Blame The Crown — Interativa! escrita por Biiah Arc


Capítulo 3
Capítulo 2 ou Notícias, inimigos e amigos


Notas iniciais do capítulo

Como prometido para minha lindas leitoras. o Capítulo saiu hoje. porém não tão completo como eu disse que seria. Peço que leiam a explicação nas notas finais. Boa leitura florzinhas!
p.s.: a casa no gif não é o castelo de maddesdon, como não encontrei nenhum gif do castelo, coloquei a amada Downton *-*



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As portas duplas da sala de reuniões na ala leste do castelo se abriram de forma abrupta sessando o burburinho formado por vozes de homens e mulheres. Olhando agora, parecia uma boa ideia abrir os novos postos no conselho para as muitas mulheres inteligentes e dinâmicas do Reino Unido, uma ideia para levar a nação a caminhar – mesmo que com passos lentos – até a igualdade que seu pai e sua mãe buscavam em seu tempo de reinado.

Todos os olhos da sala voltaram-se para as portas abertas e, consequentemente, para o Rei. James caminhava a passos decididos e curtos, em um ritmo que seguia desde seu escritório, a duas portas de distância. Atrás dele vinha sua secretária, Magda, de 40 anos, baixinha, rechonchuda com um belo cabelo encaracolado chanel ruivo claro e leves sardas na volta do nariz e embaixo dos olhos. Também seguindo os dois vinham Dame Ethel Dawson, responsável pela assessoria dada a família real e Lord Robert Spencer, 5º Earl Spencer, o atual Lord Chamberlain.

Após anunciados, as portas se fecharam dando início ao Conselho Privado de Sua Majestade, ou o Privy Council.

–Bom dia a todos, sejam bem-vindos ao Muito Honorável Conselho Privado de Sua Majestade, acredito que já podemos começar. – Lord Chamberlain cumprimentou a todos.

–Bom dia senhoras e senhores! – Rei James desejou antes de se sentar. – Então, o que temos para começar hoje? – Perguntou vendo que todos já estavam sentados em seus lugares.

–Em nossa pauta conta os assuntos da última semana, vossa Majestade! – Magda entregou uma pasta de couro vinho, com o nome de James gravado em relevo dourado na frente, ao rei enquanto cada um dos conselheiros abria uma pasta semelhante. Dento se encontrava uma folha sulfite com uma lista impressa na frente de outras folhas.

–Muito bem, Lord Carmichael, o senhor acompanhou de perto a situação em Illéa em sua última viagem, o que me diz? – James uniu as mãos cruzando os dedos em frente ao rosto.

–Tudo me pareceu bem, vossa majestade. O carregamento de tecido foi entregue com dois dias de antecedência, na mesma hora a checagem recebeu o aval para entrar nos portos. Sua Alteza, príncipe Jacob garantiu o pagamento e também reservou mais cinco toneladas para a próxima leva. – Jefferson Carmichael, Barão de Wessex sorriu como sempre fazia ao falar de seus negócios.

–Vejo que temos boas notícias. – O Rei sorriu minimamente. – O senhor conversou com nosso diplomata no país, Sir Calvin, não foi?

–Sim, ele afirmou que se a situação terminar de maneira inesperada, a posição do Rei de Illéa será de retirar seu apoio junto a liga e cortar os investimentos feitos nas terras de Gales. – Carmichael encarou o rei com os olhos baixos e pesarosos.

–Como já era esperado! – James coçou sua sobrancelha esquerda com o dedo médio e o indicador. – Sir Berkeley, o senhor tem notícias da Noruésia? – Encarou o senhor loiro sentado na esquerda.

–Sim, Majestade! Meu irmão que vive na corte Norusueca me enviou uma carta muito preocupado com a situação do trono britânico e a repercussão na corte em questão. – Sir Jason Berkeley segurava sua caneta com um pouco mais de força, nervoso.

–Assegure-o de que ninguém está mais preocupado do que eu, Sir Berkeley! – James comentou. – Senhora Magda, seria possível ter a resposta do Rei Lewis agora?

–Com certeza, vossa Majestade! – A senhora lhe entregou um papel de carta com uma cor amarelada, puxando para o linho, com o brasão da família real da Noruésia, a casa de Selvig.

–Ele reitera sua posição em relação aos problemas enfrentados. Compadece com nosso infortúnio, mas garante que se não forem tomadas as medidas cabíveis, serão retirados seus investimentos em nossas terras na Scotia, assim como seu apoio na liga. – James relatou enquanto passava os olhos pela carta de Rei Lewis.

–Por favor Sir Campbell, o senhor tem informações sobre o último levante separatista nas Irlandas? – James devolveu a carta para Magda ao seu lado.

–A situação nas Irlandas está controlada por agora, Alteza! O último levante foi na região de Munster, onde após o comunicado sobre cortes salariais, cerca de 300 operários da fábrica de navios se organizaram para reclamar. A situação foi resolvida dentro de 4 horas, senhor! – Michael Campbell entregou uma folha sulfite que foi passada até o rei.

–Cortes salariais? Mas os cortes não haviam sido desconsiderados? – James perguntou.

–As empresas da região estão sofrendo problemas sérios econômicos. Depois do último roubo as fábricas de Erik Clark e Gordon Johnson, as duas empresas resolveram reduzir 10 dos salários este semestre. – Sir Campbell relatou.

–General Bates, garanta que uma comitiva seja enviada para manter a ordem e segurança em Munster. As ordens são de apenas garantir a segurança dos moradores locais e manter a ordem normal. Nada além disso. – James encarou seu general de confiança, líder da guarda real.

–Major Barrow, o senhor já tem o relatório sobre os últimos levantes? – Olhou para o homem a direita do General Bates.

–Sim, Majestade! Uma cópia foi entregue esta manhã ao seu gabinete. – Ele concordou com a cabeça.

–Por favor! – Indicou com a mão para que ele continuasse falando encantou encarava o relatório dentro de sua pasta.

– Com o motim que aconteceu em Munster já contabilizamos 7 levantes em dois meses, Alteza! Três em Scotia e quatro nas Irlandas, sendo um na Irlanda do Norte e três na Irlanda do Sul. O último ataque não teve mortos, apenas 10 homens se feriram além de 8 civis. – Barrow encarava o rei que ainda tinha os olhos no relatório.

–Ao menos isso. O senhor sabe me dizer, major, as proporções dos levantes? – James levantou os olhos encarando-o.

–É difícil chegar a números conclusivos, Alteza, mas acredita-se que a insatisfação na Scotia encontrasse nas camadas mais populares, em torno de 30% da população está levemente inclinada ou tem fortes inclinações simpatizantes com a causa. Enquanto que nas Irlandas o número chega a 43% da população, Majestade!

–Os números estão instáveis? – James questionou.

–Pudemos observar uma baixa considerável após o último evento do Príncipe Henry. Muitos estão desacreditados da capacidade do futuro rei, mas não concordam com a agressão cometida contra ele. – O moreno apertava sua caneta como um tique nervoso.

–Isso nos leva até... Senhora Crawley, quais suas informações sobre o último evento realizado na capital? – O Rei sorriu minimamente encarando-a.

–Após o discurso do príncipe, os cidadãos que se encontravam no local foram convidados a conhecer a creche. Muitos pareciam felizes com a realização, ao todo, 200 crianças já foram matriculadas. – Ela sorriu pegando uma folha em sua pasta. – Mas o assuntou mais comentado sem dúvidas, foi o acontecimento entre um cidadão e o príncipe Henry! Para muitos o príncipe soube se esquivar da circunstância muito bem, sem instigar mais os ânimos rebeldes.

– Lady Edwards, a senhorita tem alguma coisa a dizer sobre a situação em Gales? – James encarou a morena que usava um coque alto.

–Majestade, o povo de Gales se mantém aliado ao Reino. Desde a última visita do príncipe, suas esperanças no jovem foram renovadas. O contágio de Crudelis tem se mantido controlado e o novo centro de pesquisa tem tido resultados. – Uniu as mãos em frente ao corpo por sob a mesa.

–A senhorita tem se comunicado com os centros, algum avanço?

–Alteza, a última epidemia parece ter sido controlada. As baixas permanecem estáveis, e o último surto registrado foi a 15 meses em Newport. Até agora as Ilhas de Eustatia e Tortola não foram afetadas com a peste, devido sua distância maior com o reino.

–Senhora Magda, lembre-me de enviar um agradecimento a corte de Illéa pelo apoio as nossas ilhas. – Chegou mais perto da senhora.

–Sim, majestade! – A senhora anotou tudo rapidamente.

–Dame Ethel, a senhorita tem em mãos os índices de aprovação? – Encarou a mulher de cabelos loiros.

–Sim, Majestade! Como era de se esperar, o príncipe Henry está sendo muito mais observado esta semana. Ele encontrasse estável nos 68% depois de descer um pouco nos indicadores após o acontecimento da corrida clandestina. Mas ele se recuperou após o incidente com o tomate em Sunnyhill. – A loira sorriu.

–Nos encontramos no mesmo lugar das duas semanas anteriores. – O rei suspirou. – E meu irmão? – Ele calçou o queixo na mão fechada.

–O duque de Hillston tem subido alguns pontos nos índices após o discurso dele na câmara dos Lordes, 30 dias atrás. Agora está em seguros e moderados 47%. Subiu 5% na aprovação pública. Isso significa que o povo não concorda com as atitudes de Henry, mas também não vê o Duque como futuro rei, majestade! – Ela empurrou os óculos de armação leve para trás.

–Claro, e quem mais eles têm em mente? Isso é ridículo! A opções não são muitas. – O rei se alterou.

–A princesa Bianca continua com o índice de aprovação de 86%, Majestade. Ela ainda parece ser a preferida do público. – Ethel o encarou.

–Isso não é possível! Bianca abriu mão do trono a quatro anos em frente ao parlamento e em rede nacional, isso é irrevogável. – James bufou. – E a repercussão da seleção?

***

–Obrigada Carson! – Cecília agradeceu depois de segurar sua xícara de chá.

–Disponha, vossa Alteza! – O mordomo fez uma reverência para a Rainha Mãe, outra para o Rei e se retirou da sala.

–E então, como foi a reunião? – Cecília perguntou enquanto mexia a colher dentro da xícara.

–Uma tortura! Ao menos o carregamento de tecidos chegou a Illéa como prometido. – O rei abriu o botão central de seu paletó.

–Alguma notícia de Gales? – Ela bebericou um pouco do chá.

–Lady Perry entregou um relatório sobre os avanços do Centro. Ao que parece, a Influenza Crudelis está controlada em Newport. – Disse balançando o pé erguido quando cruzou as pernas.

–Enfim uma notícia boa. – A mãe sorriu mordiscando um biscoito que se encontrava no prato que veio junto com a bandeja. – Estive conversando com Ethel, ao que parece as cartas já foram enviadas.

–Sim, as cartas foram enviadas. Agora não é possível mais voltar atrás. A seleção vai ocorrer! – O Rei encarou a bandeja sobre a mesinha de centro.

–Apenas podemos esperar que isso seja a solução para ao menos um de nossos problemas. – Cecília bebericou seu chá.

–Citando Dame Ethel: “ Existe uma certa hesitação em relação a seleção”. O povo não se lembra ou não sabe nada sobre a seleção, mamãe. Talvez isso seja apenas um tiro no escuro. – James passou a mão sobre os poucos cabelos.

–Meu filho, se sua mãe tem certeza de alguma coisa, é de que nada no mundo chama mais a atenção, do que a curiosidade. Esta é uma oportunidade única, a chance de fazer parte de algo maior, da família real. Estamos dando assunto para o povo, alimentando-os com a novela das 21h ao vivo. Estamos abrindo nossas portas para garotas de diferentes lugares do nosso reino para mostrar que estamos de portas abertas para o nosso povo. – A rainha mãe encarou James com olhos fixos.

–A senhora acredita mesmo que isso possa ajudar a situação de Henry?

–Sim, meu filho! Em termo políticos, isso vai renovar a imagem de Henry, ele estará se igualando ao povo, aberto como um livro, e futuramente se casando com uma plebeia, que se tornará rainha um dia. O povo, representado por esta plebeia, estará ascendendo. Compreende? – Após receber a confirmação do filho ela continuou. – E como mulher, posso lhe garantir que o que falta para Henry é um coração acelerado pela razão certa. Um amor pode mudar um homem, meu filho. Você antes de conhecer Julienne queria viajar para as partes desconhecidas e conquistar mais terras para o reino, travar guerras para resolver os impasses políticos. Hoje você não só fala, mas escuta, e sei que aprendeu com Julienne. – Sorriu.

–Então a senhora espera que eu coloque o futuro do reino nas mãos de um garoto apaixonado e uma garota que não conhecemos? – O rei descruzou suas pernas, cruzando novamente de maneira invertida.

–Nós já fizemos isso antes. Você não foge ao estereótipo, meu querido! – Cecília sorriu bebericando seu chá.

–Isso é diferente!

–Diferente como?

–Eu já era o herdeiro, não tinha ninguém antes de mim. Eu sabia das minhas responsabilidades desde muito novo.

–Henry também, a única diferença é que ele não era o primeiro na linha de sucessão.

–Isso causou certa irreverência e libertinagem.

–James, por favor! Ele foi criado como um príncipe que não vai herdar o trono. Henry tem se saído bem até! Compare com seu irmão!

–Mas Henry foi criado da mesma maneira que todos os meus outros filhos. Sabendo de suas responsabilidades e da importância de sua imagem! - James comentou enquanto roubava um biscoito do prato da mãe.

–Se você vai comer porque não pede um prato para você? – Ela encarou o filho sorrindo.

–Só quero um. – Ele sorriu abertamente para a mãe.

–Um, que viram dois, francamente James! – Ela continuava sorrindo. – Você rouba biscoitos do meu prato desde que tinha dois anos. – A senhora montou um prato com mais três biscoitos e entregou ao filho.

–Considere isso como algo a mais que temos em comum, adoramos biscoitos amanteigados. – Ele sorriu erguendo as maçãs do rosto e quase fechando os olhos.

–Por falar em compatibilidades, você sabe que estamos passando por algumas crises nos últimos anos. – Cecília alisou o guardanapo em seu colo.

–Sim! – James falou com a boca cheia, causando uma careta e um olhar de desaprovação da mãe.

–Estas crises, como eu estava falando, estão afetando nossa família! – Encarou o filho com pesar. – É por isso que eu convidei seu irmão, Petter, para jantar hoje à noite!

–Como?! – James surpreendido enquanto mastigava, acabou soltando farelos de biscoito longe!

–James! Isso foi deveras desrespeitoso! – Cecília lhe entregou um guardanapo.

–A senhora convidou o Petter para jantar? Mesmo depois de tudo o que ele fez? – James perguntou após limpar os lábios.

–Ele é o seu irmão, meu filho! Devemos passar uma borracha nos acontecimentos, esquecer as diferenças por pelo menos uma noite. – A rainha mãe cruzou suas mãos no colo.

–Ele é o culpado por tudo o que estamos passando. – James largou o prato sobre a bandeja.

–Como o rei misericordioso e complacente que você é, sei que vai me ceder ao menos uma noite em família. – Ao perceber o filho ficando mais calmo, a rainha continuou. – Vai receber seu irmão sem comentar nada sobre os ocorridos ou sobre política.

–Com tanto que essa seja uma noite inabitual! – James disse irritado.

***

–Posso entrar? – Uma voz soou depois de duas batidas fracas na porta.

–Pode! – A voz infantil respondeu.

A porta se abriu revelando apenas a cabeça de Rei James, que olhava curioso para dentro do quarto do filho mais novo. Depois de apenas observar e receber um sorriso grande do pequeno Albert, o rei adentrou o quarto fechando a porta atrás de si.

–O que está fazendo? – O rei perguntou assistindo o pequeno mexer as mãos entre vários carrinhos de brinquedo.

–Brincando! – Albert encarou o pai com um sorriso grande.

–Estou vendo! – James se sentou no chão ao lado de Albert.

–Então porque o senhor perguntou? – Não foi uma retórica, ou uma forma de desrespeito, o menino realmente não havia entendido.

–Esperava que você me dissesse mais. – Segurou um pequeno carro branco modelo Plymouth.

–Quer brincar, papai? – Albert entregou outro carro para o pai, um ’10 Camaro preto.

O rei aceitou o brinquedo e ficou encarando o filho enquanto brincavam por alguns minutos. O menininho parecia feliz, enquanto fazia um carrinho se chocar contra o outro produzindo onomatopeias engraçadas de derrapadas, carroceria batendo e até sirenes.

–Bert, nós precisamos conversar! – O pai passou a mão sobre os cabelos curtos do filho.

–Tudo bem! – Ele observou o pai por alguns segundos até voltar seus olhos para o audi r8 vermelho.

–Hoje seu tio Petter vem jantar aqui em casa. – James disse observando o filho. – Eu não deveria precisar pedir isso, mas estou pedindo. Por favor você poderia se comportar? – Ergue o queixo do filho.

–Papai! – Reclamou com o pai.

–Albert! – Encarou fundo nos olhos do filho.

–Eu não fiz nada! – A criança respondeu.

–Mas sei que vai! – James disse duvidoso.

–Não vou! – Balançou a cabeça negando.

–Albert!

–Papai!

–Vamos fazer um trato! – O rei pegou o filho no colo. – Se você me prometer que não vai nenhuma brincadeira de mal gosto, nenhuma traquinagem, eu prometo fazer algo da sua escolha.

–Qualquer coisa? – Bert sorriu sapeca.

–Qualquer coisa! – James concordou.

–Eu quero andar de cavalo! – O pequeno balançou os braços gritando

–Á cavalo, meu filho! – O pai riu.

–Isso! Mas só nós, sem a Rose! – Ele advertiu.

–Porque sua irmã não pode ir? – Curioso, o rei perguntou enquanto arrumava o cabelo do filho.

–Por que ela é chata, e fresca! – Albert passou os braços envolta do pescoço do pai.

–Albert! – Advertiu o filho por falar da irmã. Despois de um suspiro longo respondeu. – Tudo bem! Nós vamos cavalgar amanhã!

–Eba! – O pequeno Bert comemorou beijando a bochecha do pai.

***

–Majestade! – Carson, o mordomo se aproximou do rei.

–Carson! – O rei sorriu para o senhor.

–Vossa Graça, o Marquês de Harrington informou a Sir Sebastian que estará chegando hoje à noite, Alteza! – Carson comentou.

–Graças! Obrigado Carson! – James agradeceu vendo o mordomo fazer uma pequena reverência e saindo.

Caminhou por um pequeno percurso até chegar a outra porta. Deus, este dia parecia cada vez mais longo. Bateu e esperou resposta. Ao ouvir um entre baixo, o rei abriu a porta e entrou.

–Tio James?! – Sebastian perguntou vendo o homem mais velhos fechando a porta!

–Olá Bash, soube que seu pai chega hoje. – James sorriu caminhando mais para dentro do quarto.

Diferente do quarto de Henry, o quarto de Sebastian parecia mais maduro. Não tinha uma pista de autorama perto a janela, mas tinha um belo violão em um suporte metálico. As cores predominantes eram preto e marrom. Uma bela prancha de surf ficava encostada a parede de frente para a cama, que parecia arrumada. Outros objetos de esportes como esquis, uma bola de rúgbi, um taco de polo e um capacete de esgrima adornavam prateleiras e paredes. O garoto estava sentado em uma poltrona verde escura e tinha um livro em mãos.

–Sim! Ele mandou uma carta, mesmo sabendo que poderia ter ligado. – Sorriu debochado.

–Seu pai pode ser mais tradicional e arcaico até do que eu! -James riu e se sentou na chaise que ficava logo nos pés da cama.

–Está tudo bem? – Sebastian fechou o livro largando-o no colo.

–Sim, está! Apenas estou um pouco apreensivo para hoje à noite. – Sorriu sem vontade com as mãos nos joelhos.

–O que vai acontecer hoje à noite? – Bash se endireitou na cadeira.

–Meu irmão vem jantar conosco! – O rei encarou o mais novo agoniado.

–Oh! – O garoto soltou uma exclamação, acidentalmente.

–Sim! Eu pensei o mesmo que você! – James comentou.

Na verdade, Sebastian não pensou em nada. Ele não sabia ao certo o que pensar. Petter era um homem difícil, de opinião forte e sisudo, mas ainda fazia parte da família. Era de se esperar que uma hora todos fossem ficar juntos na mesma sala. Ele preferiu permanecer em silêncio.

–Por isso vim lhe pedir uma coisa, Bash! – James sorriu novamente.

–Claro tio! O que é? – Sebastian se mexeu mais confortável na cadeira com a troca de objeto.

–Para garantir que tudo dê certo hoje, precisei prometer algumas coisas a Albert, - o mais velho riu fazendo o mais novo acompanha-lo. – E para isso preciso que você fique com rose amanhã à tarde. - Vendo a dúvida nos olhos do afilhado, James continuou. – Albert impôs que Rose não participe de nossa cavalgada amanhã, e minha mãe tem um compromisso com o pessoal do National Gallery. Pensei em você porque Rose te adora e assim ela não ficaria tão brava por ter de ficar aqui.

–Claro tio, vai ser uma honra ficar com a Rose amanhã! – Sebastian sorriu abertamente.

–Obrigado meu filho, isso é um problema a menos.

***

A noite caiu sobre o palácio de Maddesdon. Uma bela e estrelada. Corria um vento gelado pela cidade, típico do outono. O palácio estava todo iluminado e sendo arrumado por diversos criados correndo por todos os cantos, imperceptíveis, mas ágeis, fazendo seus trabalhos para garantir uma noite perfeita.

Um sedan prata estacionou em frente à entrada de onde saiu um homem alto, com ombros largos, cabelos escuros apesar de alguns fios grisalhos dos lados e uma barba curta e grisalha.

Ele caminhou calmamente até a porta que foi aberta por Carson, o mordomo, que o recebeu com uma saudação típica e um convite para entrar.

–John, meu amigo! – A voz de James preencheu o hall de entrada chamando a atenção não só de John, mas dos empregados que passavam pelo local.

–Alteza! – John fez uma breve reverência. – Espero que esta arrumação toda não seja para mim! – Sorriu brincalhão.

–Temo que não, amigo! – James disse no fim da escada. – Você sabe que é sempre bem-vindo, e merece uma recepção à altura. Mas hoje estamos falando de algo um pouco mais inesperado.

–Inesperado? Sério, James? – John gargalhou encarando o local. – Parece até que vai receber um Chefe de Estado ou diplomata! Quem está vindo?

–Meu irmão!

–Petter?

–O único que eu tenho! – James fez uma careta.

–O que ele vem fazer aqui? Pensei que ele não teria a audácia de aparecer depois do discurso infame na câmara dos lordes no mês passado. – O marquês comentou entregando suas luvas para o mordomo.

–Mamãe continua fazendo muita caridade! A última foi querer reunir a família! – O rei pareceu inconformado.

–E Henry, o que achou disso? – John seguiu o amigo até uma sala conhecida como biblioteca, mas que não tinha nem um terço do tamanho da verdadeira biblioteca do palácio. Era apenas uma sala onde os homens se reuniam para beber, fumar charuto e conversar sem mulheres por perto.

–Não gostou da ideia, mas está aceitando por causa da “Rainha Mãe”. – James começou a preparar dois copos com whisky e gelo.

–É um comportamento nobre. – O marquês aceitou o copo com o liquido âmbar.

–Como estão as coisas na fronteira?

–Como você pode imaginar, tensas! Parece que a qualquer momento algo grande vai acontecer. Dá para sentir no ar, uma inquietação conflitante. Poucos comentam sua verdadeira opinião, ao menos comigo, mas é possível ver que estão divididos. – John respondeu depois de beber um gole de sua bebida.

–E os ataques? Sinto que o conselho não está sendo sincero comigo, é como se todos soubessem de algo que não sei. – Reclamou apoiando os cotovelos nos joelhos.

–O que se diz é que o grupo separatista autoproclamado “Exército Escocês” está se organizando e se levantando, mas não é oficial, é apenas uma suposição. – Respondeu em segredo.

–Um grupo terrorista em solo nacional? – James perguntou furioso.

–Não fale em voz alto! – John o repreendeu. – Você não tem como saber quem aqui dentro é ou não um aliado. E além do mais, isso é apenas uma suposição, Jimmy. Lembre-se de não confiar em qualquer um.

–Vou viver amedrontado dentro da minha própria casa? – O rei perguntou desgostoso.

–Apenas está protegendo sua família. Nós não temos certeza sobre nada ainda. – O amigo bebeu mais um gole do líquido.

–Gostaria apenas de uma confirmação Johnny! É mais fácil lutar contra aquilo que conhecemos do que contra aquilo que achamos conhecer. Um adversário sem rosto é mais perigoso do que mil adversários anunciados. – James encarou a bebida em seu copo intocada. – Dê-me inimigos honrados ao invés de ambiciosos, e eu vou dormir mais facilmente à noite. – Bebeu em um só gole o líquido do copo.


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Notas finais do capítulo

Última frase do capítulo é do célebre George R.R. Martin.
O motivo por não acabar saindo a parte que eu havia comentado que ia sair é porque o capítulo acabou ficando muito grande. Ao todo foram quase 5.000 palavras, e isso ia ficar muito cansativo. Não pensei que poderiam dar tantas palavras, mas escrever é algo que não tem uma certa programação, a cena vai surgindo, as coisas vão se moldado e quando vemos estamos falando a dois parágrafos sobre cortinas e paredes. Mesmo algumas de vocês já tendo me dito que leriam um capitulo inteiro sobre as paredes de Maddesdon, sei que pode ficar bem chato. Por isso resolvi cortar o capítulo. Isso que dizer que as partes mais legais ficaram infelizmente no próximo. Mas como eu odeio essa coisa de parte 1 e parte 2, o capítulo Bônus com o jantar sai amanhã a tarde OU hoje a noite. Não vou garantir nada. kkkk. Isso significa que essa semana vai ser recheada de posts. Por isso sejam legais e comentem! E me desculpem os erros de português, mas não estou com meu computador e esse teclado é meio louco, ainda não descobri alguns comandos.
até mais, xoxo.