—Eu vou responder a todas as suas perguntas, se me deixar entrar. – a estranha disse.

—Nem ferrando, pode dar meia volta e ralar peito, já deu de emoções por hoje e ainda não são nem oito horas. – impôs Damon. Eu a analisei de cima a baixo e algo dentro de mim me dizia que ela não era perigosa, mas como confiar em mim mesma agora?

—Eu sei o que vocês estão pensando, mas eu não sou Katherine Pierce e não estou aqui pra machucar vocês. Bella, sei que está com medo de confiar nas suas intuições agora, mas eu sei que algo ai dentro grita pra me deixar entrar... Temos mais em comum do que só a aparência.

A estranha falou como se ouvisse meus pensamentos, como se soubesse como eu me sentia, eu não podia deixa-la lá plantada na porta.

—Damon... Deixe ela entrar, por favor... – o olhei e ele analisou a garota novamente.

—Entra. – disse por fim.

Lydia tirou o casaco e o segurou analisando a casa, ela era exatamente como eu, mas seus cabelos estavam enrolados e seus pés estavam firmes em um salto nude.

Stefan levantou assustado e nos encarou esperando uma resposta.

—Tudo bem, comece a falar Lydia. – disse Damon.

—Lydia? – Stefan levantou a sobrancelha

—Sabemos tanto quanto você maninho. – Lydia se sentou no sofá.

—Eu vou ser direta, meu nome é Lydia Marie Swan, como você Bella, você é minha duplicata.

—Eu sou... Meu Deus...

—O motivo de eu estar aqui é que eu preciso de ajuda e Bella também precisa, não só por que as emoções dela voltaram há algumas horas, mas também por que ela é como eu em muitos aspectos.

—Vá direto ao ponto. – disse Stefan.

—Bella é de todas as minhas cópias a mais fiel, é uma Herege, metade vampira metade bruxa.

—O que?! – me exaltei, porém Lydia apenas respirou fundo.

—Podemos falar a sós?

POV Damon

—Como assim essa maluca chega do nada na nossa casa e solta uma bomba dessas? Bella não devia estar falando com ela... Conseguiu ouvir alguma coisa? – olhei pra Stefan que estava perto da porta do quarto onde as meninas conversavam.

—Não, olha eu não sei o que está acontecendo, mas Lydia não perece ser perigosa, vamos ficar de olho nela...

—E se ela sair da linha arrancamos o coração. – completei.

Bella então finalmente saiu do quarto e Lydia a seguia.

—Posso falar com vocês? – Stefan e eu assentimos e entramos no quarto, mas fiquei ouvindo cada barulho que a estranha fazia no corredor – Ela não está mentindo, na verdade muita coisa faz sentido agora, meu autocontrole com sangue, as janelas do carro explodindo quando minhas emoções voltaram, eu nunca fui uma coisa só.

—E o que ela quer com tudo isso? – perguntei.

—Ela está morrendo... Ela entrou em uma briga com outra bruxa e perdeu muito dos poderes, perdeu a imortalidade, porém tem um ritual que pode trazer tudo isso de volta, pode transferir minha parte bruxa pra ela.

—Me diz que você não aceitou. – Stefan deduziu.

—Me desculpem... Olha, eu quase não estou conseguindo lidar com a minha parte vampira quanto mais com uma parte bruxa.

—Bella, passou pela sua cabeça que isso pode ser um truque? Não acha muito conveniente ela aparecer logo agora com essa história?

—Foi isso que eu disse a ela, mas acontece que ela não apareceu só agora, ela sempre esteve aqui.

—Como assim? – perguntou Stefan.

—Ela tem algum tipo de passado com os Mikaelson, ela não entrou em detalhes, mas foi ela que hipnotizou a Rebekah pra ficar de olho em mim quando eu desliguei a humanidade.

—Bem que eu achei estranho Rebekah ter simplesmente te aceitado na casa dela. – afirmei – Então é isso? Ela só precisa de um ritual?

—Não é um ritual comum, eu não estou pronta, mentalmente falando. É um ritual muito forte, não pode haver brechas se não meus poderes podem ir parar no lugar errado, nas mãos erradas.

—E o que temos que fazer? Como podemos ajudar? Afinal você já disse sim.– perguntou Stefan.

—Eu não sei, algum tipo de treinamento, preciso focar e trabalhar minha atual raiva, palavras dela.

—Vamos fazer o seguinte, você vai trocar de roupa e descansar  enquanto Stefan e eu vamos conversar com a sua versão espelhada. – disse Damon e eu concordei, havia sido um dia longo, o mais longo de toda a minha vida, e pra focar eu precisava de uma cama por algumas horas.

POV Bella

No dia seguinte.

—E ai?

—Não adiantou nada pra mim, como foi pra você?

—De novo. – ordenou Stefan apontando pra uma rocha enorme, eu me aproximei e comecei a distribuir socos por ela arrebentando cada pedaço.

Meu treinamento de foco havia começado, o problema era que minha raiva por Katherine só tinha aumentado. Damon e Lydia observavam sem dar muitos palpites, mas eu percebi que aquilo seria mais difícil do que tinha imaginado.

—Bom, agora se concentra em deixar pra lá.

—Ou nós podemos pular a parte da sublimação e você me diz onde ela esta pra eu arrancar a cabeça dela.

—Mais foco e menos raiva, amor. – alertou Damon.

—Eu não sei onde a Katherine está. – respondeu Stefan – E se eu soubesse não diria.

—Stefan, foi você que me mandou  canalizar todas as minhas emoções em um sentimento só.

—Eu sei disso, mas eu imaginei que seria amor, esperança ou compaixão e não um ódio imenso por uma vampira cruel 500 anos mais velha do que você.

—Pois é. – reclamou Lydia.

—50 flexões, vai! – revirei os olhos e fui pro chão.

—Você quis matar o Klaus quando suas emoções voltaram.

—Eu sei e não consegui.

—Acha que eu não vou conseguir matar a Katherine?

—Acho que você não quer de verdade.

—Talvez tenha razão, talvez eu só queira sentir o calor da cavidade peitoral quando eu arrancar o coração dela e vir a cara dela quando perceber que eu arranquei. – parei as flexões e levantei.

—Chega. – Lydia veio até mim – Me derruba.

—O que? – a olhei.

—Esses exercícios vão ser inúteis enquanto continuar com essa raiva, então me mostra se isso é ódio mesmo ou mais um ataque infantil seu. – dei um passo pra perto dela – Mas vai usar seus poderes.

—Eu não sei como fazer isso.

—É hora de aprender, se não colocar pra fora tudo que tem aí o ritual não vai adiantar pra nada.

—Lydia...

—Acho que você precisa de um incentivo. – ela olhou pro Damon, ele respirou fundo e se aproximou dela.

—Nem pensar, esqueça!

—Tudo bem, eu aguento. – afirmou Damon.

—Ta falando isso agora. – Stefan riu baixo.

Lydia não esperou, levantou a mão direito e Damon logo foi ao chão cheio de dor, eu comecei a ficar desesperada – Como iria fazer aquilo parar?— perguntava a minha mesma.

Concentrei-me ao máximo e senti algo crescendo dentro de mim, uma força, uma dor boa, diferente da que tinha sentido na noite anterior, e de repente, Lydia foi lançada longe e bateu em uma arvore. Damon se levantou e se pôs ao meu lado e quando minha versão espelhada se levantou, tirou o cabelo do rosto e sorriu de lado.

—Muito bem, Isabella.

—Com licença. – uma voz nos chamou atenção, era Caroline e Bonnie estava atrás dela – Podemos roubar a Bella por algumas horas?

(...)

Lanchonete, movimento, pessoas... Era estranho estar ali no meio de todos de novo, mas Caroline e Bonnie insistiram em me trazer de volta a sociedade, na verdade a parte mais difícil não era sair da Mansão Salvatore, mas olhar ao redor e me lembrar do que tinha feito da ultima vez que sai de lá.

—Selo. – pediu a loira e eu entreguei, ela e Bon estavam fazendo os convites para a formatura.

—Care, não precisa fingir que ta tudo bem, eu sei que está tentando distrair minha cabeça.

—Selo. – Bonnie pediu, mas dessa vez eu não entreguei.

—Já acabou? – reclamou Caroline – Mas essa ainda é a segunda leva.

—Eu tenho meu pai e alguns amigos em Forks e minha mãe na Flórida, fora eles ninguém se importa com a minha formatura, pra ser sincera nem eu.

—Sabemos como se sente agora, mas quando passar essa fase de ódio pela Katherine...

—Por quê? Você sabe onde ela esta? – a interrompi segurando sua mão com mais força do que deveria.

—Ei, calminha Bella, como ela vai saber onde a Katherine está? – Bon me chamou atenção.

—Mas se qualquer uma de vocês soubesse ainda sim não me contariam.

—Bella, você está obcecada. Calma... – pediu Caroline.

—Me desculpe... – respirei fundo e soltei a sua mão – Selo?

POV Damon

—Bateu a depressão? – Stefan sentou ao meu lado no sofá enquanto eu bebia whisky.

—Não devia ter ficado naquele treinamento com vocês, só confundiu mais a minha cabeça.

—Confundiu? Como assim?

—Muita informação, parece que está tudo passando pela minha cabeça de novo e de novo... – respirei fundo – Katherine matou a Caroline, Bella desligou, ressuscitamos a Caroline, Katherine fugiu de novo. Agora a Bella ligou a Humanidade, esta com ódio mortal da vadia psicopata e tem uma versão espelhada dela no andar de cima.

—Eu te entendo, não o culpo pela zona que deve estar a sua cabeça, ainda mais depois do que aconteceu com a Anna.

—Não vamos falar disso, ninguém precisa saber dos danos.

—Você sabe e isso é o suficiente... Você e Bella já conversaram sobre...

—Nós dois? – interrompi – Não e nem sei se vou conseguir falar disso.

—Mas vocês não se beijaram? Não estava chamando ela de “amor” há algumas horas?

—Eu sei, mas eu não tenho certeza de nada agora, é como se tudo estivesse mais incerto do que antes, chamar ela de “amor” foi um teste pra saber como ele reagiria.

—Ela agiu normalmente, isso não é bom?

—Eu não sei, acho que com todos os sentimentos alvoroçados dentro dela, ela nem deve ter percebido... Vai saber se ela ainda é apaixonada por mim, agora ela só enxerga a Katherine e sua ideia romântica de vingança.

—Você não sabe o que ela sente por você e está surtando. – afirmou.

—Eu consigo segurar a onda, não se preocupe com isso maninho, se preocupe em manter tudo na linha. – tentei o tranquilizar com um tapinha nas costas.

POV Bella

Após ouvir as palavras de Damon, não pude deixar de me sentir culpada, olhei para Caroline e Bonnie me observavam, havíamos acabado de chegar e eu estava prestes a abrir a porta quando a conversa de Damon e Stefan começou.

—Então é isso? Mesmo com humanidade eu sou tão insensível?

—Não olha por esse lado Bella, se a cabeça de Damon está cheia imagine a sua? – Bon tentou me tranquilizar e Caroline completou.

—Ela ta certa Bella, mas saiba que seja lá o que quiser fazer depois de ouvir isso, conte com o nosso apoio.

Eu sorri e apenas repetia na minha cabeça:

Eu estou aqui e todos também estão finalmente.

Tirando a morte, não há nada que eu não possa consertar.