Desastres em primeira mão escrita por Belle17
Notas iniciais do capítulo
Espero que estejam gostando, pessoal! Deixem seus comentários e acompanhem a história para não perder nenhum capítulo!
Todos os convidados estavam hipnotizados pelas fotos e vídeos na homenagem à Rebecca. Ouvia-se gargalhadas, sons de choros de emoção... e eu continuava ali, sozinha, encostada numa parede.
Percebi que já havia tomado uns três copos de refrigerante. De repente, me deu uma vontade de ir ao banheiro. Essa era a oportunidade perfeita para evitar mais constrangimento se aparecesse mais alguma foto engraçada minha.
Fui, então, de fininho até o corredor onde o banheiro estava localizado. Fechei a porta, mas não ousei girar a chave para trancá-la. Tenho trauma de me trancar em banheiro.
Tudo começou quando eu tinha treze anos. Estava assistindo à última aula do dia na escola, quando do nada senti que necessitava dar uma voltinha. Pedi à professora e ela autorizou.
Caminhei depressa até o banheiro feminino, e tranquei a porta. Sempre me senti desconfortável usar o vaso sanitário e saber que as pessoas poderiam me ouvir. Então me tranquei lá dentro. Detalhe: o que eu fechei não foi a portinha da cabine. Foi a porta do banheiro inteiro, mesmo. Só tinha eu lá dentro, e não consegui enxergar à tempo a idiotice que eu estava fazendo.
Tudo estava indo bem. Fiz o que tinha que fazer e saí da cabine. Enquanto lavava as mãos, naturalmente admirei minha beleza pelo espelho. Sempre amei meus cabelos lisos castanhos escuros. O da Rebecca também era muito legal: castanho claro, e um pouco ondulado.
Como eu estava no início da adolescência, é normal que eu prestasse muita atenção em mim mesma. Enrolei mechas do meu cabelo no dedo indicador e soltei, para ver como ficava. Fiz altas caras e bocas na frente do espelho, sem descartar as fotos, é claro. Retirei meu celular da bolsinha que estava usando e me fotografei, me achando o máximo, a maior top model e todos os tempos. Também não deixei de fazer aquelas poses ultra fashion (bom, na época eu achava fashion...), colocando a mão na cintura e fazendo biquinhos.
Quando terminei minha sessão de fotos particular com mim mesma, olhei meu relógio de pulso e vi que já devia ter voltado pra sala há muito tempo. A professora devia estar preocupada.
Guardei meu celular na bolsinha e marchei em direção à grande porta do banheiro. Mas quem disse que a bendita abriu?
Meu coração acelerou, e meus olhos se arregalaram. Tentei de novo. Nada. O que me restou foi apenas gritar:
– SOCORROOOOO!! - berrei, chorando.
Ouvi algumas vozes do lado de fora. Prossegui com o grito:
– ALGUÉM ME AJUDAAAAAA!!!!!!!!!!
Depois de muito chorar, consegui perceber que havia uma multidão do lado de fora do banheiro. Ouvi, então, a voz do inspetor:
– O que está acontecendo aí dentro?
– Eu fiquei presaaaa - respondi, soluçando e em prantos.
Ele tentou abrir a porta, mas não conseguiu. Indagou, em seguida:
– Você passou a chave, menina?
Fiquei paralisada por alguns segundos. A chave. É isso.
Girei discretamente a chave e a porta se abriu. Todos começaram a gritar:
– VIVAAAAAAAAAA! UHUUUUUUUUUU! VIVA O INSPETOOOOR!!!
Fora as gargalhadas e deboches, é claro.
O inspetor, ao contrário que eu imaginava, não estava contente por ter me salvado. Ele me lançava um olhar sério, e comentou em alto e bom som:
– Que menina sem noção, se tranca e dá uma de doida!
Mais gargalhadas e aplausos eram possíveis de ouvir. Meu rosto deveria estar mais vermelho que uma pimenta!
Caminhei até a sala de aula, com lágrimas nos olhos, e o inspetor me acompanhava.
Chegando lá, o homem disse:
– Desculpa a demora dela, professora! Se trancou no banheiro e ficou fazendo drama, dizendo que esqueceu que tinha passado a chave!
A sala começou a rir, como esperado, e a professora me olhou com uma cara estranha.
– O que é que você estava fazendo sozinha trancada no banheiro, heeeein, Julieta? - perguntou um menino, com um sorriso malicioso, arrancando mais risadas da turma.
Nunca mais usei o banheiro daquela escola.
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