A Elite - A Seleção Semideusa - Segunda Temporada escrita por Liz Rider


Capítulo 27
Capítulo 27 - Um sonho na pista de dança


Notas iniciais do capítulo

Dando as TeamMaxon tudo o que elas queriam, aqui está o cap de hj!



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P.O.V America

 

Sou arrastada para a pista de dança por um Maxon nem um pouco feliz. Eu ainda não sei ao certo o que fiz de tão grave para irritá-lo de tal maneira... o que eu tenho feito, na verdade.

A música começa – uma versão mais lenta de um sucesso pop dos anos 80 – e ele pega minha mão e coloca por cima de seu ombro, antes de colocá-la em minha cintura, como se estivéssemos num baile de formatura... a lembrança longínqua do baile de inverno que iria ter esse ano e que eu iria perder relampeja pela minha memória, rapidamente esquecida por um movimento brusco que Maxon faz, me conduzindo na dança.

Piso no pé dele sem querer.

Ele solta um grunhido, mas não diz uma palavra.

Não posso acreditar que ele me tirou para dançar, me tirou da minha tarefa de guardiã de mamãe, para ficar quieto.

— O que você tem? — pergunto.

Ele levanta os olhos, parecendo surpreso por me ouvir falar. Apesar de tudo, sua expressão estava serena e concentrada, olhos fechados, como se apenas estivesse curtindo a dança. Isso é esquisito, já que sua expressão retorna àquela tempestuosa de momentos antes quando seus olhos se abrem, me encarando.

— O que eu tenho? — Ele parece indignado. — O que você tem, America?

— Eu não tenho nada.

— Você está tentando me fazer ciúmes, é isso? — ele pergunta.

A ideia é tão absurda que eu tenho vontade de rir. Será que foi uma piada? Seu semblante irritado me responde que não. Não rio.

— Não — respondo, querendo dar de ombros, mas impossibilitada pela música.

— Então por que fica se esfregando no Asher no meio do salão de festas?

— Esfregando? — Fico tão atônita com sua escolha de palavras que não consigo não repeti-la. Quando a frase finalmente entra no meu cérebro e eu entendo o que ele queria dizer, não consigo segurar a risada amarga que vem em seguida. — Eu não estava me esfregando nele! — Não sei por que tenho que me justificar para ele, mas eu o faço. — Eu estava vendo o cosplay dele!

— Apalpando o braço e o peito dele?

— Se tem alguma outra maneira de ver tecido se não tocando? — Agora quem está irritada sou eu.

Ele fica em silêncio por alguns instante, balançando para lá e para cá no salão, como se apenas quisesse garantir que não ficássemos estancados no chão.

Ele não fala nada, não emite nenhum som, apenas encara um ponto atrás de minha cabeça. Eu fico o encarando, irritada, esperando uma resposta. Se vamos brigar, que briguemos, mas esse silêncio julgador não será aceitado.

Eu estou prestes a verbalizar meus pensamentos, quando ele fala, ainda sem olhar para mim:

— Por que é sempre tão difícil com você, America?

O tom de sua voz me pega desprevenida. Ele parece só... triste. Como se realmente estivesse perdido e não soubesse o que fazer. Perdido, desamparado. Ele é um fucking deus, não deveria se sentir assim. Pior: ele é uma pessoa muito importate para mim, eu não deveria fazê-lo se sentir assim.

Ok que ele estava assim porque está sendo irracional e ciumento, mas mesmo assim... me sinto mal por ser corresponsável por isso.

— Desculpa... — eu respondo, ainda que eu não saiba ainda pelo que estou me desculpando. Talvez por deixa-lo confuso e desolado? Só sabia que não queria deixar Maxon assim.

Ele muda a sua mão de lugar, me abraçando. Seu corpo se aproxima do meu e estamos mais abraçados e balançando do que de fato dançando. Meu corpo espera que a qualquer momento a Srta. Lerman, a coordenadora do meu colégio, apareça e diga para nos afastarmos, mas ela não aparece. Obviamente. Então, ficamos apenas lá, abraçados na pista de dança.

A música muda, mas ele não me solta. Algo parecido com country começa a tocar e, mesmo que todos os casais a nossa volta estejam dançando no ritmo da música, eu e Maxon continuamos abraçados, sem dançar de fato.

— Não é sua culpa, de qualquer modo — ele diz, por fim. — Você não sabe de nada, não posso culpá-la.

— Eu não sei do quê? — pergunto.

Ele, no entanto, não responde.

— Entendo que você e Asher estejam se tornando amigos. Ele parece um cara legal quando quer, afinal. Você não faz parte desse problema. Mas não consigo não sentir ciúmes. Você pode até não querer fazer eu me sentir assim, mas todas as vezes que eu o vejo com você, meu peito dói.

Três pensamentos pipocam na minha cabeça ao mesmo tempo: 1) que problema é esse ao qual ele se refere e como eu poderia descobrir isso? 2) quase posso ouvir a voz de Nicoletta sussurrando no meu ouvido: “Fuja de caras muito ciumentos. Isso não é uma red flag, é a própria bandeira da China”; e 3) ainda que eu me lembrasse nitidamente do conselho de Letta, ver Maxon admitindo que está com ciúmes é meio fofo, apesar de que não deveria ser.

O que está acontecendo comigo?

— E eu sei que não posso te pedir para se afastar de Asher, porque mesmo que eu peça, eu sei que isso não seria justo. Você é irreverente demais para simplesmente ceder, isso seria capaz de apenas lhe empurrar mais para ele e te afastar mais de mim. E eu sei como ele é, ele não te deixaria ir, de qualquer forma... mas ele não é o que parece, America.

Apenas o encaro. Suas palavras saem de maneira rápida e com pouquíssimas pausas, como se seus pensamentos estivessem vazando do cérebro, nenhum filtro impedindo-o de expor seus pensamentos mais íntimos. Isso é extremamente estranho.

Eu o abraço. Ele parece perdido e desesperado e não gosto de vê-lo assim, independente do quê.

— Eu só queria te chamar para dançar no final — ele confessa de maneira inesperada.

Fico confusa. Sua perseguição tinha mostrado o contrário.

— Entretanto, ficou me perseguindo — aponto.

— Porque fiquei com ciúmes — ele responde, olhando nos meus olhos. — Minha intenção era dançar com todas, me livrar das minhas obrigações, e depois deixar todas as últimas danças apenas para você, para termos um momento de qualidade. Agora não vai mais acontecer...

Coro, como normalmente acontecia quando ele me dizia coisas assim. Às vezes, suas palavras são como poemas de um verso só. Não me lembro de tê-lo ouvido falar assim comigo ao longo da semana anterior. Meu coração acelera.

— Ei! Nada impede de aproveitarmos agora — digo, ainda com as bochechas vermelhas.

Ele sorri.

Dançamos mais alguns segundos. O que parecia um pesadelo, passa a parecer um sonho. Essas flutuações, infelizmente, pareciam ser comuns se eu ficasse ao lado de Maxon.

Fico em silêncio, o abraçando, sentindo como se os últimos momentos daquelas música fossem um presente valioso roubado que eu tinha que proteger.

Ele está me observando com uma adoração que derrete meu coração.

— Você está perfeita, America. Linda demais para estar nos braços de um pirata desleixado. — Sua fala parece um suspiro.

Acho graça e comento, tentando manter aquele momento perfeito:

— Mas que fantasia você usaria para combinarmos? De árvore?

— No mínimo, de algum tipo de arbusto.

— Pagaria para ver você vestido de arbusto! — falo, entre risos.

— Ano que vem — ele promete.

Imediatamente, eu paro de rir e olho para ele. Ano que vem?

— Você gostaria? Gostaria de outra festa de Halloween no próximo mês de outubro? — ele pergunta, soando esperançoso.

— E eu estarei aqui no próximo mês de outubro?

Maxon para de dançar.

— Por que não estaria?

Encolho os ombros.

— Você me evitou a semana toda. Saiu com outras meninas. Além de tudo, você está sempre irritado comigo por causa de Asher ou por causa de Zeus sabe o quê. E... — Paro, sem saber se devo relevar o que vem a seguir: — Eu vi você e meu pai conversando. Pensei que talvez você estivesse lhe contando que teria de dar um pé na filha dele.

Engulo em seco. Por mais que Marlee tivesse insistido que não era isso, eu não tinha como ter certeza. Esse confronto poderia ser o último

— America. — ele chama com a voz serena. — Eu sou um idiota. Não fazia ideia de que você veria as coisas assim. Pensei que você estava segura na sua condição.

Não sabia de qual outra maneira eu poderia ver ele passar a semana toda irritado comigo e me evitando, mas posição... Há algo aí que ainda não faz sentido para mim.

Maxon respira fundo.

— Você quer saber a verdade? Eu estava tentando dar uma chance para as meninas competirem. Desde o começo, só olhava para você, só queria você.

Ao ouvir essas palavras, coro mais uma vez. Maxon prossegue:

— Quando você me revelou seus sentimentos, fiquei tão aliviado que parte de mim não acreditou. Ainda me esforço para aceitar que aquilo foi real. Você ficaria surpresa se soubesse como é raro eu conseguir algo que eu queira de verdade.

Os olhos de Maxon escondem alguma coisa, uma tristeza que ele não estava preparado para expressar. Ele afasta aqueles pensamentos e continua sua explicação:

— Tinha medo de estar errado, de você mudar de ideia a qualquer minuto, ainda mais agora com Asher dirigindo todos os seus galanteios para você. Eu tive que procurar uma alternativa adequada, caso você não queira ficar comigo, mas a verdade é... — Maxon me olha firmemente nos olhos — que só existe você. — Ele para de falar e dá de ombros, olhando para trás de mim novamente, enquanto rodopiamos pelo salão. — Talvez eu não esteja procurando de verdade, talvez elas não sirvam para mim. Não importa. Só sei que quero você. E isso me assusta. Esperava que você fosse voltar atrás, implorar para sair.

Levo uns momentos para recuperar o fôlego. De repente, todo aquele tempo afastada dele me parece diferente. Compreendo essa sensação: de que era bom demais para ser verdade, bom demais para confiar. Me sinto assim todos os dias em que estou com ele. Ainda assim... todo o seu ciúmes... ele não deveria confiar em mim?

— Maxon, isso não vai acontecer — sussurro, com a boca próxima ao pescoço dele. — No máximo, você vai perceber que não sou boa o suficiente.

Os lábios dele chegam ao meu ouvido.

— Você é perfeita.

Puxo-o contra meu peito, e ele faz o mesmo. Ficamos mais próximos do que nunca. No fundo da minha mente, uma voz me diz que estávamos em um salão lotado, que ali, em algum lugar, estava minha mãe, provavelmente desmaiando com a cena. Mas nada importava.

Naquele momento, parecíamos ser as únicas duas pessoas no mundo.

— Quero que as coisas aconteçam no tempo certo. Amanhã eu irei anunciar a selecionada dispensada, para a alegria do povo e de meu pai. — Seu tom é irônico... me pergunto quem será a eliminada? Seria ela a preferida de Zeus, então? — Não quero apressá-la, de forma alguma, mas preciso que você saiba dos meus sentimentos, America.

Suspiro. Aquilo realmente parecia um conto de fadas.

A música já está se aproximando dos últimos acordes, então algo me vem à cabeça e eu tenho que saber.

— Maxon? — chamo, levantando os olhos para ele.

— Sim, amor?

Ser chamada daquele jeito me faz sorrir.

— Por que você estava conversando com meu pai?

Maxon acha graça na pergunta.

— Ele sabe das minhas intenções. E saiba que ele as aprova de coração, desde que você seja feliz. Foi essa a única condição dele. Assegurei a ele que faria tudo o que estivesse ao meu alcance para vê-la feliz, e disse que você já parecia feliz de estar aqui.

Parece assustador. Maxon pediu a permissão ao meu pai? Tudo parece estar acontecendo tão rápido. Que tipo de pessoa se casa aos dezessete anos? Garotas desajustadas ou grávidas. Eu nunca pensei que seria nenhuma dessas coisas, mas meu coração quer tanto Maxon que não me importaria de ser taxada de nenhuma das duas coisas. O que antes parecia tão absurdo para mim, casar antes do vinte e cinco, parece apenas a escolha mais óbvia e certa à minha frente.

O ataque de ciúmes de antes, a irritação, tudo de ruim pelo que passei com ele sai de minha cabeça.

— E estou — respondo.

Sinto o peito de Maxon inflar.

— Então ele e eu já temos o que precisamos.

A mão de Maxon desliza para o fim das minhas costas, me incentivando a não me afastar dele, mesmo que a música já esteja praticamente no fim. Seu toque me revela tantas coisas. Apesar de tudo, eu sei que isso era real, que está acontecendo, que eu posso acreditar. Eu sinto isso nos meus ossos. Eu sei que abriria mão das amizades feitas na Mansão se necessário, embora tivesse certeza de que Marlee não se importaria nem um pouco com a derrota.

Porque então eu era dele. Eu sabia. Nunca estive tão certa.

Pela primeira vez, eu consigo ver. Vejo o corredor, os convidados se levantando, e Maxon de pé, na outra ponta. Meu pai entregando minha mão para ele. Isso é tudo o que preciso. Graças àquele toque, tudo fazia sentido.


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