Intransitivo escrita por Brave


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Então, eu dividi o capítulo da pancadaria, porque não teve como colocar tudo aqui de uma vez só. Mas, relaxem, porque ainda vai ter porrada, né. Esse capítulo ficou só o início, bem tranquilinho, da pancadaria, viu. Ainda vai ter mais!

Enjoy!



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"Quando me tornei tão entorpecida? Meu espírito estará dormindo em algum lugar até que você o encontre e o leve de volta para casa. Eu não posso acreditar que não podia ver. Continuei na escuridão, mas você estava lá, na minha frente. Estive dormindo mil anos sem um pensamento, uma voz, uma alma. Não me deixe morrer aqui. Chame meu nome e me salve da escuridão".

Ninguém se movia.

O ar, aos poucos, ganhou uma atmosfera mais densa como se altitude presente ali fosse pesada demais para se suportar. Os minutos eram silenciosamente preenchidos pelos instantes que precediam o primeiro movimento.

Mas quem o executaria?

Se o silêncio precedia o conflito, quem estaria destinado a quebrá-lo? Cercados, e em desvantagem, a dupla acuada permanecia em um estado de inércia como se esperasse pelo pior. No olhar dos homens encapuzados que os rodeavam, por outro lado, não havia qualquer sinal de hesitação. Nenhuma estratégia de fuga arquitetada por Karin durante aquele curto instante conseguia prever um cenário em que ela e o Hozuki sairiam ilesos.

— O que vocês...

A tentativa de uma possível negociação, entretanto, morreu na garganta da Uzumaki quando Suigetsu, sempre afoito, e com seus movimentos bruscos e – para ela – irregulares tomou para si tarefa de iniciar aquele embate. As pernas esguias não demoraram a estreitar a distância com o homem que estava à frente do bando. O taijutsu, assim, guiou as primeiras ações empregadas tanto pelo grupo como pela dupla, uma vez que Karin, cedendo a irremediável situação, uniu-se ao ex-ninja da névoa para enfrentá-los.

A sequência de golpes ritmados, por sua vez, parecia funcionar apenas como um medidor de ambos os lados para testar as capacidades de cada um. Para Uzumaki, sobretudo, cada investida da qual desviava só acirrava um anseio que crescia dentro dela. Algumas perguntas incômodas lhe subiam à cabeça a cada soco que desferia, a cada chute que projetava, a cada salto que dava:

O que Suigetsu fazia ali? Quem eram aqueles homens? E do que (ou de quem) estariam atrás?

No meio dessa desestabilização emocional, a kunoichi tornou-se vulnerável para si mesma já que, imersa nesse conflito interno, mal conseguia reagir aos ataques consecutivos que se abatiam sobre si. Assim, até mesmo, um simples jogo de pernas e um mero jutsu de substituição, utilizado pelo oponente, foram suficientes para que o inimigo a encurralasse, em um determinado momento, e a golpeasse certeiramente na clavícula com uma kunai.

— O que há com você? — reprovou o Hozuki, distanciando-se do inimigo e observando o ombro ensanguentado.

Sem uma resposta plausível que justificasse o motivo de ter sido atingida por um golpe tão primário, Karin lançou-se mais uma vez contra o inimigo de maneira desordenada, porém – a cada movimento – era notório que a falta de concentração bloqueava seu poder de ação. A verdade é que, no fundo, a Uzumaki sabia exatamente quem eram aqueles homens e o que desejavam. O mundo poderia estar em paz, mas os algozes eram os mesmos.

O corpo tombou – a certa altura – quando um dos adversários a neutralizou com uma descarga elétrica afiada como uma ponta de lança. Quando sentiu o justsu percorrer sua corrente sanguínea, deixou-se cair num estado de letargia e fechou os olhos pensando que talvez estivesse na hora de desistir.

O que tinha a perder, afinal? Cedo ou tarde, cairia nas mãos de um novo algoz. Se a vida toda fora assim, por que agora seria diferente? A existência dela servia apenas para fazer com que os outros alcançassem os próprios objetivos. Além das tentativas falhas de fazer com que o Uchiha retribuísse seu suposto amor, para o que mais havia se empenhado na vida? Quais eram os seus sonhos?

“Intransitivo é tudo aquilo que permanece”

Nada permanecia nela.

Nada?

“Mamãe, por favor, por favor!”

— Karin!

A voz dele ressoou de repente.

Insistente. Incessante. Irritante.

Ressoou como a goteira.

— Karin!

Espantou-se quando sentiu o corpo afundar em um terreno arenoso. Como chegou ali? Quanto tempo havia passado? As lentes, agora empoeiradas dos óculos, não conseguiam fazê-la vislumbrar o local para onde tinha sido levada. Foi somente quando as narinas abriram-se com o cheiro da maresia que finalmente entendera que, diferente da mata em que estava há alguns minutos, encontrava-se agora em uma praia.

“Uma ilha? Estamos numa ilha?”

— Nunca imaginei que fosse ser tão fácil!

Antes que pudesse concluir o pensamento, no entanto, uma voz imperiosa chegou lentamente aos seus ouvidos e a imagem de uma figura altiva invadiu suas retinas. Demorou um pouco até compreender que aquela voz e aquele corpo pertenciam ao líder do grupo que os atacava, mas assim que o observou teve a certeza de que não se tratava de um ninja comum.

Agora sem a enorme capa que os encobria e avistando a bandana arranhada presente na testa de cada um deles, Karin teve a certeza de que aqueles homens tratavam-se de nukenins de Kumogakure que, por sinal, não viam mais a necessidade de medir a capacidade dos adversários e desferiam contra Suigetsu, sobre as águas, uma série de jutsus e técnicas que envolviam desde a utilização do elemento relâmpago até o uso preciso da katana.

— Isso não era o que tínhamos combinado! — gritou o Hozuki, em meio à luta, deixando a Uzumaki perplexa.

— Houve uma mudança nos planos! Acontece o tempo todo, garoto — respondeu debruçando um olhar ameaçador sobre a ninja. — Você deveria saber que no mundo shinobi ganha aquele que der a melhor oferta!

“Melhor oferta?”

A mente – inesperadamente – turvou-se num misto de confusão e revolta. Suigetsu não conseguiu dar por ela a melhor oferta?

“Maldita karpa! Igual a todos os outros.”

Virando-se com dificuldade sobre a areia por causa da enorme dor no ombro, a garota tentava dispor de alguma força para se reerguer e se aproximar dos homens em meio ao oceano. Contudo, antes que conseguisse chegar até eles, foi impossibilitada de permanecer muito tempo de pé quando novamente um dos inimigos sobressaltou-se nela, arremessando-a contra uma das rochas localizadas à beira da praia.

— Você me prometeu uma luta emocionante, Masao — reclamou em tom de desânimo um homem de cabelos castanhos e vestes negras, visivelmente, decepcionado ao ver o corpo da kunoichi arrastar-se sobre a rocha até cair sobre a água.

— Eu não tenho culpa se essas crianças não sabem lutar! — tripudiou o líder do grupo.

— Eu sei quem são vocês... — Interrompendo o diálogo entre os ninjas e surpreendendo a todos, Karin reergueu-se novamente diante do menosprezo daqueles homens, forçando a fala – em meio a uma contração do diafragma – e esforçando-se para ficar de pé sobre o mar.

Suigetsu, por sua vez, diante do choque daquela afirmação, estremeceu ao sentir o modo como o chakra da Uzumaki movimentava as águas.


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Notas finais do capítulo

Leitores lindos! Espero que tenham gostado e eu gostaria de avisá-los que a próxima postagem, se tudo der certo, será no domingo ou também conhecido como ano que vem. :)

Beijos e feliz ano novo!