias, o Néris, Seu Patinhas e o Pompom outra vez.
Alice sabia exatamente como Harry se sentia e não podia deixar de concordar que ver mil vezes as fotos dos mesmos gatos era infernal. Tinha uma tia-avó que mostrava fotos dos gatos para ela todo natal.
— Poderíamos ligar para a Guida — sugeriu tio Válter.
— Não diga bobagem, Válter, ela detesta eles.
Com frequência, os Dursley falavam deles assim, como se eles não estivessem presente, ou melhor, como se eles fossem alguma coisa muito desprezível que não conseguisse entendê-los, como uma lesma.
— E aquela sua amiga, como é mesmo o nome dela, Ivone?
— Está passando férias em Majorca — respondeu Petúnia, com rispidez.
— Vocês podiam nos deixar aqui — arriscou Aria esperançosa (eles poderiam assistir ao que quisessem na televisão para variar e, quem sabe, até dar uma voltinha no computador de Duda).
Tia Petúnia parecia que tinha engolido um limão.
— E quando voltarmos, encontrar a casa destruída? — rosnou.
— Que exagero – Hermione disse exasperada – eles tem apenas dez anos, não conseguiriam explodir a casa nem se quisessem.
Tiago, Sirius, Pedro e Remo riram do que parecia ser uma piada interna.
— Não vams explodir a casa — prometeu Harry, mas os tios não estavam mais escutando.
— Talvez pudéssemos levá-los ao zoológico — disse tia Petúnia lentamente — e deixá-los no carro.
— O carro é novo. Não vou deixá-los sentado no carro sozinhos.
Duda começou a chorar alto. Na realidade não estava chorando, fazia anos que não chorava de verdade, mas sabia que se fizesse cara de choro e gritasse a mãe lhe daria o que quisesse.
— Dudinha, querido, não chore, mamãe não vai deixar eles estragar o seu dia! — exclamou abraçando-o.
— Acho mais fácil vocês estragarem o dia dele. – Marlene disse irritada.
— Não... Quero... Que... Eles... Vão! — Duda berrou entre grandes soluços fingidos — Eles sempre estragam tudo! — E lançou um riso maldoso por entre os braços da mãe.
Naquele instante a campainha tocou.
— Ah, meu Deus, são eles chegando! — disse tia Petúnia nervosa um minuto depois, o melhor amigo de Duda, Pedro entrou acompanhado da mãe. Pedro era um menino magricela, com cara de rato. Em geral era quem segurava por trás os garotos enquanto Duda batia neles. Na mesma hora Duda parou de fingir que estava chorando.
Meia hora depois, Harry e Aria, que não conseguia acreditar em sua sorte, estavam sentados no banco traseiro do carro dos Dursley, com Pedro e Duda a caminho do jardim zoológico, pela primeira vez na vida. O tio e a tia não tinham conseguido pensar no que fazer com eles, mas antes de saírem, tio Válter puxara os dois para o lado.
— Estou lhe avisando — disse, aproximando a cara grande e vermelha de Harry — Estou-lhe avisando, moleque, a primeira gracinha que fizerem, a primeira, vão ficar presos naquele armário até o Natal.
— Eles estão realmente exagerando. – Remo disse encarando o livro com raiva.
— Eles têm medo de magia. – Lily disse triste – Eles nunca se deram ao trabalho de entender, por isso tem medo.

— Não vamos fazer nada — disse Aria — juro...
Mas tio Válter não acreditou nela. Ninguém nunca acreditava.
O problema era que sempre aconteciam coisas estranhas à volta deles e simplesmente não adiantava dizer aos Dursley que não eram culpados.
— Mas isso não tem desculpa. – Lily disse nervosa.
— Petúnia sabe que deve ser magia acidental – Snape disse sério.
— Você conhece a irmã de Lily? – Remo perguntou curioso.
— Nós moramos perto. – Lily respondeu olhando melhor amigo – Foi Severo que me falou que o que eu fazia era magia.
Uma vez tia Petúnia, cansada de ver Harry voltar do barbeiro como se não tivesse estado lá, apanhara uma tesoura de cozinha e cortara o cabelo dele tão curto que o deixara quase careca, exceto por uma franja, que ela deixou, para esconder aquela cicatriz horrorosa. Duda morrera de rir de Harry, que passou à noite acordado imaginando como que seria a escola no dia seguinte, onde já riam dele por causa das roupas folgadas e dos óculos emendados com fita adesiva. Na manha seguinte, porém, quando se levantou os cabelos estavam exatamente como eram antes de tia Petúnia cortá-los. Tinham-nos deixados preso uma semana no armário por causa disso, apesar de suas tentativa de explicar que não saberiam explicar como é que os cabelos tinham crescido tão depressa.
— Você realmente precisa inventar umas desculpas melhores. – Sirius disse para elesrindo.
— Não temos culpa, tinhamos apenas 8 anos. – Aria disse evasiva.
— Mas é uma magia acidental muito avançada. – Remus disse olhando para Harry admirado.
Outra vez, tia Petúnia tentara obrigár Aria a vestir um vestido velho que elacomprou numa venda de garagem(marrom com pompons cor de laranja). Quanto mais tentava enfiá-lo pela cabeça dela, tanto menor o vestido ficava, até que finalmente parecia feito para um fantochinho de dedo, e com certeza não ia servir para a Aria. Tia Petúnia concluiu que devia ter encolhido na lavagem e eles, para grande alivio, não foram castigados.
— Era um vestido realmente medonho. – Aria disse lembrando-se com um ligeiro tremor.
Por outro lado, eles se meteram numa grande encrenca quando os encontraram no telhado da cozinha da escola. A turma de Duda os estavam perseguindo, como sempre, e tanto para surpresa dos gemeos quanto dos outros, eles apareceram sentados na chaminé. Os Dursley receberam uma carta muito zangada da diretora de deles, contando que Harry e Aria andaram escalando os prédios da escola. Mas só o que tentara fazer (conforme gritou para tio Válter através da porta trancada do armário) fora saltar para trás das grandes latas de lixo da porta da cozinha. Harry supunha que o vento devia tê-los apanhado na hora em que saltou.
— Vocês aparataram? – Rony perguntou surpreso – Vocês nunca me contaram isso!
— Eu não acho que tenha aparatado... – Aria disse nervosa – não sei o que aconteceu.
Mas hoje nada ia dar errado. Valia até a pena estar em companhia de Duda e Pedro para passar o dia em outro lugar que não fosse à escola, o armário, ou a sala com cheiro de repolho da Sra. Figg.
Enquanto dirigia, tio Válter se queixava à tia Petúnia. Ele gostava de se queixar de tudo: das pessoas no trabalho, dos gemeos, do conselho, dos gemeos. O banco e os gemeos eram seus dois assuntos preferidos. Esta manhã eram as motocicletas.
— Que cara sem graça. – Sirius disse revirando os olhos – Motocicletas são legais.
— ... Roncando pelas ruas como loucos, os arruaceiros — disse, quando uma moto emparelhou com eles.
— Tive um sonho com uma motocicleta — falou Aria, lembrando-se de repente — Ela voava.
Tio Válter quase bateu no carro da frente. Virou-se para trás e gritou com eles, seu rosto parecendo uma beterraba gigante e bigoduda:
— MOTOCICLETAS NÃO VOAM!
— A minha voa – Sirius disse dando língua para o livro. Severo achava um tanto ridículo conversar com o livro como se ele fosse uma pessoa.
Duda e Pedro deram risadinhas.
— Sei que não voam — respondeu ela — Foi só um sonho.
Mas desejou que não tivesse dito nada. Se havia uma coisa que os Dursley detestavam mais do que as suas perguntas, era quando falavam de coisas que faziam o que não deviam, não interessava se era sonhos ou desenhos animado, pareciam pensar que eles poderiam arranjar ideias perigosas.
Era um sábado muito ensolarado e o zôo estava cheio de famílias. Os Dursley compraram grandes sorvetes de chocolate para Duda e Pedro à entrada e, então, porque a mulher sorridente na carrocinha perguntara o que Harry e Aria iriam querer antes que pudessem afastá-los depressa dali, eles lhe compraram um picolé barato de limãopra cada. Não era ruim, Aria pensou, lambendo-o enquanto observavam um gorila que coçava a cabeça e se parecia demais com Duda, exceto pelos cabelos que não eram louros.
— As comparações deles são ótimas. – Alice disse em meio a gargalhadas.
Eles passaram a melhor manhã que já tiveram em muito tempo.
Cuidou de andarem um pouco afastado dos Dursley, de modo que Duda e Pedro, que ali pela hora do almoço estavam começando a se chatear com os bichos, não recaíssem no seu passatempo favorito de bater no primo. Almoçaram no restaurante do zôo e quando Duda teve um acesso de raiva porque seu sorvetão não era bastante grande, tio Válter comprou-lhe outro e deixou Harry e Aria terminarem o primeiro.
Depois Harry achou que devia ter adivinhado que estava bom demais para durar muito tempo.
Terminado o almoço foram visitar o alojamento dos répteis.
Era fresco e escuro ali, com quadrados iluminados ao longo das paredes. Por trás dos vidros, rastejavam e deslizavam em pedaços de pau e em pedras todos os tipos de cobras e lagartos. Duda e Pedro queriam ver as enormes cobras venenosas e as grossas pítons que esmagavam um homem. Duda logo encontrou a maior cobra que havia. Poderia dar duas voltas no carro de tio Válter e amassá-lo até reduzi-lo ao tamanho de uma lata de lixo, mas naquela hora ela não estava disposta a fazer nada. Na realidade, estava dormindo a sono solto.
Duda parou, o nariz comprimido contra o vidro, observando as espirais marrons e reluzentes.
— Faz ela se mexer — choramingou para o pai. Tio Válter bateu no vidro, mas a cobra não se mexeu.
— Faz outra vez — mandou Duda. Tio Válter bateu no vidro com os nós dos dedos, mas a cobra continuou dormindo.
— Eu também ia continuar dormindo se a outra opção fosse olhar para a sua cara. – Sirius disse para o livro.
— Que chato — queixou-se Duda. E saiu arrastando os pés, Harry e Aria vieram se postar na frente do tanque e estudou a cobra com atenção. Não se admirariam se a própria cobra morresse de tédio. Não tinham companhia a não ser aquela gente idiota que batucava no vidro, tentando incomodá-la o dia inteiro. Era pior do que ter um armário por quarto, onde a única visita era a tia Petúnia esmurrando a porta para acordá-los, mas ao menos eles podiam visitar o resto da casa.
— Como vocês conseguem ser tão bondosos depois de tudo que vocês sofreram? – Lily perguntou.
A cobra inesperadamente abriu os olhos, que pareciam contas.
Devagarinho, muito devagarinho, levantou a cabeça até seus olhos chegarem ao nível dos de Harry. E piscou.
— Isso não é um comportamento normal para cobras. – Tiago disse espantado.
Harry arregalou os olhos. E olhou depressa a toda volta para ver se havia alguém olhando. Não havia. E retribuiu o olhar da cobra, piscando também.
A cobra acenou com a cabeça na direção de tio Válter e de Duda, depois levantou os olhos para o teto. Lançou um olhar a Harry que dizia com todas as letras:
— “Isso é o que me acontece o tempo todo”.
— Eu sei — murmurou Harry pelo vidro, embora não tivesse muita certeza se a cobra poderia ouvi-lo — deve ser bem chato.
— Você estava conversando com a cobra. – Remus olhou para Harry assombrado. Harry não disse nada.
A cobra concordou com um aceno de cabeça enfático.
— Mas de onde é que você veio? — perguntou Harry.
A cobra apontou com o rabo uma placa próxima ao vidro.
Harry espiou.
— Boa Constrictor, Brasil, era bom lá?
A jibóia apontou novamente a placa com o rabo e Harry leu:
“Este espécime nasceu em cativeiro”.
— Ah, entendo, então você nunca esteve no Brasil?
A cobra sacudiu a cabeça, mas um grito ensurdecedor atrás de Harry fez os dois pularem:
— DUDA! SR. DURSLEY! VENHAM VER ESSA COBRA! VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR NO QUE ESTÁ FAZENDO!
Duda veio bamboleando até onde o amigo estava o mais depressa que pôde.
— Cai fora — falou dando um soco nas costelas dos primos.
Apanhado de surpresa, eles cairam com força no chão de concreto.
O que se passou em seguida aconteceu tão depressa que ninguém viu como foi: num segundo, Pedro e Duda estavam encostados no vidro, no segundo seguinte, estavam caindo dentro do tanque soltando uivos de terror.
— Uau. – Remo disse espantado, – fazer o vidro desaparecer foi um bom castigo para ele. – Lily olhou para Remo com desaprovação, Lupin apenas deu de ombros, afinal era um maroto também.
Harry sentou-se e parou de respirar: o vidro da frente do tanque da jibóia tinha sumido. A grande cobra se desenrolou depressa e escorregou pelo chão, as pessoas no alojamento dos répteis gritaram e começaram a correr para as saídas, e assim que a cobra terminou de sair o vidro voltou a aparecer.
Quando a cobra passou rápido por ele, Harry poderia jurar que uma voz baixa e sibilante tinha dito: "Brasil, aqui vou eu... Obrigado, amigo”.
— Você é um ofidioglota! – Sirius disse em tom acusatório. Harry apenas deu de ombros sob o olhar do padrinho. – Apenas bruxos das trevas são ofidioglotas!
— Isso não é verdade! – Hermione disse nervosa. – Ofidioglossia não é exclusividade de bruxos das trevas. É um dom passado na família.
— Meu filho não é um bruxo das trevas Sirius. – Lily disse afrontada.
— Mas é ofidioglota. – Sirius disse ainda nervoso,mais todos os iguinoraram.
O zelador do alojamento dos répteis ficou em estado de choque.
— Mas como?— ele não parava de repetir.
O diretor do zôo em pessoa preparou uma xícara de chá forte para tia Petúnia enquanto se desculpava mil vezes.
Pedro e Duda só conseguiam balbuciar. Pelo que Harry vira, a cobra não fizera nada a não ser fingir abocanhar os calcanhares deles quando passou, mas quando chegaram finalmente ao carro do tio Válter, Duda estava contando que a cobra quase lhe arrancara a perna a dentadas, enquanto Pedro jurava que a cobra tentara apertá-lo até matar. Mas o pior de tudo, pelo menos para os gemeos, foi Pedro ter se acalmado o suficiente para perguntar:
— Harry estava conversando com ela, não estava, Harry?
— Garotinho filho de uma... – Pedro xingou e recebeu um olhar de reprovação de todas as meninas da sala.
Tio Válter esperou até Pedro estar longe da casa para brigar com Harry, Estava tão zangado que mal podia falar. Conseguiu apenas dizer:
— Vá... Armário,... gemeos... Sem comida — antes de desmontar em uma cadeira e tia Petúnia ter que correr para lhe servir uma boa dose de conhaque.
Muito mais tarde, deitado no seu armário, Harry desejou ter um relógio. Não sabia que horas eram e não tinha certeza se os Dursley já estariam dormindo. Até que estivessem, ele não poderia se arriscar a ir escondido até a cozinha buscar alguma coisa para comerem. Viviam com os Dursley havia quase dez anos, dez infelizes anos, desde que se lembravam, desde que eram bebês e seus pais tinham morrido naquele acidente de carro.
Lily apertou a mão de James com força, doía nela pensar em como seus filhos sofreram durante esses dez anos.
Não conseguiam se lembrar de ter estado no carro quando os pais morreram. Às vezes, quando forçavam a memória durante longas horas em seu armário, lembravam-se de uma estranha visão: um lampejo ofuscante de luz verde .
— Luz verde como na maldição da morte? – Remus perguntou a Harry confuso, como um bebê poderia ter resistido à maldição da morte?
— Duvido que seja. – Regulo disse de seu canto. – Há outras maldições com a luz verde, Lupim. É impossível sobreviver à maldição da morte.
— Você com certeza sabe tudo sobre isso, não é Regulos? – Sirius encarou o irmão com raiva.
— Sirius. – Remo chamou a atenção dele. – Continue lendo!
Isto supunha eles, era o acidente, embora não conseguissem lembrar de onde vinha toda aquela luz verde. Não conseguiam lembrar nada dos pais. A tia e o tio nunca falavam neles e naturalmente tinham-nos proibido de fazer perguntas. E não havia fotografias deles na casa.
Quando era mais novo eles sonharam muitas vezes com um parente desconhecido que vinha levá-los embora, mas isto nunca acontecera, os Dursley eram sua única família.
— Eu me pergunto o porquê. – James disse olhando para Sirius, Remo e Pedro. – Por que nenhum de vocês foi resgatar ele?
— Não sei. – Remo disse envergonhado. – Mas talvez o livro explique – Eles olharam para Harry que confirmou que mais para frente eles saberiam o motivo de tudo isso.
Ainda assim, eles achavam (ou talvez fosse só uma esperança) que estranhos na rua os conheciam. E eram estranhos muito estranhos. Um homenzinho de cartola roxa se curvara para eles uma vez quando estava fazendo compras com tia Petúnia e Duda. Depois de perguntar a eles, furiosa, se eles conhecia o homem, tia Petúnia tinha empurrado os meninos depressa para fora da loja sem comprar nada. Uma velha amalucada toda vestida de verde uma vez acenara alegremente para eles no ônibus. Um careca com um longo casaco púrpura, chegara a apertar sua mão na rua um dia desses e em seguida se afastara sem dizer nada. A coisa mais estranha nessas pessoas era a maneira com que pareciam desaparecer no instante em que eles tentavam vê-los melhor.
— Você é famoso. – Lilian disse para si mesmo mais do que para os outros. – Famoso por algo que nem se lembra, famoso por algo que te fez infeliz.
Na escola eles não tinha ninguém. Todos sabiam que a turma de Duda odiava aquele estranhos Potteres com suas roupas velhas e folgadas e os óculos remendados, e ninguém gostava de contrariar a turma do Duda.
— Deve ter sido uma infância muito infeliz. – Molhe disse olhando para Harry e Aria com pena.
— Foi, mas não é hora de pensar nisso. – Aria disse levantando-se.
Todos do passado se assustaram quando uma luz surgiu e mais 4 adolecentes apareceram. Aria se levantou para os apresentarem.
—Pessoal esse é Neville Longbotom, Luna Lovegood, Gina Wasley e Magnus Bane.—Falou Aria.
—Ola.—Desseram todos, enquanto Arthu e Molhe abraçaram Gina e Franck com Alice abraxaram Neville.
— Quem vai ler agora? – Lily perguntou quando todos terminaram de se acomodarem em seus lugares.
— É minha vez. – Marlene disse pegando o livro de Sirius. – Capítulo III – As cartas de ninguém.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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